História da arte ocidental: diferenças entre revisões

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{{História da Arte|imagem=[[FicheiroImagem:Birth of Venus.jpg|200px]]}}
A '''história da arte ocidental''' diz respeito ao estudo, registro e discussão do desenvolvimento da [[arte]] em sua manifestação na evolução da [[sociedade ocidental]]. Esta história apresenta diferenças significativas em relação à evolução da arte no mundo oriental. Os estudos que tradicionalmente se faziam sobre [[história da arte]] normalmente levavam em consideração apenas a evolução deste campo da arte devido ao [[eurocentrismo]] corrente no mundo ocidental. Este estudo, no entanto, ao se considerar a [[cultura ocidental]] como elemento fundamental da vida contemporânea, faz-se necessário a fim de se compreender o alcance da arte ao redor do mundo, recebendo influências e sendo influenciada por outros movimentos. Estudiosos como [[Giulio Carlo Argan]], por exemplo, consideram a [[arte contemporânea]] um desdobramento da crise da [[arte]] enquanto ciência europeia.
 
Esta [[história]] pode ser considerada predominantemente restrita ao contexto europeu por mais de três milênios: o núcleo principal da arte ocidental permaneceu no continente europeu até meados do [[século XX]], especialmente após a [[II Guerra Mundial]], quando o eixo desloca-se dali para os [[Estados Unidos]].
 
== Arte antiga ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Arte da Antiguidade|Arte antiga]]}}
 
É na [[antiguidade]] que surgem os primeiros conceitos teóricos a respeito da sistematização e estudo das artes. Ainda que cubra um período bastante longo, destaca-se aí a formulação da estética [[Classicismo|clássica]], reunindo as culturas [[Grécia Antiga|grega]] e [[Roma Antiga|romana]].
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=== Arte clássica: Grécia e Roma ===
{{ver artigoArtigo principal|[[Arte da Antiguidade Clássica|Arte clássica]]}}
[[FicheiroImagem:Lycian Apollo Louvre left.jpg|leftesquerda|thumb|150px|Estátua clássica]]
Os gregos são responsáveis pelo conceito de arte que permeará praticamente toda a produção ocidental durante mais de 2000 anos. A palavra grega para a arte é ''tekné'', que também significa ''técnica'' ou ''ofício''. Este conceito está associado à ideia de [[mímese]], que considera que no mundo real, a manifestação artística deve representar a busca do ideal. O ideal, para os gregos, é representado pela [[Perfeição]] da [[Natureza]], desta forma, a arte deve ser perfeita. Portanto, segundo o ponto de vista clássico, a arte é imitação da Natureza, mas não se resume a um simples retrato dela, mas à busca de uma Natureza ideal e universal. A busca deste ideal universal de Natureza é, para a arte clássica, a busca da [[Beleza]] universal, pois a Natureza, sendo perfeita, é bela. Não existe separação, segundo este ponto de vista, entre [[arte]], [[ciência]], [[matemática]] e [[filosofia]]: todo o conhecimento humano está voltado à busca da perfeição.
 
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== Arte medieval ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Arte da Idade Média|Arte medieval]]}}
 
[[FicheiroImagem:Meister aus Tahull 001.jpg|thumb|Pintura medieval: pedagógica, religiosa]]
Durante a [[Idade Média]] a arte esteve predominantemente comprometida com o projeto de difusão e propaganda do [[Cristianismo]] europeu. Durante este período, visto que a vasta maioria dos camponeses era iletrada, as [[artes visuais]] eram o principal método para comunicar as ideias religiosas aos fiéis, juntamente da apresentação de [[sermão|sermões]]. A [[Igreja Católica]] era uma das poucas instituições ricas o suficiente para remunerar a obra dos artistas, e portanto a maior parte das obras eram de natureza religiosa (condicionando o que se conhece por [[arte sacra]]).
 
