Khmer Vermelho: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Sentenças de Nuon Chea e Khieu Samphan
Aleth Bot (discussão | contribs)
m Bot: Correcção de afluentes
Linha 26:
Na [[década de 1970]], a ideologia do Khmer Vermelho combinava suas próprias ideias com as [[anticolonialista|ideias anticolonialistas]] do PCF, que os líderes adquiriram durante sua educação em universidades francesas, durante os anos de [[década de 1950|1950]]. Os líderes do Khmer Vermelho também guardavam muito ressentimento dos vietnamitas e estavam determinados a estabelecer uma forma de comunismo muito diferente tanto do modelo vietnamita quanto de outros países comunistas, incluindo a [[China]].
 
Após quatro anos de governo, o [[Kampuchea Democrática|regime do Khmer Vermelho]] foi retirado do poder em [[1979]], como resultado de uma [[Guerra cambojana-vietnamita|invasão]] por parte da [[República Socialista do Vietnam]] e substituído por comunistas moderados pró-[[Vietname|Vietnam]]. O movimento sobreviveu até os anos de [[década de 1990|1990]] como um [[movimento de resistência]] operando na região oeste do Camboja, a partir de bases na [[Tailândia]]. Em [[1996]], após um [[tratado de paz|acordo de paz]], seu líder Pol Pot dissolveu formalmente a organização. [[Pol Pot]] morreu no dia [[15 de abril]] de [[1998]], sem nunca ter sido levado a juízo.<ref name="Economist0707">[http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=9441341 Como os poderosos estão caindo].''The Economist''</ref>
 
O Khmer Vermelho é lembrado principalmente pelas mortes de um número estimado de 1,5 milhão de pessoas, ou um quinto da população total do país<ref>{{cite news |url=http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1849959,00.html |title = Assassinos Cambojanos do Khmer Vermelho Sentenciados |accessdate=|last=Doyle |first=Kevin |date=14 October 2008 |work= |publisher=[[Time (magazine)|TIME]]}}</ref> (as estimativas variam entre 850,000 e 2,5 milhões) durante o regime,devido a [[pena de morte|execuções]], [[tortura]], [[Carestia|fome]] e [[Escravidão moderna|trabalho forçado]]. Devido ao grande número de mortes e ao fato de grupos étnicos e religiosos serem alvos, as mortes durante o [[Kampuchea Democrática|governo do Khmer Vermelho]] são muitas vezes consideradas como um [[genocídio]], conforme definido no âmbito da Convenção da ONU de 1948.
Linha 40:
A história do movimento comunista no [[Camboja]] pode ser dividida em seis fases: o surgimento do [[Partido Comunista da Indochina]] (PCI), cujos membros eram quase que exclusivamente [[vietnamitas]] antes da [[Segunda Guerra Mundial]]; a luta de 10 anos pela independência da [[França]], quando um partido comunista separado, o '''Partido Revolucionário do Povo Kampucheano''' (ou [[Khmer]]) (PRPK) foi estabelecido sob o patrocínio do Vietnam; o período seguinte ao Segundo Congresso do PRPK, em [[1960]], quando Saloth Sar ([[Pol Pot]], após [[1976]]) e outros futuros líderes do Khmer Vermelho ganharam controle do seu aparato; a luta revolucionária a partir do início da insurgência do Khmer Vermelho em [[1967]]—[[1968|68]] até a queda do governo de [[Lon Nol]] em abril de 1975; o regime da [[Kampuchea Democrática]], de abril de [[1975]] a janeiro de [[1979]], e o período seguinte ao Terceiro Congresso de Partido do PRPK, em janeiro de 1979, quando [[Hanói]] efetivamente assumiu o controle sobre o governo e o Partido Comunista do Camboja.
 
Em 1930, [[Ho Chi Minh]] fundou o [[Partido Comunista do Vietnã|Partido Comunista Vietnamita]] unificando três movimentos comunistas menores que surgiram nas regiões norte, central e sul do [[Vietname|Vietnam]] durante o final dos anos de [[década de 1920|1920]]. O nome foi alterado quase que imediatamente para Partido Comunista Indochinês, ostensivamente para incluir revolucionários do Camboja e [[Laos]].
 
