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{{Ver desambig|redir=al-Muqtadir|o [[califa abássida]]|Al-Muqtadir (califa)}}
[[Ficheiro:Patio Aljafería.jpg|330px|thumbnail|[[Palácio da Aljafería]]]]
 
'''Abu YafarJafar Ahmad ibn Sulayman al-Muqtadir Billah''' {{langx|ar|أبو جعفر أحمد "المقتدر بالله" بن سليمان||''Abu Ja'far Ahmad al-Muqtadir bi-Llah ibn Sulayman''|tit=x}} foi rei da [[taifa de Saragoça]] entre ([[1046]] e [[1081]]).
 
Abu Ya'far 'Ahmad al-Muqtadir Billah, da dinastia dos [[Banu Hud]], levou a [[taifa de Saragoça]] ao seu máximo apogeu político e cultural. Foi mecenas das ciências, da filosofia e das artes. Mandou construir o belo [[palácio de la Aljafería]] onde se reuniram importantes intelectuais [[andaluzis]].
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Contudo, a difícil situação de Saragoça, ameaçada pelo reino de Aragão de [[Ramiro I de Aragão|Ramiro I]] e [[Sancho Ramírez]] e em constante litígio fronteiriço pelas terras da estremadura navarra e castelhana (Tudela, Sória, Guadalajara), obrigavam tanto Al Muqtadir como [[Yusuf de Lérida]] a pagar párias aos seus vizinhos cristãos, em especial ao poderoso [[Afonso VI de Castela]]. Até o ponto de, em [[1081]], o seu sucessor, [[Yusuf al-Mu'taman ibn Hud|Al-Mutaman]] ter de contratar os serviços de um mercenário castelhano, [[Rodrigo Díaz de Vivar]], conhecido mais tarde como "''[[Rodrigo Díaz de Vivar|El Cid]]''".
 
==História do reinado de Ahmad I Alal-Muqtadir==
Ao obter o reino de Saragoça em [[1046]], Alal Muqtadir foi reduzindo os seus irmãos à sua obediência, que foram situados à frente do governo dos diferentes distritos da Taifa. Excepto Lubb de Huesca, que cedo reconheceu a seu irmão como seu senhor, tanto Muhammad em [[Calatayud]] quanto Mundir em [[Tudela]] começaram a cunhar moeda com o seu nome, outorgando-se títulos soberanos. Em [[1051]] Ahmad al-Muqtadir já teria destronado três dos seus quatro irmãos (exceto Yusuf al-Muzaffar de Lérida) recorrendo até mesmo a ciladas não muito nobres.
[[Ficheiro:Panel decorativo original vertical.jpg|130px|thumbnail|Painel decorativa [[arte taifa|taifal]] da Aljafería]]
Yusuf tentou até mesmo dominar Saragoça, atacando o seu irmão Alal-Muqtadir, que, por sua vez, e para impedir que Lérida se aliasse com exércitos cristãos para consegui-lo (sobretudo estavam interessados nisso os condes catalães pelas recompensas territoriais que poderiam obter), deveu começar com a sua política de aplacá-los pagando-lhes párias em troca da não intervenção. Deste jeitoAssim, um dos males endêmicos de Saragoça começou pronto a manifestar-se, pois as grandes necessidades de dinheiro para tributar aos reinos cristãos provocaram contínuas subidas de impostos, o que implicou um descontente crescente da classe produtiva de Saragoça. AliásAlém disso, a economia da taifa ressentia-se ao mesmo tempo que aumentava a disponibilidade de numerário duns reinos cristãos cujo metálico era de escassa entidade até então. O cargo mais oneroso para as arcas de Alal-Muqtadir foi ser tributário do poderoso reino de Castela, que o defendia dos ataques do rei aragonês. Já em [[1060]], [[Fernando I de Castela]] cobrava o imposto anual do rei de Saragoça. Em [[1058]] tentara assinar a paz com Yusuf de Lérida para evitar pagar párias ao conde de Barcelona, [[Raimundo Berenguer I]] (até mesmo consta que receberam tributos de Saragoça em algum momento entre [[1048]] e [[1063]] [[Raimundo de Cerdanha]], [[Armengol III de Urgel]], [[Ramiro I de Aragão]] e [[Garcia Sánchez III de Navarra|Garcia de Pamplona]]), mas a desconfiança entre os dois irmãos impediu o acordo.
 
