Expedição Shackleton–Rowett: diferenças entre revisões

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===Membros da expedição===
O jornal ''[[The Times]]'' tinha noticiado que Shackleton planeava levar uma dúzia de homens para o Árctico, "aqueles que o tinham acompanhado em expedições anteriores ".<ref name= Fisher442/> Quando partiu de Londres, o ''Quest'' levava a bordo 20 homens, dos quais oito antigos companheiros do ''Endurance''; outro, James Dell, era um veterano do ''Discovery'', 20 anos antes.<ref>Fisher, p. 464</ref> Alguns do ''Endurance'' ainda não tinham recebido pela sua participação naquela expedição, mas mostraram-se preparados para se juntar a Shackleton pela sua lealdade a este.<ref name= "Huntford684" /></ref>{{nota de rodapé|Outro antigo companheiro de Shackleton, [[Ernest Joyce]], não chegou a ser convidado devido a uma reclamação monetária que lhe seria devida. <ref>Tyler-Lewis, pp. 256–57</ref>}}
[[File:FrankWild.png|thumb|left|upright|[[Frank Wild]], o segundo-no-comando da expedição.]]
Frank Wild, na sua quarta viagem com Shackleton, foi escolhido para a posição de segundo-no-comando, tal como tinha tido na expedição do ''Endurance ''. [[Frank Worsley]], antigo capitão do ''Endurance'', assumiu o comando do ''Quest''. Outros companheiros eram dois cirurgiões, [[Alexander Macklin]] e [[James McIlroy (cirurgião)|James McIlroy]]; o meteorologista [[Leonard Hussey]]; o engenheiro Alexander Kerr; o marinheiro Tom McLeod; e o cozinheiro Charles Green.<ref name= "Huntford684"/> Shackleton tinha-se convencido de que [[Tom Crean]] iria aceitar o convite, e chegou mesmo a designá-lo para ficar "responsável pelos barcos ",<ref name= Smith308/> mas Crean tinha-se reformado da marinha para se dedicar à família em [[Condado de Kerry|Kerry]], e recusou o convite de Shackleton.<ref name= Smith308>Smith, p. 308</ref>
 
Em relação aos membros mais novos, [[Roderick Carr]], piloto neo-zelandês da [[Força Aérea Real]], foi contratado para voar na aeronave da expedição, um Avro "Antarctic" Baby: an [[Avro Baby]] modificado para [[hidroavião]] com um motor de 80 [[Cavalo-vapor|cv]].<ref>Riffenburgh, p. 892</ref><ref>Verdon-Roe, p. 258</ref> Conheceu Shackleton no Norte da Rússia, e prestava serviço como Chefe-de-Estado Maior da força aérea da [[Lituânia]]. {{nota de rodapé| Depois da expedição, Carr prosseguiu uma distinta carreira na [[Royal Air Force]], chegando a [[Air marshal]] e tornando-se Chefe-de-Estado da [[Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force|SHAEF]] em 1945. <ref name="Fisher, p. 489">Fisher, p. 489</ref>}} Na realidade, o aeroplano não chegou a ser utilizado durante a expedição devido a falta de peças, e Carr passou a assistente doa equipa científica.<ref name= Fisher451>Fisher, pp. 451–53</ref> O grupo científico incluía o biólogo australiano [[Hubert Wilkins]], que tinha experiência no Árctico, e o geólogo canadiano Vibert Douglas, que se tinha candidatado à expedição ao mar de Beaufort.<ref name= Fisher451/> Os recrutas que chamaram mais a atenção do público foram dois membros da [[The Scout Association|Scout Association]], Norman Mooney e [[James William Slessor Marr|James Marr]]. Como resultado da publicidade organizada pelo jornal ''[[Daily Mail]]'', estes dois tinham sido escolhidos de entre um grupo de 1700 escuteiros que se tinham candidatado para ir.<ref>Fisher, p. 454</ref> Mooney, natural das [[Órcades|ilhas Órcades]], saiu cedo da expedição, deixando o navio na [[Madeira]], sofrendo de enjoo crónico.<ref name= Wild32>Wild, p. 32</ref> Marr, de 18 anos de idade, natural de [[Aberdeen (Escócia)|Aberdeen]], permaneceu em toda a expedição, valendo-lhe o aplauso de Shackleton e Wild pelo seu desempenho. Depois de ter sido colocado junto da zona de armazenamento do carvão, de acordo com Wild, Marr "saiu-se muito bem do desafio, demonstrando uma coragem e resistência marcantes ".<ref name= Wild32/>
 
