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[[File:"Intellectual_Development"_statue_by_Hermon_Atkins_MacNeil.jpg|thumb|Desenvolvimento intelectual, estátua de MacNeil's]]
Um '''intelectual''' é uma [[pessoa]] que usa o seu "[[intelecto]]" para [[estudo|estudar]], refletir ou especular acerca de [[ideia]]s, de modo que este uso do seu intelecto possua uma relevância social e [[Grupo (sociologia)|coletiva]]. A definição do intelectual é realizada, principalmente, por outros intelectuais e [[acadêmico]]s. Estes definem o termo segundo seus próprios [[posicionamento]]s intelectuais, fato este que complexifica a [[definição]].
== Origem do termo ==
A [[palavra]] foi usada pela primeira vez em [[França]], nos finais do [[século XIX]], durante o [[caso Dreyfus]] para descrever aqueles que se batiam ao lado de Dreyfus (chamados de ''[[dreyfusards]]''): [[Émile Zola]], [[Octave Mirbeau]], [[Anatole France]]. O termo "intelectual" como [[substantivo]] em [[Língua francesa|francês]] é atribuído a [[Georges Clemenceau]] em [[1898]], ele próprio um proeminente defensor de [[Dreyfus]].▼
▲A [[palavra]] foi usada pela primeira vez em [[França]], nos finais do [[século XIX]], durante o [[caso Dreyfus]] para descrever aqueles que se batiam ao lado de [[Alfred Dreyfus]] (chamados de ''[[dreyfusards]]''): [[Émile Zola]], [[Octave Mirbeau]], [[Anatole France]]. O termo "intelectual" como [[substantivo]] em [[Língua francesa|francês]] é atribuído a [[Georges Clemenceau]] em [[1898]], ele próprio um proeminente defensor de
==Universidade e Intelectuais==▼
Um dos principais espaços de atuação do intelectual é a [[Universidade]].<ref>[[Pedro Demo]], A universidade como defesa organizada do intelectual. In.: DEMO, Pedro. ''Intelectuais e vivaldinos: da crítica acrítica''. São Paulo: ALMED, 1982. p.62-68.</ref> A [[ciência]] seria parte da [[ideologia]] do intelectual, assim como a dedicação à prática científica e o desejo do exercício de um cargo no [[ensino superior]] enquanto modo de distinção social.<ref>idem, ibidem. p.62-63.</ref> No caso [[brasil]]eiro, bem como em alguns outros [[país]]es, o intelectual procura as instituições superiores de ensino para apoio e para organização; partindo da [[sociedade]], a esta retorna com propostas embasadas no [[conhecimento]] técnico-científico adquirido através do estudos. Esta prática é claramente perceptível, por exemplo:▼
▲== Universidade e Intelectuais ==
*na ação de pensadores da [[educação]] no Brasil, como [[Anísio Teixeira]], [[Francisco Campos]], [[Gustavo Capanema]]<ref>ZOTTI, Solange A. Zotti. [http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo01/Solange%20Aparecida%20Zotti%20-%20Texto.pdf ''O Ensino Secundário nas Reformas Francisco Campos e Gustavo Capanema: um olhar sobre a organização do currículo escolar''.]</ref>, [[Manuel Lourenço Filho]];<ref>Em contraponto, temos a figura de [[Paulo Freire]] como intelectual de atuação expressiva fora da Universidade.</ref>▼
▲Um dos principais espaços de atuação do intelectual é a [[Universidade]].<ref>[[Pedro Demo]], A universidade como defesa organizada do intelectual. In.: DEMO, Pedro. ''Intelectuais e vivaldinos: da crítica acrítica''. São Paulo: ALMED, 1982. p.62-68.</ref> A [[ciência]] seria parte da [[ideologia]] do intelectual, assim como a dedicação à prática científica e o desejo do exercício de um cargo no [[ensino superior]] enquanto modo de distinção social.<ref>idem, ibidem. p.62-63.</ref> No caso [[
▲*na ação de pensadores da [[educação]] no [[Brasil]], como [[Anísio Teixeira]], [[Francisco Campos]], [[Gustavo Capanema]]<ref>ZOTTI, Solange A. Zotti. [http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo01/Solange%20Aparecida%20Zotti%20-%20Texto.pdf ''O Ensino Secundário nas Reformas Francisco Campos e Gustavo Capanema: um olhar sobre a organização do currículo escolar''.]</ref>, [[Manuel Lourenço Filho]];<ref>Em contraponto, temos a figura de [[Paulo Freire]] como intelectual de atuação expressiva fora da Universidade.</ref>
*na inserção de pesquisadores na vida política, como [[Fernando Henrique Cardoso]] e [[Darcy Ribeiro]];
*na elaboração do programa de [[energia nuclear]], onde os aspectos técnico-científicos envolvidos no processo de beneficiamento e utilização do [[urânio]] não se restringiam a espectos energéticos, mas também [[política|políticos]], [[moral|morais]], [[economia|econômicos]], [[antropologia|antropológicos]], etc.<ref>Especificamente na energia nuclear, percebe-se a relação entre a [[política]] e a Universidade através da [[tecnocracia]].</ref>
== Política e Intelectuais ==
Devido à ação reflexiva, o intelectual é portador de uma autoridade científica quando se expressa. Como apresentado acima em relação à Universidade, o intelectual estabelece relações com a sociedade através de seu ''status'' de intelectual.
