Isidoro de Cárax: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
(resumo da edição ocultado)
GRS73 (discussão | contribs)
m Foram revertidas as edições de 152.233.9.111 para a última revisão de Renato de carvalho ferreira, de 03h44min de 13 de julho de 2015 (UTC)
Linha 1:
{{TOC-direita}}
'''Isidoro de Cárax''' ou '''Isidoro Caraceno''' ({{langx|el|Ισιδώρου ο Χαρακηνού||'''''Isidṓros ho Charakēnós'''''}}; {{langx|la|'''''Isidorus Characenus'''''}}) foi um geógrafo que viveu entre o {{AC|século I|n}} e o {{DC|século I|n}} d.C., do qual perdura uma obra e fragmentos, e sobre o qual pouco se conhece.
 
O seu nome indica que era originário de [[CharaxCárax SpasinuEspasinu|Cárax]], capital do reino de {{ilc|Caracena|Caracena (Pártia)|Caracene|Mesena}} no [[Partos|Império Parto]]. Isidoro era [[Gregos antigos|grego]] pela sua cultura e a sua língua, embora o seu lugar de origem fosse Cárax. Também não ignorava o [[aramaico]], idioma da região.
 
Segundo Michael Grant<ref>{{Citar livro
Linha 40:
* Outra obra geográfica de caráter mais geral denominada provavelmente ''"[[Périplo]] pelo mundo habitado"'' (Gr., ''περίπλους τής όικουμένης''), que indica as medidas das distâncias registradas.
* Um fragmento descrevendo a ''pesca das pérolas no golfo Pérsico'', que é citado quase literalmente por [[Ateneu]].
* Existem além duas referências a Isidoro no Macrobii (Gr. ''Μακρόβιοι''; “longevidade”) supostamente escrito pelo [[Luciano de SamosataSamósata|Pseudo Luciano]], que menciona dois longevos reis orientais citados por Isidoro: Artaxerxes, presumivelmente Ardacher ({{AC|século I a.C.|x}}), e [[Goaisos]], rei de [[História de Omã#Antiguidade|Omã]]<ref>{{Citar livro
|sobrenome=Roller
|nome=Duane W.
Linha 55:
 
== Etapas práticas ou ''Periegese de Partia''==
Segundo Plínio, ([[NaturalisHistória HistoriæNatural (Plínio)|História Natural]] vi.31), Isidoro foi comissionado por Augusto para redigir uma “descrição do mundo”, coletando toda a informação necessária antes da partida do seu neto maior [[Caio César]] para a [[Armênia]] para tomar o comando na luta contra partos e árabes. Plínio refere-se ao autor como “Dionísio”, embora em outro escrito posterior (História Natural vi.141) reconheça o erro: o autor é “Isidoro”<ref>
{{Citar web
|url=http://www.iranica.com/articles/isidorus-of-charax
Linha 67:
}}</ref>
 
A obra seria escrita após [[26 a.C.]] (''terminus post quem''), pois menciona a revolta de [[TiridatesTirídates II da Pártia|TiridatesTirídates II]] contra [[Fraates IV da Pártia |Fraates IV]], que ocorreu nesse ano, e antes de [[77]] d.C. (''terminus ante quem''), ao publicar-se a “História Natural” de Plínio. Contudo, supõe-se que Isidoro escreveu a sua obra muitos anos antes que Plínio a mencionasse na sua.
 
A topografia de Isidoro tem antecessores antigos. Na sua ''[[Pérsica (História de Pérsia)|Pérsica]]'', descrição da [[Caminho Real Persa|rota real dos persas]] (obra perdida mas reconstruída pelo epítome de [[Fócio]] e pelas citas de [[Diodoro Sículo]] e [[Plutarco]]), [[Ctésias]] proveu a lista de estações desde [[Éfeso]] até [[Báctria]], depois tomadas por Isidoro para o [[Roteiro dos Partos]]. Assim mesmo serviu-se dos [[bemetista]]s de [[Alexandre]]: [[BaetonBetão]], [[AmyntasAmintas]], [[Filão de QuersonessoQuersoneso]], [[DiognetusDiogneto]]. [[Seleuco I Nicátor]] teria acompanhado os bemetistas nas suas explorações.<ref>
{{Citar livro
|sobrenome=Cary, Max e Warmington, Eric Herbert
Linha 83:
|notas=}} Digitalizado a 4 de outubro 2008</ref>
 
Segundo a opinião compartilhada pela maioria dos autores, a fonte principal de Isidoro seria um documento de origem parta que dataria de fins do {{AC|século III a.C.|x}} A origem arameia de alguns toponímicos e outras particularidades, levam a pensar que ele teve à sua disposição tais documentos, e até mesmo se serviu de relatórios verbais de comerciantes na sua cidade ''Spasinu[[Cárax Charax''Espasinu]], ou em localidades vizinhas. Porém, não se descarta que Isidoro tenha percurso pessoalmente partes do itinerário que descreve.
 
Se se acredita que Isidoro partiu da [[Antioquia da Síria]], somente após franquear o [[Eufrates]] em [[Osroena]] começariam as "Etapas práticas" propriamente ditas. O trajeto divide-se em 19 grandes regiões. Isidoro usa o [[SchoenusEsqueno (unidade)|esqueno]] (Gr., σχοι̃νος) que equivale a 30 [[estádios]] para medir as distâncias, embora existam discrepâncias segundo os autores e regiões,variando as opiniões entre os 30 e 40 estádios.
 
A descrição da parte oriental do roteiro é muito mais sucinta e não apresenta as estações individualmente mas vai de uma província a outra, assinalando a distância entre ambas e dando uma informação sumária do número de cidades, povos e estações. Remete-se mormente ao roteiro usado nos tempos [[Assíria|assírios]] e [[Dinastia Aquemênida|aquemênidas]]. Isto poderia explicar-se porque para as partes perdidas do texto original e fazer o epítome, recorreu a outras fontes, ou foi feito por uma pessoa diferente a quem essas zonas não lhe pareciam relevantes.
Linha 102:
}} Tradução para o inglês e comentários do texto “Etapas práticas”.</ref> O texto de ''Etapas Práticas'' usado para esse volume é o de [[Karl Wilhem Ludwig Müller|Karl Müller]] em [[Geógrafos gregos menores|Geographi Græci Minores]] I, pp. 244-256, Paris 1853).
 
Atualmente o texto baseia-se essencialmente em dois manuscritos: o ''Codex Parisinus'' 443 (106,2 - 111,9) e o ''Codex Parisinus'' 571 (17 r - 418 r), conservado na [[Biblioteca Nacional de França]], ambos de fins do século {{séc|XIII}}. O ''Codex Palatinus Graecus'' da [[Biblioteca Vaticana]] e o ''Codex Monacencis Graecus'' 556 (50 - 52 r) da [[Biblioteca Estatal de Baviera]] são cópias dos anteriores e remontam ao século {{séc|XVI}}.
 
Depois do século {{séc|XVII}} Isidoro de Cárax foi reimpresso muitas vezes. A edição de Müller, ricamente comentada, merece ainda ser consultada, assim como a de [[Fragmente der griechischen Historiker]] (parte 3 - Nº 781) de [[Félix Jacoby|Jacoby]], mais recente e muito crítica.
 
{{Referências}}