Nebulosa do Caranguejo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Heiligenfeld (discussão | contribs)
Aprefeiçoamento do artigo - enxugando um pouco o texto para deixá-lo mais coeso
Heiligenfeld (discussão | contribs)
m pequena correções
Linha 30:
A nebulosa ganhou esse nome devido a um esboço feito por [[William Parsons]], Conde de Rosse, em 1844, que se referiu ao objeto como a "Nebulosa do Caranguejo" devido à semelhança de seu desenho com o [[caranguejo|animal]].<ref>{{citar jornal|língua=Inglês |autor=Glyn Jones, K. |ano=1976 |título=A busca pelas nebulosas|jornal=[[Journal for the History of Astronomy]] |volume=7 |páginas=67 |bibcode=1976JHA.....7...67B}}</ref> Devido à sua estrutura [[filamento|filamentária]], o astrônomo [[William Herschel]] afirmou erroneamente que a nebulosa poderia ser resolvida como um [[aglomerado estelar]] com o auxílio de telescópios mais potentes, embora Messier e o astrônomo alemão [[Johann Elert Bode]] afirmassem que o objeto era de fato uma [[nebulosa|nebulosa gasosa]]. O filho de Herschel, [[John Herschel]], e o astrônomo inglês [[William Lassell]] chegaram a afirmar, erroneamente, que observaram, com dificuldades, as estrelas individuais do "possível aglomerado".<ref name="messier1">{{citar web|url=http://messier.seds.org/m/m001.html|título=Messier Object 1|autor=Frommert, Hartmut; Kronberg, Christine |data=18 de junho de 2007|publicado=[[Estudantes pela Exploração e Desenvolvimento do Espaço|Students for the Exploration and Development of Space (SEDS)]]|acessodata=4 de fevereiro de 2012}}</ref>
 
No final do século XIX, as primeiras fotografias [[espectroscopia|espectroscópicas]] revelaram a natureza gasosa da nebulosa. Sua primeira fotografia foi obtida em 1892 com o auxílio de um telescópio de 20 polegadas de abertura.<ref name="messier1"/> As primeiras investigações científicas de seu espectro foram relizadasrealizadas entre 1913 e 1915 pelo astrônomo americano [[Vesto Melvin Slipher]], concluindo que as linhas de [[espectro de emissão]] estavam desviadas e divididas, e que a razão para isso era o [[efeito Doppler]]: partes da nebulosa estavam se aproximando da [[Terra]] enquanto outras partes estavam se afastando.<ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Slipher, Vesto M.|ano= 1916|jornal=Publications of the Astronomical Society of the Pacific|volume=28|páginas=191-2|bibcode=1916PASP...28..192S]}}</ref><ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Slipher, Vesto M.|ano= 1915|jornal=[[Nature]]|volume=95|páginas=185|bibcode=1915Natur..95..185S}}</ref> [[Roscoe Frank Sanford]] descobriu que o espectro consistia-se de duas partes principais: a primeira componente, vermelha, forma uma rede caótica de filamentos brilhantes, cujas linhas espectrais são semelhantes a nebulosas difusas ou planetárias. A segunda componente, azul, forma o restante da nebulosa e não apresenta linhas espectrais destacadas.<ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Sanford, Roscoe F.|ano= 1919|jornal=Publications of the Astronomical Society of the Pacific|título= Spectrum of the Crab Nebula|volume=31|páginas=108-9|bibcode= 1919PASP...31..108S}}</ref>
 
