Nikolai Gogol: diferenças entre revisões

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Depois de estudos medíocres, este jovem de fisionomia austera deixa a Ucrânia e encontra um modesto emprego de escritório ministerial em São Petersburgo. A distância de seu país natal e a nostalgia que dela resulta inspiraram alguns dos seus escritos. A panóplia de obras e romances do então "funcionário para sempre enclausurado" avivaram a sua carreira como autor, e após haver conhecido pessoalmente o [[Romantismo|romântico]] Alexandre Púchkin, sua obra despoletaria em um realismo próprio - não diremos insuflado, mas uma fonte riquíssima em artifícios paradoxais, tal como [[Fiódor Dostoiévski|Dostoiévski]] havia traçado em sua obra. Prova desse realismo típico veio a ser a novela ''O Capote'', cujo herói se tornara [[arquétipo]] do pequeno funcionário russo.
 
De facto, sua intervenção não é outra senão denunciar os vícios e abusos no interior da alma humana, humilhada e atravancada de emoções contraditórias. Em pleno desarranjo emocional, Gogól foge e recomeça a viajar pela Europa. A morte de Púchkin no ano de [[1837]], em um desinteressante [[duelo]], abala profundamente Gogol. "Agora tenho a obrigação de concluir a obra cuja ideia fora do meu amigo". Referia-se, naturalmente, ao alentado texto de ''[[Almas Mortas]]''.
 
Tenta publicar a obra em Moscovo em 1841, mas o Comité Moscovita de Censura recusa. Não é senão após uma intervenção dos amigos do autor que o livro é publicado, em [[1842]]. O romance é uma descrição em detalhe das preocupações do homem russo em uma Rússia profunda; uma sátira às vezes impiedosa, que, porém, guarda, subjacente, o profundo e natural amor de Gogol pelo país. De 1837 a [[1843]], vive em [[Roma]]. Regressa à Rússia, doente. Um [[misticismo]] religioso acentuado indu-lo a abandonar as antigas ideias [[Liberalismo|liberais]] para se tornar um defensor da [[autocracia]]. Essa fase mística virá a exacerbar-se após a sua viagem à [[Palestina]], em [[1849]].
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As tribulações recomeçam: Itália, França, Alemanha etc. Em [[1848]], faz uma [[peregrinação]] a [[Jerusalém]]. A pouco e pouco, sua saúde se degrada, e ainda mais devido à sua irritável [[hipocondria]] que em nada o recompõe; seu sentimento religioso se exalta. Gogol se torna cada vez mais místico, impelido em ir buscar, pelo sentimento religioso, a salvação da [[alma]].
 
De volta a Moscovo, redige a segunda parte de ''Almas Mortas''. Mas seu estado físico se degrada incessante, mercê do sonho que o acompanha desde jovem: mesmo homem absolutamente sadio e regrado, sua ânsia por uma nova ordem das coisas o martiriza. No início de Fevereiro de 1852, num momento de delírio, segundo dizem, ele queima, na lareira de seu quarto, todos os manuscritos inéditos - inclusive o fim da segunda parte de ''Almas Mortas''. O romance é uma belíssima e irónica ficção sobre a corrupção de uma classe decadente que domina o povo ignorante e escravo do [[Estado]]. Mas nunca fora concluída.
 
A [[21 de Fevereiro]] de [[1852]], Nicolau Vasilievich Gogol morre. São-lhe concedidas cerimónias e reconhecimento únicos: seu corpo [[Embalsamamento|embalsamado]] segue insepulto por mais de um dia, carregado pelos [[estudantes]], que oferecem homenagens acaloradas em memória do grande escritor. Todos os que haviam lido Gogol queriam ver de perto a despedida do grande autor. Está enterrado no [[Cemitério Novodevichy]], em Moscovo.<ref>{{findagrave|400}}</ref>