Minervino de Oliveira: diferenças entre revisões

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'''Minervino de Oliveira'''<ref>Comunistas sonharam com presidente negro. In: '''[[Revista Raça Brasil]]''', edição 159 - outubro de 2011, páginas 58/59. ISSN 14138085</ref> ([[Rio de Janeiro (cidade)]], 1891 - desconhecido) foi um [[político]] [[brasileiro]]. Foi dirigente sindical e comunista, ligado ao [[Partido Comunista Brasileiro|PCB]], tendo sido eleito intendente no [[Distrito Federal]], nas eleições de [[1928]], pela legenda do [[Bloco Operário e Camponês]].
 
Aos dez anos já trabalhava em fábricas como aprendiz de tecelão operário. Logo em seguida, se iniciou no ofício de marmorista, passando atuar no movimento sindical carioca em 1911. Durante a década de 10, participou de importantes mobilizações sindicais no Rio de Janeiro. Nos anos 20, filiou-se ao então Partido Comunista do Brasil (PCB), tendo colaborado em A Classe Operária, órgão oficial do partido. No primeiro de Maio de 1924, Minervino discursou em nome do Centro dos Operários Marmoristas. Este, por sinal, foi o primeiro comício no qual falou, oficialmente, um representante do recém fundado Partido Comunista. Esta honra coube a Paulo de Lacerda.
 
Em 19 de agosto de 1928, o BOC indicou Minervino de Oliveira e Octavio Brandão para o cargo de intendente (vereador) no Distrito Federal (então no Rio de Janeiro). Realizaram-se visitas e comícios nos bairros populares e fábricas. A repressão policial do governo acompanhou de perto toda campanha. No dia 27 de setembro, um comício na porta do Arsenal da Marinha foi dissolvido à bala pela polícia, causando a morte de um operário e a prisão dos dois candidatos.
 
A eleição realizou-se em 3 de outubro de 1928. Cada eleitor dispunha de oito votos. Apuradas todas as urnas constatou-se a vitória de Octavio Brandão pelo primeiro distrito. Ele obteve 7.638 votos – ou seja, pelo menos 995 eleitores votaram nele. As regras eleitorais daquela época permitiam que os eleitores dessem até oito votos para o candidato escolhido. Minervino de Oliveira, concorreu pelo segundo distrito, e por sua vez, conseguiu 8.160 votos (1.020 eleitores), mas ficou em 13º lugar, num total de 12 eleitos. A diferença em relação ao último da lista foi de apenas 197 votos. Surgiu então um problema jurídico. Carreiro de Oliveira, colocado logo à frente, tinha 745 votos em separado (sub judice) e Minervino apenas 31. Uma apuração mais rigorosa daria a vitória a Minervino. No entanto, nesta disputa, as chances de um operário, comunista e negro eram muito reduzidas. Um fato inusitado mudaria a situação. Antes da posse um dos eleitos morreu num acidente. Isso abriu as portas do poder legislativo municipal para o segundo intendente do BOC, ou seja, Minervino.
 
A Classe Operária, órgão oficial do PCB, afirmou exultante: “Vitória! Vitória! Pela primeira vez na história do Brasil, após 428 anos de luta, os trabalhadores abrem uma brecha nas formidáveis muralhas do legislativo e penetram na cidadela inimiga para iniciar uma política de classe independente”. No juramento de posse que afirmava “Prometo manter, cumprir com lealdade e fazer respeitar a Constituição Federal, a Lei Orgânica do Distrito Federal, as leis emanadas do Conselho Municipal (...)”, Brandão e Minervino acrescentaram: “submetemos, porém, essas disposições aos interesses do operariado”.
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Os vereadores comunistas mantinham uma presença constante nas portas das fábricas e nas lutas sindicais; Por isso, Minervino seria escolhido para presidir a mesa do Congresso Operário Nacional, realizado em abril de 1929, e que fundaria a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). No final do conclave acabou sendo eleito secretário-geral da nova central sindical, a primeira dirigida pelos comunistas.
ainda pelo BOC, foi escolhido candidato a Presidente da República, em outubro de [1930]]. Durante o processo eleitoral foi perseguido e preso diversas vezes, como após o congresso do BOC que o escolheu candidato (entre 3 e 5 de novembro de 1929, num casebre entre Guaratiba e Campo Grande), na casa de Octavio Brandão, com cerca de 58 pessoas, e no dia seguinte ao congresso, quando se lançou a sua campanha, nas escadarias do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em comício dissolvido à bala; durante a campanha, registraram-se pelo menos duas prisões: em Ribeirão Preto (SP), quando presidia a realização de um congresso de trabalhadores agrícolas, e outra no bairro carioca de Bangu. Também foi novamente encarcerado ao final das eleições presidenciais de 1930. O lema da campanha era “Votar no BOC é votar pela Revolução!”.
 
Obteve 720 votos, na apuração oficial da comissão do congresso nacional, tendo sido prejudicado por fraudes, e perdeu o mandato de intendente municipal com a Revolução de outubro de 1930; ao fim daquele mês, foi novamente preso, juntamente com seu colega Octavio Brandão, na Casa de Detenção. Quando os homens do antigo regime foram soltos, os dois ex-intendentes comunistas continuaram presos e passaram a ser os únicos presos políticos naquela prisão. Minervino foi mandado para temida Colônia Correcional de Dois Rios, na Ilha Grande, sendo libertado em 7 de fevereiro de 1931. Otavio e sua família foram deportados para a Alemanha, em junho de 1931 e Minervino não atuou mais ostensivamente na vida política, somente se tendo notícia de sua participação nos debates do PCB que se seguiram à publicação dos informes de Kruvshev apresentados no XX Congresso do [[Partido Comunista da União Soviética]], ocorrido em 1956. Pouco se sabe da vida de Minervino neste período, mas há relatos que teria vivido até o início dos anos 60.<ref name="cpdoc">{{citar web |url=http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/minervino_de_oliveira |titulo= |data= |acessodata=04/01/2011. |autor=FGV, a partir do Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001}}</ref><ref name=" ">{{citar web |url=http://www.dihitt.com.br/barra/minervino-de-oliveira-um-operario-comunista-e-negro-para-presidencia |titulo=Minervino de Oliveira: um operário comunista e negro para presidência |data=11 de agosto 2010 |acessodata=03/01/2011. |autor=Augusto Buonicore}}</ref>