O Rei da Vela: diferenças entre revisões

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Os ensaios ocorreramm durante remontagens da companhia, motivadas pela necessidade de levantar fundos para a reconstrução da casa de espetáculos, destruída em incêndio no ano anterior. Com novo projeto arquitetônico, com cena à italiana e palco giratório, a linguagem da encenação veio, parcialmente, de laboratórios realizados no Rio de Janeiro sob a direção de [[Luiz Carlos Maciel]]; e, em parte, da aguda revisão da cultura brasileira empreendida pela equipe, especialmente filtrada pela crítica à sociedade de classes, tendo como alvo de ataque a pequena burguesia.
 
O texto de Oswald de Andrade forneceu os ingredientes que o grupo buscava para refletir sobre a crise do momento histórico e cultural. Com visualidade forte e agressiva, criada por [[Hélio Eichbauer]], e uma canção de [[Caetano Veloso]], a montagem foi dedicada a [[Glauber Rocha]], que lançara pouco antes [[Terra em Transe]]. ConvergeramConvergiram, assim, as propostas estéticas que estruturaram o tropicalismo como movimento abrangente. A montagem apelava para procedimentos paródicos, satirizava a ópera, a revista musical, os filmes da Atlântida, a comédia de costumes e abusava de signos que remetiam a uma sexualidade explícita, ao mesmo tempo grotesca e farsesca.
 
A crítica francesa do [[Le Nouvel Observateur]] assim percebeu as intenções da realização: "Do estilo de circo do primeiro ato, que se passa no escritório de um usurário, símbolo de todo o país vendido ao imperialismo norte-americano, ao estilo de ópera do terceiro ato, no qual morre um burguês fascista assassinado por um burguês socialista que tomará seu lugar, passando pelo estilo de variedades do segundo ato, o da Frente Única Sexual, símbolo de todos os pactos que a burguesia precisa fazer para se manter no poder, o espetáculo do Teatro Oficina procura reencontrar as formas de expressão popular do Brasil para comunicar 'a grosseira e vulgar realidade nacional' e exprimir toda a podridão do 'imenso cadáver gangrenado' que é o Brasil de hoje, onde a classe operária e camponesa é mantida, da mesma forma que nos anos 30, à margem da evolução política. A história não se fará senão pela Revolução; esta é a lição implícita em ''O Rei da Vela''".