Luis Federico Leloir: diferenças entre revisões

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|legenda =Luis Federico na [[década de 1960]]
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}}
'''Luis Federico Leloir''' ([[Paris]], [[{{dtlink|lang=br|6 de setembro]] de [[|9|1906]]}} — [[Buenos Aires]], [[{{dtlink|lang=br|2 de dezembro]] de [[|12|1987]]}}) foi um [[Medicina|médico]] e [[Bioquímica|bioquímico]] [[Argentina|argentino]], nascido na [[França]].
 
Recebeu o [[Nobel de Química]] de [[1970]], sendo o primeiro [[hispano]] a consegui-lo (em conjunto com [[Mario J. Molina]], que recebeu o Nobel de Química de 1995). Sua investigação mais relevante, que justificou a distinção que lhe outorgou fama internacional, centrou-se nos [[nucleotídeos]] do açúcar, e o papel que cumprem na síntese dos [[carboidrato]]s. Devido à sua descoberta foi possível entender, finalmente, os pormenores que caracterizam a doença congênita [[galactosemia]].
 
== Biografia ==
=== Infância e adolescência ===
Seus pais viajaram de [[Buenos Aires]] até [[Paris]] em meados de [[1906]] devido à enfermidade em que se achava Federico Leloir, o pai, necessitando de ser operado em um hospital francês. Em [[6 de setembro]], uma semana depois da morte deste, nasceu seu filho póstumo '''Luis Federico Leloir''' em uma velha casa na ''Rua Victor Hugo, 81'', na capital francesa. De volta ao seu país de origem, em [[1908]], Leloir viveu com os seus 8 irmãos em uma terra nos [[pampa]]s que seus antepassados haviam comprado depois de sua imigração da [[Espanha]] — tratava-se de 40 mil hectares denominados ''"El Tuyú''", que compreendiam a costa marítima desde [[San Clemente del Tuyú]] até [[Mar de Ajó]]. Com apenas quatro anos, Leloir aprendeu a ler sozinho, auxiliado pelos jornais que seus familiares compravam, para permanecerem informados sobre os temas agropecuários. Durante seus primeiros anos de vida que se dedicava a observar todos os fenômenos naturais com particular interesse, preferindo leituras cujos temas se relacionavam com [[ciências naturais]] e [[ciências biológicas|biológicas]]. Seus estudos iniciais se dividiram entre a ''Escola Geral San Martín'', onde cursou o primeiro ano, o ''Colégio Lacordaire'', o ''Colégio do Salvador'' e o ''Colégio Beaumont'' (este último na [[Inglaterra]]). Suas notas não se destacavam, nem por boas, nem por más, e sua primeira incursão universitária terminou rapidamente quando abandonou os estudos de [[arquitetura]] que havia começado no ''Instituto Politécnico de Paris''.
 
=== Carreira profissional ===
[[FicheiroImagem:Leloir con su familia.jpg|200px|thumb|Retrato familiar na costa argentina, [[1951]].]]
Novamente em [[Buenos Aires]], ingressou na ''Faculdade de Medicina da [[Universidade de Buenos Aires]]'' (UBA) para doutorar-se. No começo foi difícil, tanto que teve de repetir o exame de [[anatomia]] quatro vezes, mas em [[1932]] conseguiu diplomar-se e iniciou sua atividade como residente no ''Hospital das Clínicas'' e como médico interno do ''Hospital Ramos Mejía''. Alguns conflitos internos e complicações quanto à forma como lidava com os pacientes foram os motivos que levaram Leloir a dedicar-se à investigação [[laboratório|laboratorial]]. Em [[1933]], conheceu [[Bernardo A. Houssay]], que monitorou sua tese de [[doutorado]] sobre as [[glândulas supra-renais]] e o [[metabolismo]] dos [[carboidratos]]. O encontro foi casual, já que Luis Leloir vivia só a meia quadra de sua prima, a famosa escritora e editora [[Victoria Ocampo]], que era cunhada do [[gastroenterologia|gastroenterologista]] [[Carlos Bonorino Udaondo]], outro exímio doutor, amigo de Houssay. Depois da recomendação de Udaondo, Leloir começou a trabalhar com o primeiro [[cientista]] argentino a receber o [[Prêmio Nobel]] no ''Instituto de Fisiologia'' da Universidade de Buenos Aires.
 
