A Loucura sob Novo Prisma: diferenças entre revisões

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Segundo Klein Filho, um dos biógrafos de Bezerra de Menezes,<ref group="primaria">KLEIN FILHO, Luciano. Bezerra de Menezes, fatos e documentos. Niterói, RJ, Lachâtre, 2000</ref> teve sua primeira edição em 1921, pela tipografia Bohemias, e sua quarta edição comprovadamente realizada pela FEB. Sua análise ou nos remete ao final do século XIX ou início do Séc, XX, portanto, e, independente do período em que foi escrito relaciona-se, como veremos, à tentativa de simultaneamente abordar o tema das doenças mentais no ponto de vista religioso e científico.
 
Várias publicações da doutrina espírita sobre a "doença mental" tomam com referência as questões respondidas no "[[O Livro dos Espíritos]]" de [[Allan Kardec]] no capítulo IX (Parte Segunda) intitulado "Da intervenção dos espíritos no mundo corpóreo", em especial os textos sobre ''[[Possessão espiritual|Possessos]]'' e ''Convulsionários''; e no capítulo VII os textos sobre "idiotismo e loucura". Após 1920 podemos afirmar com segurança o próprio livro do Dr. Bezerra de Menezes, torna-se uma referência do tema, a exemplo de suas citações no livro do médium [[Divaldo Franco]], ''[[Loucura e Obsessão]]'' entre outros. O referido livro "A loucura sob novo prisma" não foge a regra de concordância com a obra de Kardec, o que também pode ser considerado um indicativo de sua autoria na época (séc. XIX), pois não cita autores do início do séc. XX, nem mesmo os continuadores da abordagem espírita. Tal hipótese pode ser complementada por uma análise do estilo e características ortográficas da época, a ser realizado.{{Carece<ref group="secundaria">PEREIRA, Benedito Fernando. Psicografia e autoria: Um estudo estilístico-discursivo em ''Parnaso de fontes}}além-túmulo''. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Letras da Universidade do Vale do Sapucaí, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Letras. Pouso Alegre, Universidade do Vale Do Sapucaí , 2008 [http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/monografia/monografia_BENEDITO.pdf] Jul. 2011</ref>
 
[[Ficheiro:Sir William Crookes and Katie King.jpg|thumb|O espírito materializado de [[Katie King]] e Sir [[William Crookes]]]]
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==Sumário e principais referências==
O livro divide-se em três capítulos: o primeiro discorre sobre a existência do [[espírito]] ou [[alma]], em ampla discussão, passando em revista a história da filosofia, tradições populares e relatos de casos. No segundo capítulo aborda a questão das relações entre o espírito e o cérebro, mas, ao contrário do primeiro cita poucos textos, especialmente de médicos, [[Frenologia|frenologistas]] e/ou fisiologistas de sua época. Fundamenta-se na dualidade proposta por [[Descartes|René Descartes]] (1596 - 1650) e em "[[experimentos espíritas]]" realizados na época. Entre os experimentos cita a participação do físico - químico inglês, Sir. [[William Crookes]], (1832 - 1919), um dos primeiros cientistas a investigar o [[Estados físicos da matéria|estado físico da matéria]] que hoje é chamado de [[plasma]]s, além do conhecido [[Cesare Lombroso]] (1835 - 1909) graças às suas contribuições à [[criminologia]].
 
Lombroso publicou em sua época primeiramente livros contra<ref group=primaria>LOMBROSO, Cesare "Studi sul l'ipnotismo" (Turim, 1882)</ref> e depois a favor das crenças espíritas.<ref group="primaria">LOMBROSO, César. Hipnotismo e mediunidade. Rio de Janeiro: FEB,</ref> As primeiras experiências espíritas realizadas por ele, segundo consta, a convite do conde Ercole Chiaia, foram [[Rito|sessões]] com a [[Mediunidade|médium]] italiana Eusápia Palladino descritas no seu livro ''Hipnotismo e Mediunidade'', e podem ser consideradas uma influência intelectual à obra aqui analisada.
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Finalmente no terceiro capítulo, intitulado ''Obsessão'', Menezes refere-se à concepção de [[Jean-Étienne Esquirol|Esquirol]] (1772 - 1840) quanto ao problema da integridade ou lesão cerebral dos portadores de transtorno mental bem como na busca e explicação dos [[surto]]s, remissão de sintomas e analisa o fenômeno da [[anestesia]], recorrendo também, para surpresa de alguns teóricos da época, a um depoimento do espírito de [[Samuel Hahnemann]] (1755 - 1843) (Menezes, o.c. p.&nbsp;170) embora não sejam conhecidas referências a prática do espiritismo por Hahnemann em sua vida na [[Saxônia]] ou [[Paris]].
 