Em [[1060]], um acontecimento inesperado viria a iniciar a expansão para levante de Ahmad I Alal-Muqtadir, obtendo saída ao mar. Ao falecerem os dois régulos eslavos da [[taifa de Tortosa]], Muqatil e Ya'la, um terceiro que os sucedeu, chamado Nabil ou Labil, não pôde manter-se no poder, acossado por pressões internas e do exterior e, com os seus súditos sublevados, abandonou a taifa e entregou-a a Alal-Muqtadir em troca de asilo político. Assim começou uma expansão territorial que ocuparia todo o Levante com a vassalagem de Valência em 1076 e a rendição de Lérida em 1078. Paradoxalmente, o seu poderio com referência ao restante dos reis taifas da zona contrasta com a debilidade mostrada ante os pujantes reinos cristãos, aos que apenas podia fazer frente pagando em troca de alianças, apoios militares e exércitos mercenários, como o do desterrado Cid.
 
Em meados do século XI, a fronteira norte do reino [[hudi]] situava-se na atual [[Barbastro]], e dispunha de um forte em [[Graus]]. [[Ramiro I de Aragão]] tentou repetidas vezes apoderar-se destes pontos estratégicos que formavam uma avançada em forma de cunha entre os seus territórios. Em [[1063]] [[Batalha de Graus|cercou Graus]], mas Al-Muqtadir em pessoa, à frente de um exército que incluía um contingente de tropas castelhanas no comando de Sancho, o futuro [[Sancho II de Castela]], que talvez contava na sua mesnada com [[Rodrigo Díaz de Vivar|El Cid]], conseguiu rejeitar os aragoneses, que perderam o seu rei nesta [[batalha de Graus|batalha]], aparentemente assassinado por um soldado árabe, chamado Sadaro, que falava romance e que ia disfarçado de cristão e que, achegando-se ao real de Ramiro I, cravou-lhe uma lança na testa. O seu sucessor, [[Sancho Ramírez]], com a ajuda de tropas de condados francos ultrapirenaicos chamadas a [[cruzada]] pelo [[papa Alexandre II]], tomou Barbastro em [[1064]].
 
No ano seguinte, Ahmad al-Muqtadir, reagiu solicitando a ajuda de tudo o [[Al-Andalus]], chamando pela sua vez à [[jihad]] e voltando a recuperar Barbastro em [[1065]]. Este triunfo induziu-o a tomar o apelido de Al-Muqtadir Billah ("o poderoso graças a Deus), que imediatamente mandou gravar em inscrições [[caligrafia árabe|cúficas]] nas [[gessaria]]s de ''[[la Aljafería]]'', que então estava construindo, com as lendas "Isto é o que mandou fazer o poderoso graças a Deus" (ou seja, Al-Muqtadir Billah).
 
Apesar da perda de Barbastro, o [[reino de Aragão]] era uma força emergente e nesse mesmo ano tomou o castelo de Alquézar. Para contra-arrestá-lo, Alal-Muqtadir assinou tratados em [[1069]] e [[1073]] com [[Sancho IV de Navarra|Sancho IV]], rei de Pamplona, pelos quais obtinha a ajuda navarra em troca de párias. A aliança com o rei pamplonês deteve por um tempo o expansionismo aragonês, mas Sancho IV faleceu pronto, em junho de 1076, assassinado por obra de uma conjura dos seus irmãos RamãoRaimundo e Ermesinda.
 