Sua tese foi terminada em somente dois anos, recebendo o prêmio da faculdade como o melhor trabalho doutoral; com o seu mestre, descobriu que sua formação em ciências como a [[física]], [[matemática]], [[química]] e [[biologia]] era escassa, por isso começou a assistir aulas destas especialidades na universidade como aluno ouvinte. Em [[1936]] viajou até [[Inglaterra]] onde iniciou estudos avançados na [[Universidade de Cambridge]], sob supervisão do também Prêmio Nobel, [[Frederick Gowland Hopkins]], a quem tinha sido dada esta distinção em [[1929]] por seus estudos em [[fisiologia]] e [[medicina]] depois de descobrir que certas substâncias, hoje conhecidas como [[vitaminas]], eram fundamentais para a correta regulação do funcionamento do organismo. Seus estudos no ''Laboratório Químico de Cambridge'' centraram-se na [[enzimologia]], mais especificamente na reação do [[cianureto]] e do [[pirofosfato]] sobre a enzima '' succínico desidrogenase''. A partir desse momento, Leloir se especializou no metabolismo dos [[carboidratos]].
 
Em [[1943]] teve que deixar o país, quando Houssay foi expulso da faculdade de medicina por assinar uma carta pública em oposição ao regime [[nazismo|nazista]] [[Alemanha|alemão]] e por apoiar o governo militar comandado por [[Pedro Pablo Ramírez]], que contava também com o apoio de [[Juan Domingo Perón]]. Seu destino foi os [[Estados Unidos]], onde ocupou o cargo de pesquisador associado no ''Departamento de [[Farmacologia]] da [[Universidade de Washington]]'', cargo antes ocupado por [[Gerty Cori]], com quem Houssay compartilhou o Nobel em [[1947]]. Também pesquisou com o professor D. E. Green no ''Enzime Research Laboratory'' do ''College of Physicians and Surgeons'' de [[Nova Iorque]]. Antes de ir para o exílio, casou-se com Amelia Zuberbüller, com quem teve uma filha a que ficou com o mesmo nome da mãe.
 
Em [[1945]], voltou ao país para trabalhar no instituto dirigido por Bernardo Houssay, que daria origem ao ''Instituto de Investigações Bioquímicas da Fundação Campomar'', que Leloir dirigiria por 40 anos desde sua criação, em [[1947]], pelas mãos do [[empresário]] e [[mecenas]] [[Jaime Campomar]].
 
Durante os últimos anos da [[década de 1940]], Leloir realizou, com êxito, experimentos que revelaram quais as vias da síntese química de açúcares nas [[leveduras]] com equipamentos de baixo custo, devido à carência de recursos econômicos. Antes de suas pesquisas, pensava-se que, para estudar uma [[célula]], não se podia separá-la do [[organismo]] de que fazia parte. O seu trabalho demonstrou que essa teoria [[Louis Pasteur|pasteuriana]] era falsa.
 
No ano de [[1947]], formou um grupo de trabalho com Rawell Caputo, Enrico Cabib, Raúl Trucco, Alejandro Paladini, Carlos Cardini e José Luis Reissig, com quem pesquisou e descobriu por que razão é que o mau funcionamento dos rins e a [[angiotensina]] podem causar [[hipertensão arterial|hipertensão]]<ref>"The Substance Causing Renal Hypertension"(E. Braun-Menedez, J.C. Fasciolo, L.F. Leloir, J.M. Muñoz)''The Journal of Physiology''(1940) no.98 pg.283-298</ref>. Nesse mesmo ano, seu companheiro de laboratório, Rawell Caputo, lhe apresentou um problema que tinha em suas pesquisas biológicas da [[glândula mamária]]. Então, a sua equipe, a que se havia incorporado o bolsista Alejandro Paladini, conseguiu, em uma [[cromatografia]], isolar a substância nucleótido-açúcar chamada ''uridina difosfato glicose'' (UDP-glicose), o que ajudou a entender o processo de armazenamento dos [[carboidratos]] e sua transformação em energia de reserva.
 
[[FicheiroImagem:Leloir Cardini.JPG|thumb|right|200px|Luis Leloir e Carlos Eugenio Cardini no Instituto Campomar em [[1960]].]]
 
No princípio de [[1948]], a equipe de Leloir identificou os nucleotídeos do açúcar, fundamentais no [[metabolismo]] dos [[hidratos de carbono]], transformando o Instituto em um centro de pesquisa mundialmente reconhecido. Imediatamente depois, Leloir recebeu o Prêmio da ''Sociedade Científica Argentina'', um dos muitos que tanto recebeu em seu próprio país como no estrangeiro.
 
No fim de [[1957]], Leloir foi convidado pela ''Fundação Rockefeller'' e pelo ''Massachusetts General Hospital'' a se mudar para os [[Estados Unidos]]. Como seu mestre Houssay, preferiu continuar trabalhando em seu país. Reconhecida sua importância, o ''Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos'' (NIH) e a ''Fundação Rockefeller'' decidiram subsidiar a pesquisa comandada por Leloir.
 
