Ângelo Arroyo: diferenças entre revisões

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'''Ângelo Arroyo''' ([[São Paulo]], [[6 de novembro]] de [[1928]] – São Paulo, [[16 de dezembro]] de [[1976]]) foi um dirigente do [[Partido Comunista do Brasil]] (PC do B), integrante da [[Guerrilha do Araguaia]] e um dos dois únicos combatentes a saírem vivos do conflito após o extermínio dos [[guerrilheiro]]s pelas [[Forças Armadas do Brasil|Forças Armadas]].
 
== Biografia ==
[[Operário]] [[Metalurgia|metalúrgico]], filiou-se ao PCdoB em [[1945]], aos 17 anos, participando do movimento [[Sindicalismo|sindicalista]] [[paulista]] e tornando-se um dos líderes do Sindicato dos Metalúrgicos nos [[Década de 1950|anos 50]].<ref name="Tortura Nunca Mais">[http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=173 TorturaNunca Mais/RJ]</ref>
'''Participação Política'''
 
Ângelo Arroyo filiou-se ao PCdoB aos 17 anos, em 1945, e no ano seguinte foi eleito membro do Comitê Regional de São Paulo e secretário do Comitê Distrital da Mooca. Atuava como operário metalúrgico e passou a integrar o movimento sindical do estado de São Paulo, onde viria a ser um dos líderes do Sindicato dos Metalúrgicos nos anos 50. Como sindicalista, participou das greves e manifestações ocorridas em São Paulo nos anos 1952 e 1953, que resultaram em sua prisão por algumas ocasiões. <ref name="Tortura Nunca Mais">[http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=173 TorturaNunca Mais/RJ]</ref>
Com a implantação da [[ditadura militar no Brasil]] em [[1964]], Arroyo entrou na clandestinidade e foi para o [[nordeste]] ajudar a desenvolver núcleos de resistência na [[área rural]] do país. Integrante do comitê central do [[Partido]], foi um dos primeiros quadros partidários a instalarem-se no Araguaia, sob o codinome de ‘Joaquim’, assumindo por alguns anos a condição de pequeno comerciante local, enquanto se faziam os preparativos para a instalação da guerrilha.
 
Além da sua atuação em São Paulo, Arroyo participou de movimentos políticos em áreas rurais ao redor do país. Uma das ações que contou com a sua participação foi a Revolta e Formoso e Trombas,organizada por camponeses sem terra, em Goiás, nos anos de 1950 a 1957. Pouco antes do Golpe Militar, em 1962, tornou-se membro da Comissão Executiva do Comitê Central pela Conferência Nacional Extraordinária organizada pelo partido ao qual era afiliado.
 
'''Ideologia'''
 
Influenciado pelas ideologias de esquerda, Arroyo defendia a luta armada revolucionária. Acreditava na ideologia científica do proletariado e, em 1956, junto aos seus colegas de partido Pedro Pomar, Maurício Grabois, Lincoln Roque, Lincoln Oest, Luiz Guilhardini e João Amazonas, entrou em defesa do Partido Bolchevique, de Lenin e Stálin, quando no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, foram feitas críticas à linha revolucionária do partido soviético. <ref> name="A Nova Democraria">[http://www.anovademocracia.com.br/no-99/4356-84-anos-do-nascimento-de-angelo-arroyo-autentico-proletario-revolucionario], A Nova Democracia</ref>
 
Em 1960, durante a organização do V Congresso do Partido Comunista do Brasil, Arroyo se opôs à linha revisionista de [[Luís Carlos Prestes]], que abria mão da luta armada. Nos anos seguintes, ele participou de atividades contra o revisionismo na cidade de São Paulo.
Nos dois anos seguintes, colaborou para a reestruturação do Partido Comunista do Brasil, sendo eleito membro do Comitê Central e da Comissão Executiva durante a organização da Conferência Nacional Extraordinária organizada pelo partido.
 
== Araguaia ==
Com a implantação da [[ditadura militar no Brasil]] em [[1964]], Arroyo entrou na clandestinidade e foi para o [[nordeste]] ajudar a desenvolver núcleos de resistência na [[área rural]] do país. Integrante do comitê central do [[Partido]], foi um dos primeiros quadros partidários a instalarem-se no Araguaia, sob o codinome de ‘Joaquim’, assumindo por alguns anos a condição de pequeno comerciante local, enquanto se faziam os preparativos para a instalação da guerrilha.
Um dos líderes da guerrilha, em [[1972]] assumiu o comando do destacamento A quando do início das ofensivas. Em janeiro de [[1974]], fugiu da zona de conflito cercada com o guerrilheiro [[Micheas Gomes de Almeida|‘Zezinho do Araguaia’]] quando os últimos combatentes já estavam sendo dizimados pelas [[Forças Armadas do Brasil|Forças Armadas]]. Ele e Zezinho foram os únicos a escaparem do cerco do exército e conseguirem voltar a São Paulo vivos, deixando para trás cerca de sessenta companheiros mortos nas matas da [[Amazônia]].<ref>Gaspari, Elio - ''[[A Ditadura Escancarada]], Cap. A floresta dos homens sem alma'', [[Companhia das Letras]], 2002</ref>
 