Neste capítulo apresenta uma estratégia para, segundo ele, a difícil tarefa de distinção entre a "loucura moral" ou mais apropriadamente denominada de "loucura psicológica" enquanto perturbação apenas da faculdade anímica e , as associadas à lesão de seu "instrumento de manifestação", o [[cérebro]]. Observando que nas lesões cerebrais, sendo possível, a reparação do dano teríamos as funções mentais restauradas, ao contrário dos casos onde não se identificam alterações orgânicas. No primeiro groupgrupo é onde se insere o que o espiritismo chama de obsessão, com suas fases de "desfalecimento" e "arrastamento" onde se rompe a harmonia entre o "ser pensante" e órgão de manifestação do pensamento (cérebro). Segundo ele o espírito permanece "lúcido" em ambos os casos e o mal consiste na irregularidade da comunicação ("transmissão") alma - cérebro (no caso da obsessão) ou manifestação do pensamento (nas lesões orgânicas). Reconhece a utilidade da [[hipnose]] como forma de distinção diagnóstica e intervenção em ambos casos, contudo adverte sobre os refratários à esse método, citando os experimentos de [[Jean-Martin Charcot]] (1825 - 1893) e afirma ser "a cura pelos meios morais, a melhor prova de exatidão do diagnóstico" (o.c. p. 178). Observe-se a concordância da obra com o mundo e questões intelectuais ([[zeitgeist]]) do final do séc. XIX.
 
==Aproximações com a homeopatia do séc XIX==
[[Ficheiro:Le Livre des Médiums.jpg|thumb|"[[O Livro dos Médiuns]]" de [[Allan Kardec]] (1861) também trata do tema [[obsessão]], embora sem referência direta aos [[Doença mental|distúrbios mentais]]]]
Pouco se conhece da atuação do Dr. Bezerra de Menezes enquanto médico homeopata clínico e menos ainda enquanto clínico do que hoje denominamos distúrbios psiquiátricos. Contudo no Brasil o [[Espiritismo]] e a [[Homeopatia]] tiveram uma origem comum, ambos com lugar de destaque na côrte e na medicina do período imperial. Consta que [[Pedro I do Brasil|Dom Pedro I]] (1798 - 1834) correspondia-se com Hahnemann e que [[José Bonifácio de Andrada e Silva|José Bonifácio]] (1763 - 1838) foi um dos primeiros experimentadores tanto da homeopatia como do espiritismo. Segundo publicado na revista de divulgação da doutrina espírita, [[Reformador]] de 1º de maio de 1883 o conhecido homeopata [[Alexandre José de Mello Moraes|Melo Moraes]] (1816 - 1882) integrava um group espírita juntamente com o [[Pedro de Araújo Lima|Marquês de Olinda]] (1793 -1870) e o [[José Cesário de Miranda Ribeiro|Visconde de Uberaba]] (1792 -1856) entre outros vultos notáveis da época<ref group="primaria">ACQUARONE, Francisco. Bezerra de Menezes, o médico do pobres. SP, Aliança, 2007</ref> Considera-se que a homeopatia, foi introduzida no Brasil no dia 21 de novembro de 1840 (atual Dia Nacional da Homeopatia) pelo médico francês [[Benoît Jules Mure|Jules Benoit Mure]] (1809 - 1858).<ref group="primariasecundaria">LUZ, Madel, T.. A Arte de Curar versus A Ciência das Doenças. SP, Dynamis Ed., 1996 ISBN 85-7001-497-X</ref>
 
