Sociocracia: diferenças entre revisões

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De especial importância no exercício de um governo sociocrático é a liderança. Sem um líder adequado não será fácil alcançar a unanimidade facilmente. Isto diz respeito a uma certa técnica que precisa ser aprendida. Aqui a experiência Quaker é de um valor enorme. Permitam-me descrever uma reunião de negócios Quaker. O grupo junta-se em silêncio. Em frente senta-se o Clérigo, o líder da reunião. Ao seu lado senta-se o clérigo assistente, que anota as decisões acordadas. O clérigo lê um assunto de cada vez e depois todos os membros presentes, homens e mulheres, velhos e novos, podem falar sobre o assunto. As pessoas dirigem-se à reunião e não ao president da reunião, cada um fazendo uma contribuição para o combóio do pensamento em desenvolvimento. É o dever do Clérigo, quando considera que chegou o moeemento certo, leer em voz alta uma minuta de ascunho refletindo o sentir da reunião. É um trabalho dívicil e precisa muita experiência e tacto para formular o sentido da reunião de forma que pode ser aceite por todos. Acontece normalmente que o Clérigo sente a necessidade de um tempo de silêncio. Depois todos os reunidos ficam em silêncio por uns instantes e várias vezes, do silêncio surge um novo pensamnto, solução reconciliadora, aceitável para todos. Pode parecer inacreditável para muitos que uma reunião até mil pessoas pode ser realizada desta forma. E ainda assim eu estive presente numa reunião anual dos Quakers em Londres, que decorreu durante o tempo de guerra (primeira guerra mundial), na qual o problema muito debatido da atitude dos Quakers perante a guerra foi discutido de tal forma que não houve votações. Portanto eu acredito que assim que definirmos para nós mesmos a tarefa de aprender este método de co-operação, começando com questões muito simples, então seremos capazes de aprender esta arte  adquirir uma tradição que tornará possível tratar questões mais difíceis.
 
Isto tem sido confirmado pela minha experiência em Bilthoven com a construção da escola que chamei de “Oficina comunitária das Crianças”. Desde muito cedo que sugeri que deviamos falar sobre como devemos organizar a nossa vida comunitária. No ínicio as crianças objetaram, dizendo que queriam que fosse eu a tomar as decisões por elas. Mas eu insisti, e a ideia da “Conversa”, ou reunião semanal, foi aceite. Mais tarde sugeri que uma das crianças me ajudasse com a liderança da reunião e a partir daí tornou-se uma instituição, liderada pelas crianças e que nós não queremos perder.
 
Quando comecei a organizar estas conversas, estava consciente que estava a utilizar o processo da reunião de negócios dos Quakers, e vi à distância, tal como estava, o grande problema do governo da humanidade. Também foi curioso descobrir se a arte de viver junto, compreendida como obedecer às regras com que nós todos concordámos, seria simples o suficiente para ser aprendida pelas crianças. Uma experiência de mais ou menos 20 anos mostrou-me que certamente o é.
Mas é preciso algo mais antes deste método ser aplicado à sociedade adulta. Quando estamos preocupados, não com um grupo de umas pequenas centenas de pessoas, mas com milhares ou até milhões, cujas vidas desejamos organizar desta foma, precisamos de aceitar o princípio de alguma espécie de representação. Deverão existir reuniões de mais alto nível, e estas deverão lidar com assuntos relevantes a áreas maiores. Reuniões de mais alto nível também deverão enviar representanes para outro corpo a um nível superior, que será responsável por uma área ainda maior e assim sucessivamente.
 
Depois das minhas expectativas acerca do sucesso das reuniões da escola terem sido confirmadas pela prática, eu estava muito curioso para saber se uma reunião de representantes também funcionaria na escola. Um dia, quando o número de crianças cresceu muito para o recomendado numa reunião geral onde todos pudessem participar, eu sugeri criar-se uma reunião com representantes. No ínicio as crianças não gostaram da ideia; as crianças são conservadoras.
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