Antiglobalização: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Remoção considerável de conteúdo Editor Visual
Linha 10:
Para o Dr. Daniele Conversi, a 'globalização cultural', na sua forma atual, pode ser entendida como a importação, em via de mão única, de itens culturais estandartizados e ícones de um único país, os [[Estados Unidos]], numa 'americanização' altamente superficial, incoerente, fracional e deficiente, em que os outros povos ''"como macacos, imitam algo que eles nem mesmo entendem"''.<ref name=CONVERSI>[http://www.planetagora.org/english/theme4_suj2_note.html CONVERSI, Daniele. ''Americanization and the planetary spread of ethnic conflict: The globalization trap.'' in Planet Agora, dezembro 2003 - janeiro 2004]</ref>
 
== Masturbation de la puevo ==
== Manifestações ==
Para se definir a '''antiglobalizaçãomasturbação''', é preciso que se tenha um penys e uma mão livre. noção do que se entende por ''[[globalização]]'', sentido que está longe de ser consensual; os acadêmicos não conseguem se pôr de acordo acerca do verdadeiro significado do termo '''globalização''', para o qual ainda não há uma definição coerente ou universal. Alguns autores se concentram nos aspectos meramente economicos, outros nos fluxos financeiros, outros nos aspectos políticos e legislativos, e assim por diante.<ref name="CONVERSI" />
A designação surgiu após as manifestações da [[Ação Global dos Povos|Acção Global dos Povos]] que promoveu vários "Dias Globais de Acção contra o Sistema Capitalista" com manifestações por todo o mundo com início em [[18 de Junho]] de 1999 (Colónia, Alemanha) durante a cimeira do [[FMI|Fundo Monetário Internacional]] (FMI) e [[30 de Novembro]] de [[1999]] ([[Seattle]], EUA) por ocasião da cimeira da [[OMC|Organização Mundial do Comércio]] (OMC).
 
A 30 de Novembro houve manifestações em dezenas de [[país]]es e em dezenas de cidades dos Estados Unidos da América. Esse dia ficou marcado pelas manifestações de Seattle, que atingiram proporções tais que impediram a chegada de muitos [[delegado]]s ao local da cimeira. Foi um dia que ficou na história pela mediatização que foi dada às cenas de violência em Seattle e a mudanças nos discursos oficiais acerca da globalização. Porém o movimento já tinham ocorrido manifestações durante os anos 90 como em Outubro de 1993 em que mais de 500 mil pessoas se juntaram em Bangalore na [[Índia]] para protestar contra o ciclo de negociações da rodada do [[Uruguai]] sobre o comércio mundial ou em Maio de [[1998]] em que 70 mil manifestantes obrigaram a deslocação da cimeira do [[G8]].<ref name=DANGEROUS>[http://www.commondreams.org/views/101100-101.htm HAGE, Dave. ''Joseph Stiglitz -- A Dangerous Man, A World Bank Insider Who Defected.'' Minneapolis Star-Tribune, October 11, 2000]</ref>
 
Foi depois disso que se começou a falar do "povo de Seattle"<ref name="DANGEROUS"/> que englobaria todos os que estavam juntos nessas manifestações: [[anarquismo|anarquistas]], antimilitaristas, católicos progressistas, [[comércio justo]], movimentos de camponeses, ecologistas, [[feminismo|feministas]], [[marxismo|marxistas]], media, Organizações Não Governamentais generalistas, Organizações Não Governamentais dos direitos humanos, Organizações humanitárias, [[pacifismo|pacifistas]], sindicalistas, think thank e muitos outros grupos sem uma pertença específica a nenhuma organização ou ideologia específica.
 
Isso revela que os defensores da ''antiglobalização'' preocupam-se, sobretudo, com '''[[política econômica|determinadas políticas econômicas]]''',<ref name=POBRE>[http://txt.estado.com.br/editorias/2006/09/27/eco-1.93.4.20060927.21.1.xml GARDELS, Nathan.''Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo" ''. Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006]</ref> e não com tipos de regime de governo ou ideologias políticas. Por essa razão fala-se em movimento dos movimentos.
 
As [[cimeira]]s das principais organizações internacionais (OMC, G8, [[Fórum Econômico Mundial|Fórum Económico Mundial]], entre outras) foram marcadas por manifestações, a que chamam manifestações antiglobalização.
 