==Expedição==
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[[File:Elephant Island NOAA.jpg|thumb|left|Aproximação à [[ilha Elefante]] (fotografia de 1962)]]
Esta fase da viagem, ao longo do mar de Weddell, foi calma. Wild e Worsley não estavam dando-se bem, de acordo com Macklin, <ref> Mills, p. 303 </ref> e não havia outro descontentamento entre a tripulação que Wild, por sua própria conta, tratava com ameaça de "tratamento mais drástico".<ref>Wild, pp. 137–39</ref> A 12 de março chegaram a 64°11'S, 46°4'W, onde Ross tinha relatado uma "Aparição de Terra " em 1842, mas não viram sinal de nada; uma análise de profundidade a mais de 4200 m nada indicou, o que significava que não havia terra por perto.<ref>Wild, p. 144</ref> Entre 15 e 21 de março, o ''Quest'' ficou preso no gelo, e a falta de carvão era a principal preocupação. Quando o navio se libertou do gelo, Wild estabeleceu uma rota directa para a [[ilha Elefante]] onde esperava que a sua reserva de carvão pudesse ser complementada com a gordura das focas.<ref>Mills, p. 304</ref> A 25 de Março, a ilha foi avistada. Wild queria visitar Cape Wild, o local onde a expedição do ''Endurance'' acampou, mas o mau tempo não o permitiu. Conseguiram ver o local através de binóculos, observando os antigos marcos, antes de desembarcarem na costa oeste para caçarem focas-elefante.<ref name= Leif305>Mills, p. 305</ref> Conseguiram obter gordura suficiente para misturar com o carvão e, com o vento a favor, chegaram à Geórgia do Sul no dia 6 de abril.<ref name= Leif305/>
 
===Regresso===
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De acordo com Wild, a expedição terminou de forma "calma", embora o seu biógrafo Leif Mills refira a multidão entusiasta em Plymouth Sound.<ref name = Wild312>Wild, pp. 312–13</ref><ref>Mills, p. 308</ref> No fim da sua história, Wild expressou a esperança de que a informação que trouxeram poderia "ser útil para resolver os grandes problemas naturais que nos preocupam ".<ref name= Wild312/> Estes resultados foram sumariados em cinco apêndices no livro de Wild.<ref>Wild, pp. 321–49</ref> Os sumários reflectem os esforços da equipa científica para recolher dados e espécimenes em cada porto de paragem,<ref name="Mills, p. 307">Mills, p. 307</ref> e o trabalho geológico e de pesquisa levados a cabo por Carr e Douglas na Geórgia do Sul, antes da viagem ao sul.<ref>Wild, p. 80</ref> Deste material, foram feitos alguns relatórios e artigos,<ref>Fisher, pp. 516–17</ref> mas foi, de acordo com Leif Mills, "o suficiente para mostrar o trabalho de um ano".<ref name="Mills, p. 307"/>
 
