Barão de Itararé: diferenças entre revisões

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Em 1918, durante suas férias, sofre um [[AVC]] quando andava na fazenda de um tio. Abandona o curso de [[Medicina]] no quarto ano e começa a escrever. Publica sonetos e artigos em jornais e revistas, como a [[Revista Kodak]], "A Máscara" e "Maneca".<ref>[http://www.releituras.com/itarare_bio.asp Biografia do Barão de Itararé, Projeto Releituras.]</ref>
 
=== ''A Manha'' ===
Em 1925 entra para [[O Globo]] de [[Irineu Marinho]]. Com a morte de Irineu, Apporelly foi convidado por Mário Rodrigues (pai de [[Nelson Rodrigues]]) a ser colaborador do jornal "''A Manhã"''.<ref name=fspilus/> Ainda em 1925, no mês de dezembro, Apparício Torelly estreava na primeira página com seus sonetos de humor que, geralmente, tinham como tema um político da época. Sua coluna humorística fez sucesso e também na primeira página, em 1926, começou a escrever a coluna "A Manhã tem mais…". Neste mesmo ano criou o semanário que viria a se tornar o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil. Bem ao seu estilo de paródias, o novo jornal da capital federal tinha o nome de "''A Manha"'', e usava a mesma tipologia do jornal em que Apparício trabalhava, sem o til, fazendo toda diferença, que era reforçada com a frase ladeando o título: ''"Quem não chora, não mama"''. Para estréia tão libertadora, Apporelly não perdeu a data de 13 de maio de 1926. "''A Manha"'' logo virou independente.<ref name=fspilus/>
==== A batalha de Itararé ====
 
Durante a [[Revolução de 1930]], quando [[Getúlio Vargas]] partiu de trem rumo à capital federal, então o Rio de Janeiro, propagou-se pela imprensa que haveria uma batalha sangrenta em [[Itararé]]. Isto, foi vastamente divulgado na imprensa. Apporelly não ficou de fora desta tendência. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a [[Washington Luís]] e as da [[Aliança Liberal]] que, sob o comando de [[Getúlio Vargas]], vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. A cidade de Itararé fica na divisa de [[São Paulo]] com o [[Paraná]], mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito. O Barão de Itararé comentaria este fato mais tarde da seguinte maneira:
''{{cquote|Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve.}}''
 
Na verdade, em outubro de 1930, Apparício se autodeclarara Duque nas páginas d"de ''A Manha"'':
{{cquote|O Brasil é muito grande para tão poucos duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque dançarino, que dança muito bem mas não briga e o [[Luís Alves de Lima e Silva|Duque de Caxias]] que briga muito bem, mas não dança. E agora eu, que brigo e danço conforme a música.}}
Mas como ele próprio anunciara semanas depois, ''"como prova de modéstia, passei a Barão."''
 
O jornal circulou até fins de 1935, quando o Barão foi preso por ligações com o [[Partido Comunista Brasileiro]],<ref>[http://brazil.indymedia.org/content/2007/10/400252.shtml Há 73 anos, dia 7 de outubro de 1934, ocorria em São Paulo o episódio conhecido como Batalha da Praça da Sé, quando o povo pôs os [[fascistas]] para correr]. Por Augusto César Buonicore. Artigo baseado no livro ''A Batalha da Praça da Sé'', do militante comunista [[Eduardo Maffei]] (Rio de Janeiro: Philobiblion, 1984). </ref> então [[clandestino]]. Foi libertado em dezembro de 1936, já ostentando a volumosa barba que cultivaria por boa parte de sua vida. Retomou o jornal por um curto período, até que viesse nova interrupção, ao longo de todo o [[Estado Novo]] e voltando em edições espasmódicas até 1959.<ref name="UFCG"/>
 
Unido a [[Bastos Tigre]] e [[Juó Bananére]], conseguiu exprimir o [[wikt:hibridismo|hibridismo linguístico]] lingüístico com a utilização do soneto-piada, que consistia na contraposição rápida de dois contextos associativos.
 
=== Política ===
Foi candidato em 1947 a vereador do [[Distrito Federal do Brasil (1891-1960)|Distrito Federal]], com o lema "Mais leite! Mais água! Mas menos água no leite!", sendo eleito com 3669 votos, o oitavo mais votado do [[PCB]], que conquistou 18 das 50 cadeiras. Porém, em janeiro de 1948, seus vereadores foram cassados: "umUm dia é da caça... os outros da cassação", anunciou "''A Manha"''.<ref name=fspilus/>
 
=== Últimos anos ===
No final dos [[anos 1950]], foi deixando o humor de lado e passou a se interessar pela ciência, e pelo [[esoterismo]], estudou [[filosofia hermética]], as pirâmides do [[Antigo Egito]] e a [[astrologia]], campo no qual desenvolveu o "horóscopo biônico".<ref name=fspilus/> Faleceu, dormindo, em seu apartamento no bairro carioca de Laranjeiras.<ref name="UFCG"/><ref name=fspilus/>
 
Foi opositor ferrenho de [[Getúlio Vargas]], a quem conheceu nos tempos de colégio, em [[Porto Alegre]], quando vivia na mesma pensão em que se hospedava Benjamin, irmão de Getúlio.<ref name=fspilus/>
 
== Obras e representação na cultura ==
Em 1985, a [[Editora Record]] publica em livro, sob o título de ''Máximas e Mínimas do Barão de Itararé'', uma seleção de textos de humor extraídos de ''A Manhã'', em coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa e com prefácio de [[Jorge Amado]]. No mesmo ano, ''Máximas e Mínimas'' alcançou rapidamente quatro edições.
 
Em 14 de agosto de 2011, o Programaprograma ''De lá pra cá'', da [[TV Brasil]] relembrou a vida e a obra do Barão de Itararé<ref>TV Brasil. Novidades. [http://tvbrasil.ebc.com.br/delapraca/episodio/barao-de-itarare ''Barão de Itararé - O pai do humor político brasileiro. Disponível''] em: http://tvbrasil.org.br/novidades/?p=32363</ref>.
 
Mais recentemente, seu espírito crítico influenciou a criação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa "Barão de Itararé" <ref>[http://www.baraodeitarare.org.br/ Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”]</ref>, que reúne diversos ativistas e movimentos sociais comprometidos com a democratização da mídia no Brasil.
 
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== Bibliografia ==
* [[Leandro Konder|KONDER, Leandro]]. O Barão de Itararé" ''In''.: FERREIRA, Jorge, [[Daniel Aarão Reis Filho|REIS FILHO, Daniel Aarão]] (org.) ''A formação das tradições (1889-1945)''. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. (AS esquerdas no Brasil, v. 1)
 
{{Portal3|Biografias|Literatura|Rio Grande do Sul}}