Estas relações, inseridas num conjunto maior de relações de poder, colocam o intelectual em situação de comprometimento político: suas ideias não são desvinculadas da existência social e suas proposições seguem uma orientação determinada (como exemplo, a prática do [[censo]] e da criação de [[mapa]]s<ref>Consultar o livro ''Comunidades Imaginadas'' de [[Benedict Anderson]]</ref>). O intelectual pode então, através de seu [[intelecto]], contribuir para determinado regime político ou determinada concepção de mundo.<ref>[[Norberto Bobbio]] afirma:
:''"Embora com nomes diversos, os intelectuais sempre existiram, pois sempre existiu, em todas as sociedades, ao lado do poder econômico e do poder político, o poder ideológico, que se exerce não sobre os corpos como o poder político, jamais separado do poder militar, não sobre a posse de bens materiais, dos quais se necessita para viver e sobreviver, como o poder econômico, mas sobre as mentes pela produção e transmissão de ideias, de símbolos, de visões de mundo, de ensinamentos práticos,
== O Fim dos Intelectuais ==
Observando como o [[saber]] amplo e generalista, as [[ideologia]]s e as [[humanidades]] vêm sofrendo uma ''dêbacle'' frente às especialidades, ao saber técnico e prático, à indefinição política e às [[ciências aplicadas]], muitos estudiosos defendem estar ocorrendo o chamado "fim dos intelectuais". Os argumentos usados para defender esse fim lembram muito os argumentos de [[Francis Fukuyama]] em seu livro "[[O fim da História]]".▼
▲Observando como o [[saber]] amplo e generalista, as [[ideologia]]s e as [[humanidades]] vêm sofrendo uma ''dêbacle'' frente às especialidades, ao saber técnico e prático, à indefinição política e às [[ciências aplicadas]], muitos estudiosos defendem estar ocorrendo o chamado "fim dos intelectuais". Os
Há também resposta a essa ''dêbacle'' vinda de pessoas que não se alinham com Fukuyama. Essas lamuriam a existência do que chamam de ''fast-thinker'' (expressão de [[Pierre Bourdieu]]<ref>BOURDIEU, Pierre. [http://www.intellego.fr/soutien-scolaire-bts-1/aide-scolaire-francais/bourdieu-1-4-l-urgence-et-le-fast-thinking/23857 L'urgence et le fast-thinking]</ref>) ou ''intelectual-jornalista''<ref>PEREIRA, Fábio Henrique. [http://www.bocc.ubi.pt/pag/pereira-fabio-de-gramsci-a-ianni.pdf De Gramsci a Ianni: condições histórico-estruturais para a emergência do “ intelectual jornalista”].</ref>, ou seja, profissionais originados da universidade, com destaque para [[psicólogo]]s, politicólogos e [[jurista]]s, que se importam mais com o [[discurso]] que com a relevância do saber transmitido, revelando uma espécie de comprometimento com o [[senso comum]] ou até mesmo com opiniões predeterminadas pelos donos do [[meio de comunicação]], visando agradar e fugindo ao engajamento que os definiria como autênticos intelectuais<ref>"''Intelectual é quem vincula um trabalho de análise a uma preocupação cidadã. De contrário, é um especialista''" Pierre Rosanvallon, historiador e professor do Collège de France.</ref>.▼
▲Há também resposta a essa ''dêbacle'' vinda de pessoas que não se alinham com Fukuyama. Essas lamuriam a existência do que chamam de ''fast-thinker'' (expressão de [[Pierre Bourdieu]]<ref>BOURDIEU, Pierre. [http://www.intellego.fr/soutien-scolaire-bts-1/aide-scolaire-francais/bourdieu-1-4-l-urgence-et-le-fast-thinking/23857 L'urgence et le fast-thinking]</ref>) ou ''intelectual-jornalista''<ref>PEREIRA, Fábio Henrique. [http://www.bocc.ubi.pt/pag/pereira-fabio-de-gramsci-a-ianni.pdf De Gramsci a Ianni: condições histórico-estruturais para a emergência do “ intelectual jornalista”].</ref>, ou seja, profissionais originados da universidade, com destaque para [[psicólogo]]s, politicólogos e [[jurista]]s, que se importam mais com o [[discurso]] que com a relevância do saber transmitido, revelando uma espécie de comprometimento com o [[senso comum]] ou até mesmo com opiniões predeterminadas pelos donos do [[meio de comunicação]], visando agradar e fugindo ao engajamento que os definiria como autênticos intelectuais<ref>"''Intelectual é quem vincula um trabalho de análise a uma preocupação cidadã. De contrário, é um especialista''" Pierre Rosanvallon, historiador e professor do Collège de France.</ref>.