A leste, a rica [[taifa de Dénia]], que fora uma potência marítima e comercial na época de [[MuyahidMujahid de Dénia|MuyahidMujahid]] e o seu filho [[Ali Ibnibn MuyahidMujahid|Ali]] (que casou com uma irmã de Alal-Muqtadir), estava subordinada ao grande [[Al-MamúnMamun de Toledo|Alal-MamúnMamun]] de [[Taifa de Toledo|Toledo]], que faleceu envenenado em [[1075]]. Al-Muqtadir aproveitou esta ocasião para se apresentar em Dénia com um exército notável, animado por um vizir daquele soberano chamado [[Ibn al-Royólo]], que conseguiu movimentar a população em favor do monarca saragoçano. Negociou-se sem batalha a entrega da Taifa de Dénia a Alal-Muqtadir em [[1076]], com o que os domínios de Saragoça estenderam-se até a atual Múrcia.
[[Ficheiro:Taifa de Zaragoza.jpg|350px|thumbnail|Mapa da máxima extensão da Taifa Hudi na época de Ahmad I Alal-Muqtadir em 1076]]
Após este sucesso, Ahmad I Alal-Muqtadir fixou o seu objetivo em comunicar os seus domínios, interrompidos pela Taifa de Valência. Esta era governada por [[Abu Bakr de Valência]], que estivera subordinada politicamente a Toledo e estava na órbita de Afonso VI, de quem dependia de fato. Al-Muqtadir dirigiu-se para Valência com as suas tropas e Abu Bakr saiu ao seu encontro e declarou-se o seu vassalo. Assim, Valência passou a ser uma taifa vassala do senhor de Saragoça e, em troca, este manteve o rei-títere Abu Bakr em Valência no poder. Não podia efetuar uma conquista mais efetiva, pois, tanto Afonso VI, quanto o restante dos régulos de taifas, estavam muito receosos do excessivo poder que acumulava o rei de [[Saragoça]].
 
Nos seus três últimos anos de governo, de [[1078]] a [[1081]], Al-Muqtadir concentrou as suas forças em conseguir submeter ao seu poder a [[taifa de Lérida]], onde resistia o seu irmão [[Yusuf al Muzzafar]]. Após muitos confrontos, fê-lo prisioneiro na fortificação de Rueda e conseguiu o reconhecimento do seu domínio sobre Lérida por parte do seu irmão. Em que pese a isso, e tal e qual fizera seu pai [[Sulayman banu Hud al-Musta'in|Sulayman]], voltou a dividir o reino ao entregar ao seu filho [[Alal-Mutamin]] Saragoça e a zona ocidental, e ao seu filho [[Al -Mundir de Lérida|Alal-Mundir]], Lérida, Tortosa e Dénia. No fim de 1081 Al-Muqtadir, aparentemente gravemente doente, teve de delegar o poder nos seus filhos, falecendo em [[1082]].
 
Além do seu talento político e militar, Ahmad I Al al-Muqtadir foi um rei sábio, com amplas inquietudes artísticas e culturais. Como amostra do esplendor do seu reinado mandou erigir um palácio-fortificação na explanada da saria saragoçana, na Almozara, onde se celebravam as paradas militares, as festas das vitórias e os exercícios equestres:[[A Aljafería]] (''al-yafariyaJafariya'' deriva de um dos seus nomes, Alal-YafarJafar). Este suntuoso palácio foi a sede da sua Corte, criando nas suas dependências um centro de cultura onde acudiram intelectuais e artistas de todos os pontos do [[Alal-Andalus]], buscando um refúgio de tolerância e mecenato na Taifa mais setentrional e afastada do influxo almorávida pela sua distância e por ser regida por uma dinastia hispano-árabe. Lá confluíram poetas, músicos, historiadores, místicos e, sobretudo, nasceu a melhor escola de filosofia do Islão, com a incorporação plena de Aristóteles à filosofia árabe, trabalho que, iniciado no Oriente por [[Avicena]] (''Ibn Sina''), foi desenvolvido com um critério independente por [[Avempace]] (''Ibn Bayya''). O trabalho de Avempace foi o ponto de partida da filosofia hispano-árabe, que foi continuada por [[Averróis]] (''Ibn Rushd'') e na cultura hebreiahebraica por [[Maimônides]].
 
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