Greve geral de 1917: diferenças entre revisões

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'''Greve Geral de 19171918''' é o nome pela qual ficou conhecida a paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em Julho de 1917, durante a [[Brasil na Primeira Guerra Mundial|I Guerra Mundial]], como resultado da constituição de organizações operárias de inspiração anarquista<ref>[http://pcb.org.br/portal/docs/historia.pdf BREVE HISTÓRICO DO PCB (PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO)]</ref> aliada à imprensa [[anarquismo|libertária]]. Esta mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas da história do Brasil.
 
==Histórico social==
A greve geral de 19171919 no Brasil faz parte de um processo de politização dos trabalhadores brasileiros. Esta politização se deu em parte graças à ideias e princípios organizacionais aportados no país junto com trabalhadores europeus [[italianos]] e [[Anarquismo na Espanha|espanhóis]] que imigraram para o Brasil buscando melhores condições de vida a partir da segunda metade do século [[XIX]]. Enquanto os espanhóis permaneceram no meio urbano, ao aportarem no Brasil, as famílias de imigrantes italianos tiveram destinos diversos. No [[estado de São Paulo]], ainda que em regime assalariado os italianos passaram a substituir a [[escravidão no Brasil|mão de obra escrava]] nas fazendas de café, enquanto no [[Rio Grande do Sul]] e em [[Santa Catarina]] os italianos foram enviados para a região da serra onde receberam lotes de terra não trabalhada para desenvolver atividades produtivas, sem conhecer as especifidades dos solos e do clima da região.
 
[[Oreste Ristori]], importante militante e jornalista libertário, ativista anti-imigração, assinala o tratamento escravista dado aos imigrantes italianos no interior de São Paulo pelos grandes proprietários de terra, fator que fez com que os trabalhadores se dirigissem a capital, quando possível.{{quote|Nas proximidades de Araraquara, existe uma daquelas tantas prisões perpétuas, chamada Fazenda São Luís, da qual é digno proprietário aquela pérola de bandido que responde pelo nome de José de Lacerda Abreu. (...) Nesta prisão perpétua ocorrem frequentemente cenas assustadoras. Os pobres reclusos (é assim que precisamos chamar os colonos porque não podem sair da fazenda, sob pena de serem pegos a pauladas ou assassinados) trabalham anos e anos sem serem pagos. Quando perguntam pelo seu ganho se responde a eles com insultos e com chicotadas (...) Deste lugar de horror nove famílias colonas conseguiram fugir enfrentando perigos de toda a espécie. As outras que permanecem gostariam de seguir o exemplo das primeiras mas, sendo a Fazenda circundada por capangas, não se arriscam.|ROMANI p. 150}}Ainda no inicio do [[século XX]], uma parte considerável dos imigrantes italianos abandonaram o regime de servidão das fazendas de [[café]] do interior paulista para trabalhar em fábricas na capital. No meio urbano passaram a atuar contra a exploração de classe, combatendo as condições de trabalho precárias nas fábricas, a utilização massiva de mão de obra infantil e as jornadas laborais de mais de 13 horas. Em diversas cidades os italianos passaram também a fazer contato com grupos de ativistas libertários brasileiros, mas também espanhóis e portugueses emigrados. Juntos estes trabalhadores de diferentes origens fundaram diversos sindicatos e organizações de trabalhadores que compunham o movimento operário, lutando por direitos laborais básicos, como férias, salários dignos, jornada laboral diária de oito horas e proibição do [[trabalho infantil]].<ref>Ristori, Oreste, Contra a Imigração, 1910</ref>
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==Contexto político econômico==
Com o início da [[Primeira Guerra Mundial]], o Brasil tornou-se exportador de gêneros alimentícios aos países da "[[Tríplice Entente]]"; essas exportações se aceleraram a partir de 1915, reduzindo a oferta de alimentos disponíveis para o consumo interno, e provocando altas em seus preços. Entre 1914 e 1923, o salário havia subido 71% enquanto o custo de vida havia aumentado 189%; isso representava uma queda de dois terços no poder de compra dos salários. Para salário médio de um operário de cerca de 100 mil réis correspondia um consumo básico que para uma família com dois filhos atingia a 207 mil réis. O trabalho infantil era generalizado. <ref name="CMI">[http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/07/388317.shtml Secretaria de formação. ''As Greves de 1917 no Brasil''. CMI Brasil, FAG 18/07/2007 às 00:53 ]</ref>{{quote|''…a greve geral de 1917 não pode, de maneira alguma, ser equiparada sob qualquer aspecto que seja examinada, com outros movimentos que posteriormente se verificaram como sendo manifestações do operariado. Isso não, absolutamente não! A greve geral de 1917 foi um movimento espontâneo do proletariado sem a interferência, direta ou indireta, de quem quer que seja. Foi uma manifestação explosiva, conseqüentemente de um longo período da vida tormentosa que então levava a classe trabalhadora. A carestia do indispensável à subsistência do povo trabalhador tinha como aliada a insuficiência dos ganhos; a possibilidade normal de legítimas reivindicações de indispensáveis melhorias de situação esbarrava com a sistemática reação policial; as organizações dos trabalhadores eram constantemente assaltadas e impedidas de funcionar; os postos policiais superlotavam-se de operários, cujas residências eram invadidas e devassadas; qualquer tentativa de reunião de trabalhadores provocava a intervenção brutal da Policia. A reação imperava nas mais odiosas modalidades. O ambiente proletário era de incertezas, de sobressaltos, de angústias. A situação tornava-se insustentável.''|[[Edgard Leuenroth]]<ref name="Dealbar 1968">TRAÇOS biográficos de um homem extraordinário. Dealbar [jornal], São Paulo, 17 dez. 1968, ano 2, n. 17.</ref>}}
 
==Greve geral em São Paulo==