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Os Maku do Brasil e Colômbia preparavam o curare raspando caules e raízes de plantas pertencentes ao gênero Strychnos spp. As raspas eram colocadas em um funil de folhas de arumã (planta da Família Marantaceae) e sobre elas água era derramada lentamente. Uma panela de barro cozido recebia o líquido avermelhado contendo os alcalóides. Em seguida a panela era colocada sobre fogo lento por dois ou três dias até formar um líquido com a consistência de xarope e de coloração escura. Este era colocado em pequenos potes de cerâmica, onde se solidificava se ali ficasse por muito tempo. Para usá-lo, acrescentava-se água morna para diluí-lo<ref>SILVA, Alcionilio Bruzzi Alves da (1901-1987). '''A civilização indígena dos Uaupés'''. São Paulo, Linográfica Editora. 1962, 496 p.</ref>. Os Maku abatiam aves e macacos em copas de árvores a quarenta metros de altura<ref>REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA (1977). '''Cultura'''. p. 32-33. In: Revista de Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1977, ano I, nº 4, 64p.</ref>.
 
Os Kachúyana do [[Amapá]] faziam o curare com o [[tubérculo]] do cipó-kamáni. Após ser limpo e ficar de molho por dois ou três dias nas águas do [[igarapé]], o [[tubérculo]] tinha sua [[casca]] removida e a [[entrecasca]], que contém o [[veneno]], era raspada e guardada para futuro uso. Na lua certa o preparador levava a [[raspa]] para a casa onde o [[veneno]] seria preparado e de lá não saia até que ficasse pronto, o que demorava de dois a três dias. As raspas[[raspa]]s eram fervidas em água e depois coadas e o líquido recolhido voltava à fervura por mais três dias, quando uma planta chamada rabo de jacaretinga, aranhas[[aranha]]s e presas de cobras[[cobra]]s eram adicionados. Só a primeira era essencial e, embora não fosse venenosa, engrossava o líquido que ficava com a consistência viscosa. Quando necessário, [[breu]] era misturado para o [[veneno]] ficar mais pegajoso. A força [[letal]] deste curare permanecia por muitos anos<ref name="rai"/>
 
Os Yanoama de Roraima, quando caçavam com arco, envenenavam suas flechas de taquara com iacoana para abater macacos, líquido de efeito paralisante como o curare, extraído da casca de árvore do mesmo nome. Ao atingir o animal a ponta se separava da haste da flecha e permanecia no corpo do animal que, no máximo, em um minuto caía morto. Utilizavam pontas de flechas intercambiáveis, feitas de diferentes materiais, cada tipo destinado a animais específicos. Além das utilizadas para macacos, havia pontas de dente de cutia para caçar antas e de pontas de ossos afiados para pássaros e peixes<ref>REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA. '''Cuatá, o apreciado prato dos Yanoama'''. p. 61-64. In: Revista de Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1978, ano III, nº 13, 64p.</ref>.