Eduardo Santos Silva: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Fusão dos dois verbetes referentes à mesma personalidade |
|||
Linha 1:
{{Sem-fontes|data=setembro de 2012}}
'''Eduardo dos Santos Silva''' ([[Porto]], [[1879]] — [[Porto]], [[1960]]) foi um [[médico]] e [[político]] [[português]].▼
▲'''Eduardo Ferreira dos Santos Silva''' ([[Porto]], [[18 de Março]] de [[1879]]
== Biografia ==
Nasceu na cidade do [[Porto]] a [[18 de março]] de [[1879]], filho do comerciante [[Dionísio Santos Silva]], no seio de uma família da classe média com tradições republicanas, o que o levou a declar-se [[republicano]] aos 13 anos de idade.
A morte prematura da mãe, em 1894, e um mau momento nos negócios familiares obrigou-o a ajudar no sustento da família, trabalhando como escriturário em [[Vila Nova de Gaia]] e como regente escolar no Colégio Português, uma instituição do ensino particular onde lecionou a [[instrução primária]]. Com os proventos assim obtidos pagou os seus [[estudos secundários]] e ingressou em [[1898]] na [[Escola Médico-Cirúrgica do Porto]], onde estudou [[Medicina]].
Durante os seus estudos médicos, complementava os seus rendimentos ajudando o pai na gerência do [[Teatro Circo Águia d'Ouro]], no [[Porto]]. Concluiu o curso de [[Medicina]] em 1903, com 23 anos de idade, com a classificação geral de 14 valores. Iniciou a sua carreira profissional de médico complementando-a com o exercício das funções de professor no [[Liceu Central do Porto]] (1905). Aí lecionou as disciplinas de Geografia, Ciências Naturais, Francês e Português. Ao mesmo tempo militou activamente no [[Centro Republicano Rodrigues de Freitas]], fundado e dirigido pelo seu pai.
Em 1906 casou com Ernestina Martins Morgado (1880-1967), com quem teve quatro filhos e duas filhas: (1) Eduardo dos Santos Silva (1907-1976), [[médico]]; (2) Ernestina dos Santos Silva (1908-1950); (3) [[Artur Santos Silva (pai)|Artur Santos Silva]]; (4) Sílvia dos Santos Silva (1911-1913); (5) Osvaldo dos Santos Silva (1913-1951); e (6) Fernando dos Santos Silva (1914 - ?), [[advogado]].
Em [[1911]] foi nomeado director da Escola Normal do Porto e, em [[1912]], eleito reitor do [[Escola Secundária Rodrigues de Freitas|Liceu Normal D. Manuel II]]. Ainda em [[1911]], junta-se à [[Maçonaria]], primeiro na loja Luz e Progresso, depois na loja Portugália. Em [[1914]] chega à Comissão Executiva da Câmara Municipal do [[Porto]]. Em [[1918]], já presidente da Câmara, é mandado prender por [[Sidónio Pais]] e, de seguida, proibido de residir no [[Porto]]. Foi então que requereu ao secretário de Estado da Guerra a incorporação no [[Corpo Expedicionário Português]], para ir combater os [[hunos]], apesar de ser casado e pai de três filhos. Em finais de Junho de [[1918]] partiu para [[França]], onde integraria, como capitão, o 3º Batalhão da Brigada do Minho. Foi um dos últimos portugueses a reforçar o desamparado [[Corpo Expedicionário Português|CEP]], destroçado pelas 7300 baixas sofridas na [[Batalha de La Lys]]. Desmobilizado em [[1919]] e distinguido com a [[Cruz de Guerra]], voltou ao [[Porto]], mantendo-se na Câmara Municipal até [[1922]]. Os seus mandatos estão associados a um período de progresso na cidade: criou cursos nocturnos para adultos, jardins de infância junto aos bairros sociais mais populosos, triplicou o parque de escolas primárias, fundou o Conservatório de Música e a Maternidade, estimulou a leitura com a rede de bibliotecas populares, iniciou a construção da Avenida da Liberdade e do novo edifício dos Paços do Concelho, aprovou o feriado do [[Dia do Trabalhador]] e as oito horas de trabalho para os operários e empregados municipais. Deixa a Câmara do [[Porto]] em [[1921]], ano em que se demitiu por divergências com o [[Partido Republicano (Portugal)|Partido Republicano]]. ▼
Em 1909 parte para a cidade de [[Paris]] para fazer a especialização médica em [[dermatologia]] e [[sifiligrafia]]. Naquela cidade conheceu um grupo de exilados republicanos portugueses, entre os quais [[Aquilino Ribeiro]], [[Amadeu de Sousa Cardoso]] e [[Teixeira Lopes]]. Em 1910 regressou a Portugal e retomou o ensino no [[Liceu Alexandre Herculano]], no Porto, que acumulava com o exercício da [[medicina]].
Em [[1911]] foi nomeado director da [[Escola Normal do Porto]] e, em [[1912]], eleito reitor do [Liceu Rodrigues de Freitas|Liceu Normal D. Manuel II]].
