Daniela Arbex: diferenças entre revisões

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Conhecer relatos de iniquidade, desrespeito e dor não é agradável. Toda forma de violência é criminosa e deve ser denunciada. Por isso acredito que, ao entrar em contato e refletir sobre determinados fatos, tornamo-nos capazes de criar alternativas para os conflitos e reforçamos outras formas de nos relacionar, sustentadas em respeito e tolerância.
 
"A conexão de literatura de denúncia com meu interesse pelo movimento de reforma psiquiátrica no Brasil me leva a indicar a leitura de Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex, que apresenta uma série de reportagens investigativas, publicadas pelo jornal Estado de Minas em 2011, sobre a história do maior hospital psiquiátrico do Brasil: o Hospital Colônia. A leitura é chocante, um mergulho na realidade de abusos e cárcere privado impressionantemente descritos e ilustrados.
 
Inicialmente, apresenta-se o hospital, fundado em 1903 em [[Barbacena]] (MG): espaço, história, concepção e objetivos. Seguem-se capítulos dramáticos sobre a história de vida de sobreviventes à internação que até hoje lutam por sua inclusão digna ao convívio social. Constrói-se uma relação entre os casos de vítimas fatais e um campo de extermínio, visto que ao longo dos mais de 80 anos de funcionamento, acumulou-se um saldo estimado em 60 mil mortes. A autora segue apresentando, através de entrevistas e depoimentos, funcionários, médicos e outros profissionais que vivenciaram as arbitrariedades e torturas cometidas no hospital e trabalham para revertê-las, combatendo o tratamento desumano dado a “anormais” e “desajustados”.
 
Encerra-se o livro com um panorama atual sobre a luta antimanicomial e os esforços legais, institucionais e comunitários, para que se realizem com dignidade os tratamentos de pessoas com transtornos psiquiátricos no Brasil.
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Encarando a realidade que vivemos – de um sistema médico-hospitalar de medicação e isolamento do paciente psiquiátrico –, essa leitura traz um questionamento: o modelo manicomial, como o do Hospital Colônia, e seu propósito de realizar a prática sistemática de higiene social será novamente legitimado pela sociedade brasileira?
Holocausto brasileiro dá voz a um grito que, no Brasil, só faz-se calar. Analisa o sistema manicomial como o fazem [[Estação Carandiru[[ e [[Carcereiros]], de [[Dráuzio Varela]], em relação ao sistema prisional, e [[Rota 66]], de [[Caco Barcellos]], à violência policial. Unem-se a tantos outros títulos que desvelam episódios trágicos de nossa história, produtos de um estado de confusão e violência, cujos ruídos se abafam em meio ao volume de nossas ocupações cotidianas."