Virgindade perpétua de Maria: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Raffaello - Spozalizio - Web Gallery of Art.jpg|thumb|direita|300px|[[Casamento da Virgem|Casamento da Virgem Maria e José]]. A doutrina da virgindade perpétua ensina que Maria teria permanecido virgem por toda a vida, mesmo durante o seu casamento com José.<br><small>1504. Por [[Rafael Sanzio|Rafael]], atualmente na [[Pinacoteca di Brera]], em [[Milão]].</small>]]
A doutrina da '''virgindade perpétua de Maria''' expressa a ''"real e perpétua [[virgindade]] de [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] mesmo no ato de dar à luz a [[Jesus]], o [[Filho de Deus]] feito homem"''<ref name="Miravalle56">Mark Miravalle, 1993, ''Introduction to Mary'', Queenship Publishing ISBN 978-1-882972-06-7, pages 56-64</ref><ref name="REBrown273">''Mary in the New Testament'' edited by Raymond Edward Brown 1978 ISBN 0-8091-2168-9 page 273</ref>. De acordo com esta doutrina, Maria permaneceu sempre virgem ({{lang-el|{{politônico|ἀειπαρθένος}}}} - ''aeiparthenos''), fazendo de Jesus seu único filho, cuja concepção e [[nascimento virginal de Jesus|nascimento]] são considerados milagrosos<ref name=Miravalle56 /><ref name=REBrown273 />.
 
Já no século IV, a doutrina era amplamente apoiada pelos [[Padres da Igreja]] e, no sétimo, foi afirmada num conjunto de [[concílio ecumênico|concílios ecumênicos]]<ref name=BWell315 /><ref name=Bromiley271 /><ref name=ThemeM2 />. A doutrina é parte dos ensinamentos dos [[católicos]], [[anglocatólicos]], [[Igreja Ortodoxa|ortodoxos]] e [[ortodoxos orientais]], como se comprova em suas [[liturgia]]s, nas quais repetidamente se faz referência à Maria como "sempre virgem"<ref name=MWebster >''Merriam-Webster's encyclopedia of world religions'' by Merriam-Webster, Inc. 1999 ISBN 0-87779-044-2 page 1134</ref><ref>''[http://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P1K.HTM Catechism of the Catholic Church'' §499]</ref><ref>[http://www.ocf.org/OrthodoxPage/liturgy/liturgy.html Divine Liturgy of St John Chrysostom], [http://www.coptic.net/prayers/StBasilLiturgy.html Coptic Liturgy of St Basil], [http://www.copticchurch.net/topics/liturgy/liturgy_of_st_cyril.pdf Liturgy of St Cyril], [http://web.ukonline.co.uk/ephrem/lit-james.htm Liturgy of St James], [http://www.frmichel.najim.net/liturgyvid.pdf Understanding the Orthodox Liturgy] etc.</ref>.
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== Doutrina e desenvolvimento ==
[[Ficheiro:Our Lady the Vivifying Fountain.jpg|thumb|direita|300px|''[[Theotokos]]'' "Fonte da Vida".<br><small>[[Ícone]] do século XVIII.</small>]]
A doutrina da '''virgindade perpétua de Maria''' expressa a ''"real e perpétua virgindade de Maria mesmo no ato de dar à luz a Jesus, oFilho de Deus feito homem"''1 2 . De acordo com esta doutrina, Maria permaneceu sempre virgem (em grego: YἀειπαρθένοA doutrina da virgindade perpétua de Maria expressa a "real e perpétua virgindade de Maria mesmo no ato de dar à luz a Jesus, o Filho de Deus feito homem"1 2 . De acordo com esta doutrina, Maria permaneceu sempre virgem (em grego: ἀειπαρθένος - aeiparthenos), fazendo de Jesus seu único filho, cuja concepção e nascimento são considerados milagrosos1 2 .
A doutrina da virgindade perpétua de Maria, que se acredita ser ''[[de fide]]'' (ou seja, defendida pelos católicos como sendo uma parte essencial da fé), afirma que Maria era virgem antes e permaneceu assim durante o parto de Jesus e por todo o resto de sua vida<ref name=Miravalle56 >Mark Miravalle, 1993, ''Introduction to Mary'', Queenship Publishing ISBN 978-1-882972-06-7, pages 56-64</ref><ref name=REBrown273 /><ref name=Cat499>[http://www.vatican.va/archive/ccc_css/archive/catechism/p122a3p2.htm Vatican website Catechism of the Catholic Church item 499]</ref>. A natureza tripla desta doutrina (que faz referência a "antes", "durante" e "depois") pressupõe, assim, a doutrina do [[nascimento virginal de Jesus]]<ref name=Miravalle56 /><ref name=REBrown273 >''Mary in the New Testament'' edited by Raymond Edward Brown 1978 ISBN 0-8091-2168-9 page 273</ref><ref name=Cat499/>.
 
