Dum diversas: diferenças entre revisões

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{{Título em itálico}}
{{Wikificação|data=julho de 2013}}
'''''Dum Diversas''''' é uma [[bula papal]] emitida a [[18 de junho]] de [[1452]] pelo [[papa Nicolau V]] e dirigida ao rei [[Afonso V de Portugal]]. Por aquela bula os portugueses eram autorizados a conquistar territóriios não cristianizados e consignar a [[escravatura]] perpétua os [[sarraceno]]s e [[pagã|pagãos]] que capturassem,<ref>Davenport, Frances Gardiner, and Paullin, Charles Oscar. 1917. ''European Treaties Bearing on the History of the United States and Its Dependencies to 1684''. Carnegie Institution of Washington. p. 12. A large excerpt of the bull, in Latin, can be found in Davenport, p. 17, Doc. 1, note 37.</ref> razão pela qual é considerada frequentemente como o advento do comércio e tráfico europeu de escravos na [[África Ocidental]].<ref>"ushering in the West African slave trade", Love, David A. June 16, 2007. "[http://www.zmag.org/content/showarticle.cfm?SectionID=30&ItemID=13079 The Color of Law On the Pope, Paternalism and Purifying the Savages]." ''ZNet''.</ref>
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==Enquadramento==
Esta bula é considerada por historiadores como uma resposta à ameaça [[sarraceno|sarracena]], quando houveocorreu o grande choque cultural entre cristãos, muçulmanos e pagãos, conhecidos e temidos pelos cristãos porpela sua violência. A Bulabula tinha por objetivo final, contudo, a conversão dos muçulmanos[[muçulmano]]s e pagãos escravizados.
 
O [[papa Calisto III]] reiterou a bula em 1456 com a bula ''Etsi cuncti'', renovada pelo [[papa Sisto IV]] em 1481 e pelo [[papa Leão X]] em 1514, com a bula ''Precelse denotionis''. O conceito de consignamento de esferas de influência exclusiva de determinados estados-nação foi alargado ao [[continente americano]] em 1493 pelo [[papa Alexandre VI]] com a bula ''[[Inter caetera]]''.<ref name="hayes">Hayes, Diana. 1998. "Reflections on Slavery." in Curran, Charles E. ''Change in Official Catholic Moral Teaching''.</ref><ref name="sardar"/><ref>Hart, Jonathan Locke. 2003. ''Comparing Empires: European colonialism from Portuguese expansion to the Spanish-American War''. Palgrave Macmillan. ISBN 1403961883. p. 18.</ref><ref>Bourne, Edward Gaylord. 1903. ''The Philippine Islands, 1493-1803''. The A.H. Clark company. p. 136.</ref> A 8 de janeiro de 1554, estes poderes foram alargados aos [[lista de reis da Espanha|reis da Espanha]].
 
Publicada um ano antes da [[queda de Constantinopla]] em 1453, a bula pode ter tido a intenção de começar uma nova cruzada contra o [[Império Otomano]].<ref name="sardar"/> O sobrinho de Nicolau V, [[Loukas Notaras]], foi [[Megas Doux]] do [[Império Bizantino]].<ref>Eaglestone, C.R. 1878. ''The siege of Constantinople, 1453''. p. 7.</ref> Alguns historiadores vêem estas bulas juntas como extensão do legado teológico das [[Cruzadas]] do [[papa Urbano II]] para justificar a colonização europeia e o expansionismo,<ref name="sardar">Sardar, Ziauddin, and Davies, Merryl Wyn. 2004. ''The No-Nonsense Guide to Islam''. Verso. ISBN 1859844545. p. 94.</ref> acomodando «tanto o mercado como os anseios da alma cristã»".<ref>"both the marketplace and the yearnings of the Christian soul". Hood, Robert Earl. 1994. ''Begrimed and Black: Christian Traditions on Blacks and Blackness''. Fortress Press. ISBN 0800627679. p. 117.</ref>''Dum Diversas'' era essencialmente ''geograficamente ilimitada'' na sua aplicação, sendo talvez o acto papal mais importante referente à colonização portuguesa.<ref>Grewe, Wilhelm Georg. 2000. ''The Epochs of International Law''. Walter de Gruyter. ISBN 3110153394. p. 230.</ref>
A '''Dum Diversas''' é uma [[bula papal]] publicada em [[18 de junho]] de [[1452]] pelo [[Papa Nicolau V]].
 
AtravésPela destabula Bula''Dum Diversas'', dirigida ao rei [[Afonso V de Portugal]], o pontífice afirma:
{{cita|''(...) outorgamos por estes documentos presentes, com a nossa Autoridade Apostólica, permissão plena e livre para invadir, buscar, capturar e subjugar sarracenos e pagãos e outros infiéis e inimigos de Cristo onde quer que se encontrem, assim como os seus reinos, ducados, condados, principados, e outros bens [...] e para reduzir as suas pessoas à escravidão perpétua.''|col2=''(...) nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo (...).''| }}
 
Sarracenos:No texto é utilizado o termo «sarracenos» (do [[Grego clássico|grego]]: "''sarakenoi''") era, uma das formas com que os cristãos do Medievo[[Medieval|medievais]] designavam, os árabes[[árabe]]s oue os muçulmanos em geral. As palavras "islãislão" e "muçulmano" só foram introduzidas nas línguas européiaseuropeias no [[século XVII]].
:"''(...) nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo(...).''"
 