Observe-se também que por ser homeopata, estudioso e conhecedor do trabalho de Hahnemann, autor do clássico Organon onde é reconhecida e descrita a importância dos fatores emocionais como causas das doenças, está implícito o interesse do Dr. Bezerra de Menezes no tratamento dos distúrbios emocionais. Segundo Teixeira<ref group="primaria">{{citar web |autor=TEIXEIRA, Marcus Zulian |url=http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1239.pdf |publicado=Pediatriasaopaulo.usp.br |obra= PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):286-296|formato=PDF |título=Tratamento homeopático dos distúrbios emocionais e comportamentais da infância e da adolescência|data= |acessodata= }}</ref> para a homeopatia, quaisquer características humanas, desproporcionais em sua expressão natural e promotora de distúrbios de qualquer natureza (espiritual, social, familiar, escolar, psíquica, emocional, física, climática, alimentar etc.), são consideradas sintomas homeopáticos passíveis de modulação por aplicação de medicação a partir do princípio da similitude terapêutica.
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O Dr Bezerra de Menezes obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro", onde já analisa a influência dos temperamentos, hábitos, profissões, emoções (paixões morais tristes e deprimentes), irritabilidade local e hereditariedade no conjunto de fatores multicausais da patologia.<ref group="primaria">MENEZES, Adolfo Bezerra de. Diagnóstico do cancro. RJ, Tipografia de M. Barreto, 1856</ref> Nesse mesmo ano, como consta em sua [[Bezerra de Menezes|biografia]], o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, seu antigo professor, o convidou para trabalhar como seu assistente. Em 1858 foi nomeado como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Cirurgião-tenente. Entre 1859 a 1861 exerceu a função de redactor dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.
 
Como se vê, além do livro "A loucura sob novo prisma" (publicado postumamente) e das referências à utilização da homeopatia, pouco se conhece da sua atuação e interesse na área de saúde mental. Nessa época já existiam cerca de 20 hospitais para internamento de doentes mentais em todo território nacional e o tratamento mais utilizado era a internação.<ref group="secundaria">RESENDE, Heitor. Política de Saúde Mental no Brasil: Uma visão histórica. in Tundis, Silvério A.; Costa Nilson R. Cidadania e loucura, políticas de saúde mental no Brasil. RJ, Vozes -m ABRASCO, 1987</ref> Seus<ref trabalhosgroup na Câmera Municipal do Rio de Janeiro (a capital do país) revelam que o Dr Bezerra de Menezes estava atento para questões psicossociais (do modo como as compreendemos hoje). Participou da campanha [[Abolicionismo no Brasil|abolicionista]] e publicou o ensaio= "ANota" escravidãoname no= Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"RJ" (1869), onde incluía recomendações não só a libertação dos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nessa perspectiva destaca-se ainda no seu trabalho como deputado o projeto de lei destinado à regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias. />
 
Seus trabalhos na Câmera Municipal do Rio de Janeiro (a capital do país) revelam que o Dr Bezerra de Menezes estava atento para questões psicossociais (no modo como as compreendemos hoje). Participou da campanha [[Abolicionismo no Brasil|abolicionista]] e publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde incluía recomendações não só a libertação dos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nessa perspectiva destaca-se ainda no seu trabalho como deputado o projeto de lei destinado à regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias.
Entre os estudos e pesquisas sobre terapêutica e medicina do Dr. Bezerra de Menezes merece ser citado seu interesse pela [[Tratamento espiritual|medicina medianímica]] inclusive com experimentos pessoais (ou pesquisa de campo) com o ''médium receitista'' [[João Gonçalves do Nascimento]] (1844 - 1916) com parecer favorável sobre sua eficácia.<ref group="primaria">MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Memórias de Bezerra de Menezes. SP, Madras, 2005 p.29-31</ref><ref group="primaria">SOARES, Sylvio Brito. “Vida e Obra de Bezerra de Menezes.” Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1963.</ref> Fez diversas recomendações contra a proibição dessa prática, acusada por vezes de feitiçaria, <ref group = "Nota" name = "Código Penal" /> e à demanda por estudos e verificação estatística de seus resultados, em artigos publicados na sua coluna "Espiritismo, Estudos Filosóficos" no Jornal "O Paiz" entre 1887 e 1895, da capital republicana da época (o [[Rio de Janeiro]]), onde assinava com pseudônimo de Max.<ref group="primaria">MENEZES, Adolfo Bezerra de (Max). Espiritismo, estudos filosóficos. 3 V. v.2 SP, FAE - Fraternidade Assistencial Esperança, 2001</ref>
 