Desde a queda do [[Império Romano]], muitas das técnicas artísticas desenvolvidas na [[Grécia Antiga]] foram perdidas, o que levou a [[pintura]] medieval a ser predominantemente bidimensional. Como não havia nenhuma noção de [[perspectiva]] na produção artística do período, as personagens retratadas eram pintadas maiores ou menores de acordo com sua importância e seu simbolismo e não de acordo com sua posição relativa à tela e ao olho do observador. Ao lado da pintura, a [[tapeçaria]] era a mais importante forma de arte medieval: as peças de tapeçaria eram elementos necessários para manter o calor interno dos [[castelo]]s no inverno (os quais eram construídos predominantemente com [[pedra]]). A mais famosa tapeçaria medieval é o ciclo conhecido como ''[[A Senhora e o Unicórnio|A senhora e o unicórnio]].''
 
As duas principais manifestações arquitetônicas (principalmente relacionadas à construção de [[catedral|catedrais]]) eram o [[românico]] (até meados do [[século XII]]) e o [[estilo gótico|gótico]] (de meados do [[século XII]] em diante). Apesar de ambas serem normalmente associadas a diferentes períodos históricos, elas nunca deixaram de ser construídas e eventualmente manifestavam-se paralelamente. Destaca-se também a formação das [[Corporação de ofícios|corporações de ofícios]], especialmente durante o período do [[Renascimento do Século XII|Renascimento comercial]], reunindo artesãos que detinham o monopólio do conhecimento prático de determinado assunto.
 
Vale ressaltar que o [[povo]] durante a [[Idade Média]] não possuía o hábito da leitura, visto que eram poucos aqueles que tinham acesso à [[escrita]] e que podiam ler. Portanto, as [[artes visuais]] foram um dos principais meios encontrados pela Igreja Católica de passar para a [[sociedade]] os valores do [[cristianismo]].
 
A maioria dos artistas medievais eram anônimos e o trabalho coletivo era bastante comum. Além disso, é difícil identificar artistas individuais no período.
 
== O Renascimento ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Renascimento]]}}
 
[[FicheiroImagem:Da Vinci Vitruve Luc Viatour.jpg|thumb|O [[homem vitruviano]] de [[Leonardo da Vinci]] é o símbolo do espírito humanista da [[Renascença]]. A arte do período reflete as características do desenho: [[classicismo]], [[razão]] e [[simetria]].]]
Durante a Idade Média europeia, as [[pintura]]s e [[escultura]]s tendiam a focalizar a [[religião]], mais especialmente o Cristianismo. À medida que a Renascença emerge, porém, o foco dos artistas descola-se para o passado [[classicismo|clássico]], buscando influências na [[Grécia antiga|Grécia]] e [[Roma antiga]]s, levando a profundas mudanças tanto nos aspectos [[técnica|técnicos]] quanto nos motivos e temáticas da pintura e escultura. Os pintores, então, passam a aumentar o realismo de seus trabalhos usando as novas técnicas da '''perspectiva''' (recém-redescoberta e bastante desenvolvida), representando mais autenticamente as três dimensões. A manipulação da luz e sombra, como o contraste de tom evidente nos trabalhos de [[Ticciano]], foi aprimorada com as técnicas do ''[[chiaroscuro]]'' e do ''[[sfummato]]'' desenvolvidas por [[Leonardo da Vinci]]. Os escultores, também, redescobriram muitas técnicas antigas como o [[contrapposto]].
 
Seguindo o espírito [[Humanismo|humanista]] do período, a arte tornou-se mais laica em suas temáticas, buscando motivos na [[mitologia clássica]] em adição aos temas cristãos. Este gênero de arte costuma ser chamado de [[classicismo renascentista]]. Os três mais influentes artistas renascentistas são [[Leonardo da Vinci]], [[Michelangelo Buonarroti]] e [[Rafael Sânzio]], pertencentes à [[Renascença italiana]].
 
Outra figura igualmente importante mas menos conhecida do Renascimento (neste caso, da renascença flamenca) é [[Jan van Eyck]], pintor [[Países Baixos|neerlandês]].
 
