Invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos: diferenças entre revisões

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Em 2003, a OTAN assumiu a liderança da ISAF .<ref>{{cite news |first=Alyssa J. |last=Rubin |url=http://www.nytimes.com/2009/12/23/world/asia/23afghan.html |title=NATO Chief Promises to Stand by Afghanistan |newspaper=The New York Times |date=22 December 2009 |accessdate= }}</ref> Uma parte das forças dos Estados Unidos no Afeganistão operavam sob o comando da OTAN; o restante permaneceu sob comando direto dos Estados Unidos. O líder talibã [[Mullah Omar]] reorganizou o movimento e, em 2003, [[insurgência talibã|lançou uma insurgência]] contra o governo e a ISAF. <ref>{{cite web |url=http://www.cfr.org/publication/10551/|title=The Taliban Resurgence in Afghanistan}}</ref><ref name="rothstein">{{cite book |url=http://books.google.com/?id=w7fmg1cCjskC&dq=Afghanistan+and+the+troubled+future+of+unconventional+warfare&q=Al+Qaeda |title=Afghanistan: and the troubled future of unconventional warfare By Hy S. Rothstein|isbn=978-81-7049-306-8|author1=Rothstein, Hy S|date=15 August 2006}}</ref>
 
== Antecedentes ==
 
 
=== al-Qaeda ===
Em agosto de 1996, bin Laden foi forçado a deixar o Sudão e chegou em Jalabad, Afeganistão. Ele tinha fundado a al-Qaeda no final de 1980 para apoiar a guerra dos mujahideen contra os soviéticos, mas ficou desiludido por lutas internas entre os senhores da guerra. Ele aumentou sua proximidade com Mulá Omar e moveu as operações da al Qaeda par o leste do Afeganistão.
 
A [[Comissão do 11 de Setembro]] nos Estados Unidos relatou descobrir que, sob o Talibã, a al-Qaeda foi capaz de usar o Afeganistão como um lugar para treinar e doutrinar combatentes, importar armas, coordenar com outros jihadistas, e traçar ações terroristas. {{sfn|911 Commission|2004|p=66}} Enquanto al-Qaeda manteve seus próprios campos no Afeganistão, também apoiou campos de treinamento de outras organizações. Estima-se que 10.000 e 20.000 homens passaram por essas instalações antes do 11 de Setembro, a maioria dos quais eram enviados para lutar pelo Taliban contra a Frente Unida. Um número menor foram introduzidos na al-Qaeda. {{sfn|911 Commission|2004|p=67}}
 
Após os [[Atentados terroristas às embaixadas dos Estados Unidos na África de 1998|atentados de agosto de 1998 nas embaixadas dos Estados Unidos]] serem ligados a bin Laden, o presidente [[Bill Clinton]] ordenou [[Operação Infinite Reach|ataques com mísseis em campos de treinamento de militantes]] no Afeganistão. As autoridades dos Estados Unidos pressionavam o Taliban para entregar bin Laden. Em 1999, a comunidade internacional impôs sanções ao Taliban, pedindo que bin Laden fosse entregue. O Taliban rejeitou repetidamente a essas demandas.
 
As equipes paramilitares da [[Special Activities Division]] da [[Agência Central de Inteligência]] (CIA) estiveram ativas no Afeganistão na década de 1990 em operações clandestinas para localizar e matar ou capturar Osama bin Laden. Essas equipes planejaram várias operações, mas não receberam ordens para avançar do Presidente Clinton. Seus esforços construíram relacionamentos com líderes afegãos que se revelaram essenciais para a invasão de 2001.{{sfn|Coll|2004}}
 