Entre os estudos e pesquisas sobre terapêutica e medicina do Dr. Bezerra de Menezes, merece ser citado seu interesse pela [[Tratamento espiritual|medicina medianímica]] inclusive com experimentos pessoais (ou pesquisa de campo) com o ''médium receitista'' [[João Gonçalves do Nascimento]] (1844 - 1916) com parecer favorável sobre sua eficácia.<ref group="primaria">MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Memórias de Bezerra de Menezes. SP, Madras, 2005 p.29-31</ref><ref group="primaria">SOARES, Sylvio Brito. “Vida e Obra de Bezerra de Menezes.” Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1963.</ref> Fez diversas recomendações contra a proibição dessa prática, acusada por vezes de feitiçaria, <ref group = "Nota" name = "Código Penal" /> e à demanda por estudos e verificação estatística de seus resultados, em artigos publicados na sua coluna "Espiritismo, Estudos Filosóficos" no Jornal "O Paiz" entre 1887 e 1895, da capital republicana da época (o [[Rio de Janeiro]]), onde assinava com pseudônimo de Max.<ref group="primaria">MENEZES, Adolfo Bezerra de (Max). Espiritismo, estudos filosóficos. 3 V. v.2 SP, FAE - Fraternidade Assistencial Esperança, 2001</ref>
 
Segundo Monteiro<ref group="secundaria">MONTEIRO, E. Carvalho, 2005 o.c. p.53 </ref> um de seus importantes biógrafos, no livro “A loucura sob novo prisma” o Dr. Bezerra de Menezes reafirma a harmonia possível entre a religião e o progresso científico (ver carta a seu irmão sobre sua conversão ao Espiritismo),<ref group="primaria">MENEZES, Adolfo Bezerra de. A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica ). Publicada postumamente pela FEB em 1946 [http://bvespirita.com/Uma%20Carta%20de%20Bezerra%20de%20Menezes%20(Bezerra%20de%20Menezes).pdf PDF, Set. 2013] </ref> uma constante preocupação de sua época e ambiente intelectual das suas relações sociais (jornalistas, administradores, políticos, profissionais liberais, etc.) que não se conformavam com o seu compromisso com a doutrina espírita. De acordo com esse autor a tese central deste livro é a de que a loucura não pode ser considerada sob um único prisma, tendo em vista o grande número de casos em que não se apresenta qualquer lesão cerebral e que a ciência não pode ignorar a outra causa da loucura, proveniente de [[Obsessão (espiritismo)|obsessão espiritual]], exigindo, por isso mesmo, tratamento específico.
 
Como vimos, é também inquestionável a sua atenção aos problemas relativos à doenças nervosas, além deste livro, face ao artigo de sua autoria, publicado no [[Reformador]] de 15 de abril de 1890 onde descreve uma [[Obsessão (espiritismo)|obsessão]] em um rapaz de 22 anos, “há tempos sofrendo de perturbação mental” e “verdadeira [[Ira|fúria]]” onde deixa evidente sua proposição de trabalho em casos identificados como de obsessão com atuação mediúnica em group[[sessão espírita]].<ref group="primaria">SOUZA, Juvanir B. (Ed.) Bezerra de Menezes ontem e hoje. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 2008</ref><ref group="secundaria">MONTEIRO, Eduardo C., 2005 o.c.</ref>
 
