Puritanismo: diferenças entre revisões

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== História ==
[[Ficheiro:A fair Puritan.jpg|thumb|left|240px|Uma perfeita puritana, por E. Percy Moran ([[litografia]] de 1897).]]
A Revolução Puritana foi um movimento legal
A Revolução Puritana foi um movimento surgido na [[Inglaterra]] no [[século XVII]], de confissão [[calvinista]], que rejeitava tanto a [[Igreja Romana]] como o ritualismo e organização episcopal na [[Igreja Anglicana]].
 
As críticas à política da rainha [[Isabel I da Inglaterra|Isabel I]] partiram de grupos calvinistas ingleses, que foram denominados '''puritanos''' porque pretendiam purificar a Igreja Anglicana, retirando-lhe os resíduos do [[catolicismo]], de modo a tornar sua [[liturgia]] mais próxima do [[calvinismo]].
 
Desde o início, os puritanos já aceitavam a doutrina da [[predestinação]]. O movimento foi perseguido na Inglaterra, razão pela qual muitos deixaram a Inglaterra, em busca de outros lugares com maior [[liberdade religiosa]]. Um grupo, liderado por [[John Winthrop]], chegou às colinas da [[Nova Inglaterra]] na América do Norte em abril de [[1630]].
 
=== As origens legais do puritanismo ===
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Com os ideais [[iluminista]]s, e a doutrina de Calvino, os primeiros protestantes ingleses se tornaram um grupo tipicamente conservador.
 
=== Oarlamento em março de 1648. ===
=== Os puritanos não se desenvolviam na Inglaterra ===
O surgimento do puritanismo está ligado às confusões amorosas do rei [[Henrique VIII]] ([[1509]]-[[1547]]) e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-[[1564]]), que a partir de [[1548]] passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em [[1534]] foi promulgado o [[Ato de Supremacia]], tornando o rei “cabeça supremo da [[Igreja da Inglaterra]].” Com a anulação do seu casamento com [[Catarina de Aragão]], sobrinha de [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], o rei [[Henrique VIII]] e o parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em 1536, adotando a doutrina calvinista apenas por comodismo. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do parlamento. No ano de 1547, [[Eduardo VI]], um menino muito enfermo, tornou-se rei.
 
A Reforma protestante avançou rapidamente na Inglaterra, pois o Duque de Somerset, o regente do trono, simpatizava-se com a fé reformada. [[Thomas Cranmer]], o grande líder da Reforma na Inglaterra, publicou o [[Livro de Oração Comum]], dando ao povo a sua primeira liturgia em inglês. [[Maria I de Inglaterra|Maria Tudor]], católica romana, tornou-se rainha em [[1553]]. Assessorada pelo [[cardeal]] [[Reginald Pole]], em [[1554]] ela restaurou a sua religião.
 
Em [[1555]], intensificou a perseguição aos protestantes. Trezentos deles foram martirizados, entre eles, o arcebispo de [[Cantuária]], [[Thomas Cranmer]] (canonizado pela Igreja Anglicana), e os bispos Latimer e Ridley. Oitocentos protestantes fugiram para o continente, para cidades como [[Genebra]] e [[Frankfurt]], onde absorveram os princípios doutrinários dos reformadores continentais. [[Isabel I da Inglaterra|Isabel I]] ascendeu ao trono aos 25 anos em [[1558]], estabeleceu o “Acordo Elisabetano,” que era insuficientemente reformado para satisfazer àqueles que logo seriam conhecidos como “puritanos.”
 
Em seguida, promulgou o [[Ato de Uniformidade]] ([[1559]]), que autorizou o [[Livro de Oração Comum]] e restaurou o [[Ato de Supremacia]]. Em [[1562]], foram redigidos os ''[[Trinta e Nove Artigos da Religião]]'', que são o padrão histórico da Igreja da Inglaterra, e a partir de janeiro de [[1563]], foram estabelecidos pelo parlamento como a posição doutrinária da Igreja Anglicana. Em torno de [[1567]]-[[1568]], uma antiga controvérsia sobre vestimentas atingiu seu auge na Igreja da Inglaterra. A questão imediata era se os pregadores tinham de usar os trajes clericais prescritos. A controvérsia marcou uma crescente impaciência entre os puritanos com relação à situação de uma igreja “reformada pela metade.”
 
