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{{Info/Biografia
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|nome = AnacarsesAnacársis
|imagem = Anacharsis.jpg
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|nascimento_data = século VI a.C.
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|conhecido_por =
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'''AnacarsesAnacársis''' ({{lang-el|Ἀνάχαρσις}}) foi um [[Filosofia|filósofo]] [[Citas|cita]] que viajou de sua terra natal na costa norte do [[mar Negro]] até [[Atenas]] no início do século VI a.C. e causou grande impressão como um "[[Bárbaros|bárbaro]]" franco, sincero, aparentemente um precursor dos [[Cinismo|cínicos]], embora nenhum de seus trabalhos tenha sobrevivido.
 
==Vida==
AnacarsesAnacársis era filho de Gnurus,<ref>[[Heródoto]], iv. 76; [[Diógenes Laércio]], i. 101; embora [[Luciano de Samósata]], (''Cita'') o chama de filho de Daucetas.</ref> um chefe cita, com possível ascendência grega e de uma cultura mista helenística, aparentemente da região do [[Estreito de Kerch|Bósforo Cimeriano]]. Deixou seu país natal para viajar em busca do conhecimento, e viajou para [[Atenas]] aproximadamente em 589 a.C.,<ref>Sosicrates, ap Diógenes Laércio, i. 101</ref> no tempo em que [[Sólon]] estava ocupado com as suas medidas legislativas.
 
Segundo a história contada por [[Hermipo de Esmirna|Hermipo]],<ref>Hermipo, ap Diógenes Laércio, i. 101-2</ref>, AnacarsesAnacársis chegou à casa de Sólon e disse: "Eu viajei até aqui de longe para fazer de você o meu amigo". Sólon respondeu: "É melhor fazer amigos em casa". Então, o cita respondeu: "Então é necessário que você esteja em casa para fazer de mim seu comigo". Sólon sorriu e aceitou-o como seu amigo.
 
AnacarsesAnacársis cultivou o jeito estranho de ver a falta de lógica nas coisas familiares. Por exemplo, [[Plutarco]] observa de que ele "expressava sua admiração pelo fato de que na Grécia os homens sábios falavam e os tolos decidiam". <ref>Plutarco ''Sólon'' 5 [http://en.wikisource.org/wiki/Lives_%28Dryden_translation%29/Solon#5 s:Lives (tradução de Dryden)/Solon#5]</ref> Sua conversa era divertida e franca, e Sólon e os atenienses o consideravam um sábio e filósofo. Seu discurso áspero e livre tornou-se proverbial entre os atenienses como "discurso cita".<ref>Diógenes Laércio, i. 101</ref>
 
AnacarsesAnacársis foi o primeiro estrangeiro ([[Metecos|meteco]]), que recebeu os privilégios da cidadania ateniense. Foi considerado por alguns autores antigos como um dos [[Sete Sábios da Grécia]],<ref>Diógenes Laércio, i. 41-2</ref> e diz-se que foi iniciado nos [[mistérios de Elêusis]] da Grande Deusa, um privilégio negado a quem não falava o grego fluentemente.
 
De acordo com [[Heródoto]],<ref>Heródoto, iv, 76; comp. Diógenes Laércio, i. 102 </ref> quando AnacarsesAnacársis retornou para os [[citas]], foi morto por seu próprio irmão devido aos seus modos gregos e especialmente pela tentativa ímpia de oferecer sacrifícios à Deusa Mãe [[Cibele]], cujo culto era indesejável entre os citas.
 
==Ideias==
[[Ficheiro:Nuremberg chronicles f 60r 1.png|right|thumb|AnacarsesAnacársis, retratado como um estudioso medieval na ''[[Crônica de Nuremberg]]'']]
Nenhuma das obras atribuídas a ele na [[História Antiga|antiguidade]], se é que foram escritas por ele, sobreviveram. Foi dito que AnacarsesAnacársis escreveu um livro que compara as leis dos [[citas]] com as leis dos [[Grécia Antiga|gregos]], bem como um trabalho sobre a arte da guerra. Tudo o que resta de seu pensamento é o que mais tarde a tradição atribui a ele. Tornou-se famoso pela simplicidade de seu modo de viver e suas observações agudas sobre as instituições e os costumes dos gregos. Exortou a moderação em tudo, dizendo que a videira tem três cachos de uvas: o primeiro vinho, o prazer; o segundo, a embriaguez; o terceiro, o desgosto.<ref>Diógenes Laércio, i. 103</ref> Desse modo, ele se tornou uma espécie de [[emblema]] para os atenienses, que inscreveram em suas estátuas: 'Contenham suas línguas, seus apetites, suas paixões'.
 
