Privatização da Telebrás: diferenças entre revisões

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== Escândalo dos grampos ==
Algumas semanas após a privatização, foram divulgadas conversas telefônicas obtidas por gravações ilegais em telefones do [[BNDES]] que indicavam que fora articulado um favorecimento para que o grupo liderado pelo Banco Opportunity adquirisse a Tele Norte Leste.<ref name=autogenerated4 /> A repercussão do caso levou à queda do Ministro das Comunicações, [[Luiz Carlos Mendonça de Barros]], do presidente do [[BNDES]], [[André Lara Resende]] e de diretores do [[Banco do Brasil]] (como o diretor da área externa, [[Ricardo Sérgio de Oliveira]]) e o presidente da [[Previ]], Jair Bilachi.<ref name=autogenerated4 /> Em uma das conversas, Mendonça de Barros diz a Bilachi que é importante que a Previ forme um consórcio com o Opportunity e que o ministério ajudará no que for preciso, ao passo que Bilachi diz que vai tratar do assunto com Ricardo Sérgio. Ficou claro que Ricardo Sérgio era quem realmente mandava na Previ, sendo seu presidente, Jair Bilachi, mera figura decorativa.<ref>{{Citar web |url=http://veja.abril.com.br/091298/p_055.html |titulo=Veja 09/12/98<!-- Titulo gerado automáticamente -->|acessodata= [[2 de Abril]] de [[2010]] }}</ref> O próprio ministro pede a Ricardo Sérgio que o Banco do Brasil dê uma carta de fiança ao [[Opportunity]] e também deixa claro que os consórcios criados para a disputa eram todos sendo montados com a participação do BNDES.<ref name=autogenerated3 />
 
== Controvérsias ==
Os que defendem a privatização costumam dizer que o Brasil tinha um serviço ineficiente, que a linha custava uma fortuna e que foi a privatização que permitiu a expansão do serviço. Na verdade, poucos lembram que o serviço de telefonia era privado até 1962, e ali sim era muito ineficiente. A Telebrás estatal foi responsável pela grande expansão do setor, pela possibilidade das ligações intermunicipais e por fazê-lo chegar a áreas remotas do país.
O problema é que no final da década de 1970 as estatais começaram a ser usadas para segurar a dívida externa e para controlar a inflação. Havia também um problema de modelo de negócio. O sujeito comprava a linha por um preço caro e depois pagava uma ninharia pelo serviço. A falta de investimento passou a conter a expansão e a gerar um mercado paralelo de linhas. Mesmo assim, de 1970 a 1990, enquanto a população brasileira cresceu 50% e o PIB 90%, a planta instalada de terminais telefônicos do Sistema Telebrás cresceu 500%.
O que aconteceu na preparação da privatização foi a revisão do modelo. O governo subiu a tarifa de assinatura básica em mais de 1500% (!), voltou a investir (R$ 21 bilhões entre 1995 e 1998, como lembrou Aloysio Biondi, uma das poucas vozes críticas ao processo à época) e preparou o terreno para as empresas privadas assumirem. O que veio a seguir foi a consequência óbvia: a demanda represada gerou a expansão do setor, mas o custo aumentou absurdamente. A assinatura que era R$ 0,69 em 1994 é hoje mais de R$ 40, e o serviço já dá sinais de declínio.
Em resumo, a expansão percebida veio da mudança do modelo, e não da venda da Telebrás para quatro consórcios privados. Com a privatização, o Brasil perdeu o controle sobre suas redes e seus satélites, gerou um serviço caro para os usuários e agora pena para tentar fazer essas empresas atenderem ao interesse público. Não dá mesmo para dizer que foi um bom negócio.
 
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