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Uma '''tuna''' é um [[grupo musical|agrupamento musical]], caracterizado por ser constituído por cordofones. O termo Tuna designa e circunscreve, aliás, o tipo de agrupamento segundo o leque instrumental que utiliza. Pode apresentar-se como mero agrupamento instrumental (a sua primeira origem), bem como na versão canto e instrumento (actualmente em voga). A tuna pode ser de natureza popular ou de natureza estudantil (derivando da estudantinas do séc.século XIX e inícios do XX), tocando sentada ou de pé (ou num misto dos dois, conforme fez escola nos agrupamentos canários, por exemplo).
 
As Tunas de feição estudantil são apelidadas de Tunas Académicas ou Universitárias quando agrupam estudantes do ensino superior. A tuna estudantil, pode ainda dizer respeito às formações compostas por estudantes do liceu (formações muito numerosas no séc.século XIX e de que há registo até aos anos 60 do séc.século XX), que também usam a designação "académica".
 
 
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[[Ficheiro:Tuna de Medicina do Porto.jpg|thumb|left|Tuna da Fculdade de Medicina da [[_universidade do Porto|U.P.]].]]
A origem destes agrupamentos encontram-se a partir da 2ª metade do séc.século XIX, reproduzindo o ideário romântico dos antigos sopistas e pícaros de antanho, estudantes maltrapilhos (alguns pertencentes às classes mais baixas do clero) à cata de sustento, que se socorriam dos seus dotes musicais e artísticos para sustento dos seus estudos, folias e excessos juvenis. Já a pretensa ligação aos Goliardos é comprovadamente mais uma colagem romântica do que um facto histórico - tese defendida por alguns, a propósito da suposta herança goliardesca nas tunas, mas logo repudiada em "QVID TUNAE?"<ref name="tuna">COELHO, Eduardo, SILVA, Jean-Pierre, TAVARES, Ricardo, SOUSA, João Paulo - "QVID TUNAE? A Tuna Estudantil em Portugal", Porto (2011), Euedito. ISBN 978-989-97538-0-8;</ref>, onde também a tese dos sopistas, jograis, trovadores, menestréis e afins, como antepassados dos Tunos e das Tunas, é prontamente descartada.
 
A Tuna Académica é um agrupamento constituído por estudantes essencialmente do [[ensino superior]] (embora nas primeiras décadas do [[século XX]] tenham sido comuns as tunas compostas por alunos de liceu, entre outros). O repertório musical das tunas é extremamente variado, indo desde adaptações de temas de autor, passando pela música erudita, até composições originais cuja temática incide essencialmente na vida boémia estudantil, na celebração do amor, mantendo afinidades temáticas com o [[fado]] e um certo estilo de música muito em voga em meados do [[século XX]], de cariz humorístico e brejeiro - picaresco, portanto. Envergam usualmente o [[traje académico]] da instituição que representam, sem prejuízo de em certos casos serem criados trajes especificamente para o efeito - inspirados, em todo o caso, quer em trajes estudantis de séculos passados, quer com adaptações de elementos etnográficos da região a que pertence.
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A definição para este tipo de agrupamento, segundo o "QVID TUNAE?", será a seguinte:
 
'''''Tuna/Estudantina''' - Tendo surgido inicialmente em Espanha em meados/finais do séc.século XIX com a designação de estudiantinas, as tunas são agrupamentos musicais tanto de âmbito popular (urbano e rural) como estudantil. São constituídos essencialmente por instrumentos de cordas (cordofones) plectrados, dedilhados e friccionados, acompanhados de acordeão, flautas e percussão ligeira. Nos agrupamentos de cariz estudantil, a pandeireta é ícone histórico indispensável.As tunas podem apresentar se em palco tanto sentadas (em disposição orquestral clássica) como de pé. Interpretam um repertório eclético, do erudito ao popular, acompanhando a execução instrumental com canto (a solo ou em coro), característica mais visível nos agrupamentos estudantis.As tunas de cariz estudantil, e em especial as do foro universitário, envergam o traje da academia em que se integram ou indumentária própria (usualmente baseado na tradição das tunas do país vizinho e/ou evocativo do património cultural local). São normalmente constituídas por estudantes e antigos estudantes, recebendo a designação de «tunas de veteranos» ou «quarentunas» quando são exclusivamente compostas por estes últimos.'' <ref name="tuna"/>
 
 
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A crescente popularidade das Estudiantinas como a Figaro ou a Pignatelli, p.ex - finais Século XIX e inícios do de XX - guindou este modelo para patamares de elevado sucesso social e até politicamente utilizadas, desviando-se ou mesmo ignorando de todo o hábito de antanho do "correr a Tuna" característico do estudante pobre de tempos anteriores. O formato Estudiantina vence também pela força da comparsa carnavalesca tão em voga naqueles tempos - a Estudiantina de Salamanca esteve presente no Carnaval do Porto organizado pelo Clube Fenianos, havendo relatos da sua participação em 1890 e anos posteriores; em 1905, por exemplo, foi distinguida com o 2º prémio do cortejo (mesmo apresentando-se fora de concurso), bem como existe constância neste mesmo evento e ano da Estudiantina de Córdoba.<ref name="tuna"/>
 
A Tuna, contrariamente ao mito propalado, apenas surge no séc.século XIX, derivando das estudantinas carnavalescas (e estas da comparsas de carnaval). Antes disso não existe tuna, mas tão só o ideário de "correr la tuna", a que muitos estudantes aderiram - daí a designação "estudiantes de la tuna" (erradamente entendido como membros de uma Tuna), ou seja um modo de vida caracterizado pela mendicidade, o engano, a cata de sustento (através dos mais variados expedientes- alguns musicais e artísticos, outros na trapaça, no engano) que não era exclusivo do foro estudantil (pese embora ter permanecido a imagem do estudante boémio, em razão do prestígio que as gentes de letras, com estudos, sempre tiveram).<ref name="tuna"/>
 
Na actualidade, e desde o ressurgimento do fenómeno no contexto universitário, durante os anos 80 do século passado, a tuna académica/universitária é entendida como um grupo musical composto exclusivamente por alunos ou ex-alunos do ensino superior, embora tal não obste à existência de tunas académicas fora da geografia universitária (mas, nesse caso, já não há o uso do traje académico, só permitido aos que frequentam um curso superior).