Correntes do anarquismo: diferenças entre revisões

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== Anarquismo filosófico ==
{{MainArtigo principal|Anarquismo filosófico}}
[[FicheiroImagem:William Godwin by Henry William Pickersgill.jpg|thumb|[[William Godwin]] (1756 – 1836), filósofo liberal, utilitarista e individualista considerado o fundador do anarquismo filosófico. Tela de Henry William Pickersgill.]]
 
[[William Godwin]], ao fundar o anarquismo filosófico, desenvolveu o que muitos consideram a primeira expressão do pensamento anarquista [[modernidade|moderno]].<ref name="godwinsep">{{sep entry|godwin|William Godwin}}</ref> Segundo [[Piotr Kropotkin]], Godwin foi "o primeiro a formular os conceitos políticos e econômicos do anarquismo, mesmo não adotando tal denominação em sua obra."<ref name="EB1910">Peter Kropotkin, [http://dwardmac.pitzer.edu/Anarchist_Archives/kropotkin/britanniaanarchy.html "Anarchism"], ''[[Encyclopaedia Britannica]], 1910</ref> O anarquismo filosófico postula que o [[Estado]] não possui legitimidade moral; que não há obrigações individuais ou o dever de obediência ao Estado, e consequentemente o Estado não detém o direito de comandar indivíduos. No entanto, Godwin não advoga a revolução para eliminar o Estado. De acordo com ''The Blackwell Dictionary of Modern Social Thought'', o anarquismo filosófico "é composto principalmente pelo anarquismo individualista."<ref name=outhwaite>Outhwaite, William & Tourain, Alain (Eds.). (2003). Anarchism. ''The Blackwell Dictionary of Modern Social Thought'' (2nd Edition, p. 12). Blackwell Publishing</ref>
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{{Artigo principal|[[Mutualismo (política)]]}}
 
O Mutualismo começa com os movimentos de trabalhadores ingleses e franceses do [[sêculo XIX]], assumindo seu caráter anarquista com [[Proudhon|Pierre-Joseph Proudhon]] na França e outros nos [[EUA]].<ref>"Membro de uma comunidade," ''O Mutualista''; esta série de 1826 criticou as propostas de [[Robert Owen]], e foi atribuída a [[Josiah Warren]] ou outro dissidente Owenita nos mesmos círculos; Wilbur, Shawn, 2006, "More from the 1826 "Mutualist"?"</ref> Isto influenciou anarquistas individualistas como [[Benjamin Tucker]] e [[William B. Greene]] nos Estados Unidos. [[Josiah Warren]] propôs ideias similares em 1883,<ref>Warren publicou o periódico "The Peaceful Revolutionist" em 1833, sete anos antes de "O Que é a Propriedade," de Proudhon</ref> depois de participar de um experimento [[Robert Owen|owenita]] frustrado.<ref>"Conforme mais e mais homens cultos perdiam a fé nas utopias e na natureza humana quando o experimento de Nova Harmonia falhou, Warren se tornou mais confiante do que nunca na inteligência e perfectibilidade do homem." - ''Native American Anarchism'', pg. 94, Eunice Schuster</ref> Nos anos de 1840 e 1850, [[Charles A. Dana]],<ref>Dana, Charles A. [http://dwardmac.pitzer.edu/anarchist_archives/proudhon/dana.html Proudhon e seu "Bank of the People"] (1848).</ref> e William B. Greene introduziram a obra de Proudhon nos Estados Unidos. Greene adaptou o mutualismo de Proudhon às condições americanas e apresentou o resultado a Benjamin Tucker.<ref>Tucker, Benjamin R., "On Picket Duty", ''Liberty (Not the Daughter but the Mother of Order)'' (1881–1908); 5 January 1889; 6, 10; APS Online pg. 1</ref>
 
