Economia marxiana: diferenças entre revisões

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{{Marxismo}}
:'''Nota: A economia ''marxiana'' não se restringe à economia ''marxista'', pois inclui o pensamento econômico daqueles inspirados pela obra de Marx que não se identificam com o "[[marxismo]]" como ideologia política.'''
 
A '''A economia marxiana''' se refere ao corpo do [[História do pensamento econômico|pensamento econômico]] que nasce das obras de [[Karl Marx]].'''
 
'''Os que aderem a [[economia]] marxiana, particularmente na academia, a distinguem do marxismo como uma [[ideologia]] [[política]], argumentando que a abordagem de Marx para entender a [[Economia (atividade humana)|economia]] é intelectualmente valiosa por si própria, independentemente da defesa de Marx do [[socialismo]] revolucionário ou da inevitabilidade da [[revolução]] do [[proletariado]].<ref>{{cite web
| title = The Neo-Marxian Schools
| publisher = The New School
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| publisher = University of Toronto
| url = http://www.chass.utoronto.ca/~munro5/MARXECON.htm
| accessdate = 2007-08-23 }}</ref> Ela não se baseia exclusivamente na obra de Marx e outros conhecidos marxistas ([[Lenin]], [[Trotsky]], etc.), mas pode absorver de fontes marxistas e não marxistas. Sua obra é vista como a base para uma [[Metodologia da economia|abordagem analítica]] viável, em [[Economia heterodoxa|alternativa]] à [[economia neoclássica]]. Faz explicitamente considerações políticas e sociais em sua análise, sendo por isso amplamente [[Economia normativa|normativa]].'''
 
== '''Marx e a economia clássica''' ==
'''A economia de Marx tomou como ponto de partida a obra dos mais famosos [[economista]]s de seu tempo, os economistas clássicos britânicos: [[Adam Smith]], [[Thomas Malthus]] e [[David Ricardo]].'''
 
'''Smith, na ''[[Riqueza das Nações]]'', argumentou que a característica mais importante de uma [[economia de mercado]] é que ela permitia um rápido crescimento nas habilidades de produção. Smith dizia que um [[mercado]] em crescimento estimulava uma maior [[divisão do trabalho]], o que aumentaria a [[produtividade]] total da economia. Apesar de que Smith geralmente disse pouco a respeito dos [[trabalhador]]es, ele notou que uma maior divisão do [[Trabalho (economia)|trabalho]] poderia, em um determinado momento{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}, causar dano àqueles cujas ocupações eram cada vez mais mecanizadas e repetitivas.'''
 
'''Marx seguiu Smith quando afirmou que o mais importante (e talvez único) benefício econômico do capitalismo era um rápido crescimento na [[produtividade]]. Marx também desenvolveu bastante a noção de que os trabalhadores poderiam ser prejudicados a medida que o [[capitalismo]] se tornava mais produtivo.'''
 
'''Além disso, nas ''Teorias da Mais-valia'', Marx notou: "Nós vemos um grande avanço feito por Adam Smith em relação aos [[fisiocratas]] na análise da [[mais-valia]] e portanto, do [[capital]]. No ponto de vista dos fisiocratas, havia somente um tipo definido de trabalho - o trabalho na [[agricultura]] - que cria mais-valia... Mas para Adam Smith, é o trabalho social geral — não importando com que [[Valor (economia)|valores]]-de-uso ele se manifesta - a mera quantidade trabalho necessário, é que cria valor. A mais-valia, quer quando ela assume a forma de [[lucro]], [[aluguel]] ou a forma secundária de [[juro]]s, não é nada a não ser uma parte desse trabalho, que é apropriada pelos donos das condições materiais de produção em troca do trabalho vivo."'''
 
