Guerra Latina: diferenças entre revisões

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== Contexto ==
{{Campanhainfo Guerra Latina}}
Os latinos não tinham um governo central e estavam divididos em diversas cidades auto-governados que compartilhavam uma mesma língua, cultura e algumas instituições legais e religiosas<ref>Forsythe (2005), p. 184</ref>. No século V a.C., estas [[cidade-estado|cidades-estado]] formaram uma aliança militar de proteção mútua com os romanos chamada ''[[Foedus Cassianum]]'', cujo objetivo principal era resistir aos [[raide]]s e invasões de dois povos vizinhos, os [[équos]] e os [[volscos]]<ref>Forsythe (2005), pp. 186-188</ref>. Como a maior cidade latina, Roma naturalmente tinha uma posição de relevo nesta aliança<ref>Forsythe (2005), p. 187</ref>. No início do século IV a.C., com a ameaça das invasões debelada, sobreveio um temor cada vez maior do poderio romano. Diversas guerras entre Roma e as cidades latinas, geralmente aliadas aos seus antigos inimigos, os volscos, foram registradas na primeira metade do século IV a.C.<ref>Cornell (1995), pp. 322-323</ref>. No fim, latinos e volscos não conseguiram evitar que Roma estabelecesse seu controle sobre o ''Ager Pomptinus'' (o território dos [[Pântanos Pontinos]] e os [[Montes Lepinos]]) e, em 381 a.C., de anexar a cidade latina de [[Túsculo]]<ref>Cornell (1995), p. 322; Forsythe (2005), p. 258</ref>. A ameaça das invasões [[gauleses|gaulesas]] parece ter convencido pelo menos algumas cidades latinas a restaurar a aliança com Roma em 358 a.C.<ref>Oakley (1998), p. 5; Forsythe (2005), p. 258</ref>, mas entre elas não estavam [[Tibur]] e [[Preneste]], as duas maiores cidades latinas que só fizeram as pazes com Roma em 354 a.C. depois de duras guerras<ref>Oakley (1998), pp. 5-6; Forsythe (2005), p. 258</ref>. Durante a década de 340 a.C., as relações romano-latinas pioraram novamente<ref>Oakley (1998), pp. 13-15</ref>. [[Lívio]] relata que, em 349 a.C., enfrentando novamente uma iminente invasão gaulesa, os latinos se recusaram a entregar sua parte das tropas<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' VII 25.5-6</ref> e, em 343 a.C., chegaram a planejar um ataque a Roma, o que só foi evitado pelas notícias das vitórias romanas contra [[samnitas]], o que os levou a atacaram [[Paeligni]] no lugar<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' VII 38.1</ref>.
{{Campanhainfo Guerra Latina}}
 
Os [[samnitas]] eram uma [[federação]] tribal que vivia nos [[Apeninos]] centrais. Em 354 a.C., eles firmaram um tratado de amizade com Roma<ref>[[Diodoro Sículo]], [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Diodorus_Siculus/16C*.html xvi.45.8]</ref><ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' VII 19.3–4.</ref>, provavelmente fixando o [[rio Liris]] como fronteiras de suas respectivas esferas de influência<ref>Salmon (1967), pp. 187-193</ref>, mas, apesar deste tratado, a [[Primeira Guerra Samnita]] irrompeu entre Roma e os samnitas pelo controle da [[Campânia]]. Segundo Lívio, esta guerra começou com um ataque samnita a uma tribo menor, os [[sidicínios]]. Incapazes de resistir, eles apelaram aos campânios, liderados pela cidade-estado de [[Cápua]], famosa por sua riqueza, mas eles também foram derrotados e os samnitas invadiram a Campânia. Neste ponto, os campânios decidiram se render incondicionalmente aos romanos, o que os obrigou a intervir para proteger seus novos [[súdito]]s contra os samnitas<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' VII 29.3-32.1–2</ref>. Historiadores modernos discutem se essa rendição de fato aconteceu ou se foi inventada para absolver Roma da quebra do tratado, mas geralmente se concorda que Roma formou alguma espécia de aliança com Cápua<ref>Salmon (1967), p. 197; Cornell (1995), p. 347; Oakley (1998), pp. 286–9; Forsythe (2005), p. 287</ref>.