Concílio de Basileia-Ferrara-Florença: diferenças entre revisões

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O concílio em Basileia abriu com apenas uns poucos bispos e [[abade]]s presentes, mas cresceu rapidamente e acabou tendo uma maioria de religiosos de ordens menores sobre os bispos. A postura inicial foi antipapal, proclamando a superioridade do concílio sobre o Papa e prescrevendo uma [[profissão de fé do sumo pontífice]], um juramento que deveria ser feito por todos os Papas em sua eleição. Quando o concílio foi transferido de Basileia para Ferrara em 1438, alguns permaneceram em Basileia (como [[Nicolau de Cusa]]), ainda alegando serem parte do "verdadeiro concílio". Eles elegeram [[Amadeu VIII de Saboia]] como o [[Antipapa Félix V]]. Expulsos de Basileia em 1448, eles se mudaram para [[Lausanne]], onde Félix, o único reclamante ao trono papal a ter feito a profissão de fé proposta em Basileia, renunciou. No ano seguinte, o eles decretaram o fechamento do que eles ainda acreditavam ser o Concílio de Basileia<ref name = "Oxford 2005" />.
 
O concílio enquanto isso tinha negociado com sucesso a reunificação com diversas [[Igrejas Ortodoxas]], conseguindo acordos em assuntos como a [[primazia papal]], a inclusão da [[cláusula filioqueFilioque]] no credo e o [[purgatório]], uma novidade recente no léxico teológico latino. O item mais importante em discussão, previsivelmente, era o [[poder papal]], no sentido de um poder direto e que responde à ninguém, sobre todas as Igrejas ortodoxas nacionais (sérvia, búlgara, russa, georgiana, armênia etc.) em troca de assistência militar contra os [[otomanos|turcos otomanos]]. O partido grego, sob forte pressão do [[imperador bizantino]], aceitou, por razões puramente políticas, as demandas do grupo papal. Apenas [[Marcos de Éfeso]] rejeitou a união entre os ortodoxos gregos. Os russos, tendo ouvido rumores desta teologia puramente política, rejeitaram furiosamente a união e expulsaram quaisquer prelados que fossem minimamente simpáticos à ideia. É claro que a ajuda do ocidente ao [[Império Bizantino]] nunca se materializou e a [[queda de Constantinopla]] ocorreu em 1453. O concílio declarou também que o grupo que estava reunido em Basileia eram [[heresia|heréges]] e os [[excomunhão|excomungou]]. Finalmente, em 1441, a superioridade do Papa sobre os concílios foi reafirmanda na [[bula papal]] ''Etsi non dubitemus'' de 20 de abril<ref name = "Oxford 2005" />.
 
== Concílio de Basileia ==
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A primeira sessão pública em Ferrara começou em 10 de janeiro de 1438. Seu primeiro ato foi declarar o concílio de Basileia transferido para Ferrara e nulificar todos os procedimentos que continuassem a ocorrer na cidade suíça. Numa segunda sessão pública (15 de fevereiro de 1438), Papa Eugênio IV [[excomunhão|excomungou]] todos os que ainda estavam reunidos em Basileia.
 
No início de abril de 1438, a delegação grega chegou a Ferrara, com mais de 700 pessoas. Em 9 de abril, a primeira sessão solene em Ferrara começou com o [[imperador bizantino|imperador]], o [[Patriarca de Constantinopla]] e representantes dos demais patriarcados ([[Patriarca de Antioquia|Antioquia]], [[Patriarca de Alexandria|Alexandria]] e [[Patriarca de Jerusalém|Jerusalém]]) presentes e sob a presidência do [[Papa Eugênio IV]]. As primeiras sessões duraram até [[17 de julho]], com cada um dos itens do [[Grande Cisma do Oriente]] (1054) debatido exaustivamente. Reiniciando as atividades em [[8 de outubro]], o concílio focou exclusivamente a inclusão da [[cláusula filioqueFilioque]] no [[credo de Niceia]]. Apesar de claro que os ortodoxos jamais aceitariam a inclusão da cláusula, o imperador continuou pressionando pela reconciliação.
 
=== Concílio novamente transferido para Florença ===
[[Ficheiro:Union 1439.jpg| thumb| direita| 300px| Bula de União da Igreja Católica com a Igreja Ortodoxa Grega.<br><small>Assinada pelo imperador [[João VIII Paleólogo]]</small>]]
Com problemas financeiros e sob o pretexto de que a [[peste bubônica|peste]] estava se espalhando pela região, tanto os latinos quanto os gregos concordaram em transferir o concílio para Florença<ref>Stuart M. McManus, 'Byzantines in the Florentine polis: Ideology, Statecraft and ritual during the Council of Florence', ''The Journal of the Oxford University History Society'', 6 (Michaelmas 2008/Hilary 2009), pp. 4-6</ref>. Continuando os trabalhos ali a partir de janeiro de 1439, o concílio fez diversos progressos numa fórmula intermediária, ''"exper filioFilium"''. Nos meses seguintes, um acordo foi alcançado sobre a doutrina ocidental do [[purgatório]] e um retorno às prerrogativas pré-cisma do Papado. Em 6 de junho, um acordo foi assinado pelo [[José II de Constantinopla|Patriarca José II de Constantinopla]] e todos os bispos orientais, exceto [[Marcos de Éfeso]], que mantinha que Roma continuava em heresia e cisma. Aparentemente, o Grande Cisma estava terminado com a declaração da chamada '''União de Florença'''. Porém, após a morte de José II apenas dois dias depois, os gregos insistiram que a ratificação pela Igreja Ortodoxa se daria apenas pelo acordo de um sínodo oriental<ref>O acordo do patriarca não é mandatório sobre toda a [[Igreja Ortodoxa]] (ele não tem os mesmos poderes que o [[papa]] tem sobre o a [[Igreja Católica]]).</ref>. Quando voltaram para casa, os bispos orientais descobriram que o seu acordo com o ocidente era amplamente rejeitado pela população, pelos monges e pelas autoridades civis (que a notável exceção dos imperadores, que permaneceram fiéis ao acordo até a [[queda de Constantinopla]] duas décadas depois). A união assinada em Florença jamais foi aceita pelas Igrejas Ortodoxas.
 
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