'''A tese de Malthus, em "[[Um Ensaio Acerca do Princípio da População]]", de que o [[crescimento populacional]] era a causa primária dos [[salário]]s de subsistência dos trabalhadores fez com que Marx desenvolvesse uma [[teoria]] alternativa da [[Determinismo|determinação]] dos salários. Enquanto Malthus apresentou uma teoria a-histórica do crescimento populacional, Marx ofereceu uma teoria de como um excedente relativo de população no capitalismo tendia a forçar os salários para o nível de subsistência. Marx viu esse excedente populacional como o resultado de causas econômicas e não biológicas (como na interpretação de Malthus). Essa teoria econômica do crescimento populacional é frequentemente chamada de teoria do [[exército industrial de reserva]].'''
 
'''Ricardo desenvolveu uma teoria da [[Distribuição de renda|distribuição]] dentro do capitalismo, isto é, uma teoria de como a produção da sociedade é distribuída socialmente. A versão mais madura da sua teoria, apresentada em [[Sobre os Princípios de Economia Política e Tributação]], era baseada na [[teoria do valor-trabalho]] em que o valor de cada produto era igual ao trabalho incorporado ao produto. (Adam Smith também apresentara uma teoria do valor-trabalho mas permaneceu incompleta). Também foi notável na economia de Ricardo a ideia do lucro como uma dedução na produção total da sociedade e que os salários e os lucros estavam inversamente relacionados: um aumento nos lucros implicaria uma diminuição dos salários.'''
 
'''Marx construiu muito da análise econômica formal desenvolvida no ''Capital'' sobre as ideias de Ricardo.'''
 
== '''Teorias econômicas de Marx''' ==
'''A maior obra de Marx sobre [[economia política]] foi ''O Capital: Uma crítica da Economia Política''. Marx escreveu outros tratados sobre economia: ''Crítica da Economia Política'', um de seus primeiros trabalhos, e que foi incorporado na sua maior parte ao ''Capital'', especialmente no começo do volume I. As anotações de Marx na preparação do ''Capital'' forma publicadas anos mais tarde sob o título ''[[Grundrisse]].'''
 
'''Marx começou a sua análise do capitalismo com uma análise da mercadoria. A primeira frase do ''[[Capital, Volume I]]'' diz: "A riqueza daquelas sociedades em que o [[modo de produção]] capitalista prevalece, se apresenta como 'uma imensa acumulação de mercadorias'."'''
 
'''Sob a teoria do valor-trabalho, o valor direto de uma mercadoria se encontra somente no [[tempo de trabalho socialmente necessário]] nela investido. Mas as mercadorias também têm um [[valor de uso]] (isto é, a utilidade direta que se obtém delas) e um [[valor de troca]] (mais ou menos equivalente ao seu preço de mercado, apesar de que a economia marxiana a mediria em tempo de trabalho). Por exemplo, o uso do valor de uso de uma cenoura está em comê-la e saciar a fome, enquanto seu valor de troca está na quantidade de ouro (cujo valor verdadeiro também está no trabalho despendido para a sua extração) pela qual poderia ser vendida.'''
 
'''No entanto, os [[capitalismo|capitalista]]s não pagam seus trabalhadores o valor total das mercadorias que produzem. A diferença entre o valor que um trabalhador produz e o seu salário são uma forma de trabalho não-remunerado, conhecido por [[mais-valia]].'''
 
'''Além disso, Marx nota que os mercados tendem a obscurecer as relações sociais e os processos de produção, um fenômeno que ele chamou de [[fetichismo da mercadoria]]. Os consumidores enxergam a mercadoria somente em termos de mercado. Ao buscar obter algo somente para ser uma [[propriedade privada]], seria considerado somente seu valor de troca, não seu valor-trabalho.'''
 
'''A economia marxista geralmente nega o ''trade-off'' de tempo por dinheiro. No ponto de vista marxista, é o trabalho que define o valor das mercadorias. As relações de troca dependem de que haja trabalho prévio para a determinação de preços. Os meios de produção são portanto a base para compreender a alocação de recursos entre as classes, já que é nesta esfera que a riqueza é produzida. A escassez de qualquer recurso físico em particular é subsidiário à questão central das relações de poder atrelada ao monopólio dos meios de produção.'''
 
== Ver também ==