Cancro do pâncreas: diferenças entre revisões

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Os [[Fator de risco|fatores de risco]] para o adenocarcinoma pancreático incluem:<ref name="NEJM14" /><ref name="Bond-Smith" /><ref name=WCR2014/><ref>{{citar web|título=Causes of pancreatic cancer|url=http://www.nhs.uk/Conditions/Cancer-of-the-pancreas/páginas/Causes.aspx|website=NHS Choices|editora=National Health Service, England|data= 7 de outubro de 2014 |acessodata=5 de dezembro de 2014}}</ref>
* Idade, género e raça. O risco de desenvolver cancro do pâncreas aumenta com a idade. A maior parte dos casos ocorre após os 65 anos,<ref name=WCR2014/> enquanto que os casos em idades inferiores a 40 anos são pouco comuns. A doença é ligeiramente mais comum em homens do que em mulheres e, nos Estados Unidos, é 1,5 vezes mais comum entre a população afro-americana, embora a incidência em África seja baixa.<ref name=WCR2014/>
* O [[tabagismo]] é o fator de risco mais facilmente evitável. O risco é duas vezes superior entre fumadores de longa data, risco esse que aumenta de acordo com o número de cigarros fumados por dia e os anos de víciotabagismo. O risco diminui ligeiramente após osuspensão abandonodos dohábitos víciotabágicos, embora só no prazo deapós cerca de 20 anos é que o risco se equipara aoàquele risco entrede não fumadores.<ref>{{citar periódico | autor = Bosetti C, Lucenteforte E, Silverman DT, Petersen G, Bracci PM, Ji BT, Negri E, Li D, Risch HA, Olson SH, Gallinger S, Miller AB, Bueno-de-Mesquita HB, Talamini R, Polesel J, Ghadirian P, Baghurst PA, Zatonski W, Fontham E, Bamlet WR, Holly EA, Bertuccio P, Gao YT, Hassan M, Yu H, Kurtz RC, Cotterchio M, Su J, Maisonneuve P, Duell EJ, Boffetta P, La Vecchia C | título = Cigarette smoking and pancreatic cancer: an analysis from the International Pancreatic Cancer Case-Control Consortium (Panc4) | jornal = Annals of oncology : official journal of the European Society for Medical Oncology / ESMO | volume = 23 | número = 7 | páginas = 1880–8 | data = Julho de 2012 | pmid = 22104574 | doi = 10.1093/annonc/mdr541 }}</ref>
* [[Obesidade]]; um [[índice de massa corporal]] superior a 35 aumenta o [[risco relativo]] em cerca de metade.<ref name="Bond-Smith" />
* Historial familiar; 5–10% dos casos de cancro do pâncreas têm um componente hereditário e um historial familiar de cancro pancreático.<ref name="NEJM14" /> O risco aumenta de forma significativa se mais dedo que um [[Consanguinidade|parentefamiliar em primeiro grau]] teve a doença, e de forma moderada caso a tenham desenvolvido antes dos 50 anos de idade.<ref name="Lancet" /> A maior parte dos [[gene]]s envolvidos nesta questãodoença ainda não foi identificada.<ref name="NEJM14" /><ref name="Reznik2014">{{citar periódico | autor = Reznik R, Hendifar AE, Tuli R | título = Genetic determinants and potential therapeutic targets for pancreatic adenocarcinoma | jornal = Front Physiol | volume = 5 | página = 87 | ano = 2014 | pmid = 24624093 | pmc = 3939680 | doi = 10.3389/fphys.2014.00087 }}</ref> A [[pancreatite hereditária]] proporcionapredispõe a um risco bastante agravado (30-40%) de até aos 70 anos de idade se poder vir a desenvolver cancro do pâncreas.<ref name="Wolfgang2013"/> É possível que a este grupo possa ser oferecido rastreio precoce de cancro do pâncreas comno finalidadeâmbito de investigação clínica.<ref>{{citar periódico | autor = Greenhalf W, Grocock C, Harcus M, Neoptolemos J | título = Screening of high-risk families for pancreatic cancer | jornal = Pancreatology | volume = 9 | número = 3 | páginas = 215–22 | ano = 2009 | pmid = 19349734 | doi = 10.1159/000210262 | url = http://content.karger.com/produktedb/produkte.asp?DOI=000210262&typ=pdf }}</ref> Algumas pessoas podem optar por remover cirurgicamente o pâncreas de modo a evitar o aparecimento de cancro no futuro.<ref name="Wolfgang2013"/>
* A [[diabetes]] é um fator de risco para cancro do pâncreas e o seu aparecimento pode ser um sinal precoce da doença. As pessoas diagnosticadas com [[Diabetes mellitus tipo 2|diabetes do tipo 2]] há mais de dez anos têm um risco acrescido em 50% em comparação com os não diabéticos.<ref name="Wolfgang2013"/>
* A [[pancreatite crónica]] aparenta triplicar o risco e, tal como no caso da diabetes, o aparecimento de pancreatite pode ser sintoma de um tumor.<ref name="Wolfgang2013"/> O risco de cancro do pâncreas em indivíduos com historialhistoria familiar de pancreatite é particularmente elevado.<ref name="Wolfgang2013"/><ref name="Reznik2014"/>
* Para muitos dos alimentos, não há indícios claros de que aumentem o risco de cancro do pâncreas.<ref name="NEJM14" /> No entanto, há evidências de que possa haver um risco ligeiramente superior derivado do consumo de [[carne]] vermelha, carne processada e carne cozinhada a temperatura muito alta (p.e. frita ou grelhada).<ref>{{citar web|título=Cancer Facts and Figures 2014|url=http://www.cancer.org/acs/groups/content/@research/documents/webcontent/acspc-042151.pdf|website=American Cancer Society|acessodata=5 de janeiro de 2015}}</ref><ref name="pmid22240790">{{citar periódico | autor = Larsson SC, Wolk A | título = Red and processed meat consumption and risk of pancreatic cancer: meta-analysis of prospective studies | jornal = Br J Cancer | volume = Online first | número = 3 | páginas = 603–7 | data = Janeiro de 2012 | pmid = 22240790 | pmc = 3273353 | doi = 10.1038/bjc.2011.585 | url = http://www.nature.com/bjc/journal/vaop/ncurrent/full/bjc2011585a.html }}</ref>
*O cancro pancreático tem também sido associado aos seguintes síndromes hereditários raros: [[síndrome de Peutz–Jeghers]] devido a mutações no [[gene supressor de tumor]] [[STK11]] (bastante raro, embora um fator de risco significativo); [[síndrome do nevo displásico]] devido a mutações no gene supressor de tumor CDKN2A; [[ataxia telangiectasia|ataxia telangiectasia autossómica recessiva]] e mutações autossómicas dominantes hereditárias nos genes BRCA2 e PALB2; [[cancro colorretal hereditário sem polipose]]; Ee [[polipose adenomatosa familiar]]. Os PanPET têm sido associados com [[neoplasia endócrina múltipla do tipo 1]] e com o [[síndrome de Von Hippel-Lindau]].<ref name="NEJM14" /><ref name="Wolfgang2013" /><ref name="Lancet" />
 