Para entender as razões que levaram o papa Nicolau V a emitir esta bula, há que recordar que ao tempo os muçulmanos ainda mantinham razias constra os cristãos na Europa, em particular ao longo das costas do Mediterrâneo e na região balcânica e do sueste europeu, com destaque para o avanço otomano sobre a Hungria e a Áustria. Por outro lado, o tráfico negreiro já desde há muito era feito pelos próprios africanos em largas regiões da África, onde as tribos, reinos e impérios africanos praticavam largamente o esclavismo, mantendo desde período muito anterior à chegada dos europeus um intenso comércio de escravos com os povos muçulmanos do [[Norte de África]] e da [[Península Arábica]]. Os escravos eram inicialmente vendidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos com sequestros aleatórios.
Esta bula é considerada por historiadores como uma resposta à ameaça [[sarraceno|sarracena]], quando houve o grande choque cultural entre cristãos, muçulmanos e pagãos, conhecidos e temidos pelos cristãos por sua violência. A Bula tinha por objetivo final, contudo, a conversão dos muçulmanos e pagãos escravizados.
 
Em [[8 de janeiro]] de [[1554]], estes poderes foram estendidos aos [[lista de reis da Espanha|reis da Espanha]].
 
Posteriormente os muçulmanos (os ''sarracenos'') iniciaram a chamada ''escravatura branca'', com captura e redução à escravidão de europeus, com o apoio das principais potências muçulmanas, com destaque para a acção dos [[piratas da Barbária]], se deados na costa norte-africana, e os raptos em massa de [[eslavo]]s conduzidos pelos [[tártaros]] e seus aliados otomanos nas estepes do leste europeu. O tráfico de escravos europeus para África é comprovado, por exemplo, com a descrição do [[Império do Mali]] feita pelo cronista muçulmano [[Ibn Batuta]] (1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de [[al-Hasan]] (1483-1554) sobre [[Timbuctu]], a capital do [[Império Songai]].
Sarracenos: (do grego sarakenoi) era uma das formas com que os cristãos do Medievo designavam, os árabes ou os muçulmanos. As palavras "islã" e "muçulmano" só foram introduzidas nas línguas européias no século XVII.
 
Num sentido de limitação do alcance da bula ''Dum diversas'', em 1537 o [[papa Paulo III]] condenou o esclavagismo "injusto" dos não-cristãos pela bula ''[[Sublimus Dei]]'',<ref>http://www.papalencyclicals.net/Paul03/p3subli.htm</ref> embora tenha por essa altura considerado aceitáveis a escravatura em [[Roma]], em 1545, as leis sobre escravatura promulgadas em 1547 por [[Henrique VIII de Inglaterra]] e, em 1548, a compra de escravos muçulmanos.<ref>''The Catholic Church and Slavery'', J. F Maxwell, 1975, Barry-Rose Publishers.</ref> Em 1686, o [[Santo Ofício]] limitou a bula ao decretar que os africanos escravizados por [[guerra justa|guerras injustas]] deviam ser postos em liberdade.<ref name="hayes"/>
Para entender o porquê o "Papa Nicolau V" emite essa bula, devemos adentrar na história e descobrir o que os muçulmanos faziam aos cristãos na Europa: primeiramente, o tráfico negreiro era feito pelos próprios negros dentro da África muitos séculos antes da chegada dos brancos europeus à África, as tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, da mesma forma as demais etnias muçulmanas. Estes eram vendidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos com seqüestros aleatórios.
 
''Dum Diversas'', em conjunto com oturas bulas como ''[[Romanus Pontifex]]'' (1455), ''[[Ineffabilis et summi]]'' (1497), ''[[Dudum pro parte]]'' (1516) e ''[[Aequum reputamus]]'' (1534) documentam o ''[[ius patronatus]]'' português.<ref>Desai, Guarav Gajanany Nair, Supriya. 2005. ''Postcolonialisms: An Anthology of Cultural Theory and Criticism''. Rutgers University Press. ISBN 0813535522. p. 52.</ref><ref>Mudimb̂ae, Valentin Yves y Mudimbé, Vumbi Yoka. 1994. ''The Idea of Africa''. Indiana University Press. ISBN 0253208726. p. 31.</ref> O [[papa Alexandre VI]], natural de [[Valência]], emitiu uma série de bulas que limitavam o poder português em favor de Espanha, sobretudo a bula ''[[Dudum siquidem]]'' (1493).
Posteriormente os muçulmanos (“sarracenos”) iniciaram o chamado “escravismo branco”, eles iam até a Europa buscar principalmente os cristãos para escravizá-los com o total apoio africano. Isso pode ser facilmente comprovado, por exemplo, com a descrição do “império de Mali” feita pelo cronista muçulmano Ibn Batuta (1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de al-Hasan (1483-1554) sobre Tumbuctu, capital do império de Songai.
 
{{Ref-section|Notas}}
== {{Ver também}} ==
* Bula ''[[Romanus Pontifex]]'' (1455)
* Bula ''[[Bula Inter Coeteracaetera]]'' (1493)
* [[Igreja Católica]]
* [[Era dos Descobrimentos]]
 
==Ligações externas==