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{{Info/Localidade de Angola
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|província = [[Uíge (província)|Uíge]]
|imagem = Cidade do Uíge.jpeg
|legenda =Rua em Uíge
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}}
[[Imagem:Angola - Uíge.svg|thumb|
'''Uíge'''
O território do Uíge, tem uma extensão de 58 698
== História ==
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A [[História de Angola]] em geral apresenta ainda bastantes lacunas, pois as poucas fontes escritas são manifestamente insuficientes e a [[arqueologia]] está pouco desenvolvida. A deficiente informação sobre o período pré-colonial obriga a que as referências mais antigas sejam geralmente relacionadas com a chegada ou fixação dos [[portugueses]] à região.
=== Período colonial ===
Os contactos com os [[portugueses]] permitiram aos [[Bakongo]] a abertura ao [[Atlântico]] e com isso desenvolveu-se o [[tráfico de escravos]]. Porém, as boas relações com [[Portugal]] foram muitas vezes dificultadas por tensões resultantes do tráfico de escravos. Por sua vez, as influências de [[missionário]]s [[Catolicismo|católicos]] manteve-se até ao século [[XVII]], mas a sua actividade conheceu um grande declínio até à segunda metade do século [[XIX]], e, quando foi reactivada, passou a ter concorrência dos [[Protestantismo|protestantes]] da [[Igreja Baptista]], que passaram a ter grande influência na formação de [[elite]]s [[Alfabetização|letradas]] e [[Organização comunitária|líderes comunitários]]. Em [[29 de Outubro]] de [[1665]], teve lugar, em Ambuíla, a batalha que seria fatal para o [[Reino do Congo]]. Nela, foi morto o rei [[António I do Kongo|dom António]] e, com ele, perto de cinco mil homens, entre os quais muitos dos seus colaboradores. A cabeça do rei foi enterrada com solenidade de monarca cristão na Igreja da Nazaré, em [[Luanda]], onde, ainda hoje, se encontram [[azulejo]]s alusivos à [[batalha de Ambuíla]].
=== Conferência de Berlim (1884-1885) ===
Após a [[Conferência de Berlim]], foi criado o distrito do Congo, cuja primeira capital foi a província de [[Cabinda (província)|Cabinda]]. O comércio continuou a jogar papel determinante na economia da região de Maquela no início do [[século XX]], e as quitandas eram descritas no princípio do século como algo mais que locais de compras e vendas. Na realidade, elas estavam organizadas numa lógica parecida com a dos centros comerciais modernos desde os bens de origem agropecuária até artigos manufacturados e armas. As quitandas representavam, também, espaços de sociabilidade, de troca de informação e de distracção. Nessa época, teve início a ocupação comercial do interior do Congo, antecedendo, em algumas regiões, a ocupação militar e administrativa.
Num local onde hoje se encontra a cidade do Uíge, foi criado, pelos portugueses, um posto militar (Portaria 60 de 6 de abril de 1917). Em [[1923]], o posto passou a sede da circunscrição e, mais tarde, ao de conselho do Bembe. A importância crescente da cultura do [[café]] e a subida do seu preço no mercado internacional, provocaram alterações radicais na economia do distrito do Congo.
A cultura do café passou então a marcar a história de quase toda a província. Porém, factos como a usurpação de terras férteis, o trabalho forçado nas plantações dos colonos, o pagamento de impostos injustos, a obrigatoriedade da cultura do café e prejuízo a
alimentares, contribuíram para a revolta popular em 1961 que abrangeu praticamente todo o noroeste de [[Angola]]. A revolta foi violenta e os portugueses responderam com uma violência que atingiu inocentes. Em muitas localidades da província, encontram-se [[monumento]]s nos sítios que, apesar da sua modéstia, assinalam as vítimas da repressão de [[1961]].
A revolta provocou importantes mudanças na política colonial portuguesa. Uma delas foi a reforma legislativa que abrangeu a concessão de terras, o trabalho forçado, a organização administrativa, o poder tradicional, os impostos e os mercados rurais. A contraofensiva portuguesa, aliada a intensa propaganda psicológica, provocou o regresso de grande parte da população que se havia refugiado nas matas ao convívio com os portugueses. Foram criadas as aldeias da paz em pontos estratégicos e teve início um novo tipo de relacionamento com os cafeicultores nativos, que representou um importante incentivo à produção de café e contribuía para atenuar a ação dos nacionalistas. A estratégia deu alguns resultados, pois ainda hoje muitas populações valorizam a melhoria da sua condição económica e social na altura.
