Poupança nacional: diferenças entre revisões

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== No Brasil ==
Em geral, o comportamento da taxa de poupança nacional no Brasil é insatisfatório. Em 2012, segundo o [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]] (IBGE), a taxa de poupança foi de 15,4% do [[Produto Interno Bruto]] (PIB). Medido pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, as famílias pouparam cerca de 25% da sua renda disponível bruta. Já a administração pública teve uma poupança negativa em torno de 12% da renda disponível bruta. Já a China tem uma taxa de poupança de 49,5% da renda disponível; a Coreia, de 31,4%; a Holanda, de 25,5%; e o Chile, de 21,4%, segundo o [[FMI]].<ref>[http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cadernetas-de-poupanca--e-poupanca-nacional-bruta--,1062564,0.htm Cadernetas de poupança e poupança nacional bruta]. ''[[Estadão]]'', 10 de agosto de 2013.</ref>
 
*Em março de 2013 a taxa de poupança era de 16,2% do PIB, enquanto que, nos países mais ricos é, em média, de 18,7%. <ref>[http://www.economywatch.com/economic-statistics/economic-indicators/Gross_National_Savings_Percentage_of_GDP/2013/ ''Gross National Savings (% of GDP). Data for Year 2013, All Countries'']. Poupança Nacional Bruta (em % do PIB) por país. Dados de 2013.
</ref>
 
==Relação entre poupança e investimento: a visão clássica e a crítica keynesiana==
Há cerca de 70 anos, duas posições diametralmente opostos se confrontam no debate sobre a relação entre investimento produtivo e poupança. A visão keynesiana, em contraste com a visão clássica, enfatiza restrições financeiras sobre a demanda por investimentos, enquanto a visão clássica focaliza o comportamento dos poupadores como condição para a realização de nvestimentos.
A análise keynesiana é centrada no papel dos mercados e das [[instituições financeiras]] na viabilização do investimento e do crescimento econômico. A poupança não é considerada como restrição, exceto quando a economia alcançar o pleno emprego, tornando impossível que se cresça sem que o consumo diminua. Somente nesse caso, ou seja, em condições muito específicas, a poupança pode ser uma restrição.
 
===A visão clássica ===
Segundo a [[Escola clássica]], para que haja investimento, é necessário que exista previamente uma poupança correspondente. Em uma hipotética [[economia autárquica]] e sem governo, o [[consumo]] e o investimento seriam os dois destinos possíveis dados ao produto social. Assim, para que possa haver investimento, os agentes econômicos devem abster-se de dispender toda a sua renda em consumo. A diferença entre renda e consumo é a poupança. Na visão clássica, a abstenção de consumo é vista como um sacrifício que o consumidor só estará disposto a fazer se tiver a [[Expectativas racionais|expectativa]] de uma recompensa futura. Essa recompensa são os [[juros]] que ele receberá numa data futura em troca do sacrifício de consumo realizado no presente. A poupança é, assim, uma função da [[taxa de juros]]. Mas, para que o sacrifício presente possa render um consumo maior no futuro, é preciso que o produto se expanda, o que é depende do volume de investimento. Portanto, dos frutos do investimento resulta a remuneração do poupador.
 
Por outro lado, quanto maior for a remuneração a ser paga ao poupador (juros), menor será o estímulo ao investidor para realizar o esforço de [[acumulação de capital|acumular o capital]] necessário para aumentar a quantidade de produto social. Segundo a visão clássica, a economia estará em equilíbrio quando a [[taxa de juros]] é suficiente para estimular os consumidores a poupar (dada a remuneração futura que esperam receber) e, ao mesmo tempo, compatível com o que os investidores aceitam pagar quando tomam empréstimos para financiar o investimento produtivo. Ou seja, a taxa de juros deve ser menor do que a [[taxa de lucro]] esperada pelos investidores. <ref name=Cardim />
 
===A visão keynesiana ===
 
A crítica à análise clássica foi iniciada por [[Keynes]], na publicação de sua obra magna, ''[[A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda]]''. Para ele, a poupança não é um pré-requisito do investimento. É, ao contrário, o seu resultado. Isto porque a decisão de investir dependeria não da disponibilidade de renda não consumida, mas de [[financiamento]], isto é, de acesso a [[meios de pagamento]].
 
A produção de [[bens de investimento]] tende a aumentar, em resposta ao aumento da [[demanda]] por esses bens. Mas, para isto, é necessário é que o sistema financeiro (e bancário, em particular) sejam capazes de gerar e colocar nas mãos dos investidores os meios de compra necessários para que as encomendas sejam feitas aos produtores de bens de investimento. Só depois de receberem as encomendas as firmas produtoras de bens de investimento contratarão os trabalhadores necessários para produzir e acionarão seu parque produtivo. Até o limite do [[pleno emprego]] dos trabalhadores e da plena ocupação da capacidade produtiva, o investimento pode ser realizado sem a necessidade de poupança prévia. Ao contrário, afirma Keynes, a poupança será gerada como resultado do investimento, já que este tomará a forma de bens cujo destino não pode ser, por sua própria natureza, o consumo. Portanto, o produto gerado em resposta à demanda de investimento será, necessariamente, produto não-consumível (ou seja, poupança).
 
Keynes ressalta, porém, que, para viabilizar investimentos, é necessário que o [[sistema financeiro]] seja capaz de responder às demandas por [[liquidez]] das empresas que pretendem investir, isto é, comprar ativos que frequentemente são de duração média ou longa. Isto significa que a [[amortização]] dos investimentos consumirá um certo número de períodos de produção. Isto significa que uma empresa não poderá saldar, a curto prazo, os compromissos decorrentes da realização de investimentos. O perfil do financiamento deve ser, portanto, compatível com o perfil de amortização dos bens de investimento. Assim, se num primeiro momento, a demanda que se coloca para o sistema financeiro é a disponibilização de meios de compra, em um segundo momento coloca-se a necessidade de transformação dos créditos obtidos a curto prazo em obrigações de duração equivalente à dos ativos, ou seja, de médio ou longo prazo. Portanto, a questão não seria, segundo Keynes, poupar ou não, mas assegurar a oferta de canais de financiamento de longo prazo. <ref name=Cardim>[http://www.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/investimento_poupanca_e_financiamento.pdf Investimento, poupança e financiamento. Financiando o crescimento com inclusão social]. Por Fernando J. Cardim de Carvalho.</ref>
 
 
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* [[Modelo IS/LM|Curvas IS/LM]]
 
 
==Ligações externas ==
 
* [http://www.economywatch.com/economic-statistics/economic-indicators/Gross_National_Savings_Percentage_of_GDP/2013/ ''Gross National Savings (% of GDP). Data for Year 2013, All Countries'']. Poupança Nacional Bruta (em % do PIB) por país. Dados de 2013.