Outra forma de apresentar o "fim dos intelectuais" é a forma como os [[técnico]]s ou [[cientista]]s aplicados tomam destaque em nossa sociedade. Causando temor ou [[inveja]] dos profissionais das [[artes]] ou humanidades que os acusam de falta de engajamento <ref>MATTELARD, Armand. ''Arqueologia da idade global – a construção de uma crença''http://www.cebela.org.br/imagens/Materia/2001-2%20203-225%20armand%20mattelart.pdf</ref>.
Porém pode-se constatar que o ''[[geek]]'' em alguns casos pode ser considerado um tipo extremamente engajado de intelectual, como recentemente fatos envolvendo a Fundação [[Wikileaks]] demonstraram. Ademais o [[ciberespaço]] vem, para o susto dos [[profeta]]s do fim, se apresentando como ambiente de efervescência cultural e plataforma para atuações concretas na sociedade.<ref>BOSCARIOL, Angélica. [http://www.metagov.com.br/blog/item/572-redes-sociais-tornam-jovens-mais-engajados-em-política ''Redes sociais tornam jovens mais engajados em política'' ]</ref><ref>[http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1788335 ''Marrocos: Jovens mobilizados pelo Facebook''], 20 Fevereiro 2011</ref> Por exemplo, na ''[[web]]'', o ambiente intelectual do [[Brasil]] vem sendo duramente criticado. [[Polemista]]s como [[filósofo]] [[conservador]] [[Olavo de Carvalho]], afirmam que, com o passar das décadas, o nível da elite intelectual do país decaiu enormemente.<ref>[http://www.olavodecarvalho.org/semana/050815dc.htm olavodecarvalho.org] - Miséria intelectual sem fim. Acessado em 26 de Junho de 2013.</ref>
=={{Ver também}}==▼
{{Referências|Notas e referências}}▼
{{wikiquote|Intelectual}}▼
*[[Anti-intelectualismo]]▼
*[[Anexo:Cronologia da filosofia|Cronologia da filosofia]]
*[[Desonestidade intelectual]]
*[[Epistemologia]]
*[[Filosofia analítica]]
*[[Intelectualismo]]▼
*[[Intelligentsia]]▼
*[[Marxismo cultural]]
*[[O Ópio dos Intelectuais]]
=={{Bibliografia}}==
*BOBBIO, Norberto. ''Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea''. São Paulo: Editora UNESP, 1997.
*BOHEMY, Helena. ''Os intelectuais da educação''. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
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*LÉVY, Bernard-Henri. ''Elogio dos intelectuais''. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.
▲{{Referências|Notas e referências|col=2}}
▲=={{Ver também}}==
▲*[[Anti-intelectualismo]]
▲*[[Intelligentsia]]
▲*[[Intelectualismo]]
=={{Ligações externas}}==
▲{{wikiquote|Intelectual}}
*{{link|pt|http://espacoacademico.wordpress.com/2010/07/03/o-intelectual-entre-mitos-e-realidades/|O intelectual, entre mitos e realidades}}, por Helenice Rodrigues da Silva, [[UFPR]].
*{{link|pt|http://www.italiaoggi.com.br/not01_0303/ital_not20030206b.htm|A função dos intelectuais}} por [[Umberto Eco]], 6 de fevereiro de 2003.
{{Portal3|Educação|Sociedade|Pensamento}}
[[Categoria:Sociedade]]
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