O anarquismo mutualista trata da reciprocidade, [[Livre associação (comunismo e anarquismo)|liberdade de associação]], contrato voluntário, federação, e da reforma do [[crédito]] e do [[sistema monetário]]. Muitos mutualistas acreditam que um mercado sem intervenções do governo tenderia a reduzir os preços aos valores de custo, eliminando o lucro e os juros de acordo com a [[Teoria do valor-trabalho]]. Empresas seriam obrigadas a competir por trabalhadores da mesma forma que trabalhadores competem por empresas, aumentando a remuneração.<ref>{{cite book |last=Carson |first=Kevin |title=Studies in Mutualist Political Economy |publisher=BookSurge Publishing | chaptertitle = Preface |chapterurl=http://www.mutualist.org/id112.html |year=2007 |isbn=1419658697 }}</ref><ref>"Sob um sistema mutualista, cada indivíduo deve receber a paga justa e exata pelo seu trabalho; serviços de custos equivalentes são negociáveis entre si, sem lucro ou desconto; e de tal forma que o trabalhador individual se colocará acima do que ganha, que sua parte retornará a ele na forma da prosperidadegeral da comunidade da qual ele é um membro individual." From "Communism versus Mutualism", Socialistic, Communistic, Mutualistic and Financial Fragments. (Boston: Lee & Shepard, 1875) de [[William B. Greene]]</ref> Alguns posicionam o mutualismo entre o anarquismo individualista e o coletivista;<ref>Avrich, Paul. ''Anarchist Voices: An Oral History of Anarchism in America'', Princeton University Press 1996 ISBN 0-691-04494-5, p.6<br />Blackwell Encyclopaedia of Political Thought, Blackwell Publishing 1991 ISBN 0-631-17944-5, p.11</ref> Em ''O Que é a Propriedade?'', Proudhon desenvolve um conceito de "liberdade" equivalente ao de "anarquia", que é a síntese dialética do comunismo e da propriedade<ref>Proudhon, Pierre-Joseph [http://etext.virginia.edu/toc/modeng/public/ProProp.html ''What is Property?''] (1840), p. 281</ref> Greene, influenciado por [[Pierre Leroux]], concebeu o mutualismo como a síntese de três filosofias {{ndash}} [[comunismo]], [[capitalismo]] e [[socialismo]].<ref>Greene, William B. [http://www.libertarian-labyrinth.org/greene/wbg-css.html "Communism{{ndash}} Capitalism{{ndash}} Socialism"], ''Equality'' (1849), p. 59.</ref> Anarquistas individualistas tardios usaram o termo mutualismo mas deram pouca ênfase a tais sínteses, [[Socialismo libertário|socialistas libertários]] como os autores de [http://anarchism.pageabode.com/afaq/index.html An Anarchist FAQ] defendem ser o mutualismo um subgênero de sua tradição filosófica.
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== Anarquismo individualista ==
{{Artigo principal|[[Anarquismo individualista]]}}
[[FicheiroImagem:Thoreau.jpg|thumb|Right|230px|O [[filósofo]] [[Thoreau|Henry David Thoreau]] (1817-1862), teórico da [[desobediência civil]].]]
 
O anarquismo individualista é composto por diversas tradições<ref>Ward, Colin. ''Anarchism: A Very Short Introduction''. [[Oxford University Press]], 2004, p. 2</ref> que afirmam que "a consciência individual e a realização do interesse pessoal não devem ser restringidos por nenhuma coletividade ou autoridade pública."<ref>Heywood, Andrew, ''Key Concepts in Politics'', Palgrave, ISBN 0-312-23381-7, 2000, p. 46</ref> O anarquismo individualista possui diversas influências: [[Thomas Jefferson]], o [[mutualismo (política)|mutualismo]] de [[Proudhon|Pierre-Joseph Proudhon]], e a teoria dos [[direito natural|direitos naturais]] do [[liberalismo clássico]], entre outras. O anarquismo individualista ganhou especial força nos [[EUA]] desde Warren até [[Murray Rothbard]] (que chamou sua filosofia de [[anarcocapitalismo]]),<ref>[[Geoffrey Ostergaard|Ostergaard, Geoffrey]]. 1991. [http://www.anarchyisorder.org/CD%234/Lay-outed%20texts/PDF-versions/Ostergaard,%20Geoffrey%20-%20Resisting%20the%20nation%20state.pdf ''Resisting the Nation State: The Pacifist and Anarchist Traditions'']. Peace Pledge Union. ISBN 0902680358</ref><ref>Levy, Carl. "Anarchism". Encarta Online Encyclopedia 2007. http://uk.encarta.msn.com/encyclopedia_761568770_1/Anarchism.html. [http://www.webcitation.org/query?id=1257007798263485 Archived] 2009-10-31.</ref> [[Kevin Carson]]<ref>Long, Roderick, "Editorial" in ''Journal of Libertarian Studies'', vol. 20, no. 1.</ref> e outros, incluindo [[Charles Johnson]], [[David Friedman|David D. Friedman]], [[Stephan Kinsella]], [[Roderick T. Long]], [[James J. Martin]], [[Wendy McElroy]], [[Gary Chartier]], [[Joe Peacott]], [[Sharon Presley]], e [[Crispin Sartwell]].
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== Tendências contemporâneas ==
O [[Anarquismo]] influenciou a formação de diversas [[filosofia]]s e [[Movimento social|movimentos]] de caráter eclético e baseados em sincretismos. Desde seu ressurgimento em meados do século XX, uma série de novos movimentos e escolas têm surgido. O [[Antropologia|antropólogo]] anarquista [[David Graeber]] identifica uma ruptura entre gerações do [[Anarquismo]], representada, por um lado, "por aqueles que ainda não abandonaram os hábitos sectários do século passado", e por outro pelos ativistas mais jovens, "que são muito mais informados, entre outras coisas, sobre as ideias dos movimentos indígenas, [[Feminismo|feministas]], [[Ecologia|ecológicos]] e da [[Pós-estruturalismo|crítica cultural]]"; para Graeber, estes últimos constituem a vasta maioria dos anarquistas no século XXI.
 
[[FicheiroImagem:Ancapflag.svg|thumb|leftesquerda|230px|Bandeira adotada pelos anarcocapitalistas (1960s).]]
 