[[Imagem:CoffeeBerry.jpg|thumb|Ramo de café]]
Certos agricultores nativos chegaram a produzir mais de vinte toneladas de café comercial e a possuir 50 trabalhadores permanentes, "algo que alguns portugueses não conseguiam". A província do Uíge chegou a produzir 74 mil toneladas de café comercial nos primeiros anos da década de 1970 quando a produção nacional havia atingido o máximo de 180 mil toneladas.<ref>Uíge, simbólicamente como Terras dos [[Bagos vermelho]].</ref> O município do Dange, com as suas 21 500 toneladas, era o maior produtor de Angola. Depois de Dange, os municípios mais produtivos eram os do Uíge, com 17 950, e do Songo, com 14 350 toneladas.<ref>Instituto de Investigação Científica de Angola, Luanda e Granado, António Coxito (1949</ref><ref>Dicionário Corográfico Comercial de Angola, edição do Autor, Luanda.</ref>
[[Imagem:Overland road Luanda-Uíge, Angola.jpg|thumb|esquerda|Estrada do Uíge para Luanda]]
A estrada de [[Luanda]] para Carmona, era também designada como estrada do café. Isso porque a grande produção da província era o [[café]], havendo grandes fazendas em diversos locais que o traziam para o mercado de Carmona onde era vendido e depois transportado para [[Luanda]]. Por ser zona onde havia muitos fazendeiros [[brancos]] e trabalhadores [[bailundos]] ao seu serviço, foi um dos locais escolhidos pela [[Frente Nacional de Libertação de Angola|União das Populações de Angola]] (UPA) para começar os massacres em Março de 1961 no município de [[Quitexe]].
A fixação dos [[portugueses]] no território do Uíge só começou a ser efectiva após a [[Conferência de Berlim]], que terminou em [[1886]], e a memória colectiva captada em quase todos os municípios, principalmente a [[sul]] e [[leste]], regista a presença permanente dos militares portugueses apenas a partir do início do [[século XX]]. Todavia, há registos históricos que referem a concessão da exploração das minas de cobre de Mavoio, no [[Bembe]], em [[1857]], que chegou a permitir a exportação de um importante quantitativo de minério, antes do seu encerramento devido às dificuldades de transporte para o [[Ambriz]].<ref>Ver Milheiros, Mário (1972) – Índice Histórico-Corográfico de Angola,</ref>
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Uíge foi a província mais castigada durante a [[Guerra Civil Angolana]] (1975-2002), que durou 26 anos. Suas casas foram destruídas e suas [[Infraestrutura (economia)|infraestruturas]] foram seriamente abaladas, fazendo, do Uíge, uma das [[Províncias de Angola|províncias]] mais pobres de Angola.
Nos [[anos 1970]], devido à grande riqueza que o [[café]] proporcionou, Carmona era uma cidade próspera, com muitas infraestruturas que outras cidades não tinham. Tinha um [[aeroporto]], [[aeroclube]], [[piscina]], [[colégio]], [[escola técnica]], uma [[delegação]] do [[Banco de Angola]], Rádio Clube do Uíge, [[Grande Hotel do Uíge]], Clube Recreativo do Uíge, Hospital e todos os [[Serviço público|serviços públicos]].<ref>Cidade do Uíge,1970</ref>
== Os grupos etnolinguísticos ==
[[Imagem:Kongo people2.jpg|thumb|Grupo bakongo]]
A [[população]] do Uíge é geralmente conectada com a comunidade etnolinguística dos [[Bacongo|Bakongo]], segundo a terminologia usada pelo Ministério da [[Cultura]].
Historicamente, o grupo dos [[Bazombo]] ou Bambata, habitantes da região de Mbata referenciada com o actual território de [[Maquela do Zombo]] e parte da [[Damba]], distinguiu-se pela sua propensão para o [[comércio]]. Essa especialização dos Bazomba é, ainda hoje, um dos seus traços mais característicos, com base em mercados e em verdadeiras instituições conhecidos por [[quitanda]]s, cujo nome original era ''nzandu'' ("lugar neutro").
Talvez se possa afirmar que esta característica dos Bazombo identifica uma [[área cultural]] distinta dentro do território angolano, ocupada pelos [[Bakongo]].
[[Imagem:FOOT(1854) p325 QUEEN OF AMBRIZETTE, AUDIENCE TO THE US BRIG PERRY'S OFFICERS.jpg|thumb|esquerda|População dos grupos Bakongos]]
Para o comércio, passou a ser extensiva para outros subgrupos dos Bakongo, influenciando a organização de mercados rurais pelo [[governo português]] logo após os acontecimentos de [[1961]] bem como o desenvolvimento do [[comércio informal]] depois da [[independência de Angola]].
A conectação de grande parte da região do Uíge tal como a do Zaire com os [[Bakongo]], poderá ter origem nas grandes [[Migração humana|migrações]] dos povos [[bantu]],<ref>[http://www.infopedia.pt/$migracoes-bantus Migrações Bantus em diversas partes de [[África]]]</ref> talvez antes do final do [[primeiro milênio]] e na posterior fundação do [[Reino do Congo]]. Por outro lado, os movimentos de populações ao longo das últimas décadas associados às [[guerra]]s e [[casamento]]s interculturais trouxeram, à região, pessoas oriundas de outros [[Território]]s.