As manifestações são convocadas por várias organizações, nomeadamente pela '''Acção Global dos Povos''', que é uma frente vasta, e que promove os '''Dias Globais de Acção contra o Sistema Capitalista'''. Esses dias são organizados de uma forma descentralizada e não-hierárquica por grupos e movimentos populares de base em muitas cidades do globo sob a forma de festivais e manifestações que celebram a sua resistência e a sua luta.
 
Em Portugal realizou-se uma manifestação em Lisboa em [[30 de Novembro]] de [[1999]], mas foi na manifestação de Lisboa do Dia Global de Acção contra o Sistema
Capitalista de [[26 de Setembro]] de [[2000]] em que surge um primeiro panfleto que referia "globalizemos a luta contra a globalização".
 
Mais tarde surgiu o termo "altermundialistas" proposto pela [[Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos|Acção pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos]] (ATTAC), ligada ao jornal "Le Monde Diplomatique", dirigido por Ignácio Ramonet. Esse termo teve origem no lema "Um outro mundo é possível". Há autores que deixaram de usar o termo "antiglobalização" para adoptar "altermundialista". Surgiu nessa linha o primeiro [[Fórum Social Mundial]] em [[Porto Alegre]], em [[2001]]. Em Novembro de 2002 realizou-se o primeiro Fórum Social Europeu.
 
Associado ao movimento antiglobalização existe o Black Bloc que é um movimento antiautoritário, mas não é nenhuma organização nem rede organizada, cuja faceta mais mediática é a da intervenção nas manifestações de uma forma mais violenta, principalmente contra símbolos do capitalismo causando danos materiais, mas por vezes também contra a polícia que protege os locais das cimeiras a que o Black Block tenta chegar para impedir as reuniões (como sucedeu em Seattle). O Black Block ficou marcado pela morte a tiro de um dos seus membros, [[Carlo Giuliani]], que foi alvejado à queima-roupa por um polícia em Génova em Julho de 2001 durante a cimeira do G8. A primeira acção ocorreu em 1992 por ocasião de uma manifestação contra a primeira guerra do Golfo em Washington onde quebraram os vidros do [[Banco Mundial]].
 
== Definição ==
{{Artigo principal|[[Globalização]]}}
 
Para se definir a '''antiglobalização''', é preciso que se tenha uma noção do que se entende por ''[[globalização]]'', sentido que está longe de ser consensual; os acadêmicos não conseguem se pôr de acordo acerca do verdadeiro significado do termo '''globalização''', para o qual ainda não há uma definição coerente ou universal. Alguns autores se concentram nos aspectos meramente economicos, outros nos fluxos financeiros, outros nos aspectos políticos e legislativos, e assim por diante.<ref name="CONVERSI"/>
 
Para a [[sociologia]] a [[globalização]] é o ''processo pelo qual a vida social e [[cultura]]l nos diversos países do mundo é cada vez mais afetada por influências internacionais em razão de injunções políticas e econômicas''.
Linha 51 ⟶ 29:
Dessa maneira, seria mais correto, ao invés de se falar em '''antiglobalização''', se falar em '''uma outra globalização'''.
 
Nesse sentido [[Stiglitz]]<ref name="POBRE">[http://txt.estado.com.br/editorias/2006/09/27/eco-1.93.4.20060927.21.1.xml GARDELS, Nathan.''Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo" ''. Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006]</ref> escreveu, em 2006, um livro com o sugestivo título de ''Making Globalization Work'' (''Fazendo a Globalização Funcionar'').<ref name=WORK>{{en}} STIGLITZ, Joseph E.''Making Globalization Work''. New York, London: W. W. Norton, 2006.</ref> Funcionar, nesse contexto, significa cumprir as promessas apregoadas quando da implementação das chamadas ''medidas globalizadoras'', que - segundo seus defensores alegavam - teriam o condão de melhorar o padrão de vida das populações pelo mundo afora.
 