; Períodos relevantes
* [[Renascimento italiano]]. Final do [[século XIV]] até meados do [[século XVI]]
* [[Renascimento flamenco]]. [[século XVI]]
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''Artigos principais: [[Maneirismo]], [[barroco]]"
 
[[FicheiroImagem:Self-portrait_at_34_by_Rembrandt_(rectangular_detail).jpg|thumb|Retrato de [[Rembrandt]].]]
Na arte europeia, o classicismo renascentista desmembrou-se em dois movimentos diferentes: o [[maneirismo]] e o [[barroco]]. O primeiro, uma reação contra a perfeição idealista do classicismo, empregou a distorção da luz e dos espaços da obra a fim de enfatizar seu conteúdo emocional e as emoções do artista. A arte barroca levou o representacionismo da Renascença para novos patamares, enfatizando detalhes e movimento na sua busca pela beleza. Talvez os mais conhecidos pintores barrocos sejam [[Rembrandt]], [[Peter Paul Rubens]] e [[Diego Velázquez]].
 
A arte barroca é frequentemente vista como parte da estratégia católica da [[Contrarreforma]]: o elemento artístico do revivescimento da vida espiritual na [[Igreja Católica]]. Além disso, a ênfase que a arte barroca deu à grandiosidade é vista como um reflexo do [[Absolutismo]]. [[Luís XIV]] disse: "''Eu sou a grandiosidade encarnada''", e muitos artistas barrocos serviram aos reis procurando por esse mesmo objetivo. Entretanto o amor barroco pelo detalhe é com frequência considerado como resultando em um excessivo ornamentalismo e, de certa forma, vulgar, especialmente quando o barroco evolui para o estilo decorativo do [[barroco]]. Após a morte de Luís XIV, o barroco floresceu por um curto período, decaindo em seguida. Com efeito, a aversão à ornamentação excessiva do barroco foi o ímpeto para o advento do [[neoclassicismo]].
 
; Períodos relevantes
* [[Maneirismo]]. [[século XVI]].
* [[Barroco]]. Do [[século XVII]] até meados do [[século XVIII]].
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''Artigos principais: [[Neoclassicismo]], [[romantismo]], [[academicismo]], [[realismo]]
 
[[FicheiroImagem:David-Oath of the Horatii-1784.jpg|thumb|[[Jacques-Louis David|David]] é o neoclássico paradigmático]]
À medida que o tempo passava, muitos artistas colocaram-se contrários ao ornamentalismo dos estilos anteriores e buscaram a arte anterior, mais simples, do Renascimento, formando o que ficou conhecido por [[neoclassicismo]]. O neoclássico foi o componente artístico do movimento intelectual conhecido por [[Iluminismo]], o qual era igualmente idealista. [[Jean Auguste Dominique Ingres|Ingres]], [[Antonio Canova|Canova]] e [[Jacques-Louis David]] estão entre os mais conhecidos neoclássicos.
 
Da mesma maneira que o maneirismo rejeitava o classicismo, o [[romantismo]] rejeitava as ideias iluministas e a estética neoclássica. A arte romântica enfocava o uso da cor e do gesto a fim de retratar a emoção, mas, como o classicismo, usava a [[mitologia]] clássica e a tradição como uma importante fonte de simbolismo. Outro importante aspecto do romantismo foi sua ênfase na natureza e no retrato do poder e da beleza do mundo natural, sempre idealizados de acordo com um ''eu''. O romantismo foi também um grande movimento literário, especialmente na [[poesia]]. Entre os maiores artistas românticos estão [[Eugène Delacroix]], [[Francisco Goya]], e [[William Blake]].
[[FicheiroImagem:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg|thumb|[[A Liberdade Guiando o Povo]], de [[Eugène Delacroix]], é um dos quadros mais famosos do [[Romantismo]].]]
Muitos artistas deste período tenderam a apresentar uma posição centralizadora que levou-os a adotar simultaneamente características diferentes dos estilos romântico e neoclássico, de forma a sintetizá-los. As várias tentativas tomaram lugar na Academia Francesa, e coletivamente são reunidas na [[Academicismo|arte acadêmica]]. Considera-se que [[William-Adolphe Bouguereau]] encabece esta tendência da arte.
 
