Perversão: diferenças entre revisões

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Reduzida tendencialidade de cunho moral. Maior proximidade com a realidade humana encontrada clinicamente.
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Com o passar dos anos Freud começa a perceber que a escolha narcísica de objeto, ou seja, a escolha homossexual de objeto feita de maneira recorrente pelos homossexuais, pedófilos e fetichistas denunciavam um modo de funcionamento psíquico e discursivo diferente das neuroses e das psicoses. Na ''Introdução ao Narcisismo'', ao discorrer sobre seus estudos de patologia do "amor próprio", começou a ficar evidente a diferença entre as estruturas tipicamente narcisistas e os neuróticos e psicóticos.
 
Em 1919 Freud relaciona perversão e édipoa relação edípica, nos textos ''Uma criança é espancada: Contribuição ao estudo da origem das perversões'', ''A dissolução do complexo de édipoÉdipo'', e ''A organização genital infantil: uma interpolação na teoria sexualidade''. Nestes textos ainda não há uma indicação clara de um mecanismo específico que indique o caminho da perversão como uma estrutura. Aspectos da sexualidade perverso-polimorfa podiam estar presentes em qualquer estrutura, do doente ao normal, e por isso não poderia se definir por si só. O conceito de recusa aparece como um mecanismo normal da construção da sexualidade, que posteriormente é superado, a castração aceita e os desejos incestuosos, juntamente com os desejos de completude sucumbem ao recalque na "normalidade".
 
No texto ''Fetichismo'' de 1927 a recusa passa a ser entendida como um elemento permanente que, associado a cisão do ego (''Spaltung''), se tornam os mecanismos de defesa que marcam a estrutura perversa.
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A patologia neurótica se caracteriza pelo recalque (Verdrängung) do desejo durante o [[Complexo de Édipo]]. A somatização de conversão histérica, por exemplo, esta ligada a um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias normais.
 
Na patologia psicótica há uma rejeição (Verwergung) da realidade social e do Complexo de Édipo. Os delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de dar sentido e lógica a uma visão de mundo particular, isolada.
 
Já na patologia perversa o que ocorre é recusa (Verleugnung) da Castração Edipiana. O perverso não aceita ser submetido as leis paternas e, em conseqüência, as leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da [[alteridade]] e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmos ([[narcisismo]]). Este é o motivo de todo o perverso ter uma escolha homossexual de objeto, sendo representado por ele mesmo em alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto.
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* '''Simbolização flexível:''' Devido à sua subversão aos ditames sociais tidos como verdades, aplicáveis em contextos culturalmente determinados, o perverso percebe o mundo através de um descolamento parcial entre signo e significado, que, comparado à percepção simbólica restrita acometida aos neuróticos (e ainda mais restrita, no caso de pessoas estruturadas psicoticamente), lhe possibilita uma margem de percepção menos restrita aos discursos sociais (sejam dominantes ou alternativos), porém também o traz um incômodo com uma falta de proximidade em seus laços com outras pessoas, graças à falta de significado emocional de símbolos socialmente difundidos.
* '''Fetiche:''' Apesar do distanciamento entre signo e significado ser maior do que do neurótico, o perverso também possui emoções atreladas à simbolização, porém de forma muito mais concentrada, dada a escassez de símbolos emocionalmente significativos. Assim, frequentemente perversos concentram sua libido em um único, símbolo valorativo, que independe da pessoa que o carrega (pode ser uma característica de uma parte do corpo, algum adereço, cheiro, ou qualquer forma a ser percebida e atribuída valor). Há perversos que encontram restrição a um único símbolo atrelado à sua sexualidade e grande carga emocional, encontrando dificuldades para relacionar-se pessoalmente com a pessoa que carrega tal característica, mas também é possível uma flexibilidade aberta à ressignificação para uma ampla gama de formas perceptivas.
* '''Sedução''': AtravésGraças daà incitaçãosua sexualflexibilidade simbólica, donão chororaro o perverso encontra-se distante das representações sociais que aproximam pessoas com um senso de união, dao seduçãoque o leva à possibilidade de ordemutilizar-se financeira,de entretais outrasrecursos sem envolver-se emocionalmente. Assim, diversas formas de apelocomunicação com peso emocional, como a incitação sexual, o choro, a dependência financeira, perversos podem influenciar deade forma que são percebidos noem seuseus lequerelacionamentos. deTal relacionamentos,possibilidade oé quefrequentemente (e as vezes compulsivamente) necessitamutilizada para satisfazer a manutençãonecessidade suaque formasentem de manutenção de sua organização fantasiosa de si e de mundo. AltaAssim, grande parte de seus recursos mobilizaçãopsíquicos ocorremobilizam-se para a manutenção de padrões de relacionamentos controladoscom porum senso de elescontrole, devido ao significativo terror que sentem quanto à movimentação autônoma do outro, que revive temores primordiais de serem controlados pelas expectativas e significações alheias que não respeitaram sua individualidade.
* '''Escolha narcísica de objeto''': Um perverso procura estabelecer relações mais intimasíntimas com aqueles que se assemelham com ele ou por quem ele tem inveja (ou seja, quer ser como). Sua escolha homossexual de objeto o leva a ter amor somente por si mesmo. Quase nunca leva em consideração os sentimentos e necessidades do outro. A escolha sexual, apesar de ser narcísica, não esta limitada ao homossexualismo. Há perversos que mantém relações sexualmente heterossexuais mas, psiquicamente, homossexuais (no sentido de relacionar-se com seu próprio ego através do relacionamento com o outro). A opção homossexual também não se restringe a estrutura perversa podendo também aparecer nas psicoses, como bem observou [[Freud]], [[Melanie Klein]], [[Masud Khan]] e [[Lacan]].
* '''Incômodos significativos com a autoridade/moral/lei/rituaisritual sociaissocial''': LacanPerversos bemnão observareconhecem quevalor umem dosautoridades, sintomase por extensão, também não valorizam as leis e as verdades que setais propagamautoridades apósditam. aContinuam, castraçãoporém, doscom desejosuma porabertura partesimbólica dae autoridadecom (pai)uma percepção de realidade, o perversoque senteos umleva imensoa prazeruma emincongruência desafiarinterna, regrasuma moraisvez eque legaissignificantes têm de ser transmitidos por alguém. ElesPerversos, assim, se sentem desconfortáveis quandoquanto estãoà sobambivalência aapresentada pela autoridade (e autonomia) de um chefe, parceiro, juiz, policial, professor, pai, ou de qualquer outraoutro funçãopapel normativasocial normativo. Quando sãoacabam obrigados apor aceitar uma ordem fazem o serviço mal feito ou sabotamdemanda, oencontram-se trabalho.com Osdificuldade perversospara possuema umexecução, sistemapodendo dedistorcer moralou esabotar deuma justiçatarefa, muitopor peculiar baseado emnão suaperceber centralidadesentido narcisistanela.
 
