Romariz: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 32:
 
[[en:Romariz]]
 
O CASTRO DE ROMARIZ
 
O Monte do Castro de Romariz é uma pequena elevação situada a NE da Igreja Paroquial, que termina superiormente num planalto quase horizontal coma a área de 16.300 m2. As vertentes a Norte, Nascente e a Sul são abruptas com um declive que varia entre os 40 e 50% numa extensão de cerca de 400m. Do lado do Poente o declive é muito mais suave. Para defesa da fortificação foi cavado, deste lado e em forma de de arco, um fosso que mede 470m de comprimento e 10m de largura, em média. É a "Rua dos Mouros".
 
O Castro de Romariz, sito no alto desta elevação orográfica é, indubitavelmente, o património histórico de maior relevância na freguesia. É, aliás, um dos mais importantes elementos de referência para precisar uma data do início da história de Romariz - cerca de 500 A. C.-.
 
 
Vista geral do Castro de Romariz
O Castro foi descoberto em 1845, como nos conta Pinto Leal: "(...) andando um lavrador a roçar mato no Monte do Castro, deu a enxada uma pancada ôca e sonora. Admirado o homem, examina e quási à flor da terra achou enterrada uma espécie de ânfora de prata (da capacidade de quartilho e meio) contendo uma argola de ouro do peso de duas décimas, uma espécie de crescente de prata de umas 5 ou 6 onças e 102 medalhas de prata de vários imperadores romanos. Muita gente afluiu ao Castro, esgravatando tudo, a ver se aparecia mais dinheiro. Não se encontrou(...)"
 
Se a busca desenfreada de pequenos tesouros não teve qualquer resultado quanto ao objectivo que prosseguia, o mesmo se não pode dizer do ponto de vista histórico e arqueológico. De facto, as descobertas feitas - construções de vários tamanhos e de formas predominantemente arredondadas, com cerca de metro e meio de altura e sem sinais de existência de janelas ou portas -, possibilitaram o levantamento do véu relativamente aos nossos antepassados e permitiram clarificar as origens da nossa terra. O achado arqueológico permite-nos recuar no tempo e, sem medo de cometer erros, afirmar que aí viveram núcleos populacionais de grande relevância histórica. De entre eles podemos referir os Romanos, ainda antes de Cristo, pelas moedas encontradas serem de imperadores romanos. Por outro lado, as construções típicas permitem-nos classificar o achado como "Castrum" Romano. Mas não terão sido estas construções edificadas anteriormente à chegada dos romanos, e ulteriormente por estes aproveitadas? Segundo parecer de Mendes Correia, a maioria dos castros portugueses é de origem céltica ou mesmo pré-céltica. Pinho Leal considera como o mais provável ter sido o Castro povoação dos antigos lusitanos, povo pertencente ao trono celta.
 
As escavações e exploração arqueológicas do Monte do Castro constituem uma fonte documental para a clarificação e consolidação, quer das origens de Romariz, tanto para o estudo histórico da fase intermédia da cultura castreja, como ainda para a constatação das relações comerciais estabelecidas com os povos autóctones, peninsulares e até europeus, tais como os Cartagineses, que dominaram o comércio nesta altura da história.
 
 
Predominância arredondada das construções
Depois de descoberto o Castro, durante cerca de um século não houve qualquer actividade ao nível da sua exploração. Por volta de 1950, o Padre Manuel Fernandes dos Santos, pároco da freguesia nesta altura, iniciou uma campanha de exploração que o levou a mais um ressurgimento do passado. Entre os vestígios arqueológicos encontrados evidenciam-se um forno de cozer pão, a parte superior de uma coluna com o seu capitel, algumas mós e curtos vestígios de tijolo e telha. Com estas novas escavações reforçam-se as teses de presença dos romanos no Castro, não só pelas construções rectangulares que foram acrescentadas às arredondadas, bem como por todas as técnicas de construção e decoração tipicamente romanas.
 
Após a pacificação romana, o Castro é livremente abandonado, por meados do século I. Actualmente a equipa que orienta as investigações arqueológicas do Castro é constituída por pessoas do Departamento de Arqueologia da Universidade do Porto e começou o seu trabalho em 1980. A equipa surgiu no seguimento do interesse manifestado pela Junta de Freguesia de Romariz e pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e consequentemente celebrou-se um protocolo, em Abril de 1990, entre estas entidades levando a que, desde aí quase todos os anos se tenha trabalhado ao nível da exploração e investigação dos achados.
 
Em 1992 esta equipa, juntamente com alunos do curso de História, variante Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, esteve no Castro num período de três semanas do mês de Julho a proceder ao estudo e inventariação do material encontrado em anos anteriores. Na segunda quinzena de Setembro de 1993, realizou-se uma nova campanha arqueológica no Castro de Romariz. Resultou desta campanha o levantamento das paredes de grande parte das casas, sobretudo na parte norte do Castro, que foi descoberta na década de 50, por iniciativa do Padre Manuel Fernandes dos Santos, e que se encontrava em avançado estado de degradação. Em 1994 continuou-se o trabalho de exploração do Castro.
 
Estas novas campanhas de escavações levadas a cabo por esta equipa da F. L. da Universidade do Porto permitiram consolidar alguns dados relativos ao Castro, bem como o surgimento de novos elementos que tão pertinentemente contribuem para o desabrochar da história de Romariz. De entre esses novos elementos históricos refere-se, de forma sucinta:
 
- os peritos calculam que somente 1/4 da área total do Castro está explorada;
 
 
Trabalhos de Investigação e renovação do Castro
- o n.º de pessoas que habitava, na última fase de ocupação do Castro, deveria ser de aproximadamente um milhar, sendo por isso uma comunidade de tamanho médio (as comunidades mais extensas teriam cerca de 5 a 6 milhares de elementos);
 
- os vestígios de construções em madeira, colmo e ramagens, bem como outros materiais perecíveis encontrados nestas escavações sob os alicerces das construções em pedra actuais, corrobora a tese segundo a qual os Castros não eram somente construções de pedra. Provavelmente o Castro enquanto construção de madeira, colmo e ramagens foi incendiado, por volta do séc. II A. C., fruto de um ataque militar. A reestruturação do povoado foi feita em pedra e com base na aglomeração familiar, em que cada família ocupava uma área de cerca de 400 m2 integrando diversas casas de estrutura circular e rectangular com ângulos arredondados;
 
- o Castro foi abandonado por volta do séc. I D. C., atestando os documentos que o Castro, enquanto comunidade habitacional, terá tido uma existência de 500 a 600 anos
 
O espólio encontrado encontra-se nos seguintes locais: as moedas, na Torre do Tombo, (espólio este que o Padre Manuel Fernandes dos Santos não conseguiu encontrar quando o procurou em meados da década de 50); algumas mós em casa de romarizenses e outras no Convento dos Lóios em Santa Maria da Feira.
 
Resta-nos que o tempo leve à exploração e descoberta do resto deste património, visto que somente um quarto da área total deste se encontra explorada.