Quase sem exceções, todos os primeiros membros do Partido eram vietnamitas. No final da Segunda Guerra Mundial, um punhado de [[khmers|cambojanos]] haviam entrado para as suas fileiras, mas a sua influência no movimento comunista da Indochina e nos acontecimentos dentro do Camboja foi insignificante.
Linha 168:
* Qualquer pessoa com conexões com o antigo governo ou governos estrangeiros.
* Profissionais e intelectuais — na prática isto incluía quase todas as pessoas com alguma [[educação]] ou até mesmo pessoas que usavam óculos (o que, de acordo com o regime significava que eram alfabetizados). Ironicamente e hipocritamente, o próprio Pol Pot era um homem com educação universitária (embora fosse um desistente), com gosto pela [[literatura francesa]] e também era fluente em [[língua francesa|francês]]. Muitos artistas, incluindo músicos, escritores e cineastas foram executados. Alguns como '''Ros Sereysothea''', '''Pan Ron''' e '''Sinn Sisamouth''' ganharam fama póstuma por seus talentos e ainda hoje são populares com os [[khmers]].
* [[Vietnamitas|VietnamitasVietnameitas étnicos]], [[Han (etnia)|chineses étnicos]], [[tais|tailandeses étnicos]] e outras minorias nas montanhas orientais, [[cristãos]] cambojanos (a maioria dos quais eram católicos e a [[Igreja Católica]] em geral), [[Povo Cham|muçulmanos]] e os monges budistas.
* “Sabotadores econômicos”: muitos dos antigos moradores da cidades (aqueles que não morreram de fome em primeiro lugar) foram julgados culpáveis por sua falta de capacitação agrícola.
 
Linha 187:
{{artigo principal|[[Guerra cambojana-vietnamita]]}}
 
Em dezembro de [[1978]], devido a vários anos de conflito fronteiriço e ao fluxo de [[refugiado]]s fugindo do [[Kampuchea Democrática|Camboja]], as relações entre Camboja e [[Vietname|Vietnam]] entraram em colapso. [[Pol Pot]], temendo um ataque vietnamita, ordenou uma invasão preventiva do Vietnam. Suas forças cambojanas cruzaram a fronteira e pilharam as aldeias das proximidades. Estas forças cambojanas foram repelidas pelos vietnamitas.
 
Juntamente com a '''Frente Kampucheana Unificada pela Salvação Nacional''', uma organização que incluía muitos ex-membros insatisfeitos do Khmer Vermelho,<ref>{{cite book|last=Vickery|first=Michael|title=Camboja : 1975–1982|publisher=South End Press|location=Boston|date=1984|isbn=0896081893}}</ref> as [[Exército do Povo do Vietnam|Forças Armadas do Vietnam]], então, invadiram o Camboja, capturando [[Phnom Penh]] no dia [[7 de janeiro]] de [[1979]]. Apesar de um tradicional temor por parte dos cambojanos de uma invasão vietnamita, desertores do Khmer Vermelho auxiliaram os vietnamitas, e, com a aprovação do Vietnam, tornaram-se o núcleo da nova '''República Popular do Kampuchea''', rapidamente repudiada pelo Khmer Vermelho e pela [[República Popular da China|China]] como sendo um “[[Estado fantoche|governo fantoche]]”.
Linha 198:
A vitória do Vietnam, com o apoio da [[União Soviética]], teve reflexos significativos na região; a [[República Popular da China]] [[Guerra Sino-vietnamita|lançou uma invasão punitiva ao norte do Vietnam]] e se retirou (com ambos os lados alegando vitória). A China, os [[EUA]] e os países da [[Associação de Nações do Sudeste Asiático|ANSA]] patrocinaram a criação e as operações militares de um [[Governo no exílio|governo-em-exílio]] cambojano conhecido como o '''Governo de Coalizão do Kampuchea Democrático''', que incluía, além do Khmer Vermelho, a [[republicanismo|republicana]] '''FNLPK''' e a monarquista '''ANS'''.<ref name="autogenerated1">Rowley, Kevin.. [http://research.yale.edu/ycias/database/files/GS24.pdf "Segunda Vida, Segunda Morte: O Khmer Vermelho Após 1978".] Em ''Genocidio no Camboja e Ruanda: Novas Perspectivas'', ed. Susan E. Cook, New Haven: Centro para Estudos Internacionais e Locais da Universidade de Yale, pp. 201–225</ref>
 
As regiões central e oriental do [[Camboja]] estavam firmemente sob o controle do [[Vietname|Vietnam]] e de seus aliados cambojanos em [[1980]], enquanto que a parte ocidental continuou a ser um campo de batalha através da década de [[década de 1980|1980]] e milhões de [[Mina terrestre|minas terrestres]] foram plantadas em toda a área rural. O Khmer Vermelho, ainda liderado por [[Pol Pot]], era o mais forte dos três grupos no Governo de Coalizão do Kampuchea Democrático e recebia amplo auxílio militar da [[República Popular da China|China]], [[Reino Unido|Grã-Bretanha]] e dos [[Estados Unidos]] além de [[Serviço de inteligência|inteligência]] dos militares tailandeses.
 
Em 1981 o Khmer Vermelho chegou ao ponto de renunciar o comunismo<ref name=Rowley/> e, de certa forma, mudou sua ênfase ideológica em direção ao nacionalismo e retóricas anti-vietnamitas. No entanto, alguns analistas alegam que esta mudança teve pouco significado na prática, porque, como nota o historiador Kelvin Rowley, “a propaganda do PCK sempre invocou apelos mais nacionalistas do que revolucionários”.<ref name="autogenerated1" />