Parnasianismo: diferenças entre revisões

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O primeiro grupo de parnasianos de [[língua francesa]] reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao [[lirismo]] como [[credo]]. Os principais expoentes são [[Théophile Gautier]] (1811-1872), [[Leconte de Lisle]] (1818-1894), [[Théodore de Banville]] (1823-1891) e [[José Maria de Heredia]] (1842-1905), de origem [[Cuba|cubana]], [[Sully Prudhomme]] (1839-1907). Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
 
==Características gerais==
* '''Preciosismo''': focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas.
* '''Objetividade e impessoalidade''': O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
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* '''Estética/Culto à forma''': Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
* '''[[Rima|RimaRimas]] Ricas''': São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
* '''Valorização dos [[Soneto|Sonetos]]''': É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
* '''Metrificação Rigorosa''': O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
* '''Descritivismo''': Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
* '''Temática Greco-Romana''' - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.
* '''Cavalgamento ou encadeamento sintático''' ([[enjambement]]) - Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o ''conjunto de rimas''. Como exemplo, este verso de [[Olavo Bilac (poeta) |Olavo Bilac]]:
 
<center>''Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada''</center>
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==Em Portugal==
Em Portugal, o movimento não foi muito importante, tendo como autores [[Gonçalves Crespo]] (nascido no Brasil mas criado em Portugal desde os 10 anos de idade), [[João Penha]], [[António Feijó]] e [[Cesário Verde]].
 
==No Brasil==
No [[Brasil]], o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do [[Modernismo brasileiro]]. A importância deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em 1922.
 
Na [[década de 1870]], a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em [[Castro Alves]] é possível apontar elementos precursores de uma poesia [[realismo|realista]]. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais [[positivismo|positivistas]] e [[realismo|realistas]] do momento.
 
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram [[Gonçalves Crespo]] e [[Artur de Oliveira]], este o principal propagandista do movimento a partir de [[1877]], quando chegou de uma estada em [[Paris]]. O Parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de [[Luís Guimarães Júnior]] (''Sonetos e rimas''. 1880) e [[Teófilo Dias]] (''Fanfarras''. 1882), e firmou-se definitivamente com [[Raimundo Correia]] (''Sinfonias''. 1883), [[Alberto de Oliveira]] (''Meridionais''. 1884) e [[Olavo Bilac]] (''Relicário''. 1888).
 
O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos veem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.
 
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada ''tríade parnasiana'', o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como [[Vicente de Carvalho]], [[Machado de Assis]], [[Luís Delfino]], [[Bernardino Lopes]], [[Francisca Júlia da Silva|Francisca Júlia]], [[Guimarães Passos]], [[Carlos Magalhães de Azeredo]], [[José Maria Goulart de Andrade|Goulart de Andrade]], [[Artur Azevedo]], [[Adelino Fontoura]], [[Emílio de Meneses]], [[Antônio Augusto de Lima]], [[Luís Murat]] e [[Mário de Lima]].
 
A partir de [[1890]], o [[Simbolismo]] começou a superar o Parnasianismo. O realismo classicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo ao Modernismo em sua primeira fase.
 
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do [[século XIX]], fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da [[Academia Brasileira de Letras]], quando esta se constituiu, em [[1896]]. Em contato com o Simbolismo, o Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do [[século XX]], a uma poesia sincretista e de transição.
 
*[[Olavo Bilac]]
*[[Alberto de Oliveira]]
*[[Raimundo Correia]]
*[[Francisca Júlia da Silva|Francisca Júlia]]
*[[Vicente de Carvalho]]
*[[Luís Delfino]]
*[[Mário de Lima]]
 
=={{Ver também}}==