Praça da Concórdia: diferenças entre revisões

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A cidade de Paris, na pessoa de seus vereadores e de seu preboste ({{lang-fr|'''"prévôt"'''}} - espécie de prefeito no [[Antigo Regime]]), decidiu, em 1748, erigir uma estátua equestre do Rei [[Luís XV da França|Luís XV]] para festejar o restabelecimento do rei após uma doença que o havia acometido em [[Metz]]. Foi lançado um concurso para encontrar o melhor local, concurso do qual participam dezenove arquitetos, entre os quais [[Germain Boffrand]] e [[Jacques-Germain Soufflot]]. Um deles, [[Ange-Jacques Gabriel]], propôs reservar uma esplanada simples de terra batida, sem função ou propósito, que se situava ao final do Jardim das [[Tulherias]] e que se chamava « Esplanade du Pont-Tournant », em referência a uma ponte de madeira que então cruzava o fosso próximo ao terraço das [[Tulherias]]. Apesar de fora do centro, o local poderia servir para a [[urbanização]] dos novos bairros que tendiam a ser construídos para o oeste da capital, no [[faubourg Saint-Honoré]].
 
O rei era o proprietário da parte essencial desses terrenos, o que permitiu se realizar as [[desapropriação|desapropriações]] necessárias. Antes mesmo de a decisão ser oficialmente tomada, negociações foram iniciadas junto aos herdeiros do economista [[John Law]], proprietários de terrenos marginais ao perímetro necessário à criação, no local, de uma praça real, inscrita na vasta cadeia de praças reais que iriam (em [[Rennes]], [[Ruão]], [[BordeauxBordéus]], [[Dijon]], [[Nantes]] ou [[Montpellier]]) teatralizar a representação equestre do Rei Luís XV. Valorizada por fachadas desenhadas por [[Ange-Jacques Gabriel|Gabriel]], a Praça Luís XV parisiense tornou-se um intervalo arquitetônico entre as fundações do Palácio das Tulherias e as folhagens verdes da [[Champs-Élysées|Avenida dos Campos Elísios]].
[[Ficheiro:Place Louis XV - Projet de Gabriel.JPG|thumb|O projeto de Gabriel para a Praça Luís XV]]
Em 1753, um concurso foi aberto para o planejamento da esplanada, reservado aos membros da ''[[Académie Royale d'Architecture]]'' (Academia Real de Arquitetura). Gabriel, diretor da Academia, em sua qualidade de Primeiro Arquiteto do Rei, foi encarregado de estabelecer um projeto, emprestando as melhores ideias propostas pelos concorrentes. Beneficiando-se do apoio de [[Madame de Pompadour]], favorita do rei, que supervisionou o conjunto dos trabalhos, o projeto foi aceito em 1755. O acordo entre a cidade de Paris, os representantes do rei e os herdeiros de Law foi assinado em 1758. Em troca dos terrenos cedidos, os herdeiros receberam o edifício situado a noroeste da praça, assim como os terrenos de um lado e de outro da futura [[Rue Royale (Paris)|Rua Reaç]]. Eles consentiram em pagar a construção das fachadas de todos os edifícios de sua propriedade.
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Apenas as [[fachada]]s foram desenhadas por Gabriel e erigidas entre [[1766]] e [[1775]]. Elas se inspiram na [[colunata]] do Palácio do [[Louvre]], edificada por [[Claude Perrault]]. Os [[frontão|frontões]] são decorados por alegorias da agricultura, comércio, magnificência e felicidade pública de [[Michel-Ange Slodtz]] e [[Guillaume Coustou (fils)|Guillaume II Coustou]].
 
O prédio situado a leste da Rua Royale era, desde sua origem, pertencente inteiramente à Coroa. Ele foi, a princípio, anexado ao ''Guarde-Meuble'' (Guarda-Móveis), tendo as galerias abertas ao público todas as primeiras terças-feiras de cada mês, de 9 a 13 horas. A partir de [[1789]], ele acolhe o Ministério da Marinha que, sob a direção do [[Denis Decres|almirante Decrès]], desdobra consideravelmente seus escritórios até ocupar todo o prédio. O edifício - dito ''Hôtel du Guarde-Meuble'' (''Edifício do Guarda-Móveis'') ou, mais comumentecomummente, ''Hôtel de la Marine'' (''Edifício da Marina'') - foi construído sobre os planos de Gabriel e sobre a direção de [[Jacques-Germain Soufflot]]. A decoração interior, de grande magnificência, são obra do arquiteto [[Jacques Gondouin]] e constituem uma etapa importante dentro da evolução do gosto do século XVIII. Infelizmente, essa decoração foi profundamente descaracterizada pelas trabsformaçõestransformações efetuadas durante o [[Segundo Império Francês|Segundo Império]], ainda que os grandes salões e a Galeria Dourada conservem alguns elementos originais.
 
O prédio situado a oeste da Rua Royale devia originalmente abrigar o novo ''[[Hôtel des Monnaies (Paris)|hôtel des Monnaies]]'' (''Casa da Moeda'') cuja construção estava projetada desde [[1768]]. Mas o local foi julgado definitivamente distante do bairro comercial e um despacho do Conselho decidiu que o novo edifício erguer-se-ia no lugar do atual ''[[quai Conti]]'' (''cais Conti''). O terreno situado atrás da [[colunata]] ocidental foi então dividido em quatro lotes, cedidos a particulares, que se encarregavam de erguer prédios particulares atrás das fachadas de Gabriel :
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* No ângulo nordeste, dos lados da ''[[Rua Saint-Florentin]]'', o ''Hôtel de Talleyrand'' ou ''Hôtel de Saint-Florentin'' (atual localização da [[embaixada]] dos [[EUA]]), é obra do arquiteto [[Jean-François-Thérèse Chalgrin]].
 
* A noroeste da praça, dos lados da ''[[Rua Boissy d'Anglas]]'', elevava-se até [[1775]] o depósito de mármores da Coroa. Após sua supressão, o terreno foi concedido ao ''fermier général'' (literalmente ''agricultor geral'' - cargo do Antigo Regime) [[Laurent Grimod de La Reynière]], em troca da construção de um prédio análogo ao ''Hôtel de Saint-Florentin'', conhecido pelo nome de ''[[Hôtel Grimod de La Reynière]]''. O pintor [[Charles-Louis Clérisseau]] executa aí a primeira decoração à antiga, inspirada nas descobertas [[arqueologia|arqueológicas]] feitas em [[PompéiaPompeia]] e [[Herculano]]. O ''Hôtel'' abrigou depois o ''Círculo Imperial'' e depois o ''Círculo da União Artística''. Desfigurado pelas anexações sucessivas, o ''hôtel'' foi demolido e substituído por um [[pastiche]] de estilo [[neo-clássico]] edificado entre [[1931]] e [[1933]] pelos arquitetos [[William Delano]] e [[Victor Laloux]] para abrigar a embaixada dos Estados Unidos. Este ''hôtel'', que condiz bem com o ''Hôtel de Talleyrand'', restabelece a [[simetria]] do lado norte da praça tal qual imaginada inicialmente por Gabriel.
 
=== O obelisco ===