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É interessante notar que, embora o neoclassicismo tenha sido deixado para trás quando do advento dos novos estilos, ele continuou a existir pontualmente e, em certos lugares, a [[Arquitetura do neoclassicismo|arquitetura neoclássica]] perdurou até o início do [[século XX]].
 
; Períodos relevantes
* [[Neoclassicismo]]. De meados do [[século XVIII]] até o início do [[século XIX]] (embora continue se manifestando pontualmente durante todo o século)
* [[Romantismo]]. Fins do [[século XVIII]] até meados do [[século XIX]].
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== Impressionismo, pós-impressionismo ==
''Artigos principais: [[Impressionismo]], [[Pós-impressionismo]]''
[[FicheiroImagem:Claude Monet-Waterlilies.jpg|thumb|100px|leftesquerda|O [[impressionismo]] de [[Claude Monet]].]]
[[FicheiroImagem:VanGogh-starry night.jpg|thumb|100px|[[Van Gogh]] representa uma das tendências do [[Pós-impressionismo]].]]
Surgindo da ética naturalista do realismo, mas ao mesmo tempo afastando-se dela, cresceu um grande movimento artístico: o [[impressionismo]]. A [[fotografia]] surge tomando o lugar da pintura de retratos e os artistas se voltaram para a busca do elemento fundamental da pintura, a se destacar da fotografia. Acharam-no na [[luz]] e no [[movimento]]. Os impressionistas foram os pioneiros no uso da luz na pintura como forma de capturar a vida como vista pelos olhos humanos. [[Edgar Degas]], [[Édouard Manet|Edouart Manet]], [[Claude Monet]], [[Camille Pissarro]] e [[Pierre-Auguste Renoir]] estavam todos envolvidos com o movimento impressionista.
 
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== Arte moderna ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Arte moderna]]}}
 
Embora a conceituação da arte moderna seja complicada (dependendo do ponto de vista, ela pode abarcar períodos e movimentos diversos), costuma haver um consenso de que ela está estritamente relacionada com as [[vanguardas artísticas]] que se proliferaram no início do [[século XX]], consideradas como um desdobramento da obra do trio Van Gogh-Gauguin-Cezànne. De qualquer forma, a ideia de [[modernidade|moderno]] está em geral relacionada com uma nova forma de lidar com o problema estético, repudiando as regras da [[tradição]] e buscando o "espírito da época". Por causa disto, os vários movimentos ditos modernos são, muitas vezes, antagônicos.
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== Arte contemporânea ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Arte contemporânea]]}}
 
Ainda que o eixo cultural internacional continue sendo predominantemente ocidental, tendo em Nova Iorque e Paris suas capitais tradicionais, a arte praticada nos últimos 50 anos tem, em geral rompido com este limite: a arte praticada no [[Oriente]], na [[arte africana|África]] e outros locais tem ganho mais destaque. Desta forma, a arte deixa de estar limitada aos conceitos ocidentais tradicionais, incorporando novas culturas e afastando-a cada vez mais da ideia de uma "tradição artística vernácula". Há, porém, diversos críticos que alegam que, ainda que exista uma aparente internacionalização da cultura, o ideário ocidental continua sendo vendido como modelo, e tudo o que for estrangeiro é vendido (e consumido) como "exótico".
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* [[Arte conceitual]]
 
== {{Bibliografia}} ==
* ARGAN, Giulio Carlo; ''Arte moderna''; São Paulo:Editora Companhia das Letras, 1992 ISBN 85-7164-251-6
* GOMBRICH; E. H.; ''História da Arte''; São Paulo: LTC Editora. ISBN 85-216-1185-4
 
== {{linksLigações externos}}externas ==
* [http://www.historiadaarte.com.br/ História da arte] - em português
* [http://www.arthistory.net/ Art History] - em inglês
 
{{Portal3|Arte}}
 
[[Categoria:História da arte]]