Pagode romântico: diferenças entre revisões

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Melhorei um pouco da ortografia em "Como tudo começou", e tentei deixar o texto mais neutro, evitando "julgamentos" sobre o que se define como "boa" cultura.
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===Como tudo começou===
 
Após anos de grande sucesso, em que os pagodeiros tradicionais invadiram os canais de comunicação, venderam muitas cópias de seus discos, fizeram diversos shows e se tornaram conhecidos nacionalmente, começou o declínio da popularidade de músicos, ao mesmo tempo em que uma vertente mais romântica do ''pagode'' o outros estilos assemelhados cresciam como itens preferidos do público. Na esteira do exemplo do pagode, que atingiria grande sucesso comercial, alguns grupos começaram a lançar novidades mais híbridas.<ref>[http://seer.ufrgs.br/index.php/EmPauta/article/view/9387 O Pagode dos anos 80 e 90: centralidade e ambivalência na significação musical]</ref> Embora alguns raros sambistas “tradicionais” também tivessem abocanhado fatias desse bolo, grande parte dos bem-sucedidos dos anos 1990 era constituída pelos então denominados ''“pagodeiros paulistas”'', constelação de grupos musicais originados na periferia de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], cujos membros apresentavam certa semelhança em seus atributos sociais. TratavaEm geral, tratavam-se de jovens suburbanos do sexo masculino, nascidos entre as décadas de 1960 e 1970, que ocupavam posição social precária, queristo dizeré, que se encontravam destituídos de exposição prolongada à educação formal, de formação profissional, dee emprego fixo, dealém paisda que pudessem lhes transmitir altos cabedais de cultura legítima ou herançasituação econômicafinanceira etcdesfavorável. Todos eles, no mais, compartilhavam o entusiasmo em suas adolescências com as produções dos sambistas cariocas dos anos 1980. À imagem e semelhança desses sambistas do Rio – os tradicionais “pagodeiros”, conforme a imprensa e os pares estabelecidos os classificaram nos anos 1980 –, os debutantes paulistas organizaram seus próprios grupos: incorporavam os mesmos instrumentos musicais consagrados pelos ídolos, no caso, o ''tantã'', o ''repique de mão'' e o ''banjo'' – causadores de certa desconfiança nos bambas daquele meio –, respectivos sucedâneos dos canonizados ''surdo'', ''tamborim'' e ''cavaquinho''. No entanto, à medida que deixavam o amadorismo e logravam penetrar as estruturas comerciais de gravação, os paulistas exageravam na dose; o uso a roldão de instrumentos musicais eletrificados nos arranjos, o flerte e a mescla nas composições com estilos musicais execrados pelos tradicionalistas, como o ''charme'', o [[rap]], o [[sertanejo]] etc., a inserção desmesurada de motivos românticos nos versos e extravagâncias nas maneiras de se vestir, de se apresentar e de se portar constituíram um conjunto de elementos a suscitar a fúria dos reconhecidos da música popular e de seus porta-vozes.
 
À imagem e semelhança desses sambistas do Rio – os tradicionais “pagodeiros”, conforme a imprensa e os pares estabelecidos os classificaram nos anos 1980 –, os debutantes paulistas organizaram seus próprios grupos: incorporavam os mesmos instrumentos musicais consagrados pelos ídolos, no caso, o ''tantã'', o ''repique de mão'' e o ''banjo'' – causadores de certa desconfiança nos membros mais tradicionais daquele meio –, que sucediam os instrumentos mais tradicionais ''surdo'', ''tamborim'' e ''cavaquinho''. O uso exacerbado de instrumentos musicais eletrificados nos arranjos, o flerte e a mescla nas composições com estilos musicais execrados pelos tradicionalistas, como o ''charme'', o [[rap]]<nowiki/>oe [[sertanejo|sertanejo,]] a inserção derecorrentee motivos românticos nos versos e extravagâncias nas maneiras de se vestir, de se apresentar e de se portar constituíram um conjunto de elementos a suscitar a fúria doseeartistas conhecidos da música popular e de seus porta-vozes.
Durante todo o tempo em que tais sambistas “intrusos” estiveram em evidência houve verdadeira avalanche de reprovações e chamadas à ordem em meio às crônicas de figurões da crítica dos cadernos culturais de periódicos de ''São Paulo'' e do ''Rio de Janeiro''. Artistas sancionados do naipe de ''Chico Buarque'', ''Monarco'', ''Dona Ivone Lara'' e ''Nei Lopes'' uniram suas vozes ao reproche geral da imprensa especializada, isolando-os de vez das trincheiras da “boa” música popular. O que não obstou, por outro lado, que os novatos continuassem a se virar midiática e monetariamente com muito mais mestria do que os “mestres”; guiados por seus empresários, espécies de taumaturgos na arte de promover desconhecidos ao estrelato, lucravam além da conta por meio da alta exposição a que se submetiam. Para se fazer idéia do vulto tomado pelo movimento do pagode
 
