Palagonite: diferenças entre revisões

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'''Palagonite''', por vezes referido como '''palagonito''', é um material mineral rico em [[feferro]]rro, comum em ambientes de origem [[Hidromagmático|hidromagmática]], resultante da alteração de materiais [[vítrico]]s de natureza [[basalto|basáltica]] em presença de água. A palagonite é uma [[rocha]] de cor clara, friável e de baixa densidade, geralmente ocorrendo em camadas soldadas de espessura variável, que pode ir de alguns milímetros a muitos metros. Dependendo da temperatura e da abundância de água, a palogonite pode formar-se, num processo designado por palagonitização, em períodos que vão de alguns meses a milhares de anos após a erupção dos materiais que lhe dão origem. Não sendo totalmente cristalina, nem tendo uma composição química uniforme, embora sendo uma rocha, a palagonite é em geral considerada um [[mineralóide]].
 
==O processo de palagonitização==
A formação da palagonite inicia-se com a interacção entre a água e o [[basalto]] em fusão quando [[lava]]s basálticas emergem em ambientes aquáticos. Nestas circunstâncias, ao entrar em contacto com a lava, a água transforma-se instantaneamente em [[vapor]], pulverizando o material basáltico em finos fragmentos de elevada superfície específica, os quais reagem a alta temperatura com a água vaporizada para formar um material vítreo de cor clara que, depois de mais ou menos soldado por compressão a quente, dá origem a formações de [[Tufo (geologia)|tufo]] vulcânico, cujos exemplos mais conhecidos são os típicos cones litorais das ilhas vulcânicas.
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A transforma-se do vídeo basáltico em palagonite caracteriza-se pela ocorrência de um conjunto complexo de reacções químicas, que levam à progressiva alteração das características físico-químicas e da composição dos materiais, incluindo a progressiva consolidação das formações, já que a palagonite actua como [[cimento]], ligando os grãos até formar [[tufo (geologia)|tufos vulcânicos]] em geral muito consolidados, formando camadas duras e relativamente impermeáveis.
 
Durante o processo, o vidro liberta [[catião|catiões]], num processo de substituição por [[molécula]]s de [[água]] que leva à oxidação do [[ferro]] presente na massa basáltica. Os catiões libertados, particularmente [[Silício|Si]], [[Alumínio|Al]], [[Cálcio|Ca]], [[Sódio|Na]], [[Potássio|K]] e [[Magnésio|Mg]], preenchem as microcavidades da rocha, cimentando-a. Cerca de dez [[mineral|minerais]], alguns deles específicos destas formações, são formados neste processo, os mais comuns dos quais são a analsime, a phillipsite, a tobermotite, a smectite e a anidrite.
 
Apesar da palagonitização do vidro vulcânico ser um processo contínuo de dissolução do vidro, formação de palagonite e evolução dos minerais assim formados, na sua progressão podem ser considerados dois estádios distintos, caracterizados por diferentes reacções químicas e mobilidade diferenciada dos elementos<ref>Nicole A. Stroncik e Hans-Ulrich Schmincke, ''Evolution of palagonite: Crystallization, chemical changes, and element budget'', in ''Geochemstry, Geophysics, and Geosystems'', vol. 2, n.º 7, American Geophysical Union, 2001.</ref>:
#O processo inicia-se com a dissolução congruente do vidro, acompanhada pela precipitação da palagonite sob a forma de um [[gel]] amarelado, constituído por materiais [[amorfo]]s opticamente [[isotrópico]]s. É neste estádio que se verificam as principais perdas de [[Silício|Si]], [[Alumínio|Al]], [[Cálcio|Ca]], [[Sódio|Na]], [[Potássio|K]] e [[Magnésio|Mg]], acompanhada por hidratação que leva a um enriquecimento activo em H<sub>2</sub>O e a passivo em [[Titânio|Ti]] e [[Ferro|Fe]] do material.
#O estágio seguinte caracteriza-se pela maturação dos materiais formados, durante o qual a palagonite recém-formada, termodinamicamente instável, reagem com o fluido que a rodeia e cristaliza sob a forma de smectite. Durante o processo, a palagonite em formação absorve Si, Al, Mg e K da solução e perde Ti e H<sub>2</sub>O. A perda de Ca e Na continua durante esta fase, enquanto a perda de Fe é reduzida ou cessa.
 
O ritmo de palagonitização depende essencialmente da temperatura da água no interior da rocha. A temperaturas superiores a 100° &nbsp;[[CentigradoGrau Celsius|°C]] a consolidação das tefras em palagonite ocorre em períodos inferiores a um ano, dependendo da abundância de água e das composição química dos basaltos. A temperaturas mais baixas o ritmo de palagonitização é mais lento, sendo, no caso concreto da ilha de Surtsey e para temperaturas de 40º&nbsp;°C a 50&nbsp;°C, de 4 a 8 anos<ref>[http://www.surtsey.is/pp_ens/geo_4.htm ''Surtsey: The formation of palagonite tuffs''.]</ref>.
 
Quando se considera o balanço geral do sistema rocha-água, a conversão do vidro vulcânico em palagonite implica uma muito maior perda de elementos para a água do que a [[meteorização]] normalmente implicaria para aquele tipo de materiais base. Estudos têm vindo a demonstrar perdas ponderais de até 65 &thinsp;% (em peso) durante a palagonitização, comparada com perdas da ordem dos 28 &thinsp;% durante a meteorização<ref>Nicole A. Stroncik e Hans-Ulrich Schmincke, ''Palagonite: a review'', in ''International journal of earth sciences'' (''Int. j. earth sci.''), vol. 91, n.º 4, pp. 680-697, Springer, Berlim, 2002 (ISSN 1437-3254).</ref>.
 
Investigação realizada no vulcão de [[Surtsey]], na [[Islândia]], demonstrou que certas [[bactéria]]s presentes nas rochas contribuem para a dissolução do vidro basáltico constituinte das [[tefra]]s, aumentando assim o ritmo de formação da palagonite.
 
==Ocorrência==
A palagonite ocorre frequentemente sob a forma de [[Tufo (geologia)|tufos]] vulcânicos muito espessos, em geral designados ''tufos palagoníticos'', constituídos por fragmentos [[sideromelânico]]s e pedaços de rocha [[basalto|basáltica]] incrustados numa matriz de palagonite. Quando predominam os elementos sideromelânicos, o tufo vulcânico resultante é designado por [[hialoclastite]].
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Rochas com uma assinatura óptica semelhante à palagonite foram observados entre os [[regolito]]s que recobrem a superfície do planeta [[Marte (planeta)|Marte]], sendo uma das provas mais sólidas de que naquele planeta terá existido água em abundância.
 
{{referências}}
 
=={{Ligações externas}}==
* [http://www.geology.sdsu.edu/how_volcanoes_work/Thumblinks/palagonite_page.html Um palagonito das Canárias] {{en}}
* [http://www.geology.sdsu.edu/how_volcanoes_work/Hydrovolcanic.html#anchor139130 Hidrovulcanismo e geração de palagonitos] {{en}}