Carlos Lamarca: diferenças entre revisões

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Feito um acordo entre Lamarca e o tenente, a barreira policial na estrada foi aberta em troca de devolução dos feridos e prisioneiros. Mendes seguiu com os guerrilheiros no caminhão, transformado em refém. Pouco depois na estrada, um outro comboio militar foi avistado e os guerrilheiros embrenharam-se na mata. Depois de dias caminhando, toparam com uma escaramuça entre duas tropas do exército, travado por tropas do 6º Regimento de Infantaria e do Destacamento Logístico, que atiraram umas nas outras pensando ser o inimigo,<ref>Gaspari, pg. 197</ref> resultando em dois feridos, um [[tenente-coronel]] e um soldado.<ref>Relatório da "Operação Registro", general Canavarro Pereira, pg.5</ref> Na confusão provocada, dois guerrilheiros perderam-se do grupo e acabaram aprisionados dias mais tarde. Restaram apenas cinco homens e o tenente Mendes, prisioneiro do grupo.<ref>Gaspari pg. 197</ref>
 
Com a fuga sendo retardada pela presença de Mendes - que já havia tentado capturar uma metralhadora, impedido por Lucena<ref>Laque, pg.352</ref> - e a desconfiança de que ele os tinha levado a uma emboscada - o encontro anterior que foi por acaso das tropas do governo - Lamarca e seus homens decidiram matar o prisioneiro. O tenente Mendes foi então assassinado por [[Yoshitane Fujimori]] a coronhadas de [[FN FAL]] - receosos de que um tiro pudesse mostrar sua localização aos perseguidores - tendo seu [[crânio]] esfacelado e o corpo deixado na mata, em [[cova]] rasa.<ref name="Gaspari, pg.198">Gaspari, pg.198</ref>. Numa primeira declaração sobre os eventos ocorridos no Vale do Ribeira e o assassinato do tenente, Lamarca afirmou que o tenente havia sido fuzilado <ref>JOSÉ, Emiliano e MIRANDA, Oldack. Lamarca: O Capitão da Guerrilha. 14.ª Ed. São Paulo: Ática, páginas 82 e 83</ref>, todavia com a descoberta da cova do policial no Vale do Ribeira<ref>Folha de São Paulo, 1º Caderno, 10.09.1970, página 4</ref> e a comoção nacional que se seguiu ao seu sepultamento, sendo 50 mil pessoas estimadas no seu enterro<ref>Folha de São Paulo, 1º Cardeno, 12.09.1970, página 5</ref>, Lamarca e a [[VPR]] mudaram a versão num Manifesto de setembro de 1970 o oficial foi julgado como "repressor consciente" que espancou os operários grevistas, torturou os presos políticos e por levar seus subordinados a uma luta inglória e sem sentido contra o povo brasileiro e a sentença capital escolhida seria o fuzilamento, porém para não chamar a atenção das tropas próximas, optou-se pela execução por coronhadas de [[FN FAL]]<ref>A Experiência Guerrilheira do Vale do Ribeira, Página visitada em 07.05.2012, Fonte: http://www.marxists.org/portugues/tematica/1970/09/manifesto-vpr-ribeira.htm</ref>, fatos jamais comprovados após décadas de redemocratização. O guerrilheiro [[Alfredo Sirkis]] da [[VPR]] admite que a versão da sua organização foi uma iniciativa de racionalizar e justificar a execução do tenente do que a realidade <ref>SIRKIS, Alfredo. Os Carbonários: Memórias da Guerrilha Perdida, Rio de Janeiro: Editora Record, 1998 </ref>. O Tenente Alberto Mendes Júnior foi promovido ''post mortem'' a patente de capitão e tornou-se herói símbolo da 1º Batalhão de Polícia de Choque
[[Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar - ROTA]]<ref>Herói Símbolo da Rota, Página visitada em 28.05.2012, Fonte: http://http://www.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/1bpchq/simbolo.htm</ref>
 
Os cinco continuaram pela mata enquanto a busca por eles se intensificava, acampando por vários dias sobre uma grande pedra, para protegerem-se da chuva, alimentando-se de [[abacaxi]]s e [[banana]]s.<ref name="Gaspari, pg.198"/> Por três vezes tentaram descer a algum povoado para comprar comida e por três vezes foram denunciados. Emboscados mais uma vez por causa das denúncias, desta vez por uma patrulha sob as ordens do coronel [[Erasmo Dias]] - que não participou pessoalmente da busca<ref>Gaspari, pg.199</ref>- escaparam mais uma vez pela floresta.