== Características psicosomáticas ==
MuitosAlguns sintomas recorrentes de saúde foram apontados por autores como [[Masud Khan]] e [[Otto Kernberg]], que perceberam, ao longo de seus estudos com pacientes perversos, alguns sintomas recorrentes de saúde relacionados ao aparelho reprodutor apareciam como queixas. Estes problemas não se restringiam somente a doenças sexualmente transmissíveis, conscientementemas atribuídotambém aferidas promiscuidadee sexualdesajustes ehormonais, inconscientementedemonstrados relacionadoespecialmente compor abaixa negaçãocontagem de geraresperma ounos darhomens umae vidainconsistência parana outraovulação pessoa.nas Problemas relativos ao aparelho procriador são constantemente relatados por estes pacientesmulheres.
 
Para os pósreichianospós-reichianos, comoa exemplo de [[Federico Navarro]], os problemas nos órgãos reprodutores são produzidos pelo fluxo de energia libidinal que, em relação com o sistema psíquico, produz sintomas que comprometem órgãos relacionados a fertilidade. A rejeição de se entregar verdadeiramente para uma pessoa, de ser solidário ou de ajudar o outro sem esperar um retorno pessoal causamencontram relação com um bloqueio energético específico nos níveis 3 e 7. Com exceção dos perversos que se utilizam do aparelho reprodutor e da capacidade de gerarseu filhos no intuito de explorar tal condição, uma boa parcela dos perversos retratam alguns problemas genitais específicos desde a adolescênciasistema. Apesar da orientação reichiana, estas observações são compartilhadas por algumas linhas da psicologia, psiquiatria e psicanálise<sup>[carece fontes]</sup>.
 
* '''Homem''': Alguns homens de estrutura perversa apresentam constantes feridas no pênis. Também apresentam uma contagem baixa de esperma desde a adolescência. Geralmente apresentam desajustes hormonais que comprometem o crescimento de pelôs em muitas partes do corpo como no toráx, sobrancelha, costas e genitais.
* '''Mulher''': Algumas mulheres de estrutura perversa relatam pequenas feridas ou manchas nos lábios genitais e vulvas. Desde a adolescência possuem problemas com o útero que comprometem seriamente a capacidade reprodutiva. É comum problemas hormonais que atrapalhem a ovulação e a possibilidade do surgimento de cistos. Os desajustes somáticos do aparelho reprodutor produzidos pela perversão podem, entre outras coisas, comprometer a saúde de um possível feto gerado.
 
== {{Bibliografia}} ==