Neuropsicologia: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Phineas_Gage_Daguerreotype_WilgusPhoto2008-12-19_CroppedInsideMat_Unretouched_BW.jpg|left|150px|thumb|[[Phineas_Gage|Phineas P. Gage]], em [[daguerreótipo]]]]
 
Como área de interface, sua história confunde-se com a história da psicologia e a da medicina. Já eram conhecidos desde a antiguidade que pessoas que sofriam traumatismos cranianos, muitas vezes, passavam a ter alterações em suas funções mentais, tais como a linguagem, o pensamento e a memória, chegando mesmo a provocar alterações profundas e duradouras no seu comportamento (alterações de [[personalidade]]). Há indícios mesmo de trepanação encontrados em crânios pré-históricos. Os papiros de Edwin Smith<ref name="espinosa">ESPINOSA, J. A. L. Una rareza bibliográfica universal: el Papiro médico de Edwin Smith. '''ACIMED''', v. 10 n. 3, Ciudad de La Habana, Mayo-jun. 2002. Acessado em: 20 de julho de 2012. [http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1024-94352002000300005 link] </ref><ref name="cosenza">COSENZA, queR. descrevemM.; conhecimentosFUENTES, e procedimentos médicos do [[Antigo Egito]] (cD.; 3.000MALLOY-DINIZ, aL. CF.), A referiamevolução dificuldadesdas deideias linguagemsobre ema pacientesrelação comentre traumatismoscérebro, cranianoscomportamento e outrascognição. patologiasIn: doFUENTES, encéfaloD.; Estudos mais recentesMALLOY-DINIZ, deL. [[Franz Gall]]F.; e [[Paul Broca]]CAMARGO, noC. séculoH. XIXP.; COSENZA, associavamR. regiõesM. do(Orgs.). cérebro'''Neuropsicologia''': comoteoria responsáveise porprática. determinadasPorto funçõesAlegre: mentais;Artmed, havendo2008. algumCap. dano1, haveria algump. tipo de sintomatologia15-19.</ref name="miotto">MIOTTO, Elianeque Correa.descrevem Neuropsicologia:conhecimentos conceitose fundamentais.procedimentos In:médicos MIOTTO,do E.[[Antigo C.;Egito]] DE LUCIA, M(c. C3.000 Sa.; SCAFF, M. (OrgsC.)., '''Neuropsicologia ereferiam asdificuldades interfacesde comlinguagem asem neurociências'''pacientes 1com reimpr.traumatismos Sãocranianos Paulo:e Casaoutras patologias do Psicólogoencéfalo, 2010há 3.000 capa. 16, pC. 137-142.</ref>.
 
Outros povos da [[antiguidade|idade antiga]] também possuíam conhecimento de que havia uma relação entre o corpo e o comportamento, embora houvesse divergência de qual órgão seria a sede da alma. Os hebreus, por exemplo, defendiam a hipótese cardíaca, de que a alma residiria no coração. Aristóteles, entre os gregos, era também partidário desta tese, e caberia ao cérebro a função de refrigerar o sangue. Entretanto, já havia os que postulavam que o cérebro seria a sede do pensamento. [[Alcmeão de Crotona]], em 500 a. C., defendeu uma relação importante entre o cérebro e os processos mentais. [[Galeno|Cláudio Galeno]], médico de centuriões, ao estudar os ferimentos de batalha identificou que lesões no crânio eram capazes de provocar danos de comportamento, linguagem, memória e na inteligência. A Igreja Católica, na idade média, aceitava a tese de que o cérebro pudesse ser a sede da alma, e destinava aos ventrículos cerebrais a nobre função de abrigar o espírito.<ref name="cosenza" />
Um caso histórico emblemático das relações entre lesão cerebral e a alteração das funções cognitivas foi o de [[Phineas Gage|Phineas P. Gage]]. Aos 25 anos de idade, era funcionário de construção de ferrovias da Rutland & Burlington. Um acidente com explosivos, que tinha tudo para tê-lo matado, lançou uma barra de ferro que atravessou seu crânio na região frontal, deixando-o cego do olho esquerdo, mas vivo. Sempre dedicado, bom trabalhador e capaz, Gage teve severas alterações de comportamento após este acidente. Tornou-se displicente, arruaceiro e briguento, passando a ter um comportamento totalmente diferente. A literatura sugere que ele passou a ter estas alterações duradouras em seu comportamento devido às lesões, que alteraram o funcionamento do seu cérebro<ref name="damasio">DAMÁSIO, A. R. '''O erro de Descartes:''' Emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.</ref>.
 
Estudos mais recentes, de [[Franz Gall]] e [[Paul Broca]], no século XIX, associavam regiões do cérebro como responsáveis por determinadas funções mentais; havendo algum dano, haveria algum tipo de sintomatologia<ref name="miotto">MIOTTO, Eliane Correa. Neuropsicologia: conceitos fundamentais. In: MIOTTO, E. C.; DE LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. (Orgs.). '''Neuropsicologia e as interfaces com as neurociências''' 1 reimpr. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. cap. 16, p. 137-142.</ref>. Um caso histórico emblemático das relações entre lesão cerebral e a alteração das funções cognitivas foi o de [[Phineas Gage|Phineas P. Gage]]. Aos 25 anos de idade, era funcionário de construção de ferrovias da Rutland & Burlington. Um acidente com explosivos, que tinha tudo para tê-lo matado, lançou uma barra de ferro que atravessou seu crânio na região frontal, deixando-o cego do olho esquerdo, mas vivo. Sempre dedicado, bom trabalhador e capaz, Gage teve severas alterações de comportamento após este acidente. Tornou-se displicente, arruaceiro e briguento, passando a ter um comportamento totalmente diferente. A literatura sugere que ele passou a ter estas alterações duradouras em seu comportamento devido às lesões, que alteraram o funcionamento do seu cérebro<ref name="damasio">DAMÁSIO, A. R. '''O erro de Descartes:''' Emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.</ref>. O caso de Gage é emblemático na neuropsicologia, pois mostra as relações entre lesão cerebral e as funções cognitivas e motoras. A mudança do comportamento de Gage é atribuído à extensa lesão no lobo frontal, uma das regiões que regulam o controle dos impulsos. Lesões nesta área podem levar a um comportamento egoísta e anti-social.
O caso de Gage é emblemático na neuropsicologia, pois mostra as relações entre lesão cerebral e as funções cognitivas e motoras. A mudança do comportamento de Gage é atribuído à extensa lesão no lobo frontal, uma das regiões que regulam o controle dos impulsos. Lesões nesta área podem levar a um comportamento egoísta e anti-social.
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==O cérebro e a localização das funções mentais==
[[Ficheiro:Phrenology-journal_clean.jpg|right|150px|thumb|A [[frenologia]] buscava relacionar as regiões do cérebro com funções como a comunicação e a moralidade]]