===Bebidas alcoolicasalcoólicas===
O consumo de álcool em excesso é uma das principais causas de [[pancreatite crónica]], a qual predispõe a pessoa para o cancro pancreático. No entanto, apesar de uma quantidade considerável de investigação, não se conseguiu estabelecer de forma inequívoca que o de consumo de álcool comoseja um fator de risco direto para o cancro pancreático. De forma geral, a associação é consistentemente fraca e a maioria dos estudos não encontrou qualquer associação, embora o tabagismo seja uma forte [[variável de confusão|variável de confundimento]]. AsA evidênciasevidência sãoé mais fortes nos casos de consumo pesado, de pelo menos seis bebidas por dia.<ref name="Wolfgang2013"/><ref name="Pericleous" >{{citar periódico | autor = Pericleous M, Rossi RE, Mandair D, Whyand T, Caplin ME | título = Nutrition and pancreatic cancer. | jornal = Anticancer research | volume = 34 | número = 1 | páginas = 9–21 | data = Janeiro de 2014 | pmid = 24403441 }}</ref>
 
==Diagnóstico==
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[[File:Metastatic Pancreatic Cancer.PNG|thumb|TAC com cancro pancreático visível (seta vermelha grande) e [[metástase]]s (setas pequenas).]]
 
Os sintomas de adenocarcinoma pancreático geralmente não se manifestam durante as fases iniciais da doença e, individualmente, não são exclusivos da doença (inespecíficos).<ref name="Bond-Smith" /><ref name="Wolfgang2013"/><ref name="Cruz" >{{citar periódico | autor = De La Cruz MS, Young AP, Ruffin MT | título = Diagnosis and management of pancreatic cancer | jornal = Am Fam Physician | volume = 89 | número = 8 | páginas = 626–32 | data = Abril de 2014 | pmid = 24784121 }}</ref> Os sintomas no momento do diagnóstico variam de acordo com a localização do cancro no pâncreas, órgão que os anatomistas dividem em cabeça, pescoço, corpo e cauda. Cerca de 60–70% dos cancros pancreáticos localizam-se na cabeça do pâncreas.<ref name="NEJM14" /> O sintoma mais comum, qualquer que seja a localização, é a perda inexplicável de peso, que pode ser considerável. Os tumores na cabeça da glândula também provocam icterícia, dores abdominais, perda de apetite, urina escura e fezes de cor clara. Os tumores nodo corpo e nada cauda geralmente também provocam dor. NumaUma grande minoria das pessoas diagnosticadas (entre 35 e 47%), também estão presentes, qualquer que seja a localização do tumor,apresenta náuseas, vómitos e sensação de fraqueza.<ref name="Cruz" />
 