=== Mudança na política dos Estados Unidos em relação ao Afeganistão ===
Durante o governo Clinton, os Estados Unidos tendem a favorecer o Paquistão e até 1998-1999 não tinham uma política clara em relação ao Afeganistão. Em 1997, por exemplo, [[Robin Raphel ]] do [[Departamento de Estado dos Estados Unidos]] declarou que Massoud se renderia ao Taliban. Massoud respondeu que, enquanto controlasse uma área do tamanho de seu chapéu, continuaria a defendê-la do Taliban. <ref name="Webster University Press Book" /> Ao mesmo tempo, altos oficiais de política externa da administração Clinton voaram para o norte do Afeganistão para tentar persuadir a Frente Unida a não tirar proveito da chance de obter ganhos cruciais contra os talibãs. Eles insistiram que era o momento para um cessar-fogo e um [[embargo de armas]]. Na época, o Paquistão deu início a uma "[[Transporte aéreo tático|ponte aérea]] [[Bloqueio de Berlim|tipo Berlim]] para reabastecer e reequipar o Taliban", financiado com dinheiro saudita. <ref name="U.S. Congressman Dana Rohrabacher">{{cite web |year=2004 |url=http://rohrabacher.house.gov/911-represented-dramatic-failure-policy-and-people|title =9/11 Represented a Dramatic Failure of Policy and People |publisher=U.S. Congressman Dana Rohrabacher}}</ref>
 
A política dos Estados Unidos para o Afeganistão mudou após os ataques às embaixadas dos Estados Unidos em 1998. Posteriormente, Osama bin Laden foi indiciado por seu envolvimento nos atentados às embaixadas. Em 1999, tanto os Estados Unidos como as Nações Unidas adotaram sanções contra os talibãs através da [[Resolução 1267 do Conselho de Segurança das Nações Unidas]], que exigia que o Taliban entregasse Osama bin Laden a julgamento nos Estados Unidos e fechasse todas as bases terroristas no Afeganistão. <ref>{{cite press release |title=Security Council demands that Taliban turn over Osama bin Laden to appropriate authorities|url=http://www.un.org/News/Press/docs/1999/19991015.sc6739.doc.html |publisher=United Nations|date=15 October 1999}}</ref> A única colaboração entre Massoud e os Estados Unidos na época seria um esforço com a CIA para rastrear bin Laden após os atentados de 1998. {{sfn|Risen|2008}} Os Estados Unidos e a [[União Europeia]] prestariam apoio a Massoud para a luta contra o Taleban.
 
Em 2001, a mudança de política buscou por agentes da CIA que sabiam Massoud estava a caminho. {{sfn|Coll|2004|p=720}} Juristas da CIA, trabalhando com oficiais na Divisão do Oriente Próximo e Centro Contra-Terrorista, começaram a elaborar uma conclusão formal para a assinatura do presidente [[George W. Bush]], que autoriza um programa de ação secreta no Afeganistão. Seria o primeiro de uma década para procurar influenciar o curso da guerra afegã em favor de Massoud. {{sfn|Coll|2004|p=14}} [[Richard A. Clarke]], presidente do Grupo de Segurança de Contra-Terrorismo, sob a administração Clinton, e mais tarde um oficial da administração Bush, alegadamente apresentou um plano para entrada da [[Conselheiro de Segurança Nacional|Conselheira de Segurança Nacional]] de Bush, [[Condoleezza Rice]], em janeiro de 2001.
 
Uma mudança na política dos Estados Unidos foi realizada em agosto de 2001. {{sfn|Coll|2004|p=14}} O governo Bush concordou com um plano para começar a apoiar Massoud. Uma reunião de altos oficiais de segurança nacional concordaram que seria apresentado um ultimato para os talibãs para que entregassem bin Laden e outros agentes da al-Qaeda. Se o Taliban se recusar, os Estados Unidos iriam fornecer ajuda militar secreta a grupos anti-Taliban. Se ambas as opções falhassem "os adjuntos concordaram que os Estados Unidos procurariam derrubar o regime talibã através de ação mais direta." <ref>{{cite news |url=http://www.guardian.co.uk/world/2004/mar/24/september11.usa2 |author=Julian Borger |title=Bush team 'agreed plan to attack the Taliban the day before September 11' |work=The Guardian |location=London |date=24 March 2004}}</ref>
 
=== Aliança do Norte às vésperas do 11 de Setembro ===
Ahmad Shah Massoud era o único líder da Frente Unida no Afeganistão. Nas áreas sob seu controle, Massoud estabeleceu instituições democráticas e assinou a Declaração dos Direitos das Mulheres. <ref name=autogenerated4>{{cite book|last=Marcela Grad|authorlink=Marcela Grad|title=Massoud: An Intimate Portrait of the Legendary Afghan Leader|edition=1 March 2009 |page=310 |publisher=Webster University Press}}</ref> Como consequência, muitos civis fugiram para áreas sob seu controle. <ref>{{cite web|year=2007 |url=http://channel.nationalgeographic.com/channel/episodes/inside-the-taliban/|title=Inside the Taliban |publisher=[[National Geographic Society|National Geographic]]}}</ref> No total, as estimativas variam de até um milhão de pessoas que fugiam do Taliban.
 
No final de 2000, Massoud oficialmente reuniu esta nova aliança em uma reunião no norte do Afeganistão para discutir "uma Loya Jirga, ou um conselho tradicional de anciãos, para resolver a turbulência política no Afeganistão". <ref name="Corbis">{{cite web |year=2001|url=http://www.corbisimages.com/stock-photo/rights-managed/AAEC001272/council-of-afghan-opposition |title=Council of Afghan opposition|publisher=Corbis}}</ref> Essa parte do plano de paz pashtun-tajique-hazara-uzbeque acabou por se desenvolver. Entre os presentes estava [[Hamid Karzai]]. <ref name="Webster University Press Book 2">{{cite book |last=Marcela Grad|title=Massoud: An Intimate Portrait of the Legendary Afghan Leader|edition=1 March 2009 |page=65 |publisher=Webster University Press}}</ref><ref name=autogenerated3>Senior diplomat and Afghanistan expert [[Peter Tomsen]] wrote: "The 'Lion of Kabul' [Abdul Haq] and the 'Lion of Panjshir' [Ahmad Shah Massoud] … Haq, Massoud, and Karzai, Afghanistan's three leading moderates, could transcend the Pashtun—non-Pashtun, north-south divide."{{cite book|last=Tomsen|first=Peter|title=Wars of Afghanistan|year=2011|publisher=PublicAffairs|isbn=978-1-58648-763-8|page=566}}</ref>
 
No início de 2001, Massoud, com outros líderes étnicos, dirigiu-se ao [[Parlamento Europeu]] em [[Bruxelas]], pedindo à comunidade internacional para fornecer ajuda humanitária ao povo do Afeganistão. Ele disse que o Talibã e a al-Qaeda haviam introduzido "uma percepção muito errada do Islã "e que, sem o apoio do Paquistão e Osama bin Laden, o Talibã não seria capaz de sustentar a sua campanha militar por mais um ano.<ref name="nome">[http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/1340726/Ahmad-Shah-Massoud.html Ahmad Shah Massoud] - The Telegraph</ref> Nesta visita à Europa, ele alertou que sua inteligência tinha recolhido informação sobre um ataque iminente em grande escala em solo americano. <ref name="gwu.edu">{{cite web|title=Defense Intelligence Agency|year=2001|url=http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB97/tal32.pdf|publisher=National Security Archive|accessdate=19 November 2012}}</ref>
 
Em 9 de setembro de 2001, Massoud foi gravemente ferido em um ataque suicida por dois árabes que se apresentaram como jornalistas e detonaram uma bomba escondida em sua câmera de vídeo durante uma entrevista em Khoja Bahauddin, na [[Takhar|província de Takhar]], Afeganistão. <ref>{{cite news |url=http://www.nytimes.com/2001/09/10/world/taliban-foe-hurt-and-aide-killed-by-bomb.html |title=Taliban Foe Hurt and Aide Killed by Bomb |location=Afghanistan |work=The New York Times |date=10 September 2001 |accessdate=27 August 2010}}</ref><ref>{{cite news |last=Burns |first=John F. |url=http://www.nytimes.com/2002/09/09/world/threats-responses-assassination-afghans-too-mark-day-disaster-hero-was-lost.html |title=Threats and Responses: Assassination; Afghans, Too, Mark a Day of Disaster: A Hero Was Lost |location=Afghanistan |work=The New York Times |date=9 September 2002 |accessdate=27 August 2010}}</ref> Massoud morreu dentro do helicóptero no caminho para um hospital. O funeral, realizado em uma área rural, foi assistido por centenas de milhares de afegãos.
 
== Ataques de 11 de Setembro ==