Há dez cartas existentes atribuídas a ele, uma das quais é também citada por [[Cícero]]:
 
<blockquote>Saudações de AnacarsesAnacársis para Hanno: Minha roupa é um manto cita, meus sapatos são as solas dos meus pés duros, minha cama é a terra, minha comida é apenas temperada pela fome - e eu não comi nada, além do leite, do queijo e da carne. Venha me visitar, e você vai encontrar-me em paz. Você quer me dar algo. Mas em vez disso deveria dá-lo a seus concidadãos, ou deixar que os deuses imortais o tenha.<ref>Pseudo-AnacarsesAnacársis, ''Epístola'' 5, citado em Cícero, ''Tusculanae Disputationes'', v. 32</ref></blockquote>
 
Todas as cartas são falsas.<ref name="malherbe">Abraham J. Malherbe, (1977), ''The Cynic Epistles: A Study Edition'', páginas 6-7. SBL</ref> As primeiras nove datam provavelmente do século III a.C., elas são normalmente incluídas entre as ''[[epístolas cínicas]]'', e refletem como os filósofos cínicos o viam como prefigurando muitas de suas ideias;<ref name="malherbe"/> a décima carta é citada por [[Diógenes Laércio]], ela é dirigida a [[Creso]], o rei proverbialmente rico da [[Lídia]], ela também é fictícia:
<blockquote> AnacarsesAnacársis para Creso: Oh! rei dos lídios, eu vim para o país dos gregos, a fim de familiarizar-me com seus costumes e instituições; porém, eu não tenho a necessidade de ouro, e ficarei muito contente se eu voltar à Cítia um homem melhor do que quando eu a deixei. No entanto, virei a Sardes, pois eu acho que seria muito desejável tornar-se um amigo seu.<ref name="Diógenes Laércio, i. 105">Diógenes Laércio, i. 105</ref></blockquote>
 
[[Estrabão]] faz dele o inventor (provavelmente lendário) da [[âncora]] com duas pontas, e outros fizeram dele o inventor da [[roda de oleiro]].<ref name="Diógenes Laércio, i. 105" />
 
Tendo sido informado de que [[Sólon]] foi designado para elaborar um código de leis para os [[Atenas|atenienses]], AnacarsesAnacársis descreveu sua ocupação, dizendo:
:''"As leis são teias de aranha, que pegam os insetos pequenos, mas não podem segurar os grandes."''<ref>'Beeton's Book of Jokes and Jests, or Good Things Said and Sung' - Segunda Edição, impresso por Frederick Warne & Co., Londres, 1866</ref> <ref>Plutarco, Vidas Paralelas: Sólon e Publícola [https://bdigital.sib.uc.pt/jspui/bitstream/123456789/131/4/solon-publicola.pdf] </ref>
 
==Renascimento no século XVIII==
Em 1788 [[Jean-Jacques Barthélemy]] (1716-1795), um estudioso clássico e jesuíta altamente respeitado, publicou ''As Viagens de AnacarsesAnacársis, o Jovem, na Grécia'', a cerca de um jovem [[Citas|cita]] descendente de AnacarsesAnacársis. A obra, em quatro volumes, era um imaginário [[diário de viagem]], um dos primeiros [[Romance histórico|romances históricos]], que Klemperer chamou de "a enciclopédia do novo culto do antigo" no final do século XVIII<ref>[http://whoosh.org/issue56/rich1.html Xena as Heiress of Anacharsis: her route to immortality], Edward P. Rich</ref>. Ele teve um impacto sobre o crescimento do [[filo-helenismo]] na [[França]] naquele tempo. O livro passou por várias edições, foi reeditado nos [[Estados Unidos]] e traduzido para o alemão e outros idiomas. Mais tarde inspirou a simpatia europeia pela [[Guerra de independência da Grécia|luta grega pela independência]] e gerou continuações e imitações ao longo do século XIX.
 
{{Referências|Notas}}
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=={{Ligações externas}}==
*{{Link|fr|http://remacle.org/bloodwolf/livres/anacharsis/table.htm Jean Jacques Barthelemy's|As Viagens de AnacarsesAnacársis, o Jovem, na Grécia}}
*{{Link|en|http://www.whoosh.org/issue56/rich1.html|Xena as Heiress of Anacharsis: her route to immortality}}, uma comparação entre o culto a AnacarsesAnacársis com o culto moderno a [[Xena: Warrior Princess| Xena, "A Princesa Guerreira"]]
 
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