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No entanto, sua carreira como policial terminou de modo trágico em dia [[13 de dezembro]] de [[1965]]. Ao se envolver em uma batida de trânsito, acabou surpreendido pelo motorista que lhe desferiu cinco tiros, um deles alojou-se na medula óssea e o deixaria sem movimento nas pernas.<ref name=VARGENS-1987/> Com a paralisia, foi obrigado a se aposentar por invalidez e passou a se locomover em cadeira de roda. A limitação física o levou a mergulhar em uma profunda depressão. Ao mesmo tempo, Candeia pôde se dedicar exclusivamente ao samba, que passaria por profundas mudanças. Segundo pessoas próximas, ele se tornou mais sensível, equilibrado e liberto, corrigindo seu caráter e enriquecendo sua obra como sambista, que atingiria maturidade de caráter lírico e social, mostrando um homem amargurado, mas que tentará resistir.<ref name=VARGENS-1987/> Muitas de suas letras procurariam discutir sua nova condição, tendo no compor e cantar do samba o sentido e o significado de sua vida.bem como ele se dedicou a retomar o legado de seu pai através dos pagodes que comandava. Isso contribuiu para que o sambista começasse a resgatar sua auto-estima.<ref name=VARGENS-1987/>
 
Em [[1970]], ele teve seu primeiro disco como intérprete lançado pela gravadora Equipe. O LP "[[Candeia (álbum de 1970)|Candeia]]", cuja capa fazia um jogo com as palavras autêntico, samba, original, melodia, portela, brasil e poesia que formavam o nome do sambista, continha doze canções de sua autoria, entre elas "Dia da Graça", considerado um dos grandes sambas do compositor e feito em homenagem à [[Portela]]. No ano seguinte, foi lançado seu segundo LP, intitulado "[[Raiz (álbum de Candeia)|Raiz]]" pela gravadora, que trouxe o samba ''"De qualquer maneira"'', outro clássico do samba, cuja letra cria uma imagem figurativa da cadeira de rodas de Candeia à de um rei em seu trono.
 
Em [[1975]], Candeia concluiu seu terceiro LP individual, "[[Samba de roda (álbum de Candeia)|Samba de roda]]", lançado pela [[Tapecar]]. Também naquele ano, participou da gravação do LP "Partido em 5"", o primeiro de uma série de três volumes dedicados ao [[partido-alto]], estilo que se tornou uma das bandeiras do sambista. Entre 1973 a 1976, Candeia foi um dos personagens do [[Partido Alto (documentário)|documentário homônimo]] de [[Leon Hirszman]] sobre o sub-gênero conhecido pela improvisação. Também em 1975, Candeia lançou um manifesto crítico aos rumos que a Portela vinha tomando no carnaval, com críticas severas e transparentes a direção, gigantismo, fantasias, alegorias, samba de enredo, destaques, participação de componentes e posição externa. Apesar do tom duro, o sambista apresentou propostas claras, radicais, elaboradas e sem meandros, que no seu entender evitaria que a escola não perdesse de vista seus objetivos iniciais.<ref name=VARGENS-1987/> No entanto, elas jamais foram discutidas pela direção da escola de Oswaldo Cruz. Com isso, em dezembro daquele ano, Candeia e outros sambistas e compositores fundaram o [[GRANES Quilombo|Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo]], que se propunha a ser uma agremiação carnavalesca diferente, enfatizando principalmente a identidade cultural afro-brasileira.
 
Em [[1977]], Candeia participou do álbum "Quatro grandes do samba", que contava também com [[Nelson Cavaquinho]], [[Guilherme de Brito]] e [[Elton Medeiros]]. Também naquele ano, assinou com a gravadora estrangeira [[WEA]], que era mais conhecida no mercado fonográfico por ser voltada a música dos [[Estados Unidos]], fato que gerava críticas a Candeia. O sambista, no entanto, rebatia seus críticos, afirmando que jamais pensou em fazer concessões ao selo.<ref name=FSP-17-NOV-1978/> A WEA lançou "[[Luz da Inspiraçãoinspiração]]", onde Candeia trabalhou suas reflexões sobre a identidade cultural do negro brasileiro após a abolição. Ainda em 1977, ele começou a escrever o livro "Escola de samba: a árvore que esqueceu a raiz"". Candeia pretendia escrever o livro com [[Paulinho da Viola]] mas por falta de tempo do cantor, a obra foi escrita junto com Isnard de Araújo, devido à sua participação na criação do projeto Museu Histórico da Portela. Inicialmente proposto como um levantamento histórico da escola de samba, aproveitando depoimentos de integrantes da [[Velha Guarda da Portela|Velha Guarda portelense]], o livro aprofundou as ideias de como uma escola de samba deveria se portar, como símbolo de arte e resistência negra.
 
Com problemas nos rins decorrentes da sua paralisia, Candeia foi internado, mas se recusou a continuar o tratamento, alegando que não tinha tempo.<ref name=FSP-17-NOV-1978/> Em [[1978]], seu livro foi finalmente lançado. Ele também conseguiu finalizar a gravação de ''[[Axé!|Axé - Gente amiga do samba]]'', o seu quinto e último álbum, considerado um dos mais importantes discos da história do Samba.<ref>{{Citar livro|url= |autor=André Diniz |coautor= |título=Almanaque do samba |subtítulo=A história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir |idioma= |edição= |local= |editora=Zahar |ano=2010 |página=122 |páginas=312 |isbn=978-85-3780-873-3 |acessodata= }}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.dicionariompb.com.br/candeia/dados-artisticos |acessodata=03 de novembro de 2014 |autor= |título=Dados Artísticos|publicado=Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira |língua2=pt |citação= }}</ref><ref>{{citar web |url=http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,cristina-canta-ineditas-de-candeia,323221 |acessodata=03 de novembro de 2014 |autor=Laura Lisboa Garcia |coautores= |data=13 de fevereiro de 2009 |título=Cristina canta inéditas de Candeia|publicado=O Estado de S.Paulo |língua2=pt |citação= }}</ref> Mas o sambista não viveria para ver seu lançamento. Em [[14 de novembro]] daquele ano, ele teve uma crise aguda que o levou ao coma. O sambista foi internado no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. Seu estado piorou dois dias depois e Candeia morreu na manhã daquela quinta-feira por conta da [[rins|infecção renal]].<ref name=FSP-17-NOV-1978>{{Citar periódico |autor=Isa Cambará |data=17 de novembro de 1978 |titulo=O samba ficou menor; Candeia morreu |jornal=Folha de S.Paulo |numero= |paginas=43 |local=São Paulo |lingua2=pt |formato=jornal |acessadoem=3 de novembro de 2014 |aspas= |notas= }}</ref> Poucos dias depois, a WEA lançou o disco.<ref name=FSP-17-NOV-1978/>
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==Discografia==
===Álbuns de estúdio===
*[[1970]] ''[[Candeia (álbum de 1970)|Candeia]]'' (Equipe)
*[[1971]] ''[[Raiz (álbum de Candeia)|Raiz]]'' (Equipe)
*[[1975]] ''[[Samba de roda (álbum de Candeia)|Samba de roda]]'' (Tapecar)
*[[1977]] ''[[Luz da inspiração]]'' (WEA)
*[[1978]] ''[[Axé!|Axé - Gente amiga do samba]]'' (WEA)
 
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{{Portal3|Música|Rio de Janeiro}}
 
{{Candeia}}
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