A falta de um objectivo concreto e claro para a expedição,<ref>Huntford, p. 464</ref><ref name= Leif330>Mills, p. 330</ref> foi agravado por não se ter parado na Cidade do Cabo no caminho para o sul, pois ali havia equipamento muito importante para ser levado. Na Geórgia do Sul, Wild pouco material encontrou para solucionar esta perda — não haviamhavia cães na ilha, o que significava que não poderiam ser realizados trabalhos em trenó, eliminando, assim, a ideia de Wild de uma alteração ao plano da expedição, uma exploração da [[Terra de Graham]] na [[península Antártica]].<ref>Wild, pp. 74–75</ref> A morte de Shackleton antes do início dos trabalhos mais profundos, representou um duro golpe, e foram levantadas dúvidas sobre a capacidade de Wild para o substituir. Alguns relatórios referem que Wild bebia bastante — "praticamente um alcoólico ", de acordo com o biógrafo de Shackleton, [[Roland Huntford]].<ref>Huntford, p. 693</ref><ref>Mills, p. 297</ref> Mills sugere, contudo que, mesmo que Shackleton não tivesse morrido, e completasse a expedição, ainda assim não teria feito mais do que Wild fez.<ref name= Leif330/>
 
Em relação às inovações técnicas, o facto de o hidroavião não ter funcionado, foi outro revés. A expectativa de Shackleton em ser o primeiro a utilizar aquela forma de transporte em água antárcticas, era elevada, e ele mesmo tinha conversado sobre este assunto com o [[Air Ministry|departamento governamental britânico de gestão da Força Aérea]] britânico.<ref>Fisher, pp. 447–48</ref> De acordo com a descrição da expedição de Fisher, as peças essenciais da aeronave tinham sido enviadas para a Cidade do Cabo, mas por lá ficaram.<ref>Fisher, p. 452</ref> O equipamento de longo-alcance, sem fios, de 220-[[volt]], não funcionou como devia, e foi abandonado desde cedo. O pequeno equipamento de 110 volts apenas funcionava dentro de um alcance de 400&nbsp;km.<ref name= WildRGS/> Durante a visita a Tristão, Wild tentou instalar um novo aparelho de comunicações em fios com a ajuda de um missionário local, mas também sem sucesso.<ref>Wild, p. 214</ref>
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Após o regresso do ''Quest'', a expedição seguinte, mais significativa, só se realizaria sete anos depois.<ref>{{cite web|title= An Antarctic Time Line 1519–1959|url=http://www.south-pole.com/p0000052.htm|publisher= www.southpole.com|accessdate= 30 de November de 2008}}</ref> As expedições seguintes foram realizadas num contexto diferente, sucedendo à Idade Heroica, a "idade mecânica ".<ref>Fisher, p. 449</ref>
 
No final da sua narrativa da expedição ''Quest'', Wild escreveu sobre a Antárctida: "Penso que o meu trabalho ali está concluído "; nunca mais lá voltou, fechando, assim, uma carreira que, tal como Shackleton, deu por encerrada a Idade Heroica.<ref name=Wild313>Wild, p. 313</ref><ref>Wild fez parte da [[Expedição Discovery|Expedição ''Discovery'']], (1901–04); da [[Expedição Nimrod|Expedição ''Nimrod'']] (1907–09); da [[Expedição Antártica Australasiática]] (1911–13); da [[Expedição Transantártica Imperial]] (1914–17),; e da expedição Shackleton-Rowett.</ref> Nenhum dos membros da expedição, veteranos do ''Endurance'', regressariam à Antárctida, embora Worsley tenha feito uma viagem ao Árctico em 1925.<ref name =Fisher494>Fisher, p. 494</ref> Do restante pessoal do ''Quest'', o naturalista australiano [[Hubert Wilkins]] tornar-se-ia um aviador pioneiro em ambos os pólos, em 1928, voando desde [[Point Barrow]], Alasca, até a [[Spitsbergen]]. Também efectuou várias tentativas, falhadas, durante a década de 1930, em colaboração do aventureiro americano [[Lincoln Ellsworth]], de voar para o polo Sul.<ref name= Fisher494/> James Marr, o escuteiro, depois de acabar os seus estudos como biólogo marinho, voltaria por diversas vezes à Antárctida, integrando expedições australianas, nas décadas de 1920 e 1930.<ref>Fisher, p. 492</ref> Roderick Carr, o frustrado piloto da expedição, tornou-se [[Air marshal]] na Força Aérea Real .<ref name="Fisher, p. 489">Fisher, p. 489</ref>
 
==Ver também==