Francisco II de França: diferenças entre revisões

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== Família e Ancestralidade ==
Francisco era filho de [[Henrique II de França]] e [[Catarina de Médici]], pertencendo, portanto à casa de [[Valois-Angoulême]], e, sobretudo, um membro distante da [[Dinastia capetiana]], que governou a França por mais de trezentos anos. O rei também possuiapossuía ligações com a [[Dinastia carolíngia]], sendo um descendente direto de [[Carlos Magno]] de vinte e seis gerações. O nascimento de Francisco, aos 25 anos de idade do pai (considerada à época uma idade tardia para a criação do primogênito), ainda que incerta, é provável resultado da ira de sua mãe, Catarina em relação ao rei Henrique II, que exibia deliberadamente sua amante, [[Diana de Poitiers]], muitas vezes, mais valorizada que a própria esposa.
 
Teve doze irmãos. Por ter morrido sem deixar herdeiros, dois de seus irmãos, [[Carlos IX de França|Carlos IX]] e [[Henrique III de França|Henrique III]] o sucederam no trono francês, respectivamente. No entanto, uma das figuras mais eminentes em sua família foi seu cunhado, [[Henrique IV de França|Henrique IV]], marido de [[Margarida de Valois]], irmã de Francisco. Henrique IV sucedeu Henrique III no trono, iniciando a linhagem dos [[Bourbon]], que duraria até a [[Revolução Francesa]].
 
== Infância e educação (1544-1559) ==
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O mestre de Francisco foi Jean d`Humières e seu tutor Pierre Danès, um estudioso grego vindo de [[Nápoles]]. Também aprendeu dança com Virgilio Bracesco e [[esgrima]] com Hector de Mantua.
 
Seu pai, rei [[Henrique II de França|Henrique II]] arranjou um notório casamento para seu filho com [[Maria da Escócia|Maria, a rainha dos escoceses]], em 27 de Janeiro de 1548 (Acordo de Châtillon) quando Francisco tinha apenas quatro anos. Maria havia sido coroada Rainha dos Escoceses no [[Castelo de Stirling]] em 099 de setembro de 1543, nove meses após a morte de seu pai, [[Jaime V da Escócia|Jaime V]]. Além de ser a rainha da Escócia, Maria era neta de [[Claude, duque de Guise]], uma personalidade muito influente na corte francesa. Uma vez que o contrato de casamento foi formalmente ratificado, Maria foi Enviada para a França aos seis anos de idade para ser criada na corte até o dia do casamento. Embora Maria fosse alta e eloqüente para sua idade, enquanto seu noivo Francisco era anormalmente pequeno e gago, Henrique II comentou que "desde o primeiro dia em que se conheceram, meu filho e ela ficaram bem juntos como se tivessem conhecido um ao outro por um longo tempo "<ref name=":0">{{citar livro|nome = John Guy|sobrenome = |título = My Heart is my Own|ano = 2004|isbn = 9781841157528.}}</ref>.
 
Em 24 de Abril de 1558, o Delfim se casou com a rainha Maria, união que poderia ter dado aos futuros reis da França o trono escocês e também a reivindicação do trono da Inglaterra, através do bisavô de sua esposa, o rei [[Henrique VII da Inglaterra]]. Francisco manteve o título de consorte da Escócia até a sua morte.Francisco e Maria não tiveram filhos durante todo seu curto casamento, provavelmente pelas doenças do rei ou sua [[criptorquia]].<ref>{{citar livro|nome = Michael|sobrenome = Farquhar|título = A Treasure of Royal Scandals: The Shocking True Stories History's Wickedest, Weirdest, Most Wanton Kings, Queens, Tsars, Popes, and Emperors|ano = |isbn = 0-7394-2025-9.|página = 81}}</ref>
 
== Ascensão ao trono ==
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=== Política interna ===
O reinado de Francisco foi marcado por avenças religiosas. Utilizando de controversas políticas repressivas aos protestantes, o rei motivou a [[conjuração de Amboise]], cujos líderes tentaram um [[golpe de estado]] contra o monarca e a casa de Guise. Percebendo a instabilidade política, [[Catarina de Médici]] influenciou o filho a tomar medidas de conciliação com os protestantes, todas sem qualquer sucesso. Até o final de seu reinado, Francisco II foi completamente paralizadoparalisado pelas revoltas locais, o que tornou o rei ainda mais autoritário.
 
==== Descontentamento com o governo de Guise ====
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==== A conspiração de Amboise ====
Insatisfeitos com a perseguição religiosa promovida pelo governo vigente, um grupo de nobres huguenotes liderados por [[Jean de Barry, senhor de La Renaudie]] planejou um golpe de Estado que destituiria de Francisco os poderes reais e eliminaria a influência da casa de Guise <ref>Charles-Hippolyte Paillard,&nbsp;''Additions critiques à l'histoire de la conjuration d'Amboise'', in&nbsp;''Revue historique'',&nbsp;<abbr>5<sup>e</sup></abbr>&nbsp;année,&nbsp;<abbr>t.</abbr>&nbsp;14, septembre-décembre 1880,<abbr>p.</abbr>&nbsp;61-108, 311-355</ref>. O movimento logo contou com o apoio de vários segmentos populares simpatizantes do protestantismo, alguns deles armados.
 