na década de 1990, dois programas de televisão eram exclusivamente dedicados, aos sábados, aos artistas do novo pagode (''Ligação'', na [[Rede Gazeta]] e ''Samba, Pagode e Cia''. na líder nacional de espectadores, ''Rede Globo''), ao menos sete estações de rádio FM em ''São Paulo'' transmitiam em cerca de 80% de suas programações canções de pagode ([[Rádio Gazeta]], [[Rádio Cidade]], [[Transcontinental|FM]], 105, [[Rádio Bandeirantes]], Rádio Tropical e Rádio Tupi, sendo que a campeã geral de audiência era uma delas, a ''Transcontinental''), quatro revistas mensais cobriam a vida social e o universo musical dos pagodeiros (''revistas [[Revista Cavaco|Cavaco]]'', ''Pagodenopé'', ''Revista do Samba'' e ''Ginga Brasil''), sem falar dos espetáculos ao vivo promovidos em galpões e ginásios esportivos que, com frequência, atingiam a presença de trinta mil pessoas. Além disso, um dos recordes brasileiros de todos os tempos de venda de CD pertence ao grupo mineiro [[Só Pra Contrariar]], que alcançou, com um lançamento de 1997, a impressionante marca de 3,6 milhões de discos. Outros grupos heterodoxos, como os paulistas [[Katinguelê]], [[Soweto]], [[Negritude Júnior]], [[Os Travessos]], [[Exaltasamba]], [[Pixote]] etc. ultrapassaram seguidamente a marca de um milhão de CDs vendidos em cada lançamento anual.<ref>[http://desigualdadediversidade.soc.puc-rio.br/media/artigo9_8.pdf A nova ortodoxia do samba paulista]</ref>
Durante todo o tempo em que taisos sambistasrepresentantes “intrusos”dessa nova vertente do pagode estiveram em evidência, houve verdadeira avalanche de reprovações e chamadas à ordem em meio às crônicas de figurões da crítica dos cadernos culturais de periódicos de ''São Paulo'' e do ''Rio de Janeiro''. Artistas sancionados do naipe decomo ''Chico Buarque'', ''Monarco'', ''Dona Ivone Lara'' e ''Nei Lopes'' uniram suas vozes ao reproche geral da imprensa especializada, isolando-os de vez dasdo trincheirasque daera conhecido como “boa” música popular. O que não obstou, porPor outro lado, que os novatos continuassemcontinuaram a se virar midiática e monetariamente com muito mais mestria do que os “mestres”;, guiados por seus empresários, espécies de taumaturgos na arte de promover desconhecidos ao estrelato, lucravam além da conta por meio da alta exposição a que se submetiam. Para se fazer idéia do vulto tomado pelo movimento do pagode
 
naUm décadaindicativo dedas 1990,proporções tomadas por esta cena musical é a ocorrência de dois programas de televisão eram exclusivamente dedicados, aos sábados, aos artistas do novo pagode (''Ligação'', na [[Rede Gazeta]] e ''Samba, Pagode e Cia''. na líder nacional de espectadores, ''Rede Globo''), ao menos sete estações de rádio FM em ''São Paulo'' transmitiam em cerca de 80% de suas programações canções de pagode ([[Rádio Gazeta]], [[Rádio Cidade]], [[Transcontinental|FM]], 105, [[Rádio Bandeirantes]], Rádio Tropical e Rádio Tupi, sendo que a campeã geral de audiência era uma delas, a ''Transcontinental''), quatro revistas mensais cobriam a vida social e o universo musical dos pagodeiros (''revistas [[Revista Cavaco|Cavaco]]'', ''Pagodenopé'', ''Revista do Samba'' e ''Ginga Brasil''), sem falar dos espetáculos ao vivo promovidos em galpões e ginásios esportivos que, com frequência, atingiam a presença de trinta mil pessoas. Além disso, um dos recordes brasileiros de todos os tempos de venda de CD pertence ao grupo mineiro [[Só Pra Contrariar]], que alcançou, com um lançamento de 1997, a impressionante marca de 3,6 milhões de discos. Outros grupos heterodoxos, como os paulistas [[Katinguelê]], [[Soweto]], [[Negritude Júnior]], [[Os Travessos]], [[Exaltasamba]], [[Pixote]] etc. ultrapassaram seguidamente a marca de um milhão de CDs vendidos em cada lançamento anual.<ref>[http://desigualdadediversidade.soc.puc-rio.br/media/artigo9_8.pdf A nova ortodoxia do samba paulista]</ref>
 
===A influência de uma das bandas pioneiras===