[[Heber Doust Curtis]] classificou o objeto como uma [[nebulosa planetária]], baseado em fotografias tiradas no [[Observatório Lick]]<ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Curtis, Heber D.|ano= 1918|jornal=Publications of the Lick Observatory|título=The Planetary Nebulae |número=13|páginas=55-74|bibcode=1918PLicO..13...55C}}</ref> [[Carl Otto Lampland]] notou alguns movimentos e mudanças de brilho notáveis dos componentes individuais da nebulosa, enquanto estava comparando fotografias de alta qualidade tiradas em 1921 com o auxílio de seu telescópio refrator de 42 polegadas no [[Observatório Lowell]].<ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Lampland, Carl O.|ano= 1921|jornal=Publications of the Astronomical Society of the Pacific|título= Observed Changes in the Structure of the "Crab" Nebula (N. G. C. 1952)|volume=33|páginas=79-84|bibcode= 1921PASP...33...79L}}</ref> John Charles Duncan descobriu que o objeto estava se expandindo a uma taxa de 0,2 [[segundo de arco|segundos de grau]] por ano ao comparar forografiasfotografias tomadas em um período de 11,5 anos no [[Observatório Monte Wilson]], concluiu que a expansão da nebulosa devia ter se iniciado 900 anos antes.<ref>{{citar jornal|língua=inglês|autor=Duncan, John C.|ano= 1921|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|título=Changes Observed in the Crab Nebula in Taurus. |volume=7|páginas=179-80|bibcode= 1921PNAS....7..179D}}</ref> Ainda em 1921, o astrônomo sueco [[Knut Lundmark]] percebeu a proximidade cronológica do início da expansão da nebulosa com a [[SN 1054|supernova de 1054]].<ref name="Lundmark"/>
 
Uma análise mais criteriosa concluiu que a supernova que criou a Nebulosa do Caranguejo provavelmente surgiu em abril ou início de maio de 1054, tendo alcançado seu brilho máximo por volta de julho, com [[magnitude aparente]] entre -7 e -4,5, mais brilhante do que todos os corpos celestes no [[céu noturno]], exceto a [[Lua]]. A supernova foi visível a [[olho nu]] por cerca de dois anos após a sua primeira observação.<ref name="Lundmark">{{citar jornal|língua=Inglês |autor=Lundmark, K. |ano=1921 |título=Suspeita de estrelas novas gravadas em velhas crônicas e entres recentes observações meridianas |jornal=[[Publications of the Astronomical Society of the Pacific]] |volume=33 |páginas=225 |bibcode=1921PASP...33..225 |doi=10.1086/123101}}</ref><ref name="Mayall">{{citar jornal|língua=Inglês |autor=Mayall, N.U. |ano=1939 |título=A Nebulosa do Caranguejo, uma provável supernova |jornal=Astronomical Society of the Pacific Leaflets |volume=3 |páginas=145 |bibcode=1939ASPL....3..145M |doi=}}</ref> Graças às observações registradas pelos astrônomos chineses e árabes em 1054, a Nebulosa do Caranguejo se tornou o primeiro objeto astronômico reconhecido ligado a uma explosão de supernova.<ref name="Mayall"/>
Linha 49:
Seguindo cronologicamente de forma retrógrada e uniforme sua expansão, alcança-se uma data várias décadas após 1054, o que implica que a sua velocidade de expansão tem acelerado desde a explosão da supernova.<ref name="Trimble1968">{{citar jornal|língua=Inglês | ultimo1 = Trimble | primeiro1 = Virginia Louise | título = Movimentos e estrutura do invólucro filamentar da Nebulosa do Caranguejo | ano = 1968 | jornal = [[Astronomical Journal]] | volume = 73 | volume = | página = 535 | bibcode = 1968AJ.....73..535T | doi = 10.1086/110658}}</ref> Acredita-se que esta aceleração seja causada pela energia do [[pulsar]], que de alguma forma interfere o [[campo magnético]] da nebulosa, que se expande e força seus filamentos em direção ao espaço vazio.<ref name="Bejgeretal2003">{{citar jornal|língua=Inglês | ultimo1 = Bejger | primeiro1 = M. | ultimo2 = Haensel | primeiro2 = P. | ano = 2003 | título = Expansão acelerada da Nebulosa do Caranguejo e a avaliação dos parâmetros de sua estrela de nêutrons | jornal = [[Astronomy and Astrophysics]] | volume = 405 | páginas = 747–751 | bibcode = 2003A&A...405..747B | doi = 10.1051/0004-6361:20030642 }}</ref>
 