Thomas Cartwright, professor da [[Universidade de Cambridge]], perdeu sua posição por causa de suas pregações sobre os primeiros capítulos de [[Atos]], nas quais argumentou a favor de um cristianismo simplificado e uma forma presbiteriana de governo eclesiástico. A primeira igreja presbiteriana foi a de [[Wandsworth]], fundada em [[1572]].
 
Em [[1570]], um pouco antes deste evento, Elisabete foi excomungada pelo Papa [[Pio V]]. A morte de Elisabete ocorreu em [[1603]], ela não deixou herdeiro. Apenas indicou como seu sucessor [[James I]], filho de [[Maria Stuart]], que já governava a [[Escócia]]. Quando o rei foi coroado, os puritanos, por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua situação melhorasse. Para enfatizar sua esperança eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, em que pediam que a igreja anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
 
Em [[1604]], encontram-se com o novo rei na conferência de [[Hampton Court]] para apresentar seus pedidos. O rei ameaçou “expulsá-los da terra, ou fazer pior,” tendo dito que o presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como Deus com o diabo”. [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]], opositor dos puritanos, foi coroado rei da Inglaterra em [[1625]]. Já em [[1628]], [[William Laud]] tornou-se bispo de [[Londres]] (em [[1633]] foi nomeado [[Arcebispo de Cantuária]]) e empreendeu medidas severas para eliminar a dissidência da Igreja Anglicana. Ele buscou instituir práticas cerimoniais consideradas “papistas,” além de ignorar a [[justificação pela fé]], por causa de suas ênfases pelagianas, oprimindo violentamente os puritanos e forçando-os a emigrarem para a América.
 
Em [[1630]], [[John Winthrop]] liderou o primeiro grande grupo de puritanos até a [[baía de Massachusetts]] e, em [[1636]], foi fundado o [[Harvard College]]. Laud tentou impor o anglicanismo na Escócia, só que isto degenerou num motim que serviu para aliar puritanos e escoceses calvinistas. Em [[1638]], os líderes escoceses reuniram-se numa “Solene Liga e Aliança” e seus exércitos marcharam contra as tropas do rei, que fugiram.
 
No ano de [[1640]], o parlamento restringiu o poder do rei Carlos I. As emigrações para a [[Nova Inglaterra]] estacionaram consideravelmente. A [[Assembleia de Westminster]], assim chamada por reunir-se na [[Abadia de Westminster]], templo anglicano de Londres, foi convocada pelo parlamento da Inglaterra em [[1643]] para deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja e “para defender a pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações”.
 
É considerada a mais notável assembleia protestante de todos os tempos, tanto pela distinção dos elementos que a constituíram, como pela obra que realizou e ainda pelas corporações eclesiásticas que receberam dela os padrões de fé e as influências salutares durante esses trezentos anos.
 
=== A Assembleia de Westminster ===
A [[Assembleia de Westminster]] caracterizou-se não somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade. Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência. Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados "Padrões Presbiterianos" elaborados pela assembleia foram os seguintes:
 
1. Diretório do Culto Público: concluído em dezembro de [[1644]] e aprovado pelo parlamento no mês seguinte. Tomou o lugar do Livro de Oração Comum. Também foi preparado o [[Saltério (Bíblia)|Saltério]]: uma versão métrica dos [[Salmos]] para uso no culto (novembro de [[1645]]).
 
2. Forma de Governo Eclesiástico: concluída em 1644 e aprovada pelo parlamento em [[1648]]. Instituiu a forma de governo presbiteriana em lugar da [[episcopal]], com seus bispos e arcebispos.
 
3. Confissão de Fé: concluída em dezembro de [[1646]] e sancionada pelo parlamento em março de 1648.
 
4. [[Catecismo Maior]] e [[Breve Catecismo]]: concluídos no final de 1647 e aprovados pelo parlamento em março de 1648.
 
Como consequência do auxílio dos escoceses, as forças parlamentares derrotaram o rei Carlos I, que foi decapitado em [[1649]].