Género (biologia): diferenças entre revisões

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==História e descrição do conceito==
O conceito de ''gênerogénero'' é um dos mais antigos na moderna taxonomia, tendo as suas raízes no pensamento categorizador dos [[Filosofia greco-romana|filósofos greco-latinos]] e na necessidade, recuperada e aprofundada durante a [[Renascimento|Renascença]] europeia, de incluir os seres vivos em categorias que permitissem o seu mais fácil reconhecimento e ajudassem a compreender a ordem existente sob o aparente [[caos]] da [[biodiversidade]].
 
Deve-se a [[Gaspard Bauhin]] e a [[Joseph Pitton de Tournefort]] (1656-1708) a introdução do conceito de gênerogénero na moderna [[sistemática]], recuperando e clarificando uma ideia que estava já presente na [[História Natural]] desde os tempos de [[Aristóteles]]. A partir do trabalho de Bauhin e dos ''metodistas'' que se lhe seguiram, o conceito foi formalizado por [[Carolus Linnaeus]] nas suas obras ''[[Systema Naturae|Systema naturae per regna tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus differentiis, synonymis, locis]]'' (1735) e ''[[Species Plantarum]]'' (1753), as quais lançaram os fundamentos da moderna [[classificação binomial]].
 
A partir da obra lineana e da codificação das normas de classificação biológica, o conceito de ''gênerogénero'' passou a ser central em toda a sistemática biológica, rivalizando apenas em importância com o conceito de ''[[espécie]]'' como unidades fundamentais do sistema classificativo.
 
Na moderna taxonomia, o nome de cada gênerogénero é associado de forma permanente a uma espécie-tipo, a qual por sua vez tem a sua descrição ancorada num espécime-tipo preservado numa qualquer instituição científica. Esta ligação permite associar de forma unívoca cada gênerogénero a um conjunto cuidadosamente delimitado de características morfológicas e funcionais e a um genoma bem definido, permitindo eliminar ambiguidades e incertezas quanto ao taxon em si e aos taxa que lhe ficam associados.
 
Quando a evolução dos conhecimentos científicos permite definir e comprovar novos gênerosgéneros, ou eliminar algum dos existentes, as espécies que lhe estavam associadas são redistribuídas na nova ou novas estruturas taxonômicastaxonómicas. Os nomes genéricos obsoletos, mantendo a ligação à espécie tipo, passam a ser [[Sinonímia taxonômicataxonómica|sinônimossinónimos taxonômicostaxonómicos]] do gênerogénero em que esta for incluída. Os [[códigos de nomenclatura biológica]] e as regras de [[classificação científica]] estabelecem as normas pelas quais se rege a criação e extinção de gênerosgéneros.
 
As fronteiras entre gênerosgéneros têm variado com a evolução dos conhecimentos científicos e estão em boa parte dependentes da biodiversidade específica do [[filo]] em que o gênerogénero se insira. Em filos ricos em espécies, como por exemplo entre os [[artrópode]]s, os gênerosgéneros têm um âmbito bem mais largado do que por exemplo entre os [[Mammalia|mamíferos]]: usando o critério seguido no agrupamento de espécies de [[insetoinsecto]]s, os [[humano]]s e os [[bonobo]]s pertenceriam a um mesmo gênerogénero, o que se não verifica.
 
Esta subjetividadesubjectividade no estabelecimento do âmbito dos gênerosgéneros tem vindo a decrescer substancialmente com o advento dos conceitos da [[cladística]] e da [[filogenia]]. Na atualidadeactualidade espera-se que todos os ''taxa'' hierarquicamente inferiores a [[classe (biologia)|classe]] sejam restritos a agrupamentos que possam ser demonstrados como [[monofilético]]s. Desde o advento das teorias [[evolução|evolucionárias]] de classificação este tem sido o objetivoobjectivo dos [[sistemática|sistematas]]. Nos grupos melhor conhecidos, como as [[ave]]s e os [[mamífero]]s, os gênerosgéneros já correspondem a [[clade]]s.
 
As actuais normas nomenclaturais estabelecem três condições básicas, cumulativas, para que um gênerogénero possa ser considerada uma entidade taxionômicataxionómica válida:
*[[Monofilia]], garantindo que todas as espécies que evoluíram de um ancestral comum no nível taxonômicotaxonómico superior estão incluídas;
*Razoabilidade de âmbito, evitando que um gênerogénero se expanda desnecessariamente para além do número de espécies que partilham genomas similares;
*Diferenciação morfofuncionalmorfo-funcional, garantindo que o gênerogénero agrupa espécies que partilham características morfofuncionaismorfo-funcionais que as distinguem das restantes quando sejam usados critérios significativos do ponto de vista evolucionário ([[ecologia]], [[morfologia (biologia)|morfologia]] ou [[biogeografia]]).
 
Para efeitos do estabelecimento dos géneros, em particular no que respeita ao último dos critérios apontados, a presença de determinada sequência de [[ADN]] deve ser vista como uma '' consequência'' e não como uma ''condição'' face à possibilidade de existência linhagens evolucionárias, excepto nos casos em que tal sequência possa inibir o fluxo de [[gene]]s por estar directamente associada a uma [[barreira pós-zigótica]].