==== Anarcocapitalismo ====
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Os defensores do anarcocapitalismo concebem a sua filosofia política enquanto parte da tradição [[anarquista]], no entanto, diferente de outras vertentes anarquistas (socialistas), e na perspectiva de muitas destas, os anarcocapitalistas negam as possíveis formas de dominação existentes no [[capitalismo]] e no chamado "[[Liberalismo|Livre Mercado]]".
 
[[FicheiroImagem:Anfem2.svg|250px|leftesquerda|thumb|A bandeira púrpura-negra reúne as cores do anarquismo e do feminismo.]]
 
==== Anarcofeminismo ====
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O [[Anarcofeminismo]] se opõe a todo o tipo de [[hierarquia]]. Entretanto, os anarca-feministas dedicam maior atenção à desigualdade existente entre os [[sexo]]s. Os anarca-feministas acreditam que as mulheres constituem a classe mais explorada pelo [[capitalismo]], porque seu trabalho doméstico e de reprodução é considerado sem valor econômico. A exploração e dominação da mulher é chamada por eles de [[patriarcado]], o qual é o principal alvo de seu ativismo. Segundo eles e elas, a desigualdade entre os sexos é o principal entrave para que homens e mulheres da classe trabalhadora possam se unir e lutar pelos seus interesses comuns.
 
O '''Anarca-feminismo''' se diferencia do [[feminismo]] por considerar que direitos conquistados dentro da sociedade [[Capitalismo|capitalista]] serão sempre superficiais, visto que só poderão ser desfrutados pela [[classe dominante]].
 
O termo '''Anarca-feminismo''' foi inventado durante a "segunda onda" do movimento feminista, ocorrida no final dos anos 60. Entretanto, o movimento é mais comumente associado a autoras do início do século XX, como [[Emma Goldman]] e [[Voltairine de Cleyre]], bem como algumas autoras da "primeira onda", como [[Mary Wollstonecraft]]. Durante a [[Guerra Civil Espanhola]], o grupo '''Mujeres Libres''' defendia idéiasideias anarquistas e feministas.
 
[[FicheiroImagem:Darker green and Black flag.svg|thumb|leftesquerda|250px|Bandeira verde-negra, símbolo do ecoanarquismo.]]
 
==== Anarquismo verde ====
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{{Artigo principal|[[Pós-anarquismo]]}}
 
O termo '''Pós-anarquismo''' foi criado por [[Saul Newman]], e ganhou popularidade por seu livro [[De Bakunin a Lacan]]. Refere-se a um deslocamento teórico para a construção de uma síntese da teoria anarquista clássica e do pensamento [[Pós-estruturalismo|pós-estruturalista]]. No entanto, para além do uso de Newman do termo, a expressão ganhou vida própria e hoje abarca o amplo espectro de ideias como o [[Pós-modernidade|pósmodernismo]], [[autonomismo]], [[situacionismo]], [[pós-colonialismo]] e o [[Emiliano Zapata|zapatismo]]. Por sua própria natureza, o pós-anarquismo rejeita ser um conjunto coerente de doutrinas e crenças, tornando difícil - senão impossível - determinar com qualquer grau de certeza aquilo que deve se incluir sob esta rubrica; de qualquer forma, os pensadores-chave associados à corrente incluem [[Saul Newman]], [[Todd May]], [[Lewis Call]], [[Gilles Deleuze]] e [[Félix Guattari]].
 
==== Anarquismo insurrecionário ====
{{Artigo principal|[[Anarquismo insurrecionário]]}}
 
'''Anarquismo insurrecionário''' é uma vertente anarquista que defende a teoria e a prática revolucionária dentro do movimento anarquista, se opondo a organizações anarquistas formais como [[sindicato]]s e federações que se baseiam em programas políticos e [[congresso]]s periódicos. Os anarquistas insurrecionários defendem também o emprego de táticas de [[ação direta]] ([[Anarquismo e violência|violenta]] e outras mais), organizações informais, incluindo pequenos [[grupo de afinidade|grupos de afinidade]] e organizações massivas que incluam os explorados e setores excluídos da sociedade independente de sua adesão às idéiasideias anarquistas.
 
==== Autarquismo ====
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==== Infoanarquismo ====
 
O '''Infoanarquismo''' é uma vertente do anarquismo que abrange uma grande diversidade de grupos distintos que de diferentes maneiras se opõem às formas de [[propriedade intelectual]], como [[copyright]] e [[patentes]], e que também militam em prol da liberdade de conhecimento e informação para além das corporações [[capitalistas]]. Existem várias hipóteses sobre a criação do termo, um dos primeiros a utilizá-lo foi [[Ian Clark]], o designer original e desenvolvedor da [[Freenet]], em um artigo publicado na [[revista TIME]] em julho de 2000.
 
Muitos infoanarquistas usam redes [[P2P]] anônimas, como a [[Freenet]], [[Entropy]], [[Tor (rede de anonimato)|Tor]] ou [[I2P]], para auxiliá-los na proteção do anonimato. Estas redes anônimas dificultam qualquer intenção de policiamento sobre o tráfico através da [[internet]].
 
==== Socialismo Libertário de Mercado ====
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{{Referências}}
 
==== Ver também ====
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* [[Nu-Sol]] - Núcleo de Sociabilidade Libertária [http://www.nu-sol.org]