Outra referência histórica ao tema da loucura e obsessão encontra-se no artigo publicado na sua coluna no jornal "O Paiz", intitulado "Loucura e Obsessão" onde, não só apresenta sucintamente as contribuições do já citado psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol sobre o "cérebro perfeito" dos "loucos incuráveis" condenados a reclusão, o "grande passivo da ciência psiquiátrica", segundo ele, como também anuncia "o tratado, que está a escrever há dois anos, sobre esse importante assunto" e que, um dia publicará. Não há dúvidas que se trata do livro "A loucura sob novo prisma", onde inclusive, como vimos anteriormente, retoma críticas às contribuições de Esquirol e estudos da época sobre [[memória]] (orgânica, inconsciente) e força motora, segundo ele não conclusivos. Afirmando, explicitamente, os resultados positivos da aplicação de [[Ectoplasma (parapsicologia)|fluidos]] por [[médium|médiuns]] devidamente preparados para tal. Na caracterização dessa preparação cita ''[[Erasto]]'' em texto publicado na Revista Espírita de Paris ainda sob a direção de [[Allan Kardec]] (1804 - 1869).<ref group="primaria">MENEZES, Adolfo Bezerra de (Max). Loucura e Obsessão art. 62, p.267-270, in:. Espiritismo, estudos filosóficos. (3 V.) vol. 3 SP, FAE - Fraternidade Assistencial Esperança, 2001</ref>
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{{referências|Notas|grupo="Nota"|refs=
*<ref group = "Nota" name ="RJ" > Ver: {{Citar livro|nome = Magali Gouveia|sobrenome = Engel|título = Os delírios da razão: médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro, 1830-1930)|ano = 2001|isbn = 9788575412534|url = http://books.scielo.org/id/7htrv|doi = 10.7476/9788575412534|capítulo = A nova cara do velho hospício|acessadoem = 7 de setembro de 2015|local = Rio de Janeiro|editora = [[FIOCRUZ]]|página = 277-278|capítulourl = http://books.scielo.org/id/7htrv/pdf/engel-9788575412534-06.pdf|notas = Mas as formas de submissão alternavam-se constante e contraditoriamente com manifestações de rebeldia. R. C. S., internado no HNA durante quase três décadas com o diagnóstico de paranóia, era espírita e, por isso, atribuía as suas crises de loucura à ação dos espíritos. Fazia questão de sublinhar que detinha uma outra verdade da loucura diferente da imposta pela psiquiatria, denunciando a arbitrariedade do poder daqueles que o diagnosticaram como louco: ''Quando tive os primeiros acessos, enfim quando consenti que se me tomasse por maluco, disse-me... cedo, não aos preceitos científicos que se invocam, mas a um processo de ‘Força maior’. Alguém que pode mais do que eu resolveu fazer-me maluco; não posso resistir, é forçoso sujeitar-me.'' (apud Moura, 1923:36) No desespero da consciência da desrazão, aprisionado nos labirintos do hospício, R. C. S. equilibra-se numa corda bamba: consente e rejeita, oscilando, entre a resistência e a sujeição.}}'''
</ref>
 
<ref group = "Nota" name ="Código Penal" > Lê-se no Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890: Código Penal da República. Artigo 157: "É crime praticar o Espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismãs e cartomancias, para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade pública. Pena: prisão celular de 1 a 6 meses e multa de 100$000 a 500$000."</ref>}}
 
{{referências|Referências Secundárias|grupo="secundaria"}}
{{referências|Referências Primárias|grupo="primaria"}}
 
 
== Ligações externas ==
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* ISAIA, ARTUR CESAR. O discurso médico-psiquiátrico em defesa do espiritismo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro dos anos 1920. Revista Brasileira de História das Religiões – Ano I, no. 1 – Dossiê Identidades Religiosas e História [http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/19%20Artur%20Cesar%20Isaia.pdf Disponível em .pdf]
* MOREIRA-ALMEIDA, A.; LOTUFO NETO, F. Spiritist views of mental disorders in Brazil. Transcult Psychiatry. 2005 Dec;42(4):570-95. [http://www.hoje.org.br/site/arq/artigos/20061106-artigos-SpiritistViewsinMentalDisordersinBrazil.pdf Disponível em pdf] Abril. 2014.
* {{Citar livro|nome = Magali Gouveia|sobrenome = Engel|título = Os delírios da razão: médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro, 1830-1930)|ano = 2001|isbn = 9788575412534|url = http://books.scielo.org/id/7htrv|doi = 10.7476/9788575412534|capítulo = A nova cara do velho hospício|acessadoem = 7 de setembro de 2015|local = Rio de Janeiro|editora = [[FIOCRUZ]]|página = 277-278|capítulourl = http://books.scielo.org/id/7htrv/pdf/engel-9788575412534-06.pdf|notas = Mas as formas de submissão alternavam-se constante e contraditoriamente com manifestações de rebeldia. R. C. S., internado no HNA durante quase três décadas com o diagnóstico de paranóia, era espírita e, por isso, atribuía as suas crises de loucura à ação dos espíritos. Fazia questão de sublinhar que detinha uma outra verdade da loucura diferente da imposta pela psiquiatria, denunciando a arbitrariedade do poder daqueles que o diagnosticaram como louco: ''Quando tive os primeiros acessos, enfim quando consenti que se me tomasse por maluco, disse-me... cedo, não aos preceitos científicos que se invocam, mas a um processo de ‘Força maior’. Alguém que pode mais do que eu resolveu fazer-me maluco; não posso resistir, é forçoso sujeitar-me.'' (apud Moura, 1923:36) No desespero da consciência da desrazão, aprisionado nos labirintos do hospício, R. C. S. equilibra-se numa corda bamba: consente e rejeita, oscilando, entre a resistência e a sujeição.}}
 
{{Portal3|Espiritismo|Medicina|Ocultismo}}