No ano seguinte, assinou um acordo com o Decano da ''Faculdade de [[Ciências Exatas]] e [[Ciências Naturais|Naturais]] da [[Universidade de Buenos Aires]]'', Rolando García, pelo qual se criava o «''Instituto de Pesquisas Bioquímicas da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais''», nomeando como professores titulares Leloir, Carlos Eugenio Cardini e Enrico Cabib. Isso contribuiu para que jovens universitários argentinos se sentissem atraídos pela investigação científica, o que teve repercussão no crescimento da instituição. O centro recebeu ainda pesquisadores e bolsistas procedentes dos Estados Unidos, [[Japão]], Inglaterra, França, [[Espanha]] e outros países da [[América Latina]].
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O seu interesse pela pesquisa científica ajudou em muito a superar as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Instituto. Com material muito pouco sofisticado, Leloir se dedicou a estudar o processo interno pelo qual o [[fígado]] recebe a [[glicose]] e produz o [[glicogênio]], o material de reserva energética do organismo. Com Mauricio Muñoz, conseguiu oxidar [[ácidos graxos]] com extratos de células hepáticas.
 
[[Ficheiro:Leloir festejando.jpg|thumb|right|200px|Leloir festejando com seus companheiros, em [[10 de dezembro]] de [[1970]], dia que foi galardoado com o [[Nobel de Química]]]]
 
Recebeu o [[Nobel de Química]] de [[1970]]. Posteriormente sua equipe se dedicou ao estudo das [[glicoproteína]]s – [[moléculas]] de reconhecimento nas [[células]] – e determinou a causa da [[galactosemia]], uma grave enfermidade manifestada na intolerância ao [[leite]]. O metabolismo da [[galactose]] é actualmente conhecido no mundo científico como ''via de Leloir''.
 
Luis Federico Leloir morreu em [[Buenos Aires]] em [[2 de dezembro]] de [[1987]], devido a um ataque do coração pouco depois de chegar aem casa, vindo do laboratório. Foi sepultado no ''[[Cemitério de Lada Recoleta'']].
 
== Prêmios e distinções recebidas ==
* [[1943]] - 3º Prêmio Nacional de Ciências
* [[1958]] - T. Ducett Jones Memorial Award
* [[1965]] - Prêmio Fundação Bunge e Born
* [[1966]] - Gairdenr Foundation, [[Canadá]]
* [[1967]] - Prêmio Louise Gross Horwitz, Universidade de Columbia
* [[1968]] - Prêmio Benito Juárez
* [[1968]] - Doutor ''honoris causa'', Universidade Nacional de Córdoba
* [[1968]] - Prêmio José Jolly Kyle, da Associação Química da Argentina
* [[1969]] - Nomeado membro honorário da Biochemical Society da Inglaterra
* [[1970]] - Nobel de Química
* [[1971]] - Ordem Andrés Bello, Venezuela
* [[1976]] - Reconhecimento Bernardo O'Higgins no grau de Gran Cruz
* [[1982]] - Legião de honra pelo governo francês
 
== Curiosidades ==
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* Os 80 mil dólares da Fundação Nobel ganhos pela sua distinção em ciências químicas, foram doados na totalidade para o ''Instituto Campomar'', para permitir a continuação das suas pesquisas. De fato, nos 40 anos de trabalho que lá passou, Leloir jamais cobrou salário.
 
* Em [[10 de dezembro]], dia em que foi anunciada a sua condecoração com o Nobel de Química, disse:
 
{{quote2|É só um passo de uma longa investigação. Descobri (não eu, minha equipe) a função dos açúcares nucleotídeos no metabolismo celular. Eu queria que entendessem, mas não é fácil explicar. Tampouco é uma façanha: é apenas saber um pouco mais.<br /><br />}}
 
{{Ref-sectionReferências}}
 
== {{Ligações externas}} ==
* {{Link|en|2=http://nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/1970/index.html|3=Perfil no sítio oficial do Nobel de Química 1970}}
* {{link|es|http://www.portalplanetasedna.com.ar/leloir.htm|Portal Planeta Sedna}}
* {{Link|es|http://www.hispanobel.com/sub/leloi_b.html|Cronologia de sua vida}}
 
 
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{{Caixa de sucessão
|título=[[Nobel de Química]]
|anos=[[1970]]
|antes={{nowrap|[[Derek Barton]]}} e {{nowrap|[[Odd Hassel]]}}
|depois={{nowrap|[[Gerhard Herzberg]]}}