No momento de diagnóstico, por vezes as pessoas têm historialhistoria recente de [[diabetes mellitus tipo 2|diabetes do tipo 2]] de difícil controlo, historialhistoria recente e inexplicável de [[Tromboflebite|inflamação dos vasos capilares]] provocada por coágulos sanguíneos ([[Sinal de Trousseau de malignidade|sinal de Trousseau]]), ou um ataque anteriorcrise de [[pancreatite]] prévia.<ref name="Cruz" /> O médico poderá suspeitar de cancro do pâncreas quando o aparecimento de diabetes num indivíduo com mais de 50 anos é acompanhado por sintomas característicos, como perda inexplicável de peso, dor abdominal ou das costas persistente (em cinturão), indigestão, vómitos ou fezes gordurosas.<ref name="Bond-Smith" /> Também a icterícia, quando acompanhada por inflamação indolor da [[vesícula biliar]] ([[sinal de Courvoisier]]), pode levantar suspeitas e pode ajudar a [[Diagnóstico diferencial|diferenciar]] o cancro pancreático de [[Colelitíase|pedras na vesícula]].<ref name="Fitzgerald-2009">{{citar periódico | autor = Fitzgerald JE, White MJ, Lobo DN | título = Courvoisier's gallbladder: law or sign? | jornal = World Journal of Surgery | volume = 33 | número = 4 | páginas = 886–91 | data = Abril de 2009 | pmid = 19190960 | doi = 10.1007/s00268-008-9908-y | url = http://www.researchgate.net/publication/23975195_Courvoisier%27s_gallbladder_law_or_sign/file/e0b495240a7234fd48.pdf }}</ref>
 
As técnicas de [[imagiologia médica]], como a [[tomografia computadorizada]] ou [[ecoendoscopia]], são usadas para confirmar o diagnóstico e ajudar a decidir se o tumor pode ou não ser removido com cirurgia.<ref name="Bond-Smith" /> É também possível recorrer a [[imagem por ressonância magnética]] ou [[tomografia por emissão de positrões]],<ref name="NEJM14" /> e nalguns casos a [[colangiopancreatografia por ressonância magnética]].<ref name="Cruz" /> A ecografia abdominal é menos sensível e pode não detetar pequenos tumores, embora possa identificar cancros que se tenham propagado para o fígado e a acumulação de fluido na cavidade peritoneal ([[ascite]]s).<ref name="Bond-Smith" /> ItPode mayser beusado usednuma foravaliação arápida, quicknão andinvasiva cheape firstbarata examinationantes beforede otheroutras techniquestécnicas.<ref name="ESMOPA" /> Nos casos em que não há certeza sobre o diagnóstico, pode ser realizada uma biópsia através de [[punção aspirativa por agulha fina]], geralmente orientada por ecografia endoscópica[[ecoendoscopia]]. No entanto, geralmente não é necessário um diagnóstico [[Histologia|histológico]] para decidir a remoção do tumor através de cirurgia.<ref name="Bond-Smith" />
 
Os [[testes de função hepática]] podem mostrar uma combinação de resultados indicativos de uma obstrução do [[ducto biliar]] (quantidade acima do normal de [[bilirrubina]], [[gamaglutamiltranspeptidase]] e [[fosfatase alcalina]]). oO [[CA 19-9|antígeno carboidratode carcinoma 19-9]] (CA 19-9) é um [[marcador tumoral]] que geralmente se encontra elevado em casos de cancocancro do pâncreas. No entanto, este indicador tem pouca sensibilidade, uma vez que 5% das pessoas não têm o antígeno de Lewis (a) e não produzem o CA 19-9, pelo que é usado principalmente para acompanhar casos já diagnosticados e não para o diagnóstico em si.<ref name="NEJM14" /><ref name="Bond-Smith"/>
 
Quando observada ao microscópio, a forma mais comum de cancro do pâncreas (adenocarcinoma) é geralmente caracterizada por estruturas glandulares [[Anaplasia|pouco]] ou moderadamente diferenciadas. Normalmente, verifica-se [[desmoplasia]] considerável ou formação de um [[estroma]] ou tecido estrutural constituído por uma gama diversa de tipos celulares (incluindo [[miofibroblasto]]s, [[macrófago]]s, [[linfócito]]s e [[mastócito]]s) e material depositado ([[colagénio]] do tipo I e [[ácido hialurónico]]. Isto proporciona um microambiente no tumor com pouca quantidade de [[Vaso sanguíneo|vasos sanguíneos]] (hipovascular) e de [[oxigénio]] ([[hipóxia]] tumoral).<ref name="NEJM14" /> Pensa-se que este ambiente seja o que impeça muitos dos fármacos de quimioterapia de atingir o tumor, o que é um dos fatores que torna o tratamento deste cancro particularmente difícil.<ref name="NEJM14" /><ref name="Wolfgang2013"/>