No sul do Pará, era um dos comandantes da guerrilha, ajudando a organizar pequenos grupos para furar o cerco militar. Arroyo assumiu o comando do destacamento A, em [[1972]], onde integrou a Comissão Militar das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Era responsável pela comunicação entre os destacamentos guerrilheiros e a comissão militar. <ref> name="Grabois">[http://www.grabois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=49&id_noticia=873], Organização Grabois</ref> Foi um dos poucos sobreviventes das investidas militares ao longo da Guerrilha do Araguaia e só saiu de lá em janeiro de 1974 quando o movimento havia sido dispersado pelo exército. Fugiu da zona de conflito com o guerrilheiro [[Micheas Gomes de Almeida|‘Zezinho do Araguaia’]], quando os últimos combatentes já haviam sido dizimados pelas Forças Armadas. Ele e Zezinho foram os únicos a escaparem do cerco do exército, após o ataque à Comissão Militar da Guerrilha, que resultou na morte do líder do partido [[Maurício Grabois]]. Deixaram para para trás cerca de sessenta companheiros mortos nas matas da [[Amazônia]].<ref>Gaspari, Elio - ''[[A Ditadura Escancarada]], Cap. A floresta dos homens sem alma'', [[Companhia das Letras]], 2002</ref>
 
Seu ''Relatório Arroyo'', em que relata a aventuraação de resistência comunista no Araguaia vista de dentro, é um dos principais e únicos documentos existentes dasobre a história da guerrilha. Nele foram indicadas as ações do movimento, além das mortes e desaparecimentos ao longo dos dois anos da Guerrilha do Araguaia. Até hoje, o relatório feito por Arroyo e apreendido no dia de sua morte é o mais completo documento sobre a ação no sul do Pará.<ref>{{citar web|url=http://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/a/arroyo_angelo.htm|titulo=Dicionário Político|acessodata=24/04/2011}}</ref>
 
==Relatório Arroyo==
Tido como o principal documento sobre a Guerrilha do Araguaia, mesmo 30 anos depois dos acontecimentos, o [http://www.grabois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=49&id_noticia=873 Relatório Arroyo](1974) foi entregue aos líderes do partido comunista em São Paulo logo após a fuga de Ângelo Arroyo do cerco das Forças Armadas. O documento é dividido em 9 partes: Primeira campanha, Início da luta, Segunda campanha, Avanços e perdas, Período de Trégua, A guerrilha e as massas, Ação militar, Novas tarefas e medidas da CM e Terceira campanha. Entre os pontos de destaque do documento, está o depoimento de Arroyo sobre o apoio das massas ao movimento no sul do Pará, conforme explicitado no seguinte trecho:
 
{{cquote|
:''O êxito maior da nossa atuação, nesse período da trégua, foi a ligação com as massas. Estendeu-se nossa influência entre o povo. Ganhamos muitos amigos, e não era só apoio moral. A massa fornecia comida e mesmo redes, calçados, roupas etc. E informação. Contávamos com o apoio de mais de 90% da população. A fraca presença do inimigo na área e a nossa politica correta no trabalho de massa proporcionaram esses exitos. Os guerrilheiros, todos eles, eram bastante estimados pela massa. Os de maior prestígio eram Osvaldo e Dina. Logo depois vinham: Sonia (Lúcia Maria da Silva), Piauí (Nelson Lima Piauí Dourado), Nelito, Zé Carlos (do A); Amauri, Mariadina (Dinaelza Santana Coqueiro) (do B); Mundico (do C); Joca (Giancarlo Castiglia) (do CM) e Paulo. Os guerrilheiros ajudavam as massas no trabalho de roça. O Romance da Libertação era recitado pela massa. Os hinos da guerrilha, elaborados lá mesmo, eram cantados pela massa. Nas sessões de terecô (candomblé) se faziam cantorias de elogio à guerrilha. O primeiro aniversário da luta guerrilheira foi comemorado com a participação de elementos de massa.''}} <ref name="Organização Grabois">[http://www.grabois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=49&id_noticia=873], Organização Grabois.</ref>
 
==Morte==
 
Arroyo,Depois entretantode sair da Guerrilha do Araguia, Arroyo não teria vida longa.. Em [[16 de dezembro]] de [[1976]], foi fuzilado junto com o também líder comunista [[Pedro Pomar]], ambos desarmados, em uma emboscada feita por agentes do [[Doi-Codi]], numa casa da Rua [[Pio XI]], no [[bairro]] da [[Lapa (bairro de São Paulo)|Lapa]], em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], quando participava de uma reunião da direção do PCdoB.<ref name="Tortura Nunca Mais" />. OEles episódiose ficoureuniam conhecidopara comoredigir uma nova edição do jornal [[ChacinaA daClasse LapaOperária]], publicação do Partido Comunista que começou a circular em 1925, distribuída sigilosamente no Brasil durante o período da Ditadura Militar. <ref name="Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos" </ref>
Seu ''Relatório Arroyo'', em que relata a aventura comunista no Araguaia vista de dentro, é um dos principais e únicos documentos existentes da história da guerrilha.<ref>{{citar web|url=http://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/a/arroyo_angelo.htm|titulo=Dicionário Político|acessodata=24/04/2011}}</ref>
 
O episódio ficou conhecido como [[Chacina da Lapa]]. Os agentes do DOI-CODI/SP cercaram o local e não houve troca de tiros, apesar dos documentos militares supostamente forjados indicarem ter havido um tiroteio. Ângelo Arroyo e Pedro Pomar foram mortos no interior da casa e João Baptista Franco, segundo nota oficial, teria sido morto por atropelamento perto do local da fuzilaria. O corpo de ngelo Arroyo está enterrado no Cemitério da IV Parada em São Paulo.
Arroyo, entretanto, não teria vida longa. Em [[16 de dezembro]] de [[1976]], foi fuzilado junto com o também líder comunista [[Pedro Pomar]], ambos desarmados, em uma emboscada feita por agentes do [[Doi-Codi]], numa casa da Rua [[Pio XI]], no [[bairro]] da [[Lapa (bairro de São Paulo)|Lapa]], em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], quando participava de uma reunião da direção do PCdoB.<ref name="Tortura Nunca Mais" /> O episódio ficou conhecido como [[Chacina da Lapa]].
 
== Ver também ==