Mais de vinte anos passados do [[Consenso de Washington]], tais melhorias ainda se constituem numa miragem, enquanto muitas pioras são descritas em diversos países.<ref name="WORK"/><ref name=MAL>[[Joseph E. Stiglitz|STIGLITZ]], J.E. ''A Globalização e seus malefícios. A promessa não cumprida de benefícios globais. São Paulo, Editora Futura, 2002.</ref>
Linha 75 ⟶ 53:
{{quote2|Para a maior parte do [[Mundo]], a [[globalização]], como tem sido conduzida, assemelha-se a um pacto com o [[demônio]]. Algumas pessoas nos países ficam mais ricas, as estatísticas do [[PIB]] - pelo valor que possam ter - aparentam melhoras, mas o modo de vida e os valores básicos da sociedade ficam ameaçados. Isto não é como deveria ser.<ref name=PACT>[http://www.beppegrillo.it/eng/2007/01/stiglitz.html STIGLITZ, Joseph E. ''The pact with the devil.'' Beppe Grillo's Friends interview]</ref><ref name=CROTTY3>[http://www.peri.umass.edu/Publication.236+M5d11f567258.0.html CROTTY, James. ''Slow Growth, Destructive Competition, and Low Road Labor Relations: A Keynes-Marx-Schumpeter Analysis of Neoliberal Globalization''. PERI- Political Economy Research Institute, PERI Publications, 11/1/2000]</ref>|[[Joseph E. Stiglitz]]}}
 
== ==
{{referências}}
 
== Bibliografia ==
<div class="references-small" style="-moz-column-count:2; column-count:2;">
* {{Link|en|2=http://www.planetagora.org/english/theme4_suj2_note.html |3=CONVERSI, Daniele. ''Americanization and the planetary spread of ethnic conflict: The globalization trap.'' in Planet Agora, dezembro 2003 - janeiro 2004}}
* {{en}} CONVERSI, Daniele. ''Reassessing theories of nationalism. Nationalism as boundary maintenance and creation'', Nationalism and Ethnic Politics, vol. 1, nº 1, pp.&nbsp;73–85, 1995
* {{en}} CONVERSI, Daniele. ''Nationalism, boundaries and violence'', Millennium. Journal of International Studies, vol. 28, n. 3, 1999, pp.&nbsp;553–584
* {{en}} CONVERSI, Daniele. ''Post-communist societies between ethnicity and globalization'', Journal of Southern, 2001
* {{Link|en|2=http://www.peri.umass.edu/Publication.236+M5d11f567258.0.html |3=CROTTY, James. ''Slow Growth, Destructive Competition, and Low Road Labor Relations: A Keynes-Marx-Schumpeter Analysis of Neoliberal Globalization''. PERI- Political Economy Research Institute, PERI Publications, 11/1/2000}}
* [http://txt.estado.com.br/editorias/2006/09/27/eco-1.93.4.20060927.21.1.xml GARDELS, Nathan.''Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo" ''. Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006]
* [http://uclouvain.academia.edu/GeoffreyPleyers PLEYERS, Geoffrey"][https://www.academia.edu/376658/Alter-globalization_Global_justice._Becoming_actors_in_the_global_age "Alter-Globalization. Becoming actors in the Global Age"]. Cambridge: Polity, 2011. [http://www.academia.edu/1888623/Henrietta_L._Moore._Review_of_G._Pleyers_Alter-globalization_Polity_2011_._European_Journal_of_Sociology "Review"]
* SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. ''Novo-desenvolvimentismo: um projeto nacional de crescimento com eqüidade social''. Barueri:Manole; Rio de Janeiro:Fundação Konrad Adenauer, 2005. ISBN 85-98416-04-5 (Manole)
* {{Link|en|2=http://www.commondreams.org/views/101100-101.htm |3= ''Joseph Stiglitz -- A Dangerous Man, A World Bank Insider Who Defected.'', HAGE, Dave, Minneapolis Star-Tribune, October 11, 2000}}
* [[Stiglitz|STIGLITZ, Joseph E.]] ''Livre Mercado Para Todos''. São Paulo: Campus Editora, 2006. ISBN 8535221794
* [[Stiglitz|STIGLITZ, Joseph E.]]''Rumo a um novo paradigma''. São Paulo: Francis, 2004. ISBN 8589362418
* {{Link|en|2=http://www.globalpolicy.org/socecon/bwi-wto/stig.htm |3=STIGLITZ, Joseph E. ''More Instruments and Broader Goals: Moving Toward the Post-Washington Consensus''. The 1998 WIDER Annual Lecture. Helsinki, Finlândia, 07/1/1998.}}
* {{Link|en|2=http://www.beppegrillo.it/eng/2007/01/stiglitz.html |3=STIGLITZ, Joseph E. ''The pact with the devil.'' Beppe Grillo's Friends interview}}
</div>
 
== Ver também ==
<div class="references-small" style="-moz-column-count:2; column-count:2;">
* [[Anarquismo]]