A doutrina da virgindade perpétua é também distinta do [[dogma católico|dogma]] da [[Imaculada Conceição de Maria]], que está relacionado à concepção da própria Virgem sem a mancha (''macula'' em [[latim]]) do [[pecado original]]<ref>''A history of the church in the Middle Ages'' by F. Donald Logan, 2002, ISBN 0-415-13289-4, p150</ref>.
 
 
O termo [[língua grega|grego]] ''"[[aeiparthenos]]"'' ("sempre virgem") aparece já na obra de [[Epifânio de Salamina]] no início do século IV<ref>''Joseph, Mary, Jesus'' by Lucien Deiss, Madeleine Beaumont 1996 ISBN 0-8146-2255-0 page 30</ref> e é amplamente utilizado na liturgia da [[Igreja Ortodoxa]]<ref>''The image of the Virgin Mary in the Akathistos hymn'' by Leena Mari Peltomaa 2001 ISBN 90-04-12088-2 page 127</ref>. As orações litúrgicas ortodoxas tipicamente terminam com ''"Lembrando a nossa mais sagrada, pura, abençoada e gloriosa Senhora, a ''[[Theotokos]]'' e sempre virgem Maria"''<ref>''Eastern Orthodoxy through Western eyes'' by Donald Fairbairn 2002 ISBN 0-664-22497-0 page 100</ref>.
Já no século IV, a doutrina era amplamente apoiada pelos Padres da Igreja e, no sétimo, foi afirmada num conjunto de concílios ecumênicos3 4 5 . A doutrina é parte dos ensinamentos dos católicos, anglocatólicos, ortodoxos e ortodoxos orientais, como se comprova em suas liturgias, nas quais repetidamente se faz referência à Maria como "sempre virgem"6 7 8 .
 
 
 
Alguns dos primeiros reformadores protestantes apoiavam a doutrina e figuras importantes do anglicanismo, como Hugo Latimer e Thomas Cranmer "seguiam a tradição que herdaram aceitando Maria como 'sempre virgem'"9 . Contudo, a doutrina reformada posterior literalmente abandonou a ideia10 11 . A virgindade perpétua é, contudo, atualmente defendida atualmente por alguns teólogos ς - ''aeiparthenos''), fazendo de Jesus seu único filho, cuja concepção e nascimento são considerados milagrosos1 2 .
 
Já no século IV, a doutrina era amplamente apoiada pelos Padres da Igreja e, no sétimo, foi afirmada num conjunto de concílios ecumênicos34 5 . A doutrina é parte dos ensinamentos dos católicos, anglocatólicos,ortodoxos e ortodoxos orientais, como se comprova em suas liturgias, nas quais repetidamente se faz referência à Maria como "sempre virgem"6 7 8 .
 
Alguns dos primeiros reformadores protestantes apoiavam a doutrina e figuras importantes do anglicanismo, como Hugo Latimer e Thomas Cranmer ''"seguiam a tradição que herdaram aceitando Maria como 'sempre virgem'"''9 . Contudo, a doutrina reformada posterior literalmente abandonou a ideia10 11 . A virgindade perpétua é, contudo, atualmente defendida atualmente por alguns teólogos 
 
O [[Catecismo da Igreja Católica]] (item 499) também inclui o termo ''aeiparthenos'' e, fazendo referência à constituição dogmática ''[[Lumen Gentium]]'' (item 57), afirma: ''"O nascimento de Cristo não diminuiu a integridade virginal de sua mãe, mas santificou-a"''<ref>''Catechism of the Catholic Church'' by the Vatican, 2002 ISBN 0-86012-324-3 page 112</ref><ref>[http://www.vatican.va/archive/ccc_css/archive/catechism/p122a3p2.htm ''Vatican website'': Catechism item 499]</ref><ref>[http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_en.html Vatican website: ''Lumen Gentium'' item 57]</ref>.