A quantidade de matéria contida nos filamentos da Nebulosa do Caranguejo, ou seja, a massa de material ejetado de gás ionizado e neutro, formado principalmente por [[hélio]],<ref name="Greenetal2004">{{citar jornal|língua=Inglês | ultimo1 = Green | primeiro1 = D. A. | ultimo2 = Tuffs | primeiro2 = R. J. | ultimo3 = Popescu | primeiro3 = C. C. | ano = 2004 | título = Observações infravermelhas profundas e submilimétricas da Nebulosa do Caranguejo | jornal = [[Monthly Notices of the Royal Astronomical Society]] | volume = 355 | volume = 4 | páginas = 1315–1326 | bibcode = 2004MNRAS.355.1315G | doi = 10.1111/j.1365-2966.2004.08414.x}}</ref> é estimada em 4,6 ± 1,8 [[massa solar|massas solares]].<ref name="Fesenetal1997">{{citar jornal|língua=Inglês | ultimo1 = Fesen | primeiro1 = Robert A. | ultimo2 = Shull | primeiro2 = J. Michael | ultimo3 = Hurford | primeiro3 = Alan P. | ano = 1997 | título = Um estudo óptico do ambiente circum-estelar em torno da Nebulosa do Caranguejo | jornal = [[Astronomical Journal]] | volume = 113 | volume = | páginas = 354–363 | bibcode = 1997AJ....113..354F | doi = 10.1086/118258}}</ref> Um dos muitos componentes, ou anomalias, da Nebulosa do Caranguejo, é um [[toro]] rico em hélio, visível como uma faixa de leste para oeste, ruzandocruzando aparentemente a região do pulsar. O toro compõe cerca de 25% do material ejetado visível e é composto por cerca de 95% de hélio. Ainda não há nenhuma explicação plausível para sua estrutura ou para a formação desse toro.<ref name="MacAlpineetal2007" />
 
== Estrela central ==
Linha 55:
[[Ficheiro:Changes in the Crab Nebula.jpg|thumb|right|250px|Esta seqüência de imagens do [[Telescópio Espacial Hubble]] mostra características do interior da Nebulosa do Caranguejo mudando em um período de quatro meses. Crédito: [[NASA]]/[[ESA]].]]
 
No centro da nebulosa há duas estrelas pálidas, uma das quais é a estrela responsável pela existência da nebulosa. A estrela foi identificada em 1942, quando [[Rudolf Minkowski]] descobriu que seu [[espectro eletromagnético|espectro óptico]] era extremamente incomum.<ref>{{citar jornal|língua=Inglês |ultimo=Minkowski |primeiro=R. |ano=1942 |título=A Nebulosa do Caranguejo |jornal=[[Astrophysical Journal]] |volume=96 |volume= |página=199 |doi=10.1086/144447}}</ref> Descobriu-se em 1949 e em 1963 que a região ao redor da estrela é uma intensa fonte de [[ondas de rádio]] e de [[raios-X]], rspectivamenterespectivamente.<ref name="Bowyer">{{citar jornal |ultimo=Bowyer |primeiro=S. |ultimo2=Byram |primeiro2=E. T. |ultimo3=Chubb |primeiro3=T. A. |ultimo4=Friedman |primeiro4=H. |ano=1964 |titulo= Ocultação lunar da emissão de raios-X da Nebulosa do Caranguejo |journal=[[Science]] |volume=146 |issue=3646 |pages=912–917 |doi=10.1126/science.146.3646.912 |pmid=17777056
}}</ref> A estrela central foi identificada como um dos objetos mais brilhantes do céu em [[raios gama]] em 1967.<ref>{{citar jornal|língua=Inglês |ultimo=Haymes |primeiro=R. C. |ultimo2=Ellis |primeiro2=D. V. |ultimo3=Fishman |primeiro3=G. J. |ultimo4=Kurfess |primeiro4=J. D. |ultimo5=Tucker |primeiro5=W. H. |ano=1968 |título=Observações da radiação gama na Nebulosa do Caranguejo |jornal=[[Astrophysical Journal|The Astrophysical Journal Letters]] |volume=151 |volume= |páginas=L9 |doi=10.1086/180129}}</ref> No ano seguinte, descobriu-se que a estrela emite sua radiação em pulsos rápidos, tornando-se um dos primeiros [[pulsar]]es a ser descoberto.