Ainda em [[1911]], adere à [[Maçonaria]], primeiro na Loja Luz e Progresso, depois na Loja Portugália.
Em [[1914]] foi escolhido para vice-presidente e depois presidente da Comissão Executiva da [[Câmara Municipal do Porto]] exercendo também as funções de vereador da Instrução, Beneficência e Bairros Operários. A sua passagem pela [[Câmara Municipal do Porto]] foi marcada por obras marcantes para o município, como a criação da rede de bibliotecas populares, escolas para alunos portadores de deficiência e a distribuição de refeições gratuitas para crianças pobres. Foi sua iniciativa a construção de alguns edifícios hoje referência na cidade do Porto, como o [[Mercado do Bolhão]], o Matadouro, o [[Conservatório de Música do Porto]] e o próprio edifício dos [[Paços do Concelho do Porto]]. Também fomentou a construção de bairros operários nas freguesias de [[Ramalde]], [[Campanhã]], [[Prelada]] e [[Lordelo]].
Em [[1918]], sendo presidente da Câmara Municipal do Porto, foi mandado prender por [[Sidónio Pais]] e, de seguida, proibido de residir no [[Porto]]. Foi então que requereu ao secretário de Estado da Guerra a incorporação no [[Corpo Expedicionário Português]], para ir combater na frente ocidental da [[Primeira Guerra Mundial]], apesar de ser casado e pai de três filhos. Em finais de Junho de [[1918]] partiu para [[França]], onde integraria, como capitão, o 3.º Batalhão da Brigada do Minho. Foi um dos últimos portugueses a reforçar o desamparado [[Corpo Expedicionário Português|CEP]], destroçado pelas 7300 baixas sofridas na [[Batalha de La Lys]].
▲
Em [[1925]] foi convidado a ocupar o cargo de [[Ministro da Instrução Pública]], integrando os dois últimos governos da [[Primeira República Portuguesa]], ambos presididos por [[António Maria da Silva]].
Após o [[Golpe do 28 de Maio]], retirou-se para o Porto e foi nomeado, ainda em 1926, diretor clínico do [[Sanatório Hospital Rodrigues Semide]], da [[Santa Casa da Misericórdia do Porto]]. Iniciou também um persistente combate político contra o regime ditatorial instaurado pela [[Revolução Nacional]], que se prolongaria contra o [[salazarismo]] e o [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]].
Em consequência da sua oposição à [[Ditadura Militar (Portugal)|Ditadura Militar]], foi preso logo em [[1927]], por apoiar a fracassada ''[[Revolução de Fevereiro]]'', a primeira manifestação de vulto contra a recém-instaurada ditadura. Por não ceder nas suas convicções, entre [[1930]] e [[1931]] esteve desterrado no [[Funchal]], participando na [[Revolta da Madeira]].
Em [[1931]] assina, ao lado de [[Tito de Morais]] e [[Norton de Matos]], um manifesto da [[Aliança Republicana-Socialista]], o que desencadeia nova onda de repressão, em resultado da qual foi em [[1935]] saneado do lugar de professor efectivo no [[Liceu Alexandre Herculano]].
Apesar de lhe ser reconhecido grande empenho e dedicação nas suas funções clínicas na Santa Casa da Misericórdia, em [[1945]], após cerca de 20 anos de serviço, foi exonerado por ter entrado em conflito com a mesa da [[Santa Casa da Misericórdia do Porto]], na altura pró-salazarista. Afastado da direcção clínica do Hospital Rodrigues Semide, redige um manifesto exigindo eleições livres e participou, com quatro dos seus seis filhos (Eduardo, [[Artur Santos Silva (pai)|Artur]], Osvaldo e Fernando) no [[Movimento de Unidade Democrática]], a estrutura unificadora da oposição ao salazarismo.
Em [[1949]] discursou ao lado de [[Norton de Matos]] no comício da [[Fonte da Moura]] e em [[1958]] foi incentivado a candidatar-se à [[Presidência da República]], mas resolveu apoiar o general [[Humberto Delgado]], que recebeu no [[Porto]], num dos momentos mais fulgurantes da sua campanha.
Na comemoração do seu 80.º aniversário, realizadas em 1959, foi homenageado com um jantar que reuniu cerca de 300 pessoas.
{{Ref-section|Notas}}
== {{Links}} ==
* {{link|1=|2=https://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=1000753|3=Eduardo Ferreira dos Santos Silva, Antigo Estudante da Escola Médico-Cirúrgica do Porto}}
▲Morreu em Setembro de [[1960]], tendo sido sepultado no [[cemitério]] do Prado de Repouso.
{{Ministros da Instrução da República}}
[[Categoria:Mortos em 1960]]▼
[[Categoria:Naturais do Porto]]
▲[[Categoria:Maçons de Portugal]]
[[Categoria:Médicos de Portugal]]
[[Categoria:Alumni da Universidade do Porto]]
[[Categoria:Maçons de Portugal]]
[[Categoria:Presidentes da Câmara Municipal do Porto]]
[[Categoria:Ministros de Portugal]]
▲[[Categoria:Mortos em 1960]]
|