A Loucura sob Novo Prisma: diferenças entre revisões
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citação Monteiro 2005 e Carta de Bezerra de Menezes |
referência ao artigo Loucura e Obsessão publicado no jornal o Paiz |
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O Dr Bezerra de Menezes obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro", onde já analisa a influência dos temperamentos, hábitos, profissões, emoções (paixões morais tristes e deprimentes), irritabilidade local e hereditariedade no conjunto de fatores multicausais da patologia.<ref>MENEZES, Adolfo Bezerra de. Diagnóstico do cancro. RJ, Tipografia de M. Barreto, 1856</ref>. Nesse mesmo ano, como consta em sua [[Bezerra de Menezes|biografia]], o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, seu antigo professor, o convidou para trabalhar como seu assistente. Em 1858 foi nomeado como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Cirurgião-tenente. Entre 1859 a 1861 exerceu a função de redactor dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.
Como se vê, além do livro "A loucura sob novo prisma" (publicado postumamente
Segundo Monteiro <ref>MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Memórias de Bezerra de Menezes. SP, Madras, 2005 p.53 </ref>um de seus importantes biógrafos, no livro “A loucura sob novo prisma” o Dr. Bezerra de Menezes reafirma a harmonia possível entre a religião e o progresso científico (ver carta a seu irmão sobre sua conversão ao Espiritismo), <ref>MENEZES, Adolfo Bezerra de. A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica ). Publicada postumamente pela FEB em 1946 [http://bvespirita.com/Uma%20Carta%20de%20Bezerra%20de%20Menezes%20(Bezerra%20de%20Menezes).pdf PDF, Set. 2013] </ref> uma constante preocupação de sua época e ambiente intelectual das suas relações sociais (jornalistas, administradores, políticos, profissionais liberais, etc.) que não se conformavam com o seu compromisso com a doutrina espírita. De acordo com esse autor a tese central deste livro é a de que a loucura não pode ser considerada sob um único prisma, tendo em vista o grande número de casos em que não se apresenta qualquer lesão cerebral e que a ciência não pode ignorar a outra caus da loucura, proveniente de [[Obsessão (espiritismo)|obsessão espiritual]], exigindo, por isso mesmo, tratamento específico.
Como vimos, é também inquestionável a sua atenção aos problemas relativos à doenças nervosas, além deste livro, face ao artigo de sua autoria, publicado no [[Reformador]] de 15 de abril de 1890 onde descreve uma [[Obsessão (espiritismo)|obsessão]] em um rapaz de 22 anos, “há tempos sofrendo de perturbação mental” e “verdadeira [[fúria]]” onde deixa evidente sua proposição de trabalho em casos identificados como de obsessão com atuação mediúnica em grupo espírita.<ref>SOUZA, Juvanir B.. (Ed.) Bezerra de Menezes ontem e hoje. RJ, FEB, 2008</ref> <ref>MONTEIRO, Eduardo C,, 2005 o.c.</ref>
Outra referência histórica ao tema da loucura e obsessão encontra-se no artigo publicado na coluna "Espiritismo - Estudos Filosóficos" publicado no jornal "O Paiz" na capital republicana que era o [[Rio de Janeiro]] entre 1887 e 1895 pelo Dr. Bezerra de Menezes sob o pseudônimo de Max, reunidos e publicados posteriormente <ref>MENEZES, Adolfo Bezerra de (Max). Espiritismo, estudos filosóficos. 3 V. SP, FAE - Fraternidade Assistencial Esperança, 2001</ref>. O referido artigo intitulado "Loucura e Obsessão" não só apresenta sucintamente as contribuições do já citado psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol sobre o "cérebro perfeito" dos "loucos incuráveis" condenados a reclusão, o "grande passivo da ciência psiquiátrica", segundo ele, como também anuncia "o tratado, que está a escrever há dois anos, sobre esse importante assunto" e que, um dia publicará. Não há dúvidas que se trata do livro "A loucura sob novo prisma", onde inclusive, como vimos anteriormente, retoma críticas às contribuições de Esquirol e estudos da época sobre [[memória]] (orgânica, inconsciente) e força motora, segundo ele não conclusivos. Afirmando, explicitamente, os resultados positivos da aplicação de [[Ectoplasma (parapsicologia)|fluidos]] por [[médium|médiuns]] devidamente preparados para tal. Na caracterização dessa preparação cita ''[[Erasto]]'' em texto publicado na Revista Espírita de Paris ainda sob a direção de [[Allan Kardec]] (1804 - 1869). <ref>MENEZES, Adolfo Bezerra de (Max). Loucura e Obsessão art. 62, p.267-270, in:. Espiritismo, estudos filosóficos. (3 V.) vol. 3 SP, FAE - Fraternidade Assistencial Esperança, 2001</ref>
No filme sobre sua vida, [[Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito]] assiste-se a uma cena onde apresenta um estudo, em sala de aula, sobre as propriedades medicinais das [[Passiflora]]s reconhecidas por sua ação [[Depressante|sedativa]] e consta também entre suas publicações um estudo sobre o [[Curare]] <ref>MENEZES, Adolfo Bezerra de. Curare. Anais Bras. de Medicina v. 1859-1860 p.121-129</ref> Contudo a relevância desse autor e sua importância para a cultura brasileira estão no reconhecimento das relações entre religião e saúde mental para compreensão da mente humana, onde, um estudo contextualizado e referenciado de sua produção ainda está por ser realizado, apesar da considerável produção teórica explorando a relação entre psicologia (psicanálise) e religião. O mesmo pode ser dito quanto a estudos de reconhecimento consensual que mostrem a eficácia da medicação homeopática (e [[Fitoterapia|fitoterápica]]) com os distúrbios mentais.
Observe-se que apesar de consideráveis estudos sobre [[Possessão demoníaca|possessão]], interpretadas no final do século XIX e início do século XX (ver [[Nina Rodrigues]] e [[Jean-Martin Charcot]] (1825 - 1893) por exemplo) como uma manifestação epiléptica, [[Histeria|histérica]], ou de sugestão hipnótica, o Dr Bezerra de Menezes, '''após revisão dos principais autores médicos de sua época''' como vimos acima, adotou uma posição contrária a essa postura intelectual imposta pelo paradigma materialista instituído.
A análise do contexto institucional e proposições
==Ver também==
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