La Renaudie mostrou-se um líder extremamente pragmático e persuasivo, conseguindo reunir logo vários outros nobres huguenotes com semelhantes ideias contrárias ao governo de Guise. Tão logo começou, a conjuração já contava com [[Charles de Castelnau de Chalosse]], [[Bouchard d'Aubeterre]], [[Edme de Ferrière-Maligny]] (irmão de&nbsp;[[Jean de Ferrieres]]), Capitães [[Mazères, Cañizares]], [[Sainte-Marie]] e [[Lignières]], [[Jean d'Aubigné]] (pai do poeta&nbsp;[[Agrippa d'Aubigné]]) e [[Ardoin de Porcelet]]<ref>Pierre Miquel.&nbsp;''Les Guerres de religion.''&nbsp;(Club France Loisirs) 1980:211-212.</ref>. Especula-se que a conspiração de Amboise contou com apoio financeiro e militar de [[Luís I de Bourbon-Condé]], o ambicioso irmão mais novo do rei Antoine de Navarra. O líder também foi a [[Genebra]] tentar, sem êxito, o apoio do iniciador do movimento religioso calvinista, [[João Calvino]]. O teólogo não somente rejeitou o apoio, como também condenou a empreitada e descreveu La Renaudie como "um homem cheio de vaidade e impertinência, com fome, olhando ao redor presa, impudente mentiroso, buscando dinheiro para extroquir e amizades para explorar"<ref>↑&nbsp;Lucien Romier,&nbsp;''op. cit'', p. 38-39.</ref>.[[Ficheiro:ExecutiondAmboiseHogenberg.jpg|thumb|A execução dos conspiradores, gravura de Jacques Tortorel e Jean Perrissin (1569-1570)]]No dia 12 de Fevereiro de 1560, 2000 huguenotes se reuniram em Nantes, o que fez crescerem rapidamente os rumores de um iminente golpe de Estado. A corte real, que recebeu diversas advertências no decorrer do mês inteiro de Fevereiro de 1560, decidiu enfim, por influência de Catarina de Médici, abrir algumas concessões que proporcionariam maior liberdade religiosa aos protestantes. Em 8 de Março de 1560, o rei assinou um [[edito]] que promulgou a [[anistia]] geral aos líderes da religião oposta, mas o fervor revolucionário já havia se espalhado pelos opositores e a revolução seguiria em frente<ref>Lucien Romier,&nbsp;''La conjuration...'', op. cit., p. 165</ref>. Tropas de todos os cantos da França agora marchavam até o [[Château d'Amboise]], o refúgio da família real. Os revolucionários recebiam, em seu caminho, apoio popular, assim como dinheiro, mantimentos e até mesmo armas.
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A violenta reação provocada pela conspiração de Amboise fez com que o tribunal percebesse que a perseguição aos protestantes somente piorou a crise religiosa. Pela primeira vez, desde o governo de Henrique II, o conselho real, influenciado por Catarina de Médici , tentou aliviar as tensões com uma política de conciliação<ref>Lucien Romier,&nbsp;''La conjuration...'', op. cit., p. 143–144</ref><ref>Lucien Romier,&nbsp;''La conjuration...'', op. cit., p. 167–170</ref> .
 
O primeiro ato liberal foi a anistia àa todos os presos religiosos, que logo se seguiu com um edito assinado em maio de 1560 na comuna de [[Romorantin-Lanthenay]], adotando como principal política, a clemência aos protestantes. O edito, contudo, permaneceu inflexível o veto às assembléias públicas, ainda consideradas criminosas pelo Estado<ref>Lucien Romier,&nbsp;''La conjuration...'', op. cit., p. 179.</ref>.
 
Em abril de 1560, a mãe-rainha nomeou [[Michel de l'Hôpital]] para chanceler da França. O governo até então, dominado por conservadores, começou a adquirir um caráter mais humanista, centrado na política da possível reconciliação entre cristãos por meio de concessões recíprocas<ref>Arlette Jouanna,&nbsp;''La France...'', op. cit., pp. 354–357.</ref>. O próprio Cardeal de Lorena sugeriu reformas religiosas. Ao mesmo tempo, as ideias de um conselho religioso ecumênico ganhavam força, sendo oficialmente proposto de forma inusitada: ao invés de solicitar permissão ao [[Papa Pio IV]], o cardeal e a rainha convocaram um conselho geral europeu, em que os cristãos se reuniriam para remodelar a religião. A opinião papal, apesar de contrária, foi revogada sob ameaça francesa da criação de um conselho nacional autônomo, caso não concordasse com a reunião<ref>Lucien Romier,&nbsp;''La conjuration...'', op. cit., p. 256–257.</ref> .
 
Para atenuar as críticas ao rei com base em sua juventude, o governo tentou conquistar a aprovação real, comunicando-lhe as decisões, mas o monopólio dos Guises ainda era fortemente criticado, e a primeira medida pensada sobre o descontentamento foi a convocação dos [[Assembleia dos Estados Gerais|Estados Gerais]], mas os Guises acreditavam que sua impopularidade os levaria ao exílio, e se opuseram fortemente.