== Geografia ==
A província do
==Divisão da Cidade e Classes Sociais==
A cidade do Uíge está dividia em
===Norte===
Papelão: é um bairro suburbano com habitantes vindos de vários municípios da província e tem uma alta concentração de angolanos regressados da República Democrática do Congo. Tem habitações convencionais, na sua maioria construídas de tijolo queimados de barro e é predominante uma classe baixa composta por pequenos comerciantes informais, camponeses e alguns funcionários públicos. Há também uma pequena classe média a crescer neste bairro mas ainda representa uma minoria.
Gai: este bairro representa uma continuidade do Bairro Papelão, alberga o quartel General da região Militar Norte, e o centro de processamento e distribuição de gás natural da cidade. É possível observar uma crescente classe média ao longo da estrada que atravessa este bairro. Não se trata de uma classe média nova, mas de habitantes que abandonam as casas no centro da cidade e vão para este bairro.
=== Sul ===
Kindenuko: tal como o Gai, é muito habitado pela classe média dos que abandonam o centro da cidade devido a degradação dos prédios e subida do arrendamento. É ainda muito reduzida a sua densidade populacional. Mas está crescendo de forma acelerada, albergando o SIAC e um novo projecto urbanístico que irá transformar o seu aspecto.
Kapesu: é um bairro extremamente pobre e em condições degradadas. Habitado por uma maioria de classe baixa, apresentando um elevado índice de delinquência juvenil (mais comum em adolescentes) e outros fenómenos sociais que influenciam negativamente a sua imagem. Tem uma baixa densidade de população que é proveniente das províncias do sul de Angola (deslocados da guerra civil).
Gigi: é uma ligação entre o Kapesu e Kindenuku. Os seus habitantes também apresentam duas características: por um lado uma classe média e do outro uma classe extremamente pobre. Há também um índice crescente e persistente de [[delinquência juvenil]].
=== Leste ===
Kandombe: é um bairro antigo, conhecido também por Cidade Alta, e encontra-se dividido em: velho e novo.
Velho: parte dos términos do Centro da Cidade, juntos da antiga fábrica de bebidas conhecida por Bangola, e se estende por uma grande parte da região leste. É composto por uma classe média (cerca de 10%), uma classe meio-baixa (cerca de 30%) e a última muito baixa. O facto de apresentar um comércio intenso e um tráfego agitado, influencia no seu crescente crescimento populacional acompanhado de um alto índice de delinquência juvenil e de adultos também (o pior da cidade). A promiscuidade atinge índices muito elevados todos os anos, chegando a ser encarado (por alguns citadinos) como negativo namorar uma jovem deste bairro.
Novo: esta parte do bairro é mais proeminente e é habitado intensamente pela classe média. Tem muitas casas de lazer e é muito distanciado da cidade, tornando rara a presença de estranhos no interior.
Pedreira: é um bairro crescente, seus babitantes fazem parte de uma classe social meio-baixa e também classe média. As casas são construídas de tijolo de barro queimado. Tem uma região muito distanciada denominada por Paviterra em que residem muitos habitantes recentemente provenientes dos outros municípios. Neste bairro, está situada a esquadra central do Uíge.
Piscina: encontra-se na extensão do Kandombe Velho e da Pedreira. É um pequeno bairro dividido em várias zonas e que são denominadas pelos próprios moradores. É habitado por uma classe baixa e com uma cultura típica de alguns municípios como Negage, Sanza, Buengas, Bungo e Alto-cauale.
Kilamba Kiaxi: um pedaço de terra suburbano e habitado pela classe baixa e muitas vezes confundido com o Piscina, Popular ou Kandombe. Tem uma cultura fundida destes três bairros citados.
=== Oeste ===
Paco e Bens: é um bairro recente que encontra-se em constante crescimento. É onde está o Aeroporto '
Manuel Quarta Punza. Habitado de forma proporcionalmente directa pela classe média e baixa.
Condo e Bens: é um bairro a ser construído recentemente resultado das ocupações de terrenos autorizadas pela Administração Municipal. Mas cresce de forma desorganizada e desurbanizada, onde está a Universidade Kimpa Vita.
=== Centro da cidade e periferia ===
O Centro da Cidade: é uma extensão de terra de cerca 6 quilómetros ao quadrado. É o centro financeiro da cidade com uma rede de bancos comerciais e de investimentos. É também a sede do [[Governo Provincial]] do Uíge, frente ao Largo do Governo em que o torno dele estão o Órgão de Justiça Militar, [[Palácio dos Ministérios]], Correios de Angola, Direcções Provincial das Finanças, Agricultura, [[Geologia e Minas]] e outros.
Nele, estão os principais hotéis, hospedarias, edifícios residéncias, escritórios, lojas e supermercados. É a única parte da cidade em que verifica-se uma Urbanização mais bem cuidada. A cidade tem pouco saneamento e a energia é regular mas com cortes constantes.
==Economia==
Não
Mas pode-se verificar que nas classes mais baixas, cerca 90% da [[população]] uigense sobrevive por cerca de
==Comércio==
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==Educação==
No campo educacional, Uige conta com várias
Quanto ao [[ensino superior]], encontra-se no extremo Oeste, cerca de 8
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{{Referência}}
[[Categoria:Cidades de Angola]]
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