Gordon Childe: diferenças entre revisões

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'''Vere Gordon Childe''' ([[Sydney]], [[14 de abril]] de [[1892]] — [[Montanhas Azuis]], [[19 de outubro]] de [[1957]])<ref name=ELarousse>{{Citar livroenciclopédia|url= |nomeenciclopédia=Enciclopédia |sobrenome=Larousse |título= |subtítulo= |idioma=português |edição= |local= |editora=Temas e Debates Lda e Larousse/VUEF |editor= |ano=2007 |páginas= |volumes=30 |página=1668 |capítulo= |volume=5 |id=978-972-759-925-7|notas= |acessodata= }}</ref> foi um [[Filologia|filólogo]] [[Austrália|australiano]] que se especializou em [[arqueologia]], talvez mais conhecido por suas escavações no site [[Neolítico]] de [[Skara Brae]], em [[Orkney]], e por suas visões [[marxismo|marxistas]] sobre a pré-história. Foi ele quem cunhou os termos [[Revolução Neolítica]] e [[Revolução Urbana]].
[[File:Gordon Childe.jpg|thumb|Vere Gordon Childe]]
 
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Childe nasceu em [[1892]], em [[Sydney]]. Foi à [[Inglaterra]] para seus estudos universitários, formando-se pelo Queen's College da [[Universidade de Oxford]]. Retornou à Austrália para atuar de 1916 a 1921 como secretário particular de John Storey, na época membro do Parlamento de [[Nova Gales do Sul]] e depois primeiro-ministro. Publicou em 1923 um livro, ''How Labour Governs'', resultado de suas experiências no cargo. Após a morte repentina de Storey, em 1921, Childe abandonou a política e retornou à Europa.
 
Seu livro de 1925, intitulado ''The Dawn of European Civilization'' (publicado em português com o título ''A pré-história da sociedade europeia''), valeu-lhe notoriedade imediata, e ele continuou publicando outros trabalhos sobre teoria arqueológica. Neste primeiro livro, ele constrói a sua teoria da evolução das relações entre a Europa e o Oriente Médio. Ele também explorou a relação entre a arqueologia e as [[línguas indo-europeias]] que se desenvolveram na obra '' The Aryans: A Study of Indo-European Origins'' (''Os arianos: um estudo das origens indo-europeias''), de 1926. Childe postulou uma teoria mais detalhada de uma invasão [[arianos|ariana]] na Europa, postulada pela primeira vez por [[Max Müller]], identificando o sul da [[Rússia]] como a origem do [[proto-indo-europeu]]. Suas idéiasideias também contribuíram para a formulação da [[hipótese Kurgan]], elaborada posteriormente por [[Marija Gimbutas]]. O conceito ariano original de Childe foi inevitavelmente influenciado pela ideologia de seu tempo, mas difere profundamente das [[nazismo e raça|idéiasideias de supremacia ariana dos nazistas]], atacadas fortemente por ele durante a década de 1930.
 
Childe era [[poliglota]]. Em 1927 foi nomeado professor de Arqueologia em [[Edimburgo]], cargo que ocupou até 1946. Suas escavações em [[Skara Brae]], na [[Escócia]], começaram em 1928, quando ele foi chamado para acompanhar o trabalho, descobrindo novas estruturas para além das já conhecidas. Para Childe era um trabalho incomum, porque ele não era especialista em escavação<ref>Green, Sally (1981). Prehistorian: A Biography of V. Gordon Childe. Bradford-on-Avon, Wiltshire: Moonraker Press, p. 64.</ref>. No entanto, sua contribuição foi essencial na interpretação dos dados e conclusões de outros pesquisadores. Naquele mesmo ano, publicou ''The Most Ancient East'', que explorou o surgimento da civilização no Oriente Médio.
 
Deixando Edimburgo depois da guerra, Childe foi nomeado diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Londres, até sua aposentadoria em 1956. De volta à Austrália, morreu em 1957 nas [[Montanhas Azuis]], em circunstâncias que sugerem um suicídio mais do que um acidente<ref>BARTON, H.U.W. "In Memoriam V. Gordon Childe." ''Antiquity'', 74.286 (2000), p. 769. </ref>.
 
Childe também foi um importante professor e divulgador da arqueologia: seus dois livros mais conhecidos, ''Man Makes Himself'', de 1936 (em português, ''A evolução cultural do homem''), e ''What Happened in History'', de 1942 (em português, ''O que aconteceu na história''), ajudaram a tornar a arqueologia pré-histórica mais acessível ao grande público e o fizeram famoso.
 
==Teoria arqueológica==
 
A teoria arqueológica de Gordon Childe costuma ser associada às [[marxismo|ideias marxistas]]. No entanto, tem-se questionado o quanto a interpretação do passado em Childe se encaixa na concepção marxista de história. Sua biógrafa, Sally Green, nota que "suas crenças nunca foram dogmáticas, mas sempre idiossincráticas, e continuaram mudando por toda a sua vida", mas que "a visão marxista de um modelo do passado foi amplamente aceita por Childe, por oferecer uma análise estrutural da cultura em termos de economia, sociologia e ideologia, e um princípio para as mudanças culturais através da economia". Porém, ela afirma que "o marxismo de Childe era frequentemente diferente do marxismo ortodoxo de seus contemporâneos; em parte porque ele havia estudado [[Hegel]], [[Marx]] e [[Engels]] desde 1913 e ainda se referia aos textos originais ao invés de interpretações posteriores, e em parte porque ele era seletivo para aceitar esses textos.<ref>Green, S. ''op. cit.'', p. 79.</ref>
 
O marxismo de Childe foi posteriormente criticado pelo arqueólogo marxista Neil Faulkner, que argumentou que, embora Childe fosse "um socialista convicto altamente influenciado pelo marxismo", ele não parecia aceitar a existência da luta de classes como instrumento de mudança social, um princípio básico do pensamento marxista<ref>[http://www.isj.org.uk/index.php4?id=367&issue=116 Faulkner, Neil (Autumn 2007). "Gordon Childe and Marxist Archaeology". ''International Socialism'' (London: Socialist Worker's Party) 116: pp. 81–106].</ref>. Faulkner acredita que a abordagem de Childe para a interpretação arqueológica não era a de um marxista, mas sim como precursor da [[arqueologia processual]], que seria largamente adotada pela disciplina a partir dos anos 1960<ref>Faulkner, ''op. cit.'', p. 100.</ref>. Tal interpretação contrasta com as afirmações do arqueólogo Peter Ucko, um dos sucessores de Childe como diretor do Instituto de Arqueologia de Londres. Urko ressalta que Childe aceitava a subjetividade da interpretação arqueológica, o que estaria em franco contraste com a insistência dos processualistas que a interpretação arqueológica poderia ser objetiva. Dessa forma, a abordagem de Childe teria mais em comum com aquela proposta pela [[arqueologia pós-processual]], que surgiu a partir do fim dos anos 1970 e se afirmou nos anos 1980<ref> Ucko, Peter (1990). "Foreword". The Politics of the Past (Eds: P. Gathercole and D. Lowenthal): pp. ix–xxi.</ref>.
 
Childe era [[ateísmo|ateu]], e se manteve altamente crítico das religiões, que via como baseadas em superstições - ponto de vista compartilhado com os marxistas ortodoxos. No seu livro ''History'', de 1947, discutiu a religião e a magia, comentando que "a magia é a maneira de fazer com que as pessoas acreditem que terão o que querem, enquanto que a religião é um sistema para persuadi-las de que elas deveriam querer o que elas têm"<ref>Childe, V. G. ''History'', London: Cobbett Press, 1947, p. 37.</ref>.
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==Influência==
 
Childe foi um dos primeiros arqueólogos a desenvolver o [[Sistema_de_Três_IdadesSistema de Três Idades|sistema de três idades]] que haviam sido apresentadas como revoluções por Sir [[John Lubbock]] no fim do século XIX. Conceitos como [[revolução neolítica]] e [[revolução urbana]] não surgiram com Childe, mas ele os soldou em uma nova síntese de períodos econômicos da [[pré-história]] com base em inferências a partir dos artefatos, ao invés de uma suposta [[etnologia]] de um passado desconhecido. Graças às suas obras e influência, essa síntese é hoje aceita como vital nos estudos sobre o período. Childe viajou por toda a [[Grécia]], [[Europa central]] e os [[Bálcãs]] estudando a literatura arqueológica<ref> Greene, Kevin (1999). "V. Gordon Childe and the Vocabulary of Revolutionary Change". ''Antiquity'' 73 (279, p. 97</ref>. David Russel Harris afirma sobre ele<ref>Harris, David Russell; Childe, Vere Gordon (1994). ''The Archaeology of V. Gordon Childe: Contemporary Perspectives'''. Chicago: University of Chicago. p. 1.</ref>:
 
<blockquote> Em uma época em que os arqueólogos europeus estavam preocupados com sítios regionais e sequências, foi ele quem teve a visão, o conhecimento e a habilidade de construir a primeira pré-história do continente (1925) e o primeiro relato ordenado e coerente do Oriente Médio antigo (1928).</blockquote>
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* [[Revolução neolítica]]
* [[Revolução urbana]]
 
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==Bibliografia==
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* Harris, David R. (ed.) The Archaeology of V. Gordon Childe: Contemporary Perspectives. Carlton, Vic.: Melbourne University Press, 1994
 
 
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{{Portal3|Arqueologia}}
 
 
 
 
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[[Categoria:Arqueólogos da Austrália]]
[[Categoria:Filólogos da Austrália]]