Honoré de Balzac: diferenças entre revisões

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Honoré de Balzac influenciou significativamente escritores de seu tempo e das próximas gerações. Muitos críticos das mais variadas nações atribuem seus grandes autores como seus Balzacs; [[Charles Dickens]], por exemplo, já foi chamado de "o Balzac inglês" e de fato o autor francês teve certa influência nele.<ref>Helm, 124.</ref> Certos críticos denominam [[Manuel Antônio de Almeida]] o "Balzac brasileiro",<ref>Vários autores, p.197.</ref> enquanto que o ''[[Frankfurter Allgemeine Zeitung]]'' já reservou tal título ao mais recente [[Jorge Amado]].<ref>Goldstein, p.25</ref> [[Machado de Assis]] também sofreu forte influência de Balzac em seus primeiros escritos realistas.<ref>''[[O Globo]]'', Wilson Martins. "História interessantíssima" (29.05.2004).</ref> No entanto, ele rompe com a [[narrativa linear]] e principalmente com os narradores à modelo de Balzac, [[Zola]] e [[Flaubert]], que desapareciam por detrás da objetividade narrativa, e assim escreveu seus grandes romances, como ''[[Dom Casmurro]]'' e ''[[Memórias Póstumas de Brás Cubas]]'', com narradores cínicos e que merecem desconfiabilidade,<ref>Andrade, 2001, p.81.</ref><ref>Andrade, 2001, p.84.</ref> sem, absolutamente, desprezar o caráter social e pessimista que também se encontra em Balzac.<ref>Andrade, 2001, p.130.</ref><ref>Andrade, 2001, p.79-80.</ref> De fato, muitos críticos já escreveram aproximações sobre ambos,<ref>Júnior, p.163 adiante.</ref> entre elas uma observação das influências das mulheres balzaquianas nas mulheres de Machado, especialmente [[Capitu]] e a ''[[A Mulher de Trinta Anos]]''.<ref>Freitas, p.17.</ref> Dos realistas, contudo, Machado dizia: "Voltemos os olhos para a realidade, mas excluamos o realismo; assim não sacrificaremos a verdade [[estética]]."<ref>Assis, 1959, p.178</ref> Quanto aos detalhes excessivos presentes em Balzac e em naturalistas como [[Eça de Queirós]], criticou: "essa pintura, esse aroma de alcova, essa descrição minuciosa, quase técnica, das relações adúlteras, eis o mal."<ref>Assis, 1959, p. 177-8.</ref>
 
[[Eça de QueirózQueirós]], por sua vez, admirava a ''Comédie'' tanto quanto [[Camilo Castelo Branco]]. Este escreveu um conjunto de oito narrativas a que deu o nome de ''[[Novelas do Minho]]'' (1875-1877), explicitamente influenciado em Balzac,<ref>Coelho, pgs.98-144.</ref> enquanto que o primeiro escrevia ''[[Cenas da Vida Portuguesa]]'', ciclo de romances destinados a retratar a sociedade portuguesa após o estabelecimento do [[liberalismo]] em [[Lisboa]], [[Portugal]], dos quais vieram à luz ''[[Os Maias]]'' e ''[[A Capital (romance)|A Capital]]'', à imagem das cenas sociais que o autor francês fazia de sua França e Paris.<ref>Simões, p.201.</ref>
 
[[Gustave Flaubert]] também foi substancialmente influenciado pela escrita de Balzac. Elogiando seu retrato da sociedade, enquanto atacava seu estilo de [[prosa]], certa vez escreveu: "Que homem ele teria sido caso soubesse escrever!"<ref>Citado em Robb, 422.</ref> Enquanto desdenhava o rótulo de "realista", Flaubert claramente se focava na atenção de Balzac aos detalhes e em suas descrições da vida "nua e crua" da burguesia.<ref>Brooks, 54.</ref> Tal influência se mostra na obra ''L'education sentimentale'' de Flaubert, que possui uma dívida com as ''[[Illusions Perdues]]''.<ref>Brooks, 27.</ref> "Aquilo que Balzac começou", escreveu um crítico, "Flaubert ajudou a terminar".<ref name="Lehan, 48">Lehan, 48.</ref>