Paflagónia: diferenças entre revisões

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{{PBPE|Paflagônia|Paflagónia}} ({{langx|el|Παφλαγονία}}) era o nome da antiga região da costa do [[Mar Negro]] no norte da [[Anatólia]] central, entre as também antigas regiões da [[Bitínia]], a oeste, e do [[Ponto (região)|Ponto]], a leste, e separada da [[Frígia]] (na porção que seria no futuro a [[Galácia]]) por um prolongamento para o leste do [[Monte Olimpo (Bítinia)|monte Olimpo bitínio]]. De acordo com [[Estrabão]], o [[rio Partênio]] era a fronteira oriental da Paflagônia, papel feito pelo [[rio Halys]] no leste.
{{mais-notas||hist-mo|hist-eu|data=Dezembro de 2010}}
[[Ficheiro:15th century map of Turkey region.jpg|thumb|upright=1.2|Foto de um mapa do século XV mostrando a Paflagónia]]
 
O termo "Paflagônia" deriva do lendário ''"Paphlagon"'', um filho de Fineu<ref>Eustath. ad Horn. II. ii. 851, ad Dion. Per. 787; Steph. B. t.v.; Const. Porph. de Them. i. 7</ref>.
A {{PEPB|Paflagónia|Paflagônia}} era uma antiga região na costa [[anatólia]] central do [[Mar Negro]], situada entre a [[Bitínia]] e o [[Reino do Ponto|Ponto]], e separada da [[Frígia]] (mais tarde [[Galácia]]) por um prolongamento para leste do Olimpo Bitínio. Segundo [[Estrabão]], o {{ilc|rio Parténio||Rio Bartın|Bartın Çayı}} formava a fronteira ocidental da região, e era limitada a oriente pelo [[rio Hális]]. Atualmente faz parte do território da [[Turquia]].
 
== Geografia ==
Na [[mitologia grega]], [[Tântalo]], filho de [[Zeus]], habitava a região que mais tarde se chamaria Paflagónia<ref>[[Diodoro Sículo]], Livro IV, 74.1</ref>. Depois que Tântalo ganhou a inimizade dos deuses, ele foi expulso da Paflagônia por [[Ilus II|Ilus]], filho de [[Tros]]<ref>Diodoro Sículo, Livro IV, 74.4</ref>. ''Pylaemenes'' da Paflagónia participou da [[Guerra de Troia]] como aliado de [[Príamo]]<ref>[[Homero]], ''[[Ilíada]]'', Livro V, 576-589</ref><ref>[[Dares da Frígia]], ''História da Queda de Troia'', 18</ref><ref name=apol />. O pai de ''Pylaemenes'' é chamado de ''Bisaltes'' por [[Pseudo-Apolodoro]]<ref name=apol>[[Pseudo-Apolodoro]], ''[[Biblioteca (Pseudo-Apolodoro)|Biblioteca]]'', ''Epítome'', 3.34</ref> e por ''Melius'' por [[Díctis de Creta]]<ref>[[Díctis de Creta]], ''Ephemeridos belli Troiani'', Livro II, 35</ref>.
A maior parte da região é montanhosa, mas há alguns vales férteis que produzem uma variada gama de nozes, castanhas e frutas - principalmente [[ameixa]]s, [[cereja]]s e [[pera (fruta)|pera]]s. As montanhas estão ainda cobertas por densas florestas, famosas pela quantidade de [[buxo]]s que dali são extraídos. A costa foi ocupada por [[colônias gregas]] desde muito cedo, entre elas a próspera cidade de [[Sínope]], fundada por colonos de [[Mileto]] por volta de 630 a.C. [[Amastris]], a poucos quilômetros a leste do rio Partênio, ganhou importância durante o domínio dos monarcas [[Macedônia Antiga|macedônis]] enquanto ''[[Amisus]]'', uma colônia de Sínope a poucos quilômetros a leste do Halys (e, portantanto, fora da Paflagônia propriamente dita pela definição de Estrabão), prosperou e tornou-se quase uma rival para sua cidade-mãe.
 
As maioresmais importantes cidades dono interior eram [[Gangra]] - antigamenteem tempos antigos a capital dos reis da Paflagóniapaflagônios e quedepois veio mais tarde a ser denominadarebatizada [[Germanicópolis (Galácia)|Germanicópolis]], situada perto da fronteira com a Galácia - e [[Pompeiópolis]], no vale do {{ilc|[[rio Âmnias||Rio Gök|Rio Amnias}}]], perto dedas grandes minas do mineralminério denominadochamado por Estrabão comode "''[[realgar|sandarake]]''" ([[arsénicoarsênico]] vermelho), ouque {{Ilink condicional|sulfito de arsénico||[[sulfito]] de arsénico}}),era exportado principalmente a partir depor SinopeSínope.
No tempo dos [[Hititas]] a região era habitada pelo povo [[Kashka]]. A sua relação étnica com os paflagónios é indeterminada. Parace, no entanto, que era aparentados com o povo da região vizinha da [[Capadócia]], que falavam um dos ramos [[Anatólia|anatólios]] das [[línguas indo-europeias]]. A sua língua era distintiva da região, de acordo com [[Estrabão]].
 
== História ==
Embora os paflagónios não tenham desempenhado qualquer papel de relevo na História, era uma das nações mais antigas da Anatólia (''[[Ilíada]]'', ii. 851—857). São referidos por [[Heródoto]] entre os povos conquistados por [[Creso]], e contribuíram com um importante contingente para o exército de [[Xerxes I|Xerxes]] em {{AC|480|x}} [[Xenofonte]] descreve-os como sendo governados por um príncipe natural da região, sem referências às [[satrapia]]s vizinhas, uma liberdade conseguida talvez graças à orografia da região, semeada de altas montanhas e de desfiladeiros dificilmente transponíveis. Todos aqueles governantes tinham o nome de ''Pilaimenes'' como sinal de descendência de um chefe cujo nome aparece na Ilíada como sendo o líder dos paflagónios.
Apesar do limitado papel que tiveram na história da região, os paflagônios eram originários de uma das mais antigas regiões da Anatólia, segundo o [[Homero]]<ref>[[Ilíada]], ii. 851—857)</ref>.
 
Na época do [[Império Hitita]], a Paflagônia era habitada pelos ''[[kashka]]'', cuja relação étnica exata com os paflagônios é incerta. É possível que eles sejam relacionados com o povo da região próxima da [[Capadócia]], que eram falantes de uma das [[línguas anatólicas]], um ramo das [[línguas indo-europeias]]. Mas, pelo relato de Estrabão, é provável que falassem uma língua distinta.
Mais tarde a Paflagónia foi conquistada pelos reis da [[Macedónia (história)|Macedónia]], e depois da morte de [[Alexandre, o Grande]] foi atribuída, juntamente com a [[Capadócia]] e a [[Mísia]], a [[Eumenes]]. Contudo, continuou a ser governada por príncipes nativos até ser absorvida pelo poder expansionista do Ponto. Os reis do Ponto assenhorearam-se da região desde o reinado de [[Mitrídates I do Ponto|Mitrídates Ctistes]] {{nwrap|r.|302|266 a.C.}}, mas só em {{AC|183|x}} que {{Lknb|Farnaces|I|do Ponto}} submeteu a cidade grega de [[Sinop (Turquia)|Sinope]] ao seu domínio. Daí em diante a província poi anexada ao reino do Ponto até à queda de {{Lknb|Mitrídates|VI|do Ponto}} ({{AC|65|x}})
 
Os paflagônios também foram citados por [[Heródoto]] entre os povos conquistados pelo [[rei lídio]] [[Creso]]. Eles também enviaram um grande contingente para compor o grande exército de [[Xerxes I]] em 480 a.C. [[Xenofonte]] conta que eles eram governados por um príncipe local e não faz referência aos [[sátrapa]]s vizinhos, uma liberdade que talvez advenha da natureza peculiar da região, com suas grandes cadeias montanhosas e [[passo de montanha|passos]] difíceis. Estes príncipes podem ter tido o título de ''pylaimenes'', um sinal de que eles reivindicavam ser descedentes de um comandante militar de mesmo nome que aparece na [[Ilíada]] como líder dos paflagônios.
[[Pompeu]] juntou as zonas costeiras da Paflagónia, assim como a maior parte do Ponto, à província romana da [[Bitínia]], mas deixou o interior aos príncipes nativos, até que a dinastia se extinguiu e a totalidade da região foi anexada ao [[Império Romano]]. O nome foi conservado pelos geógrafos, embora as suas fronteiras não tenham sido definidas precisamente por Cláudio [[Ptolomeu]]. A Paflagónia reapareceu como província separada no [[século V]] (Hiérocles, ''Synecd.'' c. 33).
 
=== Província do Reino do Ponto ===
A maior parte da Paflagónia é terreno montanhoso e íngreme, mas existem vales férteis que produzem uma grande quantidade de frutos secos e de fruta, em especial ameixas, cerejas e peras. As montanhas estão cobertas por densas florestas. Por estes motivos a região foi colonizada pelos Gregos desde muito cedo. A colónia mais importante era Sinope, fundada pelos [[Mileto|Milésios]] por volta de {{AC|630|x}} [[Amasra|Amástris]], a alguns quilómetros a leste do rio Parténio, tornou-se importante durante o período dos reis macedónios, enquanto que [[Samsun|Amiso]], uma colónia de Sinope situada a curta distância a leste do [[rio Hális]] (e por isso já não na Paflagónia definida por Estrabão), cresceu e tornou-se quase uma rival da cidade mãe.
Num período subsequente, a Paflagônia passou para o controle dos reis macedônios e, depois da [[morte de Alexandre, o Grande]], passou, juntamente com a Capadócia e a [[Mísia]], para a jurisdição [[Eumenes I]], do [[Reino de Pérgamo]]. Porém, os príncipes locais continuaram governando a região até que foram dominados pelo ascendente [[Reino do Ponto]]. Os monarcas pônticos tornaram-se senhores de boa parte da Paflagônia ainda no reinado de [[Mitrídates I do Ponto|Mitrídates Ctistes]] (r. 302-266 a.C.), mas não foi até 183 a.C. que [[Farnaces I do Ponto|Farnaces]] conseguiu subjugar a poderosa cidade grega de Sínope. A partir daí, toda a província foi anexada, um domínio que perdurou até a queda de [[Mitrídates VI do Ponto|Mitrídates VI]] em 65 a.C.
 
=== Província romana ===
As maiores cidades do interior eram [[Gangra]] – antigamente a capital dos reis da Paflagónia e que veio mais tarde a ser denominada [[Germanicópolis (Galácia)|Germanicópolis]], situada perto da fronteira com a Galácia – e [[Pompeiópolis]], no vale do {{ilc|rio Âmnias||Rio Gök|Rio Amnias}}, perto de grandes minas do mineral denominado por Estrabão como ''sandarake'' ([[arsénico]] vermelho ou {{Ilink condicional|sulfito de arsénico||[[sulfito]] de arsénico}}), exportado principalmente a partir de Sinope.
{{AP|prefixo=Mais informações|Thema da Paflagônia}}
[[Pompeu]] uniu os distritos costeiros da Paflagônia e boa parte do Ponto com a [[província romana]] da [[Bitínia (província romana)|Bitínia]], mas deixou o interior do país nas mãos dos príncipes locais até que suas dinastias se extinguissem, quando então todo o país foi anexado ao [[Império Romano]]. O nome ainda era utilizada pelos [[geógrafo]]s, mas as fronteiras já não eram mais tão bem definidas, como é o caso da descrição feita por [[Ptolemeu]].
 
Segundo o ''[[Synecdemus]]'', de [[Hierócles (autor do Synecdemus)|Hierócles]], a Paflagônia reapareceu como uma província distinta no século V d.C. No século VII, a região passou a fazer parte do novo [[Thema Opsiciano]] e, depois, do [[Thema Bucelário]] até ser ela própria separada por volta de 820 para formar o [[Thema da Paflagônia]].
Consta na [[mitologia grega]] que a cidade histórica de [[Trebizonda]] (em [[língua turca|turco moderno]], ''Trabzon'') seria o lar original do reino das [[amazona]]s, mulheres guerreiras.
 
=== Sés episcopais ===
==Ver também==
As [[sé episcopal|sés episcopais]] da província que aparecem no ''[[Annuario Pontificio]]'' como [[sé titular|sés titulares]] são<ref name=AP>''Annuario Pontificio 2013'' (Libreria Editrice Vaticana 2013 ISBN 978-88-209-9070-1), "Sedi titolari", pp. 819-1013</ref>:
*[[Ponto (região)]]
* ''[[Amastris]]'' (Amasra)
* ''Dadibra'' ([[Kastamonu]]?)
* [[Gangra]]
* ''[[Ionopolis]]''
 
== FontesPaflagônios e referênciasnotáveis ==
* [[Artoxares]] (séc. V a.C.), [[eunuco]] enviado dos [[Império Aquemênida|reis persas]] [[Artaxerxes I da Pérsia|Artaxerxes I]] e [[Dario II da Pérsia|Dario II]].
{{Refbegin}}
* [[Diógenes de Sínope]] (séc. IV a.C.), filósofo grego e um dos fundadores da [[cinismo (filosofia)|filosofia cínica]].
{{1911}}
* [[Alexandre, o Paflagônio]] ({{ca.}} 105 - {{ca.}} 170), conhecido como "falso profeta Alexandre".
{{Reflist|2}}
* [[São Filareto]] (séc. VIII).
{{Refend}}
* [[Teodora II|Teodora]] (séc. IX), esposa do [[imperador bizantino]] [[Teófilo (imperador)|Teófilo]].
* [[João Mauropos]] (séc. XI), poeta e escritor grego.
* [[Miguel IV, o Paflagônio]] - imperador bizantino.
 
{{Referências|col=2}}
 
== Ligações externas ==
{{Refbegin}}
*[http://www.karalahana.com/english/archive/westtrabzon10.html Paflagónia]
* {{1911}}
*[ {{citar web|url = http://www.karalahana.com/english/archive/westtrabzon10.html| Paflagónia]título = Paflagônia| língua = inglês| acessodata = 02/02/2014}}
*{{citar web|url = http://bartin.biz/haberler/15-english.html| título = Paflagônia| publicado= Bartin| língua = inglês| acessodata = 02/02/2014}}
* {{citar web|url = http://www.sdu.dk/Om_SDU/Institutter_centre/Ihks/Forskning/Forskningsprojekter/Where_east_meets_west/Region sdu.dk/halys|título = Halys| língua = inglês| acessodata = 02/02/2014}}
* {{citar web|url = http://books.google.com/books?id=s6ENAAAAQAAJ&pg=PA216&dq=paphlagonia&as_brr=3&ei=R0jeScLlBofCM_b48IQC#PPA216,M1| título = A Geographical and Historical Description of Asia Minor| autor = John Anthony Cramer| língua = inglês| acessodata = 02/02/2014}}
{{Refend}}
 
[[Categoria:Paflagônia]]
[[Categoria:Províncias romanas]]
[[Categoria:Diocese do Ponto]]