Dalmácia romana: diferenças entre revisões

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== História ==
=== AntiguidadePeríodo romano ===
O nome ''"Dalmatia"'' passou a ser utilizado provavelmente a partir da segunda metade do século II a.C. e certamente a partir da primeira metade do século I a.C. e definia a região costeira do [[Adriático]] entre os rios [[Krka (Croácia)|Krka]] e [[Neretva]]<ref>S.Čače, ''Ime Dalmacije u 2. i 1. st. prije Krista'', Radovi Filozofskog fakulteta u Zadru, godište 40 za 2001. Zadar, 2003, pages 29,45.</ref>. A região formava a porção norte<ref>Thomas Kelly Cheyne and John Sutherland, ''BlackEncyclopaedia Biblica: A Critical Dictionary''</ref> do antigo [[Reino da Ilíria]] entre o século IV a.C. e as [[Guerras Ilírias]] (220 a.C. - 168 a.C.), quando a [[República Romana]] transformou-o num [[protetorado]] ao sul do Neretva e a região ao norte foi sendo gradativamente incorporada ao território romano até que a [[província de Ilírico]] foi formalmente criada por volta de 32-27 a.C.
 
Entre 6 e 9 d.C., os [[dálmatas]] se [[Grande Revolta Ilíria|revoltaram pela última vez]] com a ajuda dos [[panônios]], mas a rebelião foi esmagada e, em 10 d.C., Ilírico foi divida em duas novas províncias, a [[Panônia romana|Panônia]] e a '''província da Dalmácia'''. Esta última abrangia a maior parte da costa oriental do Adriático e avançava para interior cobrindo toda a região dos [[Alpes Dináricos]]<ref>M.Zaninović, ''Ilirsko pleme Delmati'', pages 58, 83-84.</ref>. FoiOutras nacidades Dalmáciaimportantes queeram: nasceu o''[[Tarsatica]]'', ''[[imperadorSenia romano(Roma Antiga)|Senia]]'', ''[[DioclecianoVegium]]'', que''[[Aenona]]'', quando''[[Iader]]'', se''[[Scardona]]'', aposentou''[[Tragurium]]'', construiu''[[Aequum]]'', um''[[Oneum]]'', ''[[PalácioIssa de Diocleciano(colônia)|grande palácioIssa]]'', perto''[[Pharus de(colônia)|Pharus]]'', ''[[SalonaBona (Hum)|Bona]]'', que''[[Corcyra hoje está naNigra]]'', ''[[CroáciaNarona]]<ref>[http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=17691 C.Michael Hogan'', "Diocletian's'[[Epidaurus]]'', Palace"''[[Rhizinium]]'', The Megalithic Portal''[[Acruvium]]'', Andy Burnham ed.''[[Olcinium]]'', Oct 6''[[Scodra]]'', 2007''[[Epidamnus]</ref>]'' ([[Dirráquio]]).
 
O imperador [[Diocleciano]] (r. 284-305) [[reforma de Diocleciano|reformou o governo]] do [[Império Romano]] criando a [[Tetrarquia]]. Na divisão que se seguiu, a Dalmácia ficou sob a jurisdição do [[Império Romano do Oriente]], do próprio Diocleciano, mas administrada pelo seu [[césar (título)|césar]] e [[herdeiro aparente]] [[Galério]], cuja corte ficava em [[Sírmio]]. Foi na Dalmácia que nasceu Diocleciano e, quando ele se aposentou, construiu um [[Palácio de Diocleciano|grande palácio]] perto de [[Salona]], em ''[[Spalatum]]'', que hoje está na [[Croácia]]<ref>[http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=17691 C.Michael Hogan, "Diocletian's Palace", The Megalithic Portal, Andy Burnham ed., Oct 6, 2007]</ref>.
 
Em 395 d.C., [[Teodósio]] dividiu permanentemente o império e concedeu aos seus filhos a posição de "[[augusto (título)|augusto]]". Desta vez, a Dalmácia passou para o controle do [[Império Romano do Ocidente]] do imperador [[Honório (imperador)|Honório]]. Em 468, [[Flávio Júlio Nepos]] tornou-se o governador da província da Dalmácia. Quatro anos depois, na primavera de 472, o imperador do ocidente, [[Antêmio]], foi assassinado pelo general [[Ricimero]] e a tarefa de nomear um sucessor era, legalmente, do imperador do oriente, [[Leão I, o Trácio]]. Leão, porém, se demorou e Ricimero, juntamente com seu sobrinho [[Gundobad]] nomeou sucessivamente [[Olíbrio]] e [[Glicério (imperador)|Glicério]] como imperadores-fantoche. Sem reconhecer nenhum deles, Leão nomeou Flávio Júlio Nepos, o governador da Dalmácia, como novo imperador. Em junho de 474, ele atravessou o Adriático e, chegando em [[Ravena]] (onde ficava a corte ocidental), obrigou Glicério a abdicar, assegurando para si o trono. Porém, no ano seguinte, seu ''[[magister militum]]'', [[Orestes (pai de Rômulo Augustulo)|Orestes]] forçou Nepos a fugir de volta para Salona (em 28 de agosto de 475). Nos meses seguintes, [[Rômulo Augustulo]], o filho de Orestes, foi proclamado imperador, mas foi também deposto depois que seu pai foi assassinado no ano seguinte. [[Odoacro]], o general que depôs Rômulo, não nomeou um novo imperador e debandou a corte ocidental. Júlio Nepos continuou a governar a Dalmácia até 480 como o único imperador legítimo no ocidente (a Dalmácia sendo, ''[[de jure]]'', uma parte do finado império).
 
Depois que Nepos morreu, em 480, a Dalmácia foi formalmente anexada ao [[Império Bizantino]] pelo imperador [[Zenão (imperador)|Zenão]].
 
==== Romanização ====
O historiador alemão [[Theodore Mommsen]] escreveu (em sua ''"The Provinces of the Roman Empire"'' - "As Províncias do Império Romano") que a Dalmácia já estava completamente [[romanização|romanizada]] e já falava o [[latim]] no século IV, uma afirmação corroborada pelo arqueólogo francês [[Bernard Bavant]]. O historiador croata [[Aleksandar Stipčević]], por outro lado, escreveu que a análise do material arqueológico recuperado do período mostra que o processo de romanização foi seletivo. Enquanto os centros urbanos, tanto na costa quanto no interior, estavam de fato quase completamente romanizados, a situação na zona rural era bastante diferente. A despeito do poderoso processo de aculturação a que foram submetidos, os ilírios continuaram a falar sua língua nativa, a adorar seus próprios deuses, a seguir suas tradições e suas próprias organizações sócio-políticas, adaptando seus costumes apenas quando era necessário<ref>A. Stipčević,'' Iliri'', Školska knjiga Zagreb, 1974, page 70</ref>.
 
=== InvasõesPeríodo bizantino ===
{{AP|Thema da Dalmácia}}
Depois da [[queda do Império Romano do Ocidente]] em 476 e do início do "[[Período das Migrações]]"<ref>Charles George Herbermann, ''The Catholic Encyclopedia: An International Work of Reference'' (1913)</ref>, a região passou para o controle dos [[godos]] de [[Odoacro]] e permaneceu[[Teodorico, o Grande]], que governaram a região de 480 até 535, quando [[Justiniano]] anexou o território ao [[Império Bizantino]]. Muito depois, os bizantinos criaram o [[Thema da Dalmácia]] no mesmo território.
 
A [[Idade Média]] na Dalmácia foi um período de intensa rivalidade entre potências vizinhas da região: o cada vez mais enfraquecido [[Império Bizantino]], o [[Reino da Croácia (medieval)|Reino da Croácia]] (posteriormente em [[união pessoal]] com o [[Reino da Hungria]]), o [[Reino da Bósnia]] e a [[República de Veneza]]. A Dalmácia na época era uma coleção de cidades costeiras que funcionavam como [[cidade-estado|cidades-estado]], com ampla autonomia, mas em constante conflito umas com as outras e sem nenhum controle efetivo do interior (a [[Zagora (Croácia)|Zagora]]). Etnicamente, a Dalmácia começou como uma região romanizada onde uma [[cultura românica]] começou a se desenvolver culminando na hoje [[língua extinta|extinta]] [[língua dálmata]].
 
Na [[Alta Idade Média]], a Dalmácia bizantina foi arrasada por uma invasão [[ávaros eurasianos|ávara]] que destruiu sua capital, [[Salona]], em 639 d.C., um evento que fez com que os salonitanos se assentassem no vizinho [[Palácio de Diocleciano]] em ''[[Spalatum]]'' (moderna Split), aumentando muito a importância da até então pacata cidade. Depois dos ávaros vieram as [[invasão eslava dos Balcãs|grandes migrações eslavas]]<ref>Curta Florin. ''Southeastern Europe in the Middle Ages, 500-1250''. Cambridge University Press. Cambridge, 2006. ISBN 978-0-521-81539-0 ([http://books.google.com/?id=YIAYMNOOe0YC&pg=RA2-PA100&lpg=RA2-PA100&dq=qytet+fort+city#v=onepage&q=qytet%20fort%20city&f=false])</ref>.
 
Os [[eslavos do sul|eslavos]], parentes distantes dos ávaros, se assentaram permanentemente na região na primeira metade do século VII e desde então forma o grupo étnico predominante na região. Os [[croatas]] rapidamente formaram seu próprio reino: o [[Principado da Croácia Dálmata]], governado por príncipes nativos de origem [[guduscani|guduscana]]. A "Dalmácia", agora se reduziu às cidades e à zona rural vizinha. Estas permaneceram influentes pois eram poderosas fortalezas e mantinham forte relação com o [[Império Bizantino]]. As duas comunidades eram hostis num primeiro momento, mas os [[Cristianização da Croácia|croatas foram cristianizados]] e a tensão diminuiu. Um certo nível de mistura cultural passou então a ocorrer, mais forte em alguns lugares e mais fraco em outros, com a influência eslava se destacando em [[Ragusa]], ''Spalatum'' e ''[[Tragurium]]''. Em 925 d.C., o ''[[knyaz]]'' [[Tomislau]] foi coroado em [[Tomislavgrad]] e fundou o [[Reino da Croácia (medieval)|Reino da Croácia]], estendendo sua influência para o sul até a [[Zaclúmia]]. Aliado dos bizantinos, o rei recebeu também o status de "protetor da Dalmácia" e era o governante ''[[de facto]]'' da região.
 
Na [[Baixa Idade Média]], os bizantinos já não mais eram capazes de manter o controle de forma consistente na Dalmácia e deixaram definitivamente a região depois que a [[Quarta Cruzada]] [[saque de Constantinopla|conquistou Constantinopla]] em 1204.
== Fim da província ==
Depois da [[queda do Império Romano do Ocidente]] em 476 e do início do "[[Período das Migrações]]", a região passou para o controle dos [[godos]] e permaneceu até 535, quando [[Justiniano]] anexou o território ao [[Império Bizantino]]. Muito depois, os bizantinos criaram o [[Thema da Dalmácia]